ENTREVISTA

Terceiro Setor

Atados e Valinhos Solidária: Uma parceria para transformar vidas 

Em entrevista exclusiva, Daniel, cofundador da Atados, revela as motivações por trás da plataforma que conecta voluntários a causas sociais, e detalha como a parceria com Valinhos visa impulsionar o engajamento e a profissionalização do terceiro setor na cidade

FOLHA DE VALINHOS Daniel, a ATADOS já tem mais de 10 anos de compromisso com o impacto social. Qual foi a principal motivação para criar a plataforma e qual a sua visão para o papel do voluntariado na sociedade brasileira?

Daniel Minha motivação veio do âmbito pessoal. Eu queria me envolver mais em causas sociais e não sabia exatamente como. A partir daí veio a ideia de criar um site de voluntariado e quando conhecemos as ONGs para validar a ideia nos apaixonamos pelo setor social. Isso foi há 12 anos atrás e até hoje me surpreendo com o poder de transformação das pessoas e toda mobilização que o Atados e as ONgs realizam com o voluntariado. Mesmo com o nosso crescimento, minha motivação permanece, com a missão de levar o voluntariado para mais e mais pessoas

FV A ATADOS conecta milhares de pessoas a oportunidades de voluntariado e já realizou mais de 550 projetos com empresas. Quais são os principais desafios de escalar essa conexão e como a ATADOS garante a qualidade e o impacto dessas parcerias?

Daniel O desafio de escala está principalmente em 2 pontos: de um lado a necessidade de uma melhor gestão de voluntários das ONGs e uma busca por profissionalização do setor, em que atuamos com capacitações, formações e atuação direta e de outro a cultura de voluntariado do Brasil, que ainda está em 4%. Contra por exemplo uma taxa de 25% dos EUA.

FV Durante o lançamento do Programa Valinhos Solidária, você mencionou quatro pilares para a gestão eficiente do voluntariado: acreditar nas pessoas, comprometer-se, estruturar o programa e ter um propósito claro. Poderia detalhar como esses pilares se aplicam no dia a dia da ATADOS e o que Valinhos pode aprender com essa experiência?

Daniel Os 4 pilares são princípios de engajamento social para se atuar com voluntários, em todos eles está conectado o propósito daquela ação. Isso porque o voluntariado é sempre conectado ao propósito. A ONG precisa acreditar no potencial transformador do voluntariado para o voluntário e a sociedade e o voluntário precisa se engajar naquela causa que tem sinergia com suas crenças e valores

FV O Programa Valinhos Solidária é uma parceria importante para a ATADOS, saindo de São Paulo para se tornar um “case de sucesso” aqui. Quais são as expectativas da ATADOS para essa colaboração com a FEAV e o que torna Valinhos um terreno fértil para o desenvolvimento do voluntariado?

Daniel Valinhos já é uma cidade preparada para o voluntariado. A FEAV faz um papel importante de formação das ONgs da cidade. O setor público parece engajado em causas latentes da sociedade e pelo porte da cidade, a comunicação e engajamento com faculdades, escolas, empresas e igrejas se torna mais fácil e pode escalar a atuação na cidade, tornando o programa um case para outras localidades do Brasil

FV A FEAV não é assistencialista, mas sim foca no assessoramento das entidades. Como a expertise da ATADOS em gestão e consultoria em responsabilidade social pode complementar e fortalecer a atuação da FEAV no Programa Valinhos Solidária?

Daniel Acreditamos que o voluntariado pode ser um grande aliado na profissionalização e geração de impacto das ONGs e trazemos a nossa expertise ao longo desses anos para facilitar a atuação das ONGs locais. Assim se torna mais fácil e eficiente a atuação transformadora do voluntariado

FV Com o lançamento do programa, espera-se que mais pessoas se interessem em atuar como voluntárias em Valinhos. Que conselhos você daria para quem está começando a se voluntariar e como a ATADOS ajuda a despertar essa atuação social?

Daniel Voluntariado deve estar conectado ao seu propósito e pode ser um meio de desenvolvimento pessoal, convido a entrar no site do Atados e descobrir as diversas possibilidades para se tornar voluntário

FV A ATADOS promove cursos e encontros sobre o Terceiro Setor. Há planos de trazer essa frente de capacitação para Valinhos, seja em parceria com a FEAV ou de forma independente, para fortalecer o ecossistema local de voluntariado?

Daniel Sim! E já estamos fazendo isso capacitando as ONGs para estarem preparadas para o lançamento do programa de voluntariado. Além disso, fazendo parte da rede do atados, as ONGs passam a ter acesso a todos os recursos dos parceiros Atados, como guias grupos de trocas, formações e conexões com empresas

FV Olhando para o futuro do voluntariado, especialmente pós-pandemia, você percebeu alguma mudança significativa no perfil dos voluntários ou nas demandas das organizações sociais? Como a ATADOS se adapta a essas novas realidades?

Daniel Após a pandemia pudemos atuar de forma online no Brasil todo.

Em Valinhos já temos ações com contribuição de voluntários online por exemplo na comunicação da ONG Patrulheiros, além de muitas outras frentes que podem ser executadas online

FV A ATADOS atua em diversas causas e compartilha conhecimento. No contexto de Valinhos, quais causas ou áreas você acredita que têm maior potencial para serem impactadas positivamente pelo Programa Valinhos Solidária?

Daniel Acredito que as causas de atendimento direto tem mais aderência ao voluntariado, mas o voluntário especialista também possui a possibilidade de desenvolver habilidades que pode ser úteis até na sua vida profissinal, então acredito em todas as formas de voluntariado

FV Para finalizar, que mensagem você gostaria de deixar para os moradores de Valinhos e para as entidades assistenciais da cidade sobre o poder transformador do voluntariado e a importância de iniciativas como o Valinhos Solidária?

Daniel De uma chance para o voluntariado. Através dele você poderá se conectar com seu propósito e experiênciar diferentes realidades

Comece já!

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Terceiro Setor

César Braghetto das ACOVIDAS fala sobre o Dia do Imigrante e do Refugiado

Valinhos, uma cidade com forte DNA de acolhimento e diversidade, celebra um novo marco em sua história: a sanção da Lei Municipal 6.724/2025, que institui o Dia do Imigrante e do Refugiado em 25 de junho. Essa data, de profundo simbolismo, reforça o compromisso da cidade com a inclusão e o reconhecimento daqueles que, vindos de outras terras, contribuem para o mosaico cultural e social valinhense. Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, César Braghetto, presidente da ACOVIDAS, que há seis anos transforma a vida de mais de 400 pessoas, fala que a organização foi a grande impulsionadora dessa lei e que será “um marco importante para nossa cidade”

FOLHA DE VALINHOS Sobre a Lei Municipal 6.724/2025: Presidente, Valinhos agora celebra oficialmente o Dia do Imigrante e do Refugiado em 25 de junho. Qual a importância dessa lei para a ACOVIDAS e para a comunidade de imigrantes e refugiados em Valinhos?

CESARBRAGHETTO  Essa Lei foi uma solicitação e ACOVIDAS e será um marco importante para nossa cidade de Valinhos e mesmo que o dia 20 de junho já ser lembrado como o Dia Mundial dos Refugiados instituído pelas ONU e no Estado de SP é o dia 25 de Junho, em Valinhos foi decidido criar também e ampliar o tema para o dia 25 de junho o Dia do Imigrante e do Refugiado para homenagear nossa cidade com todos aqueles que fizeram e fazem parte da criação anterior e atual do município na era moderna na inclusão e acolhimento de todos os povos.

FV A lei tem como objetivos reconhecer a contribuição, promover a diversidade, fomentar a inclusão e conscientizar a população. Como a ACOVIDAS planeja se engajar ativamente nessas celebrações, e quais atividades a associação espera promover, ou ver promovidas, para atingir esses objetivos?

CESAR Sempre a ACOVIDAS ACOLHIMENTO SEM FRONTEIRAS promove e fomenta o tema de refugiados e acolhimento na cidade dentro de ações sociais ou participações na câmara municipal ou ainda em festividades locais e com essa Lei podemos evoluir em atender melhor os direitos dos refugiados no município e quebrar barreiras de preconceitos xenofóbicos e trazer a cultura e colunaria e trabalho local para nossa cidade nas parcerias com ACOVIDAS.

Nosso sonho será um dia ter em Valinhos a Festa da Nações nessa data para incluir todos os imigrantes e refugiados em mostrar sua arte, cultura e culinária para toda a cidade de Valinhos.

FV A ACOVIDAS já atua há seis anos, transformando a vida de mais de 400 pessoas. Com a nova lei, o senhor acredita que o apoio do Poder Público pode se intensificar? De que forma essa parceria pode impulsionar ainda mais o trabalho da ACOVIDAS?

CESAR Ainda com a nova lei e o reconhecimento da Casa Legislativa e do Governo Municipal, pretendemos com ACOVIDAS criar mais inteiração e comunicação direta da Associação ACOVIDAS com os entes públicos como o CRAS, Fundo Social, Creches, Escolas e até PAT, para agilizar ações de necessidades dos membros novos e integração social de acordo com as leis de Migração (13.445./2017) e do Refúgio (9.474/97) para garantir seus direitos, acessos e movimentação deles e seus entes na sociedade.

FV O drama dos refugiados neste século XXI é sentido em todo Planeta, sobretudo por conta de conflitos ou países com regimes autoritários e que obrigam parte de sua população a se deslocar pelo mundo. Ao longo desses anos de trabalho de acolhimento, como o senhor avalia a receptividade e o acolhimento da população valinhense em relação a essas pessoas.

CESAR Valinhos é uma cidade solidária, acredito por ser formada por imigrantes Italianos, japoneses entre outras nações e também internamente por pessoas de vários estados do Brasil como nordestinos e outros, com isso a população já é bem diversificada mas com os refugiados é de certa forma uma novidade mundial de nosso século e que chegou na cidade nos últimos anos sendo bem acolhida desde as crianças refugiadas nas escolas quanto os adultos nas moradias e trabalho com os brasileiros.

FV Um dos pilares do trabalho da ACOVIDAS é a empregabilidade, e o senhor já destacou que “o trabalho é fundamental para a autonomia e a dignidade das pessoas”. Com a crescente procura de cidades vizinhas por esse modelo, como a ACOVIDAS planeja expandir esse projeto e continuar sendo uma ponte entre imigrantes/refugiados e o mercado de trabalho?

CESAR A Associação ACOVIDAS conforme mencionado no site ACOVIDAS.ORG dentro de sua missão, visão e valores, trabalha com quatro pilares que denominado sistema APIS sendo Acolher, Proteger, Incluir e Superar e dentro de cada um temos programas de ajuda humanitária de acordo com as prioridades.

Nosso primeiro pilar de ACOLHIMENTO é quando chegam e necessitam de mais ajudas tanto de cesta de alimentos, capacitação da língua, documentação, encaminhamento para o primeiro emprego nas empresas parceiras de ACOVIDAS e outras necessidades com as crianças e saúde

FV O projeto ACOLETRAS, em parceria com a FEAV, oferece aulas de português para 50 alunos. Qual o impacto direto dessas aulas na vida dos acolhidos, e quais são os planos para expandir ou aprimorar esse programa?

CESAR Na FEAV nasceu um de nossos melhores projetos para a primeira necessidade deles que é aprendizado do idioma português. Com isso em 2024 iniciamos na FEAV com total apoios deles e utilização do espaço local o curso de Português para estrangeiros com o projeto ACOLETRAS. Depois mudamos para onde chamamos de Centro de ACOVIDAS que é no Centro Comunitário do Palmares onde concentram muitos refugiados. Ali capacitamos já mais de 200 refugiados e semanalmente fazemos nossas aulas e encontros de capacitação e distribuição de doações;

FV Em relação aos jovens, de que forma a ACOVIDAS garante o desenvolvimento integral desses jovens, e quais são os maiores desafios para integrá-los à realidade de Valinhos?

CESAR Temos grande preocupação com a proteção de crianças e jovens de ACOVIDAS e são muitos, em torno de mais de cento e 120 e procuramos fazer ações sociais com ajuda de outras ONGs e parcerias para o esporte e entretenimentos quando possível, mas especialmente reforçar e ajudar na educação básica, secundária e encaminhamento para o primeiro emprego com incentivo a programa de jovem aprendiz e outras capacitações que são oferecidas gratuitamente.

Um desafio é garantir trabalho e renda e moradia para seus pais e responsáveis para que possam assegurar o jovem no trabalho parcial, sem abandonar os estudos na sua formação acadêmica para um futuro melhor. Ainda precisamos de mais empresas na cidade que possam abrir oportunidades para contratar os jovens de ACOVIDAS

FV Apesar do trabalho essencial, o senhor menciona a falta de recursos financeiros e o desafio de a ACOVIDAS não ser uma entidade legalizada. Como essa condição afeta a busca por apoio e o desenvolvimento de novos projetos, e quais são os planos para superar essa barreira?

CESAR A Associação ACOVIDAS acolhimento sem fronteiras ajuda humanitária de Valinhos ainda é um projeto social, porém reconhecido pela Câmara Municipal com importância para a cidade e com isso ajudaram ACOVIDAS a iniciar seu processo de registro para ONG legalmente como OSC e o escritório VEIGA está dando todo apoio legal para esse objetivo que esperamos ter até final de 2025. Mas realmente é um desafio sem recursos próprios manter um projeto para atender muitas pessoas com suas vulnerabilidades e necessidades especiais extremas em alguns casos. Temos muitos condomínios amigos de ACOVIDAS que fazem doações de roupas, sapatos e moveis usados que ajudam eles atender algumas emergências mas ainda precisamos mais porque o poder publico ajuda dentro da lei e muitas vezes eles têm necessidades emergenciais de alimentos e saúde que não podem esperar e nesse ponto entra ACOVIDAS como uma mão amiga que cuida até o poder publico poder atender em seu tempo que muitas vezes não são o que eles precisam.

FV A ACOVIDAS atende diversas nacionalidades – cubanos, venezuelanos, haitianos, africanos. Existem desafios específicos ou abordagens diferentes para cada um desses grupos, considerando suas culturas e necessidades?

CESAR ACOVIDAS nasceu atendendo demandas dos primeiros refugiados em 2018 sendo os haitianos, africanos, venezuelanos, cubanos e até marroquinos que chegaram por último. Realmente entender as diferentes culturas ajuda em atender melhor suas expectativas de como incluir especialmente que tipo de trabalho podem exercer melhor. Muitos são altamente capacitados como médicos, advogados, engenheiros e professores, mas que infelizmente ocupam funções fora de sua capacitação ou por falta de lei que reconheça ou por falta de oportunidade devido a língua ou vontade de acolher e ajudar profissionalmente.

FV A Associação tem se destacado também na integração cultural, citando exemplos como o cantor Guipson Pierre e os artistas cubanos Yoel e Lira Rodriguez. Qual a importância da arte e da cultura nesse processo de acolhimento e como isso contribui para a valorização da diversidade em Valinhos?

CESAR Sim, ACOVIDAS tem dois princípios: Não assistencialista e sem ideologia para que eles possam chegar e ter respeitado seu direito de pensar ideologicamente, de crença, cultura e ainda fomenta que sejam conhecidas sua arte e talento na cidade. Com isso Valinhos já pode conhecer o trabalho dos pintores cubanos Yonel e Lira nas praças e muros da cidade e também o cantor haitiano Guipson Pierre nos bares e eventos musicais desde sua trajetória que ajudamos ele quando participou do The Voice Brasil em 2018.

FV Para finalizar, qual a mensagem principal que o senhor gostaria de deixar para os moradores de Valinhos sobre a importância de acolher e apoiar imigrantes e refugiados, especialmente agora com a instituição do Dia do Imigrante e do Refugiado?

CESAR  Gostaria primeiramente de agradecer a Valinhos pelo acolhimento dos refugiados na cidade e que nosso compromisso é receber quem chega por meio de amigos e familiares até que possamos conseguir moradias e trabalho e capacitação profissional. Não incentivamos chegadas sem aviso prévio e não ajudamos os que pedem dinheiro na rua que não são de ACOVIDAS e que geralmente saem de Campinas e ficam durante o dia e voltam e não querem um trabalho formal então saem fora da missão nossa de acolher para superar.

Ajuda de voluntários para o projeto, ofertas de vagas de trabalho e receber doações é muito importante para dar continuidade nas necessidades básicas e emergenciais e todos que querem ajudar e obter mais informações do contato pode entrar no site ACOVIDAS.ORG porque podemos dizer que em se tratando de ajuda humanitária NOSSO PAÍS É O MUNDO E NOSSO IRMÃO É O PROXIMO.

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Saúde

Reabilitação e esperança para superar o acidente vascular cerebral

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma condição desafiadora que impacta milhares de vidas. Em Valinhos, o projeto SOS AVC Valinhos surge como um farol de esperança, oferecendo reabilitação multidisciplinar e acolhimento essenciais a pacientes e suas famílias. Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, Ana Cláudia Scavitti, coordenadora do SOS AVC Valinhos, detalha o funcionamento do programa, os desafios superados e os planos ambiciosos para ampliar o alcance e a conscientização sobre o AVC em nossa comunidade

FOLHA DE VALINHOS Ana Cláudia, o projeto SOS AVC Valinhos oferece uma série de atendimentos, como estimulação cognitiva, fonoaudiologia e fisioterapia. Poderia detalhar um pouco mais sobre como funciona a triagem e o processo de adesão para que os pacientes possam ter acesso a essa gama de serviços?
ANA CLAUDIA SCAVITTI O programa oferece atendimento para pessoas acometidas pelo AVC e suas famílias, na reabilitação e apoio familiar. A triagem é feita após o acolhimento inicial e o preenchimento, por parte do paciente, do termo de adesão.

FV Um dos pilares do SOS AVC Valinhos é a busca por oferecer autonomia e qualidade de vida aos pacientes, além do acolhimento às famílias. Como vocês percebem e medem esse impacto na vida das pessoas atendidas e de seus familiares?
ANA CLAUDIA Ainda não é possível mensurar, mas podemos observar, nos primeiros atendimentos, que o acolhimento na visão global do paciente, frente às suas necessidades, já é um impacto positivo para ambos (paciente e família).

FV O projeto foi lançado em outubro de 2024 e, vemos que os atendimentos começaram recentemente, em 5 de maio. Qual foi o maior desafio para colocar o SOS AVC Valinhos em prática e iniciar os atendimentos?
ANA CLAUDIA O maior desafio foi a construção da rede de parcerias e o levantamento de dados sobre o AVC e trabalhos realizados no município, por se tratar de um tema pouco explorado e que hoje se faz necessário, diante do avanço da doença. Outro desafio foi a captação de voluntários especializados para o início dos atendimentos.

FV A senhora já destacou a importância da reabilitação pós-AVC. Na sua visão, quais são os principais benefícios da reabilitação multidisciplinar oferecida pelo SOS AVC Valinhos, e como ela se diferencia de outros tipos de suporte?
ANA CLAUDIA O diferencial do SOS AVC encontra-se na visão integral do paciente, buscando atendê-lo em todos os aspectos: físico, emocional e mental, e na integração da equipe voltada para essa visão do todo, buscando maior alcance do objetivo proposto para o paciente.

FV O projeto conta com o engajamento de voluntários e profissionais qualificados. Como funciona o processo para que novos voluntários e parceiros possam se juntar à equipe do SOS AVC Valinhos? Qual o perfil que vocês buscam?
ANA CLAUDIA Os interessados em fazer parte da nossa equipe de voluntariado podem acessar o programa através do Instagram do SOS AVC (@sos.avcvalinhos) e preencher a ficha de inscrição disponibilizada no link. Buscamos profissionais que se identifiquem com o tema.

FV O Projeto menciona a importância da prevenção de doenças cardiovasculares e AVC. Além dos atendimentos de reabilitação, o SOS AVC Valinhos planeja expandir as ações de conscientização e prevenção para a comunidade de Valinhos?
ANA CLAUDIA O SOS AVC tem como um dos eixos de atuação a prevenção e a conscientização, e já executa isso através de rodas de conversa, campanhas informativas, palestras e mídias sociais.

FV O livro “Anjos da Vida”, do idealizador Paulo Sérgio Paschoal, foi a base para a criação do Projeto. A história do Paulo é inspiradora e de superação. Como ela contribui para os avanços do projeto?

ANA CLAUDIA O livro trouxe ao Paulo inspiração para a criação do SOS AVC, trazendo o tema para discussão e conscientização da importância da informação e prevenção dos fatores de risco para o AVC, sensibilizando a população para o autocuidado com a saúde, alertando sobre os principais sinais e sintomas. E com a venda do livro, captamos recursos para a manutenção do programa.

FV A FEAV acolhe o projeto em sua sede. Como essa parceria com o Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos tem sido fundamental para o desenvolvimento e a sustentabilidade do SOS AVC Valinhos?
ANA CLAUDIA A parceria da FEAV é fundamental para que o SOS AVC aconteça, pois fornece o local onde é executado o programa, apoio administrativo, captação de recursos materiais necessários para o atendimento dos pacientes e suas famílias, além de assessoramento na implantação e desenvolvimento do programa.

FV Considerando que o AVC é um problema de saúde pública, como o SOS AVC Valinhos pretende atuar em conjunto com a rede pública de saúde de Valinhos para ampliar o alcance e a eficácia dos atendimentos e da conscientização?
ANA CLAUDIA O SOS AVC já trabalha em conjunto com a Secretaria de Saúde, atendendo aos pacientes que já passaram por avaliação e atendimento na rede pública, mas ainda necessitam de acompanhamento complementar em diversas áreas para sua total reabilitação.

FV Olhando para o futuro, quais são os próximos passos e metas do SOS AVC Valinhos? Há planos para expandir os serviços oferecidos ou para alcançar um número maior de pacientes?
ANA CLAUDIA * Ampliar a conscientização do tema AVC e formas de prevenção através das UBSs, escolas públicas e privadas, e da população em geral;
* Capacitação das equipes de linha de frente no reconhecimento dos principais sinais e sintomas do AVC e agilização no atendimento. Aprofundamento técnico sobre o tema para os profissionais que atuam diretamente com o paciente pós-AVC, possibilitando melhores estratégias integradas de ação no atendimento e prevenção da doença;
* Implantação de uma porta de entrada especializada em AVC no serviço de emergência.

Pretendemos expandir os serviços oferecidos de acordo com as demandas de atendimentos apresentadas pelos pacientes que são encaminhados ao SOS AVC.

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Valinhos

Professor Zeno Rueldell fala sobre o Junho Violeta e o combate à violência contra o idoso

Valinhos, cidade conhecida pela longevidade de sua população, reforça, neste Junho Violeta, o compromisso com a proteção de seus idosos. Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, o presidente do Conselho Municipal dos Direitos do Idoso (CMDI), professor Zeno Ruedell, destaca a importância da campanha de combate à violência, que, lamentavelmente, tem crescido de forma alarmante. Ele aborda os diversos tipos de agressões sofridas pelos idosos, desde a violência física e psicológica até o abuso financeiro e a negligência. Zeno Ruedell enfatiza o papel crucial da recém-aprovada Lei Municipal nº 6.668/24, que institui a Política Municipal da Pessoa Idosa, como um marco na garantia de direitos e no combate a esses abusos. O professor também detalha as ações do CMDI, incluindo a distribuição da Cartilha da Pessoa Idosa e a atualização do Fluxograma da Violência Local, ferramentas essenciais para empoderar a população idosa e facilitar as denúncias, sempre com total sigilo. A entrevista revela os desafios e avanços de Valinhos na busca por um envelhecimento ativo, saudável e livre de violência

FOLHA DE VALINHOS Professor Zeno, estamos no Junho Violeta, mês de combate à violência contra a pessoa idosa. Qual a importância dessa campanha para Valinhos e quais são os principais tipos de violência que o Conselho Municipal dos Direitos do Idoso (CMDI) observa na cidade?

PROFESSOR ZENO A população de pessoas com 60 ou mais anos no mundo e, também no Brasil, tem aumentado muito nos últimos anos. Lamentavelmente também aumentou, de forma alarmante, a violência contra os idosos. As estatísticas oficiais são realmente assustadoras, quase inacreditáveis. Ciente dessa triste realidade, a O.M.S. – Organização Mundial da Saúde oficializou, há 19 anos, em 2006, o dia 15 junho o DIA MUNDIAL DE COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA.

Esse combate deve existir o ano inteiro e é especialmente relembrado e acentuado durante todo mês, Junho Violeta. Combater à violência contra a pessoa idosa é fundamental. A Sociedade e o Poder Público precisam tomar ciência dessa triste situação e promover, implementar todos os meios possíveis para eliminarem esse problema. Infelizmente são muitos os tipos de violência. As formas principais são: violência física; abuso psicológico; negligência; abandono; violência institucional; abuso financeiro; violência patrimonial; violência sexual e discriminação.

FV A Lei Municipal nº 100/2024, que institui a Política Municipal do Idoso, foi uma grande conquista. Como essa lei fortalece o combate à violência contra o idoso e quais os mecanismos ela oferece para proteger essa população em Valinhos?

PROFESSOR ZENO Esse é, somente, o número do Projeto de Lei, que foi aprovado, em 28/11/22024, pela Câmara Municipal sob o nº 6.668/24. Depois de 20 anos de funcionamento do CONSELHO, a aprovação dessa Lei – POLÍTICA MUNICIPAL DA PESSOA IDOSA – foi realmente uma grande conquista. No seu art. 5º, com muita clareza, estão estabelecidas/determinadas 7(sete) DIRETRIZES DA POLÍTICA MUNICIPAL DA PESSOA IDOSA, que devem, em toda sua abrangência, ser observadas.

No art. 6º, essa Lei especifica quais são os ÓRGÃOS e as ENTIDADES RESPONSÁVEIS pela implementação dessa política municipal: Assistência Social; Saúde; Educação; Recursos Humanos; Habitação; Direitos Humanos e Segurança Social; Cultura e Turismo: Esporte e Lazer; Transporte, Acessibilidade e Mobilidade. Para cada um desses ÓRGÃOS, ENTIDADES estão previstas 5(cinco) ou mais ATRIBUIÇÕES para o cumprimento dessa Lei.

Além dessas ATRIBUIÇÕES, existem outras em nível governamental local e regional, previstas nos artigos 7º ao 16.

Para orientação, propostas, acompanhamento e fiscalização, os artigos 17 ao 22 dessa Lei reformulam e atualizam o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa e os artigos 23 ao 32 detalham sobre a destinação do Imposto de Renda para o Fundo Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa.

Como colocado acima, pelo seu detalhamento e pela sua abrangência, a aprovação da Lei nº 6.668/24 foi realmente UMA GRANDE CONQUISTA PARA A POPULAÇÃO IDOSA E PARA A CIDADE DE VALINHOS.

FV O CMDI elaborou a Cartilha da Pessoa Idosa, que explica os direitos de forma simplificada. Como essa cartilha contribui para empoderar os idosos e suas famílias na identificação e prevenção de situações de violência?

PROFESSOR ZENO A elaboração da CARTILHA DA PESSOA IDOSA exigiu muita, pesquisa, muito, muito trabalho com o objetivo claro de colocar na mão da pessoa idosa, de suas famílias e, por que não, na mão da sociedade, um material com palavras simples, fácil de consultar, detalhando os principais direitos e onde buscar o cumprimento desses direitos. Custeadas pelo Fundo Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, de várias Igrejas e expressivo apoio de escolas particulares, foram impressas 31 mil Cartilhas, distribuídas em todas as repartições públicas e em muitos outros locais com acesso de público.

Acreditamos que, de posse desse material, estamos valorizando os mais de 25 mil idosos de Valinhos, além de eles poderem, concretamente, saber seus direitos, onde devem ir para que sejam respeitados e cumpridos.

FV O cartaz explicativo sobre as formas de violência contra o idoso, distribuído pela cidade, contém um QR Code que direciona para o Estatuto do Idoso. Como essa iniciativa tem sido recebida e qual a importância de divulgar amplamente o Estatuto para a conscientização?

PROFESSOR ZENO As violências contra as pessoas idosas são, lamentavelmente, uma triste realidade, inclusive em Valinhos, visto o CONSELHO receber uma média de 4 a 6 denúncias de maus-tratos por mês. Quanto ao Estatuto do Idoso, embora essa lei tenha sido aprovada em 2003, temos a certeza de que poucas pessoas conhecem seu real conteúdo, principalmente por não terem o acesso ao mesmo, tornado possível pelo QR Code, colocado nos cartazes. Aliás, temos a certeza de que esse gesto, acolhido com muitos elogios, ainda não tinha ocorrido antes para o público em geral.

Mas, mais do que esse acesso, importante, sem dúvida, com os 1 mil cartazes A4 , distribuídos em todas as repartições públicas e os 500 A3, afixados nos ônibus urbanos de Valinhos, o CMDPI tinha por objetivo divulgar e incentivar o público a denunciar os maus-tratos pelos Disque 100, 153 GCM e 190 Polícia Militar.

FV Em fevereiro de 2024, o CMDI oficializou seu Plano de Ação com as secretarias da Prefeitura. Quais são as principais ações relacionadas ao combate à violência contra o idosa que estão sendo desenvolvidas em conjunto com essas secretarias neste ano?

PROFESSOR ZENO O PLANO DE AÇÃO – 2024, elaborado pelo CMDI, amplamente divulgado com o Executivo Municipal e, inclusive em horário especial na Câmara Municipal, foi especialmente direcionado para 8(oito) Secretarias Municipais: Cultura; Assistência Social; Educação; Esporte e Lazer; Saúde; Mobilidade Urbana; Trabalho e Previdência e, Segurança Pública. Ao todo foram, são 59 (cinquenta e nove) projetos, todos eles com os seguintes tópicos: Ações; Estratégias; Metas; Recursos Humanos; Prazo/Execução e, Fontes dos Recursos.

Nesse PLANO DE AÇÃO – 2024, o combate à violência contra as pessoas idosas, em todas essas Secretarias, esteve, está presente em todos projetos mas,mais do que falar, conscientizar sobre a existência desses maus-tratos, esse combate foi, está contemplado especialmente pela implementação das mais diversas práticas, de ações e de campanhas de valorização das pessoas idosas, de seu desenvolvimento físico, artístico e social, sempre objetivando que tenham um envelhecimento ativo e saudável

FV Em fevereiro de 2024, o CMDI oficializou seu Plano de Ação com as secretarias da Prefeitura. Quais são as principais ações relacionadas ao combate à violência contra o idosa que estão sendo desenvolvidas em conjunto com essas secretarias neste ano?

PROFESSOR ZENO Por FLUXOGRAMA, nesse caso, entende-se quais os procedimentos usados para as denúncias de maus-tratos que o CMDPI recebe. Essas denúncias vêm por e-mail, com muitos detalhes pessoais sobre a vítima, endereço, familiares, tipos de violência…, praticamente todas do Disque 100, isto é, do Ministérios dos Direitos Humanos, de Brasília. Uma COMISSÃO oficialmente formada do CONSELHO, recebe as denúncias e, de acordo com o tipo de violência, encaminha as mesmas para as devidas providências para o CRAS, ou CREAS, ou DELEGACIA DE POLÍCIA, ou PROMOTORIA PÚBLICA. A COMISSÃO comunica ao Disque 100 o encaminhamento feito e cobra que os respectivos setores encaminhem a solução de cada caso e retornem o resultado ao Disque 100.

FV Foi mencionada a atualização do Fluxograma da Violência Local. Poderia explicar como esse sistema funciona na prática e qual o papel do CMDI em garantir que as denúncias de violência contra idosos cheguem aos órgãos responsáveis e sejam solucionadas?

PROFESSOR ZENO Poucas denúncias chegam à Casa dos Conselhos por telefone ou whatsupp, de morador de Valinhos. Sem dúvida, 99% vêm do Disque 100, de Brasília. É importante registrar que denunciar maus-tratos é uma obrigação, sob pena de, conforme o caso, tornar-se conivente e, possivelmente ser responsabilizado, se não o fizer. O denunciante pode ficar muito tranquilo, seu nome nunca, jamais será divulgado. Segredo absoluto.

FV A gestão 2023-2025 do CMDI conquistou diversos desafios, incluindo a divulgação das formas de violência. Quais são os maiores obstáculos que o Conselho ainda enfrenta para efetivar plenamente o combate à violência contra o idoso em Valinhos?

PROFESSOR ZENO A gestão 2023/2025 iniciou em 06/01/2023 e terminou em 05/01/2025. Desenvolveu 6(seis) trabalhos administrativos muito importantes: Recadastramento das Entidades; Elaboração do Fluxograma das Denúncias; Cartazes – Maus-Tratos; Plano de Ação – 2024; Encaminhamento para Aprovação da Lei nº 66.668/24 e Cartilha da Pessoa Idosa. Além da troca da administração municipal, objetivando, com as novas indicações do Poder Público, garantir a paridade que todos os Conselhos devem ter, também tivemos a formação da gestão 2025/2027 do CMDPI, postergando oficialmente o início em fevereiro deste ano.

Obstáculos a enfrentar nesta nova gestão? Talvez seja melhor afirmar que são desafios, isto é, que, junto com o Executivo Municipal e com o CMDPI, cada um dos 09(nove) setores, que todos os órgãos e entidades, relacionados no artigo 6º da Lei nº 6.668/24, implementem, efetivamente cumpram todas as suas ATRIBUIÇÕES aí estabelecidas, garantindo, dessa forma, que todos os direitos das pessoas idosas sejam devidamente respeitados e que tenham um envelhecimento ativo e saudável.

FV As denúncias de violência chegam pelo Disque 100 e/ou pela Casa dos Conselhos. O que o senhor diria para um idoso ou familiar que está receoso em denunciar, e qual a importância do sigilo e da proteção do denunciante nesse processo?

PROFESSOR ZENO Ser a cidade mais longeva do Estado de São Paulo é, sem dúvida, um motivo de justa satisfação. No entanto, o grande aumento populacional, como há pouco de 5.000(cinco mil) habitantes em 2(dois), é um motivo a mais de preocupação, visto que não se trata de um aumento de nascimentos e sim de pessoas vindas de várias outras cidades da região e de outros Estados. Acreditamos, como estabelecido no artigo 230 da Constituição Federal, que cabe à Família, à Sociedade e ao Poder Público garantir que os direitos das Pessoas Idosas sejam preservados e que tenham, como já colocado, um envelhecimento ativo e saudável. Nesse sentido, mais uma vez, temos a certeza de que o trabalho do CMDPI e o EFETIVO CUMPRIMENTO do estabelecido na Lei nº 6.668/24, vão garantir que essa longevidade da população de Valinhos vai permanecer e, possivelmente, melhorar ainda mais.

FV O CMDI realizará a Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa neste mês de junho?  Se sim, como o senhor espera que a campanha do Junho Violeta contribua para as discussões e propostas que surgirão nessa Conferência, especialmente no que diz respeito ao combate à violência?

PROFESSOR ZENO Seguindo normas federais em relação ao tema e aos EIXOS TEMÁTICOS e também normas do Conselho Estadual da Pessoa Idosa, a 3ª CONFERÊNCIA MUNICIPAL DOS DIREITOS DA PESSOA IDOSA de Valinhos já foi realizada nos dias 14 e 15 de maio. Foi muito bem organizada e na Pesquisa de Satisfação respondida pelos participantes, foi bastante elogiada em todos os itens. Seguindo nomas estabelecidas, o RELATÓRIO OFICIAL já foi mandado para São Paulo, acompanhado com os dados de 5 (cinco) Delegados Titulares e mais de 5(cinco) Suplentes. Nos próximos dias será feita uma divulgação maior, aliás, já feita na Rádio Valinhos.

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Alternativa

A força da unidade evangélica e o impacto social em Valinhos

A Ordem dos Ministros Evangélicos de Valinhos (OMEV), fundada em 1992 com o lema “Para que todos sejam um…” (João 17:21), tem se consolidado como uma voz ativa e um agente de transformação social na cidade. À frente dessa importante instituição, o Pastor Hiran Pimentel compartilha com a Folha de Valinhos os bastidores e os objetivos de uma entidade que vai além da pregação, buscando a unidade e o serviço à comunidade. Nesta entrevista exclusiva, o Pastor Hiran aborda a importância da coesão entre os ministros evangélicos, destacando a relevância do Dia Municipal de Ação de Graças – data que Valinhos celebra em seu aniversário de 129 anos e que, neste ano, se tornou feriado municipal. Ele também recorda a postura firme da OMEV durante a pandemia de COVID-19, o inédito trabalho conjunto com a Igreja Católica para abrigar moradores de rua e a emocionante campanha de arrecadação para São Sebastião

FOLHA DE VALINHOS – A OMEV tem como lema “Para que todos sejam um…” (João 17:21). Como o senhor avalia a unidade dos ministros evangélicos em Valinhos hoje, e quais são os maiores desafios para manter essa coesão?
PASTOR HIRAN Primeiramente, entendo necessário sabermos o que seja este Mandamento de Jesus Cristo: O TODOS SEREM UM COMO ELE É COM O PAI. Significa a multiplicação do agir de um grupo, em função de cada um que compõe o grupo ter ações diferentes, mas complementares, considerar o outro honrado e se colocar à disposição do comando deste grupo.
Neste sentido, o maior desafio é o entendimento do que é um Mandamento e o ensino sobre o mesmo, e ainda, que a UNIDADE não seja construída em torno de uma denominação, uma personalização, mas de um modelo de humildade e amor para com o próximo — o servir.

FV O Dia Municipal de Ação de Graças, que a OMEV ajudou a criar e que agora culminou com o feriado de aniversário da cidade, é um marco. Qual a importância dessa data para a comunidade evangélica e para Valinhos como um todo?
PASTOR HIRAN Este é um tema que precisa ser entendido por cada morador de Valinhos. A gratidão, ou Ações de Graça, é um modelo curativo do corpo, da alma e do campo espiritual. Entendemos a gratidão em três níveis: primeiro, o nível das emoções, quando são despertadas ao recebermos algo de alguém e falamos: Muito obrigado(a); segundo, o aspecto apenas cultural, uma forma de educação genérica; terceiro, o nível que a Bíblia nos mostra em I Tessalonicenses 5:18, de forma extraordinariamente curativa em todos os níveis, não é uma emoção, nem apenas educação, mas a revelação de que, quando damos graças EM TUDO, até nas adversidades, não multiplicamos a mesma e, ao enxergar as saídas daquele problema, isso vira uma lição de vida, um modelo de crescimento.

Entendemos que Valinhos tem este DNA curativo por toda uma história de sua fundação. Nasceu curando parte da população de Campinas na pandemia de febre amarela de 1889 e, ao receber o título de Capital do Figo Roxo, isso traz o entendimento de cura nos três níveis, o que vemos no Figo como este simbolismo bíblico.

FV Durante a pandemia de COVID-19, a OMEV emitiu uma carta aberta reforçando o cumprimento das determinações das autoridades, incluindo o fechamento dos templos. Como foi o processo de tomada dessa decisão e qual a repercussão dentro da comunidade evangélica na época?
PASTOR HIRAN Uma medida de bom senso naquele momento tão crítico, onde precisávamos honrar as autoridades constituídas, amar o próximo e continuar atendendo às pessoas mais necessitadas, mantendo o conceito de UNIDADE e de culto a Deus, independente do prédio naquele momento. Tivemos um apoio praticamente geral e salvamos muitas vidas pelos cuidados necessários.

FV A ação conjunta com a Igreja Católica para abrigar moradores de rua durante o inverno de 2021, em meio à pandemia, foi um exemplo de amor ao próximo. Como essa parceria inter-religiosa se desenvolveu e o que Valinhos aprendeu com essa iniciativa?
PASTOR HIRAN A OMEV, além da busca pela UNIDADE da liderança evangélica em Valinhos, também é reconhecida como de Utilidade Pública na cidade pelo seu trabalho que busca o bem da população com agentes públicos, privados e outros grupos que tenham como foco o amor ao próximo. Neste sentido, a comunidade católica sempre deu grandes contribuições para o bem-estar da população e, sempre que possível, somar forças — isso é superimportante. A lição que, juntos, somos mais fortes.

FV Em 2021, a Câmara Municipal homenageou as lideranças evangélicas pelo trabalho social durante a pandemia. Quais foram as principais frentes de atuação das igrejas de Valinhos nesse período e como a OMEV articulou esse esforço conjunto?
PASTOR HIRAN Foram inúmeros trabalhos desenvolvidos, principalmente, pela distribuição de unidades de igrejas evangélicas em todos os pontos da cidade. Isso facilitou levar o alimento para quem não podia sair de casa, levar remédios, atender orações, gerar esperança, realizar atendimentos com orações. Visitações nos hospitais sempre que possível. Foi um rio de esperança em função de todo esse movimento de amor, além dos cultos online que todos passaram a transmitir.

FV Diante da tragédia em São Sebastião em 2023, a OMEV mobilizou uma grande campanha de arrecadação. Qual foi o impacto dessa ação para os envolvidos em Valinhos e para as vítimas no Litoral Norte? Como o senhor descreveria o momento da chegada das doações?
PASTOR HIRAN oi algo também muito significativo. O Pr. William, da Casa de Oração, veio daquela região e conhecia bem a tragédia e as necessidades de cada um, além dos desvios que havia no meio do caminho. Diante disso, buscou apoio na OMEV e, assim, mobilizamos Valinhos — igrejas, empresas, colégios, TV, rádios. E, devido à credibilidade da OMEV, conseguimos aproximadamente quatro caminhões, que fomos acompanhando em uma das viagens pela EPTV.

A emoção das pessoas ao descarregar muita coisa de primeira linha, organizando e distribuindo aos necessitados, trouxe para cada um o sentido de amor, de família e de UNIDADE na Igreja em Valinhos, além da satisfação de quem doou, que pôde acompanhar tudo pela TV. Foi um marco histórico.

FV A Marcha para Jesus foi retomada em Valinhos em 2023, após 20 anos. Qual a relevância desse evento para a comunidade evangélica da cidade e quais os planos da OMEV para as próximas edições?
PASTOR HIRAN Veio fortalecer esta chama de UNIDADE e nos treinar a cada dia, para enfrentar desafios maiores e sempre servir em amor uns aos outros. Pretendemos uma Marcha de amor, respeito e muita oração, louvores a Deus e buscando o melhor para nossa cidade e nossa população.

FV Além dos grandes eventos e ações emergenciais, quais são os projetos sociais e de evangelização contínuos que a OMEV e as igrejas filiadas desenvolvem em Valinhos no dia a dia?
PASTOR HIRAN Existem dois tipos de trabalho neste sentido. O primeiro é a organização, o chamado mais específico de cada igreja, e aí oramos e apoiamos os mesmos. O segundo são eventos maiores que envolvem as igrejas como um todo, como, por exemplo: a Visitação de Deus em Valinhos. São eventos bem maiores, que envolvem atender às pessoas não só no aspecto espiritual, mas em todas as suas necessidades, trazendo um novo ânimo e esperança a cada pessoa atendida.

FV Qual o papel da OMEV na representação dos interesses da comunidade evangélica junto ao poder público municipal? Há pautas específicas que a Ordem busca discutir atualmente com a Prefeitura e a Câmara?
PASTOR HIRAN A saúde sempre foi um tema muito sensível, assim como o trabalho desenvolvido na Santa Casa a partir de 2025. Pois, sem um sistema resolutivo, humanizado e centrado na cidade, todas as demais áreas da vida da pessoa terão defasagens sérias. Além da saúde, os necessitados, de forma geral, enfrentam temas esporádicos, porém relevantes.

FV Olhando para o futuro, quais são as principais aspirações e desafios da OMEV para os próximos anos em Valinhos? O que a comunidade pode esperar da Ordem dos Ministros Evangélicos?
PASTOR HIRAN A ampliação do conceito e prática da UNIDADE. Pois, assim sendo, a presença de Deus estará sempre nos cobrindo, nos guardando e nos dando a direção de qual será o próximo passo.

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Valinhos

Vereadora Mônica Morandi detalha luta pela causa animal em Valinhos

A vereadora Mônica Morandi, conhecida por sua atuação na causa animal em Valinhos, concedeu uma entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, detalhando sua trajetória e as iniciativas em prol dos pets. Na conversa, Mônica compartilha a motivação pessoal que a levou a abraçar essa bandeira, impulsionada por uma promessa feita ao seu próprio cão, Goku. Ela aborda o impacto de leis de sua autoria, como o Banco de Ração e a Política Municipal de Proteção Animal, além de discutir os desafios na fiscalização de maus-tratos e a importância da posse responsável. A entrevista também revela a inspiração por trás das “patinhas brancas” nas faixas de pedestres e a necessidade de políticas públicas mais eficazes para o bem-estar animal. Para conferir a entrevista completa, acesse o Portal de Conteúdo da Folha de Valinhos.

FOLHA DE VALINHOS: Vereadora, a senhora é amplamente reconhecida em Valinhos pela sua incansável defesa da causa animal. Poderia nos explicar o que a motivou a abraçar essa bandeira e qual a sua visão para o futuro da proteção e bem-estar animal no município?

MÔNICA Desde pequena eu aprendi com a minha mãe a olhar pelos animais. Lembro que ela sempre carregava alimentos na bolsa pra dar de comer aos que encontrava na rua… esse carinho foi crescendo comigo.

Mas foi com o Goku, meu companheirinho de quatro patas, que tudo se transformou. Ele teve câncer, e na época eu não tinha condições financeiras de dar o tratamento que ele merecia. Foi um momento muito difícil, e eu fiz uma promessa pra ele: que ajudaria todos os animais que cruzassem meu caminho e precisassem de ajuda. Desde então, nunca mais parei.

Juntei outros protetores que também tinham esse amor no peito, e assim nasceu o Grupo Cãoscientização Animal Valinhos. E hoje, como vereadora, sigo tentando cumprir essa promessa todos os dias.

Meu sonho é ver Valinhos cada vez mais consciente e comprometida com o bem-estar animal. Já temos o programa de castração gratuita, que foi uma conquista importante, mas ainda temos muito a avançar: precisamos ampliar esse acesso, fortalecer a fiscalização contra maus-tratos e garantir políticas públicas que respeitem a vida em todas as formas. Porque quando a gente cuida dos animais, a gente cuida de todos nós.

FV A senhora é autora de leis importantes como o Banco de Ração, a Política Municipal de Proteção e Atendimento aos Direitos dos Animais e o Programa Farmácia Veterinária Popular (POUPAPET). Qual o impacto prático dessas leis na vida dos animais e de seus tutores em Valinhos? Há planos para ampliar esses programas ou criar novas iniciativas legislativas?

MÔNICA Essas leis foram pensadas com muito carinho e responsabilidade, porque nasceram da escuta de quem vive a causa animal no dia a dia — especialmente os protetores independentes e as famílias em situação de vulnerabilidade.

O Banco de Ração, por exemplo, já existe, mas está passando por uma alteração importante. Quando foi sancionado, o então prefeito vetou alguns artigos essenciais, que justamente garantiam mais apoio aos protetores que tiram do próprio bolso pra cuidar de tantos animais. Estamos trabalhando pra corrigir isso e fazer com que a lei funcione da forma como foi pensada: justa e acessível.

Já o Poupapet é uma lei linda, mas que ainda está no papel. Lutamos muito por ela, porque sabemos o quanto faz falta um programa que ofereça medicamentos e itens básicos a quem não tem condições de arcar com os custos de um tratamento veterinário. A regulamentação ainda não aconteceu, mas a nossa cobrança continua firme, porque essa é uma demanda urgente e real.

A Política Municipal de Proteção e Atendimento aos Direitos dos Animais, por sua vez, já é um marco. Ela estabelece diretrizes que ajudam a nortear as ações do poder público e reforça que a causa animal precisa, sim, ser prioridade.

A verdade é que essas leis só têm valor quando saem do papel e chegam até quem precisa. E é isso que sigo buscando todos os dias como vereadora: fazer valer o que foi conquistado e continuar avançando em novas iniciativas que tragam mais dignidade pros nossos animais e pra quem cuida deles com tanto amor.

FV Sabemos do seu envolvimento direto no resgate de animais em situação de abandono ou maus-tratos, inclusive com investimento de recursos próprios. Como a senhora enxerga a estrutura atual de atendimento a esses casos em Valinhos e quais os maiores desafios que se apresentam para quem, como a senhora, atua na linha de frente?

MÔNICA Infelizmente, a estrutura pública de Valinhos ainda é muito limitada quando o assunto é atendimento a animais em situação de abandono ou maus-tratos. Quem está na linha de frente sabe: a maior parte dos resgates é feita por protetores independentes, que usam seus próprios recursos, tempo e muita força de vontade pra salvar vidas.

Eu mesma, antes de ser vereadora e mesmo depois de eleita, sigo ajudando como posso — com resgates, lar temporário, alimentação, cuidados veterinários — muitas vezes tirando do meu bolso, como tantos outros fazem silenciosamente todos os dias.

Temos o programa de castração gratuita, que foi uma conquista importante, mas ainda assim os desafios são muitos. Falta um local de acolhimento emergencial, atendimento veterinário mais acessível e estrutura pra casos graves de maus-tratos, que exigem intervenção imediata.

O maior desafio é esse: a ausência de uma política pública mais estruturada. A gente precisa parar de enxugar gelo. Só quem já se deparou com um animal machucado, com fome, com medo, sabe o quanto dói não ter pra onde levá-lo ou como socorrê-lo.

Por isso, sigo lutando: pra que a causa animal não dependa só da boa vontade das pessoas, mas tenha estrutura, orçamento e respeito como qualquer outra área da gestão pública.

FV A recente iniciativa das “patinhas brancas” nas faixas de pedestres, parte da campanha Maio Amarelo, foi uma ideia sua para alertar motoristas sobre a presença de animais. Como surgiu essa inspiração e qual a sua expectativa em relação ao impacto dessa campanha na conscientização da população sobre a segurança dos pets nas vias públicas?

MÔNICA A ideia das patinhas brancas surgiu de uma dor que a gente vive com frequência: o atropelamento de animais nas ruas. Quem está na causa sabe o quanto isso é comum — e o quanto poderia ser evitado com mais atenção, respeito e empatia.

Aproveitei o Maio Amarelo, que é o mês de conscientização sobre a segurança no trânsito, pra lembrar que a negligência com os animais também é um reflexo da falta de responsabilidade e cuidado nas nossas atitudes — inclusive nas ruas. Pintar as patinhas junto às faixas de pedestres foi uma maneira simbólica e educativa de chamar a atenção dos motoristas: os animais também cruzam as ruas, também têm o direito à vida.

Minha expectativa é simples: que cada pessoa que passar por uma dessas faixas pense duas vezes antes de acelerar. Que olhe pro lado, reduza a velocidade e, quem sabe, se sensibilize ainda mais com a presença dos animais na cidade.

É um gesto pequeno, mas com potencial de gerar grandes mudanças. E é assim que a gente começa: um passo de cada vez, uma patinha de cada vez.

FV A posse responsável é um tema que a senhora defende com veemência. Na sua opinião, quais são as principais falhas na conscientização da população valinhense sobre esse assunto e que tipo de ações educativas poderiam ser mais eficazes para mudar esse cenário?

MÔNICA A posse responsável é a base de tudo. Se as pessoas entendessem, de verdade, o que significa assumir um animal, a gente teria muito menos abandono, maus-tratos e sofrimento.

Infelizmente, ainda falta muita conscientização. Muita gente adota por impulso, sem pensar nas necessidades reais do animal — alimentação, cuidados veterinários, tempo, amor, paciência. Quando percebe que não é tão simples, acaba descartando. E quem paga o preço é o bicho.

Em Valinhos, o que mais vejo são casos que poderiam ter sido evitados com informação. Por isso, acredito que a educação precisa começar cedo, nas escolas mesmo. Falar sobre respeito à vida, empatia, compromisso. Também precisamos de campanhas permanentes, não só nas redes sociais, mas nas ruas, nas feiras, nas unidades de saúde, nos bairros. Porque esse é um tema que precisa chegar em todo mundo.

E mais do que cobrar, é preciso acolher. Mostrar caminhos, oferecer apoio e reforçar que cuidar de um animal é, acima de tudo, um ato de amor e responsabilidade.

FV Além das ações legislativas e de resgate, a senhora também organiza bazares para arrecadar fundos para as despesas com animais. Como a comunidade de Valinhos tem respondido a essas iniciativas e de que forma a participação popular é fundamental para a manutenção desse trabalho?

MÔNICA As ações legislativas e os resgates são coisas diferentes, mas que caminham juntas no meu trabalho. Como vereadora, meu compromisso vai além de apenas ‘criar leis e cobrar políticas públicas’ — eu trabalho para garantir que essas leis sejam efetivas, que os direitos dos animais sejam respeitados de verdade, e que a causa tenha prioridade na gestão pública. É um trabalho de insistência diária, de diálogo, pressão e muita luta para que os recursos cheguem e que as políticas saiam do papel e façam diferença real na vida dos animais e das pessoas.

Já os resgates são um trabalho voluntário, feito com muito amor, mas que depende muito do apoio da comunidade. É um esforço enorme, e muitas vezes, grupos de pessoas se mobilizam para pedir por um animal abandonado, mas depois do resgate desaparecem! Não ajudam na divulgação, nem no cuidado continuado, o que torna tudo mais difícil para quem está na linha de frente.

Por outro lado, a solidariedade da comunidade de Valinhos tem sido uma luz no caminho. As doações para os bazares e a participação nas vendas são fundamentais para mantermos o suporte necessário: alimentação, tratamento, medicamentos, lares temporários, etc. Tudo isso depende dessa rede de apoio. Mas só o bazar não é suficiente. Por isso, temos ações diárias para arrecadar recursos e continuar ajudando: organizamos rifas, bingos, vaquinhas e campanhas de arrecadação de ração. Cada iniciativa conta, cada gesto de apoio faz diferença.

Por isso, acredito que a participação popular precisa ser constante e engajada — não basta sentir pena, é preciso agir. Juntos, com políticas públicas fortes e com o apoio real da comunidade, podemos transformar a vida desses animais e construir uma cidade mais justa e compassiva para todos.

FV Apesar da sua paixão pela causa animal, sabemos que a senhora também atua na defesa dos direitos das mulheres e das crianças em Valinhos. Poderia nos detalhar quais são as suas principais bandeiras e projetos nessas áreas e como a senhora as conecta com a sua atuação geral como vereadora?

MÔNICA Sim, minha atuação como vereadora vai além da defesa dos animais. Essas bandeiras estão diretamente conectadas, pois acredito que a proteção dos animais, das mulheres e das crianças são pilares essenciais para construirmos uma sociedade mais humana e solidária.

Na defesa dos direitos das mulheres, tenho diversas iniciativas importantes, entre elas a Lei Ordinária nº 6.642/2024, que determina o fornecimento de material informativo sobre o combate à violência doméstica nas escolas da rede pública municipal. Essa ação busca esclarecer os diversos tipos de violência, ajudando a romper o ciclo de normalização que muitas vezes prende as vítimas e suas famílias, sensibilizando estudantes e suas comunidades sobre seus direitos e formas de prevenção e enfrentamento.

Além disso, trabalho para fortalecer políticas públicas que promovam a autonomia econômica e social das mulheres, como capacitação profissional e incentivo ao empreendedorismo feminino.

No que tange às crianças, atuo para garantir que políticas públicas voltadas à infância sejam efetivas e atendam às reais necessidades desse público. Acredito que investir na infância é investir no futuro da nossa cidade.

FV Olhando para os 25 anos da Praça Brasil 500 Anos, um espaço que se tornou um ponto de encontro para a família valinhense, como a senhora avalia a importância de espaços públicos de convivência como este para a qualidade de vida dos cidadãos, incluindo a possibilidade de interação com seus pets?

MÔNICA Esses espaços são fundamentais para a qualidade de vida das pessoas. Eles oferecem um respiro na correria do dia a dia, aproximam as famílias e tornam a cidade mais humana, mais acolhedora. E quando podemos levar nossos bichinhos junto, tudo fica ainda mais especial. Eles são parte da família, e ter um lugar seguro para passear com eles é uma alegria enorme.

Eu acredito que cuidar desses espaços é cuidar do que a gente mais valoriza: a nossa gente, nossa comunidade, nosso jeitinho de viver.

E muita gente pede — com razão — por mais ParCães na cidade. O povo ama, valoriza e faz uso desses espaços com carinho e responsabilidade. É um pedido recorrente que mostra o quanto esse tipo de área faz diferença no dia a dia de quem tem pet. Precisamos avançar nisso, ampliando o acesso e garantindo mais espaços públicos pensados para toda a família — de duas e de quatro patas.

FV Considerando os desafios orçamentários dos municípios, como a senhora avalia a possibilidade de novas parcerias entre o poder público e a iniciativa privada ou organizações não-governamentais para fortalecer as políticas de proteção animal em Valinhos?

MÔNICA Quando cada um faz a sua parte, conseguimos ir mais longe e atender mais vidas. Com todos os desafios orçamentários que os municípios enfrentam, as parcerias são fundamentais. O poder público nem sempre consegue dar conta de tudo, O que não pode é a causa animal continuar sendo deixada de lado por falta de recursos ou de vontade política, como já aconteceu aqui no Município. Se tiver abertura, como estamos tendo agora e boa vontade, dá pra fazer muito mais. E eu sigo aqui, sempre pronta pra lutar por isso.

FV Para finalizar, qual mensagem a senhora gostaria de deixar para os leitores da Folha de Valinhos, especialmente para aqueles que compartilham do amor e da preocupação com os animais, e para toda a população da cidade?

MÔNICA Antes de tudo, quero agradecer a cada pessoa que, de alguma forma, caminha ao nosso lado nessa luta. Quem acolhe, quem denuncia maus-tratos, quem doa, quem adota com responsabilidade… cada gesto faz diferença.

A causa animal é feita de amor, mas também de muita batalha, e ninguém faz nada sozinho. É a união da comunidade que transforma a realidade dos animais e também da nossa cidade.

Pra quem compartilha desse amor: não desista. Mesmo diante das dificuldades, vale a pena cada vida salva.

E pra toda a população de Valinhos, deixo meu compromisso sincero: seguir trabalhando com seriedade, empatia e transparência — pelos animais, pelas pessoas e por uma cidade mais justa, humana e consciente.

Eu não prometo nada além de muito trabalho. Mas quem me conhece, sabe que isso eu entrego todos os dias.

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Brasil e Mundo

Desinformação é principal risco global para 2025, afirma Unesco

© Marcelo Camargo/Agência Brasil
Diretor da Unesco concedeu entrevista exclusiva à Agência Brasil
Paula Laboissière – Repórter da Agência Brasil

A desinformação figura como principal risco global para 2025 e para os anos que estão por vir – à frente das mudanças climáticas, da crise ambiental, dos fluxos migratórios, da violência e do terrorismo.

A avaliação é do diretor-geral adjunto de Comunicação e Informação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Tawfik Jelassi, que esteve no Brasil na última semana para participar do Seminário Internacional Cetic.br 20 anos – Dados e Análises para um Futuro Digital Inclusivo.

“Os países não estão preparados o suficiente para combater a desinformação. Eles são vulneráveis ​​ao impacto negativo da desinformação, o que é uma questão muito importante. Portanto, sim, a desinformação é o risco global número um hoje e ao longo dos próximos anos e todos os países do mundo precisam agir para combatê-la.”

Em entrevista à Agência Brasil, ele defendeu a regulamentação das redes sociais por todos os países e um pacto global para combater a desinformação no ambiente virtual. Ele destacou, entretanto, que a responsabilidade primária pelo combate às fake news deve ser das empresas de plataformas digitais que têm a obrigação de agir.

“As plataformas digitais são globais. Elas não reconhecem limites ou fronteiras nacionais. Se não unirmos forças por meio de ações globais, não poderemos combater efetivamente a desinformação que acontece nas plataformas digitais”, afirmou.

“Cada país precisa ter uma regulamentação sobre isso. Mas precisamos ter uma abordagem verdadeira porque somente unindo forças internacionalmente é que podemos combater esse risco global. E a tecnologia não conhece barreiras”, completou o especialista que tem doutorado em Sistemas de Informações Gerenciais pela Universidade de Nova York.

Jelassi citou um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts que aponta que mentiras se espalham 10 vezes mais rápido que a verdade. “Uma vez que se espalham como fogo, o dano já está feito. Como podemos desfazê-lo? Não podemos. Mesmo que se tente retificar essa informação, o dano já aconteceu. Então, precisamos prevenir, precisamos combater a desinformação.”

A Unesco está organizando uma conferência global em junho para debater temas como inteligência artificial e transformação digital no setor público.

Para Jelassi, é necessário que o setor público acompanhe a transformação digital do mundo oferecendo aos seus cidadãos serviços de melhor qualidade utilizando tecnologias. Para isso, ele defende que os países coloquem como centro das políticas públicas o investimento no desenvolvimento de capacidades e habilidades dos seus recursos humanos.

“Uma questão específica que abordaremos [na conferência] é a construção e o desenvolvimento de capacidades.​ A partir dos nossos estudos, percebemos que, em diversos países, muitos servidores públicos não têm a competência ou o conjunto de habilidades necessárias para ter sucesso na transformação digital. Acreditamos que isso esteja no cerne de uma ação governamental.”

Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Agência Brasil: O senhor disse, certa vez, que um dos desafios e oportunidades mais importantes da nossa era é transformar tecnologias digitais em uma força para o bem. Como tem funcionado o trabalho que a Unesco realiza no sentido de contribuir para essa questão?

Towfik Jelassi: A tecnologia, de certa forma, é neutra. As pessoas podem usá-la de forma positiva ou negativa. Ela apresenta oportunidades, mas também riscos. Quando digo que a tecnologia deve ser usada como uma força para o bem, cito um exemplo: devemos usá-la para combater a desinformação, sobretudo no que diz respeito à inteligência artificial. Devemos ser capazes de detectar informações não factuais. Devemos ajudar na moderação e na curadoria de conteúdo. Não queremos que a tecnologia seja usada para prejudicar as pessoas, para prejudicar as sociedades. Não queremos que a tecnologia se torne um perigo.

A Unesco acredita firmemente que a informação e, claro, as tecnologias da informação e a comunicação devem ser um bem público comum e não um dano público. A tecnologia não só pode como já foi usada como uma força para o bem. Por exemplo: na saúde, na agricultura, no combate às mudanças climáticas e em soluções para a crise ambiental. Esses são usos positivos da tecnologia. Mas também temos que combater a desinformação, o discurso de ódio e outros conteúdos online prejudiciais.

Agência Brasil:  Alguns dos trabalhos recentes propostos pela Unesco incluem recomendações sobre a ética no uso da inteligência artificial. O senhor pode falar um pouco sobre isso?

Jelassi: Em 2018, a Unesco iniciou um projeto massivo em torno do uso ético da inteligência artificial – pelo menos três ou quatro anos antes do surgimento do ChatGPT e da inteligência artificial interativa. A Unesco é reconhecida por ser, de certa forma, o think tank [laboratório de ideias] do sistema das Nações Unidas, uma espécie de antecipadora das mudanças que virão e de seus impactos, inclusive no que diz respeito à tecnologia. Então, em 2018, a Unesco içou a bandeira do que estávamos prestes a ver: o avanço de uma tecnologia muito sofisticada chamada inteligência artificial, que pode ser usada como uma força para o bem, mas que também apresenta riscos e perigos.

Teletrabalho, home office ou trabalho remoto.
Teletrabalho, home office ou trabalho remoto. – Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Unesco pediu responsabilidade ética dentro do uso da inteligência artificial. O trabalho incluiu consultas globais abertas e, claro, trabalhos de especialistas mundiais sobre o assunto, o que culminou, em 2021, com os 193 Estados-membros aprovando as Recomendações sobre a Ética na Inteligência Artificial. Esse foi o primeiro instrumento normativo global desenvolvido sobre esse assunto e fico feliz em dizer que, hoje, temos 70 países ao redor do mundo que estão implementando essas recomendações para o uso ético e responsável da inteligência artificial.

Agência Brasil: Onde se encontra o Brasil neste processo?

Jelassi: O Brasil está bastante avançado e está entre os países que, claro, votaram a favor desta recomendação global da Unesco e que também implementaram os princípios e as diretrizes contidos nesta importante publicação.

Agência Brasil:  A Unesco tem apelado ao uso responsável e ético da inteligência artificial. Como estão as coisas neste momento e o que precisa mudar em relação a essa temática?

Jelassi: Existe um diferencial importante entre as tecnologias digitais: elas se desenvolvem numa velocidade muitíssimo alta, que países e entidades reguladoras não conseguem acompanhar.  É o que acontece quando se tem uma tecnologia como a inteligência artificial, que impacta tantos setores. Por exemplo: um professor não pode mais aplicar uma prova para que os alunos levem para casa porque sabe que a resposta virá do ChatGPT e todos os alunos passarão na prova. Então, hoje, não vivemos mais um momento que que precisamos melhorar ou reformar a educação. Estamos em uma era onde precisamos transformar a educação, transformar o ensino, transformar a aprendizagem, transformar a avaliação dos alunos. Este é apenas um exemplo. Posso dar um exemplo também na agricultura, sobre como a inteligência artificial transforma a maneira como os agricultores cuidam de seus negócios. Hoje, você pode saber, com base no tipo de solo, clima, cultivo, água e irrigação qual a melhor semente a ser cultivada em uma determinada terra, além do uso de fertilizantes personalizados – não mais de fertilizantes genéricos, mas fertilizantes personalizados para ajudar a otimizar o campo de cultivo.

Tudo isso graças ao big data, à análise de dados, aos algoritmos preditivos, aos sistemas de informação geográfica, a imagens de satélite, às fotos tiradas com drones. A tecnologia hoje está no cerne da agricultura. E quem teria pensado nisso, mesmo alguns anos atrás? A tecnologia impacta todos os setores, todas as indústrias, nossas vidas, nós mesmos como indivíduos, a sociedade em geral. Portanto, temos que exigir o uso responsável e ético da inteligência artificial, ​​que respeite a dignidade humana, a privacidade de dados e os direitos humanos. Não é porque a tecnologia está aí para nos permitir fazer tudo que podemos simplesmente ir em frente. Temos que ser cidadãos responsáveis ​​e temos que ser usuários éticos dessa tecnologia.

Agência Brasil: O senhor pode falar um pouco sobre as diretrizes da Unesco voltadas especificamente para gestores de plataformas digitais e que visam combater a desinformação, o discurso de ódio e outros conteúdos online?

Jelassi:  Esse é um tópico muito importante hoje porque todos nós, cidadãos do mundo, passamos várias horas por dia em mídias sociais ou plataformas digitais. Estudos mostram que uma porcentagem bastante significativa de pessoas está conectada a mídias sociais e plataformas digitais – do minuto em que acordam pela manhã até a hora de dormir. Elas têm, em média, entre sete e oito horas por dia de conexão com as mídias sociais. Quando estão no trabalho, quando estão em movimento, quando estão almoçando ou jantando, elas ainda estão conectadas. Essa é a realidade de hoje. Mas nem tudo o que vemos online é informação factual, é informação verificada, é dado objetivo. Não podemos confiar em tudo porque há, como você mesma disse, uma quantidade crescente de desinformação e informações falsas.

Sabemos que, especialmente pelo meio digital, mentiras são transmitidas muito mais rápido que a verdade. Um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Boston, revelou que mentiras viajam 10 vezes mais rápido que a verdade. Mas, uma vez que se espalham como fogo, o dano já está feito. Como podemos desfazê-lo? Não podemos. Mesmo que se tente retificar essa informação, o dano já aconteceu. Então, precisamos prevenir, precisamos combater a desinformação. Ela é muito, muito prejudicial. Temos que garantir que sejam fatos e não informações falsas que são disseminadas online. Permita-me citar Maria Ressa, jornalista filipina que recebeu o Nobel da Paz de 2021. Ela disse:

‘Sem fatos, não há verdade. Sem verdade, não há confiança. E sem confiança, não temos uma realidade compartilhada’. Todos podem ter sua opinião, mas devem ser os fatos o conteúdo a ser compartilhado. É a realidade que deve ser compartilhada. Ninguém pode apresentar seus próprios fatos ou sua própria realidade. Sobretudo quando esses fatos estão errados e podem manipular as pessoas, podem influenciar as pessoas.

Sabemos que a informação, a liberdade de expressão e a liberdade de mídia são a pedra angular da sociedade democrática e precisamos preservá-las. Porque, se nossa sociedade for dominada por desinformação, discurso de ódio e coisas do tipo, isso pode ser algo que divide. Pode colocar alguns grupos de pessoas ou algumas comunidades contra outras, ou alguns indivíduos contra outros. E isso é muito prejudicial para nós como sociedade, como comunidade.

Agência Brasil: A desinformação pode ser considerada o principal risco global para 2025 e para os próximos anos? O que pode ser fazer a respeito?

Jelassi:  Sim, mas não sou eu quem pensa assim. São duas fontes que temos. Uma delas é o Fórum Econômico Mundial de Davos que, em janeiro de 2025, publicou um relatório anual no qual coloca a desinformação como o risco global número um para 2025 e para os próximos dois anos, com base em suas pesquisas e seus estudos. Eles colocam a desinformação como risco global número um, à frente das mudanças climáticas, da crise ambiental, dos fluxos migratórios, da violência e do terrorismo. Já em março de 2025, as Nações Unidas publicaram o Relatório Mundial de Risco Global e colocaram a desinformação como risco global número um com base em dois critérios: o primeiro é a importância e o segundo é a vulnerabilidade dos países. Ou seja, os países não estão preparados o suficiente para combater a desinformação. Eles são vulneráveis ​​ao impacto negativo da desinformação, o que é uma questão muito importante. Portanto, sim, a desinformação é o risco global número um hoje e ao longo dos próximos anos e todos os países do mundo precisam agir para combatê-la.

Agência Brasil: O senhor acredita que precisamos unir forças para enfrentar todos esses problemas e tornar o ciberespaço um lugar mais confiável?

Jelassi: Absolutamente. Por que precisamos unir forças em nível internacional, em nível global? Porque as plataformas digitais são globais. Elas não reconhecem limites ou fronteiras nacionais. Elas espalham a palavra. Elas são globais por natureza. Se você usa qualquer uma dessas plataformas digitais ou mídias sociais, você as usa no Brasil, você as usa em qualquer país do mundo. Então, se não unirmos forças por meio de ações globais, não poderemos combater efetivamente a desinformação que acontece nas plataformas digitais. Claro, cada país precisa ter uma regulamentação sobre isso. Mas precisamos ter uma abordagem verdadeira porque somente unindo forças internacionalmente é que podemos combater esse risco global. E a tecnologia não conhece barreiras.

Agência Brasil: Como buscar um uso responsável e transparente das plataformas, além de uma melhor moderação de conteúdo por parte das empresas de tecnologia?

Jelassi: Boa pergunta. Mais uma vez, não estamos falando de utopia. Quando falamos sobre governança efetiva de plataformas digitais, isso não é uma ilusão. Pode efetivamente ser feito. Vou dar um exemplo de uma plataforma digital que tem mais de 1,5 milhão de usuários ativos e onde não vemos discurso de ódio, não vemos assédio online, não vemos desinformação: LinkedIn. Sou um usuário diário. Talvez passe uma hora a uma hora e meia todos os dias. É uma plataforma, como eu disse, com mais de 1,5 milhão de pessoas, mas que está cumprindo sua missão, está atraindo pessoas – especialmente profissionais. Está funcionando.

Não precisamos acreditar que qualquer plataforma, por natureza, tem que ser uma força para o mal ou deve necessariamente espalhar informações falsas. Se elas tiverem os algoritmos adequados, se seguirem os princípios que mencionei antes, se tiverem a curadoria de conteúdo adequada, a moderação de conteúdo adequada, filtrando mensagens de violência, mensagens de ódio, podem funcionar.

As empresas de tecnologia não deveriam deixar que esse tipo de coisa fosse disseminado e exibido em todo o mundo através de suas plataformas. Elas gerenciam as plataformas, não os usuários. Claro, há um modelo de negócios por trás disso. O que atrai as pessoas? A desinformação. Porque notícias falsas geram barulho. E as pessoas não sabem que elas são necessariamente falsas. As pessoas dizem:

‘Nossa, deixe-me compartilhar isso com um amigo’. Assim, a desinformação é compartilhada em grande escala. Quanto mais você dissemina esse tipo de informação, mais pessoas clicam nela. Quanto mais cliques, mais empresas anunciam online nessa plataforma. E, com mais publicidade online, mais lucro.

Podemos ver como o modelo de negócios, de certa forma, não exatamente favorece a desinformação, mas permite que ela aconteça. Por isso, as empresas de plataformas digitais têm a responsabilidade primária de agir.

Agência Brasil: O senhor pode falar um pouco sobre a temática da transformação digital do setor público, que será discutida em junho em uma conferência global organizada pela Unesco? Trata-se de um tema de interesse para todos os Estados-membros?

Jelassi: A Unesco está organizando uma conferência global nos dias 4 e 5 de junho de 2025, em sua sede, em Paris, sobre inteligência artificial e transformação digital no setor público. Acreditamos que, para que qualquer país e qualquer governo possam melhorar seus serviços aos cidadãos, eles precisam usar tecnologias digitais, precisam transformar seu relacionamento com os cidadãos e o tipo de serviços e de administração pública que oferece aos cidadãos. Esse é o foco desta conferência. E uma questão específica que abordaremos é a construção e o desenvolvimento de capacidades. A partir dos nossos estudos, percebemos que, em diversos países, muitos servidores públicos não têm a competência ou o conjunto de habilidades necessárias para ter sucesso na transformação digital. Acreditamos que isso esteja no cerne de uma ação governamental.

A inteligência artificial é um facilitador importante para serviços digitais inovadores para os cidadãos. É por isso que estamos realizando esta conferência. A Unesco desempenha um papel fundamental não apenas na advocacia, mas também na formulação de políticas, no desenvolvimento e na capacitação. Não basta fazer propaganda. Não basta desenvolver uma política ou estratégia a ser implementada. É preciso ter recursos humanos com competências e habilidades.

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Valinhos

Novo presidente impulsiona otimismo e busca crescimento sustentável para o comércio

Em um cenário promissor para o comércio de Valinhos, marcado por iniciativas como o “Estacionamento do Povo” e o “Sextou no Centro”, Eduardo Machado assume a presidência da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Valinhos (ACIV) com o desafio de dar continuidade a esse momento positivo e garantir um crescimento sustentável para o setor. Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, o novo presidente destacou a “evolução em 100 dias que não tivemos em 10 anos”, creditando essa mudança de cenário à inédita abertura do poder público ao diálogo com a classe empresarial. Machado enfatizou o papel da ACIV como articuladora e parceira na construção de soluções, como demonstrado na bem-sucedida primeira edição do “Sextou no Centro”

FOLHA DE VALINHOS – O senhor assume a presidência da ACIV em um momento particularmente otimista para o comércio de Valinhos, com iniciativas importantes como o “Estacionamento do Povo” e o “Sextou no Centro”. Quais considera serem os maiores desafios para dar continuidade a esse impulso e garantir um crescimento sustentável para o setor?
EDUARDO MACHADO – Vivemos, de fato, um momento de transformação para o comércio de Valinhos. A implementação de ações como o Estacionamento do Povo e a abertura da rodoviária — esta, um antigo pleito da ACIV — simboliza uma nova sensibilidade do poderM público para com os empreendedores da cidade. Nosso compromisso é buscar que essas iniciativas se tornem constantes durante esta gestão. O objetivo é fomentar a ocupação, não apenas do centro comercial de forma planejada, mas de todos os empreendimentos da cidade; melhorar a infraestrutura urbana; garantir segurança e mobilidade; além de manter ativa a escuta com os comerciantes para aperfeiçoar o que já está sendo feito.

FV – Em sua fala recente, o senhor destacou uma “evolução em 100 dias que não tivemos em 10 anos”. Quais foram as principais ações da ACIV que contribuíram para essa mudança de cenário e como a associação pretende manter essa interlocução positiva com o poder público?
EDUARDO – Essa frase reflete o sentimento da classe empresarial. Pela primeira vez em muito tempo, vemos uma gestão pública aberta ao diálogo e disposta a construir soluções junto ao setor produtivo. A ACIV tem cumprido seu papel como articuladora, trabalhando como parceira — como ocorreu na primeira edição do Sextou no Centro. Buscamos colaborar de maneira construtiva, fomentando e promovendo o comércio, os serviços e a indústria da nossa cidade.

Nossa intenção é manter essa interlocução ativa, pautada por respeito institucional e responsabilidade, sempre com foco em resultados concretos para nossos associados e para Valinhos.

FV – A ACIV tem como uma de suas finalidades “defender, assistir, amparar, orientar e instruir as classes empresariais”. Diante das rápidas transformações no comportamento do consumidor e no cenário econômico, como a ACIV pretende modernizar seus serviços e oferecer suporte ainda mais relevante para seus associados?
EDUARDO – Estamos vivendo uma aceleração tecnológica sem precedentes. Por isso, temos direcionado nossos esforços para oferecer capacitações práticas, acessíveis e atualizadas, com parceiros como o Sebrae. Dentro do nosso planejamento estratégico, estamos buscando alternativas para aproximar nossos associados de soluções digitais.

FV – A atração de consumidores para o centro da cidade é um desafio histórico. Como a ACIV pretende trabalhar em conjunto com o poder público e os comerciantes para consolidar os resultados positivos do “Estacionamento do Povo” e de eventos como o “Sextou no Centro”, transformando-os em hábitos para os valinhenses?
EDUARDO – É exatamente essa a nossa meta: transformar ações em hábitos. O Sextou no Centro foi uma experiência piloto extremamente bem-sucedida e nos mostrou que há apetite por iniciativas que tornem o centro mais vivo, atrativo e acolhedor. Queremos ampliar a frequência desses eventos, diversificar as atrações e envolver cada vez mais comerciantes. E, claro, em parceria com o poder público, melhorar a ambiência urbana e a comunicação com a população. Quando o valinhense entende que consumir em sua cidade é um ato de pertencimento, todos ganham.

FV – O calendário promocional e as datas comemorativas são oportunidades importantes para o comércio. Como a ACIV planeja atuar para fortalecer essas ações, incentivando a participação dos lojistas e criando campanhas que realmente engajem os consumidores de Valinhos e região?

EDUARDO – Temos estruturado campanhas que vão além das promoções tradicionais. Elas vêm acompanhadas de ações de experiência e valorização do comércio local. A campanha do Dia das Mães, por exemplo, envolveu ações promocionais, distribuição de prêmios e eventos paralelos no centro. Nosso objetivo é que cada data seja uma oportunidade de gerar fluxo, vendas e conexão emocional com o consumidor.

FV – Considerando as finalidades da ACIV, como a entidade pretende “promover a difusão de conhecimentos úteis” para os comerciantes locais, auxiliando-os a inovar, adaptar-se às novas tecnologias e melhorar a gestão de seus negócios?
EDUARDO – A qualificação contínua é um dos pilares da nossa gestão. Pretendemos ampliar o número de oficinas, palestras e cursos, presenciais e online, voltados às necessidades reais do nosso público — desde precificação, atendimento e redes sociais até planejamento financeiro. Queremos que o comerciante de Valinhos tenha acesso ao mesmo nível de informação e estratégia que um empresário de um grande centro. O conhecimento é a ponte entre o desafio e o crescimento.

FV – A ACIV também visa “instituir, utilizar e manter serviços de informação e proteção ao crédito”. Em um cenário de incertezas econômicas, qual o papel desses serviços para os associados e como a ACIV pretende otimizá-los?
EDUARDO – A ACIV é operadora oficial da Equifax Boa Vista em Valinhos, o que nos coloca em uma posição estratégica para apoiar os empreendedores na tomada de decisões mais seguras e assertivas. Estamos modernizando nosso portfólio de soluções de crédito, tanto para pessoas jurídicas quanto físicas, com informações robustas e personalizadas. Nossa meta é fazer com que o associado compreenda a importância da análise de crédito e utilize essas ferramentas com inteligência, reduzindo riscos e fortalecendo seus negócios.

FV – A revitalização do centro da cidade é uma pauta importante. De que forma a ACIV pretende participar desse debate e contribuir com ideias e propostas que beneficiem diretamente o comércio local, mantendo a identidade e o charme do centro de Valinhos?
EDUARDO – Temos um planejamento estratégico estruturado, com demandas institucionais e estruturais, incluindo a revitalização do centro comercial. Falamos em acessibilidade, requalificação de calçadas, iluminação, reposicionamento de cabos e fachadas, entre outros pontos. Acreditamos que o centro precisa unir funcionalidade com identidade. A ACIV está pronta para contribuir com propostas viáveis e dialogar com a sociedade e a prefeitura para transformar essa pauta em realidade.

FV – A colaboração entre a ACIV e outras entidades, conforme previsto em suas finalidades, é fundamental. Como o senhor pretende fortalecer essas parcerias para buscar soluções conjuntas e ampliar o impacto das ações em prol do comércio, indústria e serviços de Valinhos?
EDUARDO – Somos parte de um ecossistema que precisa atuar em rede. Dialogar com outras entidades do 3º setor sempre foi uma prerrogativa desta gestão. Temos, em parceiros como o Clube de Mães e outras entidades, um diálogo produtivo e ações conjuntas que fazem a diferença em nossa cidade. Além disso, mantemos forte relação com o Sebrae e entidades ligadas diretamente à ACIV, que atuam em outras esferas, como a Facesp (Federação) e a CACB (Confederação), que desenvolvem excelente trabalho em nível estadual e federal. Ninguém transforma uma cidade sozinho. A força está na união de propósitos, na articulação institucional e no comprometimento coletivo com o desenvolvimento local.

FV – Olhando para o futuro da sua gestão à frente da ACIV, quais são as suas principais metas e o legado que o senhor espera construir para o fortalecimento do comércio e da economia de Valinhos?
EDUARDO – Quero deixar uma ACIV mais moderna, mais acessível e ainda mais respeitada como voz legítima dos empreendedores. Queremos que o comércio de Valinhos volte a ser referência regional, que o centro se torne pulsante e que o consumidor local tenha orgulho de comprar na sua cidade. Mais do que metas pontuais, buscamos construir uma cultura de cooperação, inovação e valorização do empreendedorismo como motor do desenvolvimento. Esse é o legado que queremos deixar: uma Valinhos que acredita no seu próprio potencial.

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Valinhos

Presidente da Câmara detalha os desafios e prioridades da sua gestão

Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, o presidente da Câmara Municipal, Israel Scupenaro, faz um balanço dos seus primeiros 100 dias à frente do Legislativo, marcados por uma expressiva renovação e o aumento no número de vereadores. Scupenaro aborda os desafios internos para acomodar a nova estrutura e garantir a acessibilidade, além das demandas urgentes da população por melhorias nos serviços públicos. Ele avalia a relação com o Executivo, liderado pelo prefeito Franklin, destacando a busca por harmonia em prol do desenvolvimento da cidade e a importância da fiscalização. Entre as prioridades legislativas, o presidente cita a aprovação emergencial do “Bolsa Creche” e a atenção às filas na saúde e aos problemas no transporte público. Scupenaro também comenta o impacto do aumento de vereadores na dinâmica da Câmara e as iniciativas para incentivar a participação popular, como a ELEVA (Escola Legislativa de Valinhos). Projetos futuros, como a celebração dos 129 anos da cidade e a modernização da comunicação da Câmara, também são temas da entrevista, na qual o presidente compartilha sua experiência e visão para o futuro do Legislativo valinhense.

Folha de Valinhos – Com a renovação de 37% das cadeiras na Câmara e o início de uma nova legislatura, quais foram os principais desafios enfrentados nos primeiros 100 dias, especialmente considerando o aumento de 17 para 19 vereadores?
ISRAEL SCUPENARO A legislatura se iniciou com bastante trabalho, muitas proposituras e diversas cobranças por demandas do serviço público. Internamente, houve desafios para acomodar todos os gabinetes e departamentos da Câmara Municipal, considerando o aumento de vereadores; garantir acessibilidade, pois contamos com dois vereadores com deficiência, e atender a todas as necessidades de transmissão, fundamental para a transparência dos trabalhos junto ao público. Além disso, é importante destacar a necessidade de melhorias e manutenções na infraestrutura do prédio da Câmara, que é patrimônio público; é nosso dever todo o cuidado com zelo e responsabilidade. Estamos trabalhando intensamente para vencer cada desafio.

FV – Como o senhor avalia a relação entre a Câmara e o Executivo, liderado pelo prefeito Franklin, especialmente após a expressiva votação nas eleições de 2024? Quais os principais pontos de convergência e divergência?
ISRAEL SCUPENARO Os três poderes da administração precisam caminhar em harmonia. Esse é o nosso foco principal: harmonia no sentido de buscar soluções que atendam às necessidades da população. A função do Legislativo (Câmara Municipal) é legislar, reivindicar e propor soluções e, principalmente, fiscalizar. Nesse ponto, convergimos. O desenvolvimento da cidade passa pela Câmara Municipal. As divergências, dentro do processo democrático, são perfeitamente normais e podem variar conforme a pauta. Acima de tudo, a Câmara sempre estará ao lado do que for bom e positivo para a cidade e para a população, buscando o bem comum e o avanço coletivo.

FV – Quais foram as prioridades legislativas nesses primeiros 100 dias? Quais projetos de lei e iniciativas o senhor considera mais relevantes para a melhoria da qualidade de vida da população de Valinhos?
ISRAEL SCUPENARO Foram muitas as proposituras apresentadas neste início de mandato por todos os vereadores. Aprovamos, em regime de urgência, o projeto “Bolsa Creche” para garantir que a maioria das nossas crianças tenha vagas, já que, segundo a administração, a gestão anterior não providenciou o contrato. E essa foi a prioridade: assegurar que serviços básicos não fossem prejudicados. Há grande cobrança quanto às filas de espera na saúde; a Farmácia do Povo foi minha primeira visita após assumir, cobrei solução, e muitos vereadores também o fizeram; o transporte público é um dos temas mais debatidos na Câmara; também houve a abertura de uma CPI para investigar o “suposto médico fantasma da UPA”. Sabemos que esses desafios vêm da gestão anterior, mas agora são responsabilidade desta gestão, que precisa atuar para solucioná-los.

FV – Como o aumento no número de vereadores impactou o funcionamento da Câmara? Houve mudanças significativas na dinâmica das discussões e na tomada de decisões?
ISRAEL SCUPENARO Obviamente, com mais vereadores, a tendência é termos mais matérias, menos tempo de fala, o que acaba intensificando os debates em alguns momentos das sessões – o que é natural. Como já citado, isso também impacta a infraestrutura do Poder Legislativo, que precisa de adequações para atender a todos com as melhores condições: a população para acompanhar e participar do processo, os servidores para que cumpram sua função com excelência e os vereadores para que realizem da melhor forma o seu trabalho.

FV – Como a Câmara pretende incentivar a participação popular nas decisões legislativas? Quais mecanismos estão sendo implementados para aproximar o Legislativo da população?
ISRAEL SCUPENARO Desde que estive na presidência em 2017, meu foco tem sido promover maior aproximação e participação popular. Iniciamos esta legislatura com grande presença do público nas sessões, o que até surpreendeu algumas pessoas. Agora, contamos com a ELEVA (Escola Legislativa de Valinhos), que promove cursos, palestras e workshops voltados à capacitação e desenvolvimento de vereadores, servidores e da população em geral. Em menos de quatro meses, já tivemos diversos cursos, como Libras (grande sucesso), palestra sobre desafios de famílias com pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista), curso de técnica legislativa, workshop de oratória, curso sobre excelência no atendimento ao público e teremos o curso de Cidadão Solidário com foco contábil. Nosso objetivo é fortalecer esse trabalho e aproximar ainda mais a população do Poder Legislativo.

FV – A Câmara está se preparando para a realização do Dia Municipal de Ação de Graças, que celebra os 129 anos de Valinhos. Quais são os principais eventos e atividades planejadas para a celebração?
ISRAEL SCUPENAROEste ano, queremos realizar um grande evento. Desejamos que seja uma celebração memorável, em gratidão por nossa cidade. Ainda estamos finalizando os detalhes, mas posso garantir que será um evento marcante na história de Valinhos, com amplo envolvimento da administração pública, entidades e da população.

FV – Esta é a segunda vez que o senhor assume a presidência da Câmara. Como a sua experiência anterior nas legislaturas de 2009-2012 e 2013-2016 tem influenciado sua gestão atual?
ISRAEL SCUPENARO Além dessas, também atuei na legislatura de 2017-2020, sendo também presidente no primeiro biênio. Com o tempo vem a experiência e, com ela, normalmente, melhores resultados. Os desafios são grandes, como sempre, mas busco ser uma pessoa correta em tudo que faço. Estou aqui para defender o interesse público e servir à população como vereador. Como presidente, meu papel é servir cada vereador, assessor e servidor da Casa. Minha atuação tem sido aprovada pela população, pois sempre obtive crescimento de votos em todas as eleições, o que mostra a credibilidade junto à população valinhense. Mesmo fora da Câmara nos últimos quatro anos e com o aumento no número de cadeiras, mais uma vez, tive minha maior votação. Meu maior desafio é me superar diariamente no objetivo de servir à cidade em que nasci, constituí família, criei meus filhos e onde sempre trabalhei.

FV – Quais são os maiores desafios que a comunidade de Valinhos enfrenta atualmente, e como a Câmara pretende contribuir para superá-los?
ISRAEL SCUPENARO Já citei dois deles, que entendo serem os principais: saúde e transporte público. A saúde é um desafio urgente. Sabemos que não é simples, pois há dependência do Estado e da União, principalmente em exames e cirurgias, mas é nosso dever buscar soluções. Estive em visita a deputados estaduais e federais em busca de recursos; outros vereadores também fizeram o mesmo. Outro grande desafio é o enfrentado pelos comerciantes. Com a inauguração do Estacionamento do Povo, da farmácia central e outras ações, acredito que veremos avanços importantes. Além do cuidado com o idoso de nossa cidade; lutar pela inauguração do Centro Dia “Creche do Idoso” é fundamental para muitas famílias. Essas são pautas prioritárias.

FV – Qual a sua visão para o futuro da Câmara de Valinhos? Quais são os principais objetivos e metas para os próximos anos?
ISRAEL SCUPENAROAproximar a população e alcançar melhorias no serviço público — especialmente na área da saúde — é uma das nossas prioridades. E estamos trabalhando para isso. A pauta legislativa reflete essa preocupação da Câmara com as necessidades da população: são projetos, moções, requerimentos e indicações que buscam soluções concretas para as mais diversas demandas. Também queremos modernizar todos os processos, ferramentas e o site institucional, promovendo maior interação, acessibilidade, inclusão e transparência. O objetivo é incentivar a participação ativa dos cidadãos. Assim, seguimos contribuindo cada vez mais com o desenvolvimento da nossa cidade.

FV – Como a Câmara está trabalhando para garantir a transparência de suas ações e a comunicação eficaz com a população? Quais ferramentas e canais estão sendo utilizados?
ISRAEL SCUPENARO Em diversos canais para facilitar o acesso da população às informações do Legislativo. No YouTube, pelo canal TV Câmara Valinhos, transmitimos ao vivo as sessões. Nosso site oficial, www.camaravalinhos.sp.gov.br, que acaba de ganhar a nova aba “Legislação”, com toda a legislação municipal compilada e atualizada neste mês. E também através das redes sociais, pelo perfil @camaravalinhos. Estamos modernizando ferramentas, equipamentos e processos para garantir mais transparência, acessibilidade e participação popular.
As Sessões Ordinárias acontecem todas as terças-feiras, a partir das 18h30, no Plenário Ulisses Guimarães, na Câmara Municipal de Valinhos.

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Valinhos

Em entrevista exclusiva, Mayr fala sobre água e os desafios e soluções para o Futuro de Valinhos

Em uma entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, o engenheiro Luiz Mayr Neto, presidente do Departamento de Águas e Esgotos de Valinhos (DAEV), detalha os desafios e as soluções para garantir a segurança hídrica da cidade. Celebrando o Dia Mundial da Água e o início das obras de desassoreamento das represas, Mayr Neto discute a importância da preservação dos recursos hídricos, os planos de contingência para crises de estiagem e os investimentos em infraestrutura e tecnologia em prol de um futuro mais sustentável para Valinhos.

FOLHA DE VALINHOS Presidente Luiz Mayr Neto, o Dia Mundial da Água nos convida a refletir sobre a importância desse recurso e os desafios da sua gestão. Na sua visão, quais são os principais desafios específicos que Valinhos enfrenta em relação à água?
LUIZ MAYR NETO O primeiro desafio é desassorear todas as represas de água, tirar o lodo para poder armazenar mais água. O segundo é diminuir as perdas de água, pois nós temos em torno de 38% de perda e temos que baixar para 25%. Essa é a nossa meta até 2030.

FV E como o DAEV está trabalhando para superá-los?
MAYR Diminuir perdas é um trabalho muito grande. Temos várias equipes que trabalham nesse sentido. Estamos, por exemplo, trabalhando para instalar várias válvulas redutoras de pressão que se chamam VRP, para diminuir a pressão em alguns pontos para que tenhamos menos rompimentos de rede, pois se perde muita água nisso também. Também vamos continuar a troca de rede de fibrocimento por PEAD. Existe ainda um plano municipal de perda e temos traçadas várias ações.

FV Além das ações contínuas de gestão e abastecimento, o DAEV planeja alguma atividade ou iniciativa especial para celebrar o Dia Mundial da Água e reforçar a conscientização sobre a importância da água na comunidade de Valinhos?
MAYR Fizemos o plantio de árvores lá na Praça do Jardim Centenário com vistas à preservação da mata ciliar. Depois nós teremos a distribuição de cartilhas junto com a Secretaria de Educação, incentivando as crianças ao uso raciownal da água. Também nós estamos participando do projeto Gota d’Água, que é a antiga Semana da Água, mantida pelo Consórcio PCJ e que somos pioneiros. Valinhos estava meio parada nesses últimos anos com esse trabalho e nós estamos retomando porque ele deu muito resultado. Para se ter uma ideia, na crise de água que nós tivemos em 2013, a população aceitou muito fazer o racionamento. Tudo porque aquela geração da Semana da Água já é adulta e pais de família e se lembraram de tudo aquilo que foi feito na época. O trabalho de conscientização é muito importante.

FV Ao assumir a presidência do DAEV no início de 2025, o senhor se deparou com um cenário complexo, especialmente com a questão da venda de 49% das ações da empresa. Quais são os principais desafios que o DAEV enfrenta atualmente, e quais são suas prioridades para garantir a segurança hídrica de Valinhos?
MAYR Hoje o processo de venda encontra-se suspenso. No dia 2 de janeiro o prefeito Franklin [Duarte de Lima] esteve no DAEV e destituiu todo o Conselho de Administração e nomeamos outro conselho e a nova diretoria do DAEV, sendo que para os cargos de diretores nomeamos funcionários concursados.

O maior desafio que a gente vai enfrentar daqui para frente é a busca de recursos para fazer uma nova Estação de Tratamento de Esgotos para a cidade. Nós estamos também colocando em operação quatro Estações de Tratamento de Esgotos Móveis Compactas na ETE Capuava para poder melhorar e aumentar a eficiência da estação em tratamento, tratando 10 % a mais de esgoto. Temos várias obras que estamos fazendo, que são urgentes, como uma elevatória de esgoto no Parque das Colinas, uma obra grande que está sendo feita e é necessária porque a região cresceu muito. Essa obra custará R$ 1,3 milhão. Fizemos ainda a troca de motores da captação de água do Rio Atibaia em parceria com o CPFL, que dá mais segurança na captação de água. São muitas as ações, inclusive o desassoreamento das lagoas.

FV Valinhos tem experimentado um crescimento urbano significativo. Como o DAEV está se preparando para garantir o abastecimento de água para essa população crescente, especialmente em períodos de estiagem prolongada

MAYR Estamos revendo todas as diretrizes que foram fornecidas para os empreendedores imobiliários. Eles estão dispostos a ajudar nos investimentos. Criamos um grupo para avaliar as perdas de água e estamos revendo todos os processos. Já temos 11 projetos de controle de perdas que temos de colocar em prática.

FV A ETA 2 é responsável por mais de 60% do abastecimento da cidade, captando água do Rio Atibaia. Quais medidas o DAEV tem tomado para garantir a qualidade e a segurança dessa água, considerando os desafios da poluição e da variação do volume do rio?
MAYR Temos uma gerente, que é a Cláudia Mayer, responsável pelas duas ETAs 2, que controla toda a qualidade da água. A gente acaba de comprar o espectrofotômetro mais moderno para fazer análise da água e investimos na capacitação do biólogo, que fez um curso de identificação de cianobactérias em água de manancial, importante para controle da qualidade da água que nós tratamos. Vamos fazer o monitoramento do esgoto despejado no Ribeirão Pinheiros, pela primeira vez, para verificar até mesmo a qualidade do efluente que vem de Vinhedo pelo ribeirão.

FV A ETA 1 depende de mananciais de serra, como a Barragem do Moinho Velho e das Figueiras. Quais são os planos do DAEV para a preservação desses mananciais e para garantir a sustentabilidade do abastecimento de água a longo prazo?
MAYR Primeiramente é desassorear, o que já iniciamos. A gente precisa colocar em prática o programa de pagamentos por serviços ambientais, que é um projeto de minha autoria quando era vereador. Esse programa é uma forma de você incentivar o agricultor que tem uma nascente, a preservar sua área dando alguma compensação, como equipamentos agrícola, ou seja, mecanismos para que ele preserve uma nascente dentro de sua propriedade. Cidades como Vinhedo, Louveira e Campinas já implantaram projetos semelhantes e têm tido resultados.

FV O Dia Mundial da Água nos lembra da importância do uso consciente desse recurso. Quais ações o DAEV tem realizado para conscientizar a população de Valinhos sobre o uso racional da água?
MAYR Vamos fazer um trabalho com as crianças, que levam a informação adiante. Elas são agentes multiplicadores. Mas a gente tem que fazer campanhas ao longo do tempo, o ano todo, usando principalmente nossas redes sociais.

FV Quais são os investimentos previstos pelo DAEV em infraestrutura e tecnologias para melhorar a eficiência do sistema de abastecimento e reduzir as perdas de água?
MAYR Estamos trabalhando na integração de todos os sistemas do DAEV, como 0800, que recebe informação do nosso contribuinte, a Central de Controle Operacional, que é uma área de inteligência do DAEV com todas as informações sobre reservatórios e também nós temos uma área de programação de serviço. Então, a ideia agora é integrar todo esse sistema para que a gente tenha um maior monitoramento e alcançar melhores resultados. Estamos trabalhando na troca de rede de fibrocimento por PEAD e instalando as válvulas redutoras de pressão VRP, para reduzir os rompimentos de rede.

FV Com a recorrência de estiagens na RMC, quais são os planos de contingência do DAEV para garantir o abastecimento de água em situações de crise hídrica?
MAYR Atualmente, estamos realizando o desassoreamento para aumentar a capacidade de armazenamento de água de 200 para 292 milhões de litros de água. O investimento de R$ 30 milhões abrange as obras nas três principais barragens da cidade. Além disso, uma das principais ações em andamento é a ampliação da área de abrangência da ETA 2.Gradualmente, essa estação está ocupando a área que antes era abastecida pela ETA 1. Com o aumento da disponibilidade de água na ETA 2, ela poderá, se necessário, suprir parte da demanda que anteriormente era atendida pela ETA 1.

FV Quais são os projetos futuros do DAEV para garantir a segurança hídrica de Valinhos e para tornar a cidade uma referência em gestão sustentável da água?
MAYR A ideia é trocar toda a rede de fibrocimento e construir um novo módulo da ETA 2, aumentando a capacidade de tratamento de água. Vamos efetuar mais controle de perdas, intensificando o treinamento dos funcionários e trabalhar em mais campanhas educativas, pois lá na Europa, Estados Unidos e Japão se gasta de 100 a 120 litros de água por dia por pessoa, enquanto que aqui se gasta 200 litros de água por dia por pessoa. Temos que conscientizar as pessoas para um uso mais racional da água. Estamos no caminho certo.

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