ENTREVISTA

Alternativa

Roseli Maria Bernardo Affonso – Mulher plural na vida e como comunicadora em Valinhos

A jornalista e radialista Roseli Bernardo pode ser considerada uma mulher plural na vida e como comunicadora em Valinhos. Casada com Flávio Afonso, e mãe de dois filhos, Juliana e Ricardo, Roseli é uma mulher forte, que prioriza a si própria, cuidando de sua saúde e de sua família. Sempre com uma postura firme e determinada, ela parece estar sempre disposta a enfrentar novos desafios e é uma pessoa de muita fé. Em sua trajetória profissional de 50 anos, Roseli já fez de tudo um pouco e ainda mais um tanto na área de comunicação. Extremamente proativa, a jornalista é envolvida há mais de 25 anos na prestação de serviços comunitários pela rádio Valinhos FM 87,9, com seu programa semanal “Revista da Manhã”, assim como em coberturas jornalísticas das eleições municipais e dos principais eventos da cidade. Além disso, Roseli é sócia na empresa AR2 Comunicação e Eventos, que há mais de 20 anos contribui para o fortalecimento do Terceiro Setor no município e que tantas histórias já eternizou. Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, a jornalista falou um pouco sobre sua vida pessoal e contou sobre sua trajetória profissional. A entrevista marca o Dia Internacional da Mulher, celebrado neste sábado, dia 8.

 

FOLHA DE VALINHOS: Você é nascida em Valinhos? Pode contar um pouco mais sobre sua origem, desde o nascimento até se tornar jornalista, mãe e esposa?

ROSELI BERNADO: Não nasci em Valinhos, mas fui registrada na cidade, então sou valinhense de todo coração. Meus pais moravam na Fazenda Santa Margarida, distrito de Joaquim Egídio, mas a família era toda daqui. Quando fiz seis anos, voltamos para Valinhos, um período muito difícil, mas de muita luta.

Já na adolescência, meu 1º emprego foi ajudante de cabeleireira. Depois disso, vendi tomate na rua com meu saudoso irmão Roberto. Na sequência, estudei e me formei professora, que era o grande desejo de minha mãe, Rosa Bernado Barbisan e pai Angelindo. Ingressei na Prefeitura de Valinhos e lecionei inicialmente para educação de adultos no Clube de Campo. Depois na educação infantil nos bairros Jardim Imperial e Santa Escolástica.

No mesmo período que atuava como professora, eu cursei a faculdade de Relações Públicas. No entanto, vi no jornalismo a oportunidade de fazer o que mais gosto. Assim voltei para a faculdade e concluí o curso. Hoje as duas práticas estão sempre muito agregadas no meu trabalho.

Ainda durante o período que lecionava, eu aproveitava contraturno para fazer estágio na Folha de Valinhos, onde aprendi muito e de lá alcei voo por um longo período na assessoria de imprensa da Prefeitura de Valinhos.

Depois tive uma passagem pela Associação Comercial e Industrial de Valinhos (ACIV), sempre na área da comunicação.

FV: O que lhe motivou estudar jornalismo? Quais foram seus principais mestres na área e qual foi sua primeira atuação como profissional?

ROSELI BERNADO: Quando me formei em relações públicas, que aliás gostei muito, não conseguia enxergar muitas oportunidades. Mas o jornalismo foi abrindo portas e eu abracei e continuo até hoje difundindo a boa nova, especialmente do Terceiro Setor.

Tive um professor que foi um grande mestre, o Romeu Santini, que me abriu portas no Diário do Povo e como correspondente de Valinhos no Jornal O Estado de São Paulo.

FV: Quando e como foi início de sua atuação como radialista?

ROSELI BERNADO: Em 1997, o então Padre João Luiz Fávero, que havia fundado a Rádio Comunitária de Valinhos, decidiu colocar a Rádio no ar, mesmo sem a autorização da ANATEL. E eu fui convidada pelo Fernando D`Àvila a movimentar a emissora. Confesso que não foi uma escolha fácil, eu sempre fiz os bastidores, mas nunca tinha ido para frente do microfone. Apesar do medo, enfrentei o desafio e aos poucos fui aprendendo e me soltando. Hoje estar no rádio é motivo de grande satisfação e prazer.

FV: Você tem uma estimativa de quantas pessoas já entrevistou e quantas edições do programa “Revista da Manhã” já realizou?

ROSELI BERNADO: O programa “Revista da Manhã” foi o 1º a entrar no ar com esse estilo de variedade. No entanto, no começo ele não ainda não tinha nome, pois fiz um concurso para que os ouvintes fizessem a denominação. A ouvinte Sônia Capovila sugeriu Revista da Manhã, que existe até hoje.

Não tenho a estatística de quantos programas e quantas entrevistas já foram realizadas, mas posso garantir que foram muitas. Só pra ter uma ideia, diariamente faço três entrevistas, são 15 na semana, 60 no mês, quando multiplicamos pelos 12 meses, a soma sobe muito são 720 pessoas que passam pela minha frente todo ano.

FV: Como você faz a seleção de seus entrevistados e como se prepara para as entrevistas?

ROSELI BERNADO: Sempre procuro assuntos de interesse dos ouvintes, como saúde, educação, práticas terapêuticas, fatos da cidade de todas as áreas.

Busco também valinhenses que moram fora do país para contar suas experiências.

Além disso, não ficam de fora no programa as questões políticas e sempre recebo as principais autoridades da cidade, assim como os   presidentes de entidades assistenciais e artistas. A rádio tem o slogan “A Voz da Nossa Gente” procuro ser fiel a isso e dou voz a tudo o que envolve Valinhos.

FV: Qual a sensação em dar voz a tantas pessoas para os mais variados temas?

ROSELI BERNADO: A sensação é de prazer. Muitas pessoas me perguntam, mas você faz isso de graça? Ser voluntária é isso, não se ganha dinheiro, mas o ganho vem de outras coisas, como relacionamentos e aprendizados diários.

FV: E como é a relação com o ouvinte? O que mais lhe fascina nesta relação?

ROSELI BERNADO: É muito interessante quando alguém me aborda e comenta:- “Roseli sou sua fã, assisto o programa todo dia”. Eu conheço vários dos ouvintes, mas não todos e sempre é uma boa surpresa quando as pessoas chegam até você e fazem um elogio ou comentam algum assunto que abordei no rádio.

Teve um dia, num evento em que eu estava fazendo fotos, uma pessoa me disse: “Você é a Roseli? Posso te dar um abraço?” E ela continua: “Assistindo você e a Mônica Salomão (psicóloga), eu mudei a minha vida. Eu tinha tentado o suicídio”. Isso impacta demais e percebi a importância do programa, dos convidados que recebo e daquilo que passo para as pessoas.

Sei que o rádio é o companheiro, aqui em Valinhos sou a companheira de muitas pessoas até de fora do país como a Geisa Salati, que está em Atlanta nos EUA, mas ouvinte fiel da Valinhos FM.

FV: Sobre as coberturas jornalísticas de eleições municipais e dos principais eventos da cidade, qual é a sensação de prestar o serviço e levar informações tão importantes para os ouvintes? Tem ideia de quantas coberturas deste tipo já realizou?

ROSELI BERNADO: Quando a apuração não era em Valinhos, mas realizada no Ginásio de Esportes do Taquaral, eu fui convidada pelo Fernando e pelo Dunga Santos. Ficávamos em volta da mesa dos escrutinadores em busca de informações. Depois disso, teve uma apuração no Cyro de Barros, que durou uma semana. Nessa ocasião, além da Rádio Brasil, com o Dunga, eu tinha o compromisso de abastecer com informações a Rádio Central de Campinas.

Daí por diante, a evolução foi acontecendo com a urna eletrônica, e com a Rádio Valinhos tivemos um primeiro e grande desafio de fazer a apuração, fomos aprendendo e melhorando.

Quando tem eleição, marido, filhos, amigos todos acabam se envolvendo porque exige muitos voluntários. Não sei quantas eleições já participei, mas vivi muitas histórias de muitos prefeitos eleitos.

FOLHA DE VALINHOS:  Pode citar fatos ou curiosidades que mais marcaram sua carreira como radialista?

ROSELI BERNADO: Para ser jornalista, radialista e repórter, você precisa ficar atento. Numa abertura da Festa do Figo, o governador Geraldo Alckmin esteve presente, eu estava na cobertura do evento. Na ocasião, o microfone não podia ir muito longe da base, me posicionei num ponto onde as autoridades seguiram até o palanque oficial e sem medir as consequências, entrei na frente e peguei uma fala do governador que foi super simpático. O cerimonial do evento não gostou muito, mas se não fosse ali, não teria outra oportunidade.

São muitos momentos especiais que já vivi no rádio, especialmente nas visitas surpresa de Natal, quando as pessoas se emocionam e nós também.

FV: Em relação a AR2 Comunicação e Eventos você pode contar sobre a trajetória da empresa e os serviços mais marcantes realizados?

ROSELI BERNADO: A AR2 surgiu numa ideia da jornalista Roberta de Andrea. Ela chegou na Rádio e me propôs criar uma assessoria de imprensa, até porque tinha sido minha grande experiência, quando trabalhei na Prefeitura.

Fizemos várias reuniões também com André dos Reis e decidimos arriscar. Já são 20 anos de caminhada eu e a Roberta e nos especializamos no Terceiro Setor. E posso afirmar que foi por meio deste trabalho que as entidades passaram a ser mais divulgadas em suas ações e consequente o aumento de suas conquistas.

Em 5 de janeiro de 2005 iniciamos o trabalho, sem saber para qual direção iríamos, mas aos poucos fomos enxergando o caminho. Hoje temos a honra de trabalhar com o Terceiro Setor, com as ações da Filarmônica Valinhos, Ocupe. Arte, Associação dos Empresários de Valinhos (AEVAL), Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos (FEAV) e outras.

Acredito, que além do trabalho de assessoria de imprensa, a AR2 Comunicação & Eventos se destacou pela edição de várias revistas históricas. Entre elas as revistas sobre os seguintes assuntos: Os 115 anos da Matriz de São Sebastião, Festa do Figo, Igreja do São Cristóvão, Comunidade de Nossa Senhora de Fátima, e a mais recentemente, que marcou os 71 anos do Valinhos Clube. Além disso, participamos do livro do Dr. Ruy Meirelles e do Projeto que homenageia o Fotógrafo Haroldo Pazinatto, e de outras peças jornalísticas que resgatam a história da nossa cidade.

FV: Como comunicadora você sempre demonstrou um carinho especial pelo Terceiro Setor. Pode comentar sobre essa relação?

ROSELI BERNADO: Conheço a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Valinhos (APAEV) desde os tempos de padre Leopoldo e junto com Fernando D`Ávila fizemos muitos bailes e concurso Miss Simpatia. Também junto o Dunga e o Fernando promovemos uma campanha “Seja Amigo do Excepcional”, num momento em que a entidade precisava muito de recursos e de associados, que agregaram na campanha.

Ainda no Recanto dos Velhinhos tive um envolvimento no começo, promovendo campeonatos de pesca e outras ações. Com a criação da AR2 Comunicação foi possível promover as instituições de forma mais profissional e constante.

FV: O que representa para você que tantas histórias já narrou e eternizou, ter a chance de nesta edição contar sobre você, mulher e profissional plural?

ROSELI BERNADO: É um grande prazer e reconhecimento de um trabalho que pode servir de exemplo para novas gerações. Ninguém consegue conquistar objetivos se não batalhar e subir cada degrau. Os desafios surgem a cada dia, cabe a nós ultrapassá-los com coragem e determinação, o que graças a Deus não me faltam.

Agradeço a oportunidade e estendo um grande abraço a todas as mulheres, assim como eu foram à luta e hoje podem contar as suas conquistas. Feliz Dia das Mulheres!

 

 

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Superação diária de Ellen Cumpri contagia e inspira centenas pessoas

A palestrante e influencer digital, Ellen Cumpri, que teve os dois pés e braços amputados em 2021, após complicações renais que resultaram em sepse (inflamação generalizada, ocasionada por uma resposta muito intensa do sistema imune), tem sido exemplo de superação diária em Valinhos. Sempre com sorriso no rosto e demonstrando ser uma mulher forte e de muita fé, Ellen contagia e inspira um número cada vez maior de pessoas.

Com 7.600 seguidores no Instagram (6.600 a mais após as amputações) e 2.800 amigos no Facebook, ela reuniu no último sábado (8), 380 pessoas no evento denominado “Chá da Ellen”, realizado pela segunda vez consecutiva, no Salão da Matriz da Paróquia de Sant’Ana, no bairro Vila Santana.

O objetivo do evento foi finalizar o pagamento da mão mio elétrica, no valor de R$ 105 mil, que Ellen passou a usar e está no processo de adaptação. A primeira parte do montante do equipamento foi custeada com a realização da primeira edição do “Chá da Ellen”, no ano passado.

Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, a influencer digital conta o que tem vivido desde que teve o diagnóstico de sepse, passando pelo período que esteve na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em coma e a cirurgia para amputações, até a volta para casa e o processo diário de adaptações e superações. Ela também enfatiza a alegria de receber a solidariedade de  centenas de pessoas e de vários profissionais da área de reabilitação.

FOLHA DE VALINHOS Quando e o que causou a necessidade das amputações?

ELLEN CUMPRI Em agosto de 2021 tive cólicas renais no trabalho e fui para o hospital. Fui atendida dentro do protocolo, medicamento para dor e aguardar que o cálculo renal fosse expelido pelo corpo.  Porém, voltei algumas horas depois com dores ainda piores. Um novo medicamento foi administrado e voltei para casa. Naquele mesmo dia entrei em um choque séptico, no hospital fiquei na emergência até ser transferida e iniciar o protocolo de sepse. Durante a tomografia foi identificado que o cálculo havia se movimentado e que estava parado no ureter. Isso causou uma pielonefrite (inflamação dos rins causada por bactérias) e levou a sepse.

Quando fui levada ao centro cirúrgico, no momento que fui anestesiada tive uma parada cardiorrespiratória de quatro minutos. Após ser reanimada fui colocada em coma induzido para que me corpo pudesse se estabilizar. Durante cinco dias estava desenganada pelos médicos, que deixavam todos que iam até o hospital entrar na UTI para se despedir. Meus rins pararam e quando iam iniciar a hemodiálise, ele voltou a funcionar.

Um dia antes disso, meu marido, perguntou ao médico o que precisava voltar a funcionar primeiro para que tivesse uma chance de sobreviver, o médico respondeu: os rins. Foi então que o Júnior ficou falando durante a visita, para que eu tomasse consciência dos meus rins. Quando ele saiu da UTI os rins voltaram a funcionar.

A partir desse momento iniciaram o tratamento para tentar reverter a falta de circulação que estava afetando as minhas extremidades e já estava próximo aos cotovelos e joelhos, devido ao uso da noradrenalina (agente vasopressor catecolaminérgico de escolha para o manejo da maioria dos cenários de choque, incluindo o séptico). Conseguiram reverter, porém, algumas áreas necrosaram.

Voltei do coma 15 dias depois, quando iam realizar a traqueostomia. E alguns dias depois fui informada que seria necessário amputar os pés e as mãos. A partir deste anúncio entrei em uma nova etapa de fisioterapias, para recuperar o movimento do corpo que parou durante o coma. Deram início a nutrição do meu corpo para me preparar para realizar as cirurgias das amputações, que aconteceram dia 1 de outubro de 2021.

FV Qual a sensação quando voltou do coma e soube que teria que passar pelas amputações?

ELLEN Eu soube da amputação com os médicos conversando sobre a necrose. Eu pedi para ver e no mesmo instante entendi que a amputação salvaria minha vida. Sabia que não dava para manter os membros como estavam, pois eu podia ir a óbito.

FV  Como foi a volta para casa, após a alta da cirurgia das amputações?

ELLEN Voltei para casa no dia 11 de novembro de 2021, quando iniciamos uma nova etapa na vida de toda a minha família. Confesso que o retorno foi assustador, pois eu precisava de cuidados em todos os sentidos e fiquei totalmente dependente. Eu senti muito medo de como seria minha vida sem os membros. No entanto, eu tive muito apoio de todos os familiares. No início tivemos que alugar uma residência maior, com uma casa nos fundos para que minha mãe, Silvana, 58 anos, pudesse morar conosco. Sou muito grata pelo desprendimento dela sair da sua casa, mudar a vida e vir para junto da minha família ajudar a cuidar de mim.

O meu filho, Gabriel, e marido também revezam os períodos da manhã e tarde para me carregar e fazer as transferências de ambientes quando necessário. Ambos tiveram a liberações de seus respectivos patrões para trabalhar home office. Eles me carregavam da cama para a cadeira de banho para que eu pudesse ir até o banheiro ou da cama para o sofá da sala. Minha mãe me trocava, escovava os meus dentes, penteava meus cabelos e me alimentava. No mesmo período minha sogra, Maria de Lourdes, 71 anos, lavava e passava nossas roupas. Neste período de adaptação eu tive que fazer curativos diários por meses, pelo plano de saúde e também passei a realizar fisioterapia três vezes na semana e terapia semanal.

FV  Quando as coisas começaram a melhorar na sua nova rotina como amputada?

ELLEN Posso dizer que isso ocorreu, no mês de maio de 2022, quando por meio de vaquinhas e rifas, adquiri minhas próteses dos pés e fui me adaptando a protetização. A partir daí minha vida começou a mudar. Minha mãe voltou para casa dela e nossa família passou a cuidar da casa novamente. Porém, confesso que não foi nada fácil. Afinal era uma nova etapa a ser vivida e um desafio enorme. Eu que não tinha ideia de como seria e fui muito bem acolhida pela Clínica Próteses News.

No início cheguei a pensar que não seria capaz de andar, pois é um processo muito doloroso e foi necessário muita persistência e determinação para aprender e aprimorar a caminhada. No mesmo período ainda iniciei as fisioterapias na Clínica Fernanda Figueiredo, com os profissionais que me acolhem até hoje. Toda semana eles realizam os atendimentos que me capacitam e me fortalecem para enfrentar os desafios diários de ser uma Pessoa com Deficiência. Hoje contamos na família somente com uma pessoa que vai limpar a casa para nós. Isso porque, muitas coisas eu não consigo fazer, como lavar banheiro, cozinhar e limpar o quintal.

FV Além do desafio diário que uma pessoa com deficiência enfrenta, quais fases você define como marcantes em todo seu processo de superação?

ELLEN Me tornar uma Pessoa com Deficiência, abriu meus olhos para um mundo que existe, mas que só enxergamos quando somos inseridos nele.  Realmente o que enfrento são desafios diários, direitos violados e lutas para tornar o mundo acessível para todos.

Me recordo que a primeira vez que coloquei as próteses, senti muita dor. E foi aí que entendi o desafio que seria voltar a andar. Mas, como tudo na vida, as dificuldades são fases e processos a serem enfrentados. Agora se tem algo que me dá força é a equipe multidisciplinar que há dois anos me assiste gratuitamente na Clínica Fernanda Figueiredo. No Pilates tenho ajuda no fortalecimento dos membros. Nas aulas de LPF (Low Pressure Fitness), que é um método de exercícios com baixa pressão no abdômen, fortaleço a parte abdominal. Assim, andar se tornou mais leve e a cada dia fica mais natural. A drenagem linfática e semanal também me ajuda bastante, diminuindo os edemas e contribuindo para aliviar as dores. Além disso, a terapia manual e o laser ajudam a manter meu corpo equilibrado para caminhar e reduzem a inflamação inclusive dos cotos das mãos.

Posso afirmar que durante todo o processo de adaptação ao novo modo de vida me tornei muito ativa e estou em constante aprendizado. Por vezes, eu acabo até batendo muito os cotos das mãos, mas aí tento apreender a realizar as atividades de forma mais tranquila, para evitar um ferimento desnecessário.

Com evoluções diárias na reabilitação eu aprendi a escovar meus dentes, pentear os meus cabelos e até lavar a louça. Além disso, passo aspirador na casa, tiro pó das estantes, dobro as roupas. Também separo e coloco na máquina para lavar. Meu marido e eu realizamos a maioria das atividades juntos, mesmo com as minhas limitações, e seguimos sempre nos adaptando.

Agora, tomar banho é uma coisa que ainda não tenho autonomia. Todo dia preciso lavar os cotos e tirar as próteses, assim é meu marido quem dá banho em mim.

FV Quando e como teve a ideia de realizar campanhas para lhe ajudar neste processo de superação? Pode detalhar quais ações já realizou?

ELLEN Tivemos a ideia de iniciar vaquinhas e as outras ações beneficentes quando começamos a realizar os orçamentos e percebemos que os valores das próteses eram altíssimos. Abrimos uma vaquinha virtual, fizemos bazares, rifas e dois chás. Essas ações me ajudaram a comprar as duas pernas, garantem as manutenções que venho realizando e recentemente me permitiu adquirir a mão mio elétrica, que estou em fase de adaptação.

As pessoas são muito solidárias e junto delas estou conseguindo realizar meus sonhos de ter mais autonomia.

FV  Tem ideia de quantas pessoas já lhe prestaram de alguma forma solidariedade em todo esse processo de superação a partir das amputações?

ELLEN Eu sou extremamente grata, mas não sou capaz de me mensurar quantas centenas de pessoas já contribuíram, contribuem e ainda vão contribuir comigo. O ser humano é realmente capaz de se doar ao próximo, mesmo sem nunca ter me conhecido. Isso é maravilhoso e fico muito feliz que as pessoas olhem para minha história e sejam solidárias para comigo.

FV  O que significa para você receber a solidariedade e carinho de todas essas pessoas?

ELEN Eu sempre me emociono com as pessoas que chegam até mim. Pois, todos têm suas próprias histórias, seus desafios a serem superados, mas quando ouvem falar da minha história ou passam a me conhecer sempre demonstram de pronto solidariedade. Eu me sinto muito amada e grata pela oportunidade de continuar viva e ver como muito são capazes de exalar a sua essência, sendo simplesmente humano.

FV  Conte um pouco sobre a realização no seu mais recente evento beneficente realizado no último sábado, dia 8?

ELLEN O “Chá da Ellen” foi uma ideia que surgiu em 2022, por meio do Ministério de Mulheres da Igreja de Sant’Ana, no bairro Vila Santana. O padre Luis Roberto Dilascio havia sugerido um almoço, mas idealizamos um chá beneficente. A primeira edição reuniu 350 pessoas e neste último sábado a segunda edição foi novamente sucesso, totalizando a presença de 380 pessoas. Recebemos muitas doações de comida, prendas, mas principalmente de trabalho voluntário, o que torna tudo possível.

Foi servido suco, chá e água, torradas com patê, salgadinhos e bolo. Tudo isso graças a união das comunidades Divino Espírito Santo, São Judas, Santana, Rosário e São Francisco.

O padre Carlos José Nascimento sempre disponibiliza o salão da Matriz Sant’Ana para o chá, assim como os bazares que realizamos. O primeiro bazar foi promovido pelo Movimento Ouro Rosa e o Mobiliza Amigos, que fizeram também juntamente com o Diego Ricardo da academia PeD uma manhã de fitdance para arrecadação.

FV  Para finalizar qual a receita para encarar tantos desafios e limitações sempre com seu sorriso no rosto?

ELLEN A receita para seguir em frente é a fé. Praticar a fé deve ser um exercício diário, assim como realizamos atividades para o corpo. Eu mantenho minha fé em dia, buscando a Deus por meio das minhas orações diárias, participando ativamente da comunidade e indo às missas.

Estudo muito para poder contribuir de alguma forma com tantas pessoas que me ajudaram e trazer informações sobre os mais diversos assuntos.

Falo sobre sepse e mostro minha rotina e superações diárias com leveza e alegria nas minhas redes sociais. Compartilho inclusive dúvidas dos meus seguidores e apoio às pessoas que estão no início da protetização. Amo conversar com as pessoas, ter a oportunidade de conhecer muitas histórias e trocar experiências e vivências.

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ENTREVISTA Professora é a favor da lei que restringe o uso de celulares nas escolas

A professora de História e Geografia, Rosemeire Silva, é a favor da nova regra que marca a volta às aulas neste ano em todas as escolas do país. A Lei Federal Nº 15.100/25, sancionada no dia 14 de janeiro, proíbe celulares o uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos. A norma permite o uso dos aparelhos apenas para fins pedagógicos, sob a orientação dos docentes, e deve ser cumprida em todas as instituições públicas e particulares da Educação Básica. Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, a professora contou que na Escola Estadual Professor Cyro de Barros Rezende, teve início nesta quinta-feira, dia 6, o trabalho de conscientização para ajudar alunos e os pais neste período de adaptação. Ela também respondeu várias perguntas formuladas pela redação sobre o tema.

Raio X

Nome: Rosemeire Silva
Idade: 57 anos
Formação: Professora de História e Geografia, graduada pela Universidade de Araraquara
Área de atuação: Ministra aulas para o total de 217 alunos, em ambas as disciplinas no Ensino Fundamental II (6º, 7º e 9º anos) e no Ensino Médio (1º e 2º graus), no Programa de Ensino da Escola Estadual Professor Cyro de Barros Rezende.

FOLHA DE VALINHOS Rosemeire você já sinalizou ser a favor da nova lei, que procura limitar o uso de dispositivos eletrônico portáteis, tanto nas salas de aula quanto no recreio e intervalos. Pode explicar sobre seu posicionamento?

ROSEMEIRE SILVA Sou favorável, porque acredito que os dispositivos eletrônicos atrapalham bastante a concentração dos alunos. Em grande maioria os alunos não conseguem formular uma resposta, não querem ler e nem pensar.

FOLHA DE VALINHOS Enquanto professora, você acredita que a nova medida pode proteger de fato as crianças e adolescentes dos impactos negativos das telas na saúde mental, física e psíquica, tal como aponta o MEC (Ministério da Educação)?

ROSEMEIRE SILVA Sim. Devido a inocência das crianças e adolescentes creio que a nova lei poderá diminuir os impactos negativos na vida deles e melhorar a saúde mental.

FOLHA DE VALINHOS Para que a lei seja aplicada corretamente, o MEC prepara uma regulamentação e cabe às instituições de ensino definirem as próprias estratégias de implementação. Para isso, o Governo Federal já divulgou manuais de orientação para escolas. Sua instituição já recebeu e quais estratégias já foram adotadas?

ROSEMEIRE SILVASim aqui no Cyro já recebemos as orientações do Governo Federal e da Diretoria de Ensino. A primeira estratégia foi adotada nesta quinta-feira, dia 6, quando no horário da tutoria os professores leram para os alunos do ensino médio, a Legislação e todos puderam tirar dúvidas. Na mesma data foi realizada uma reunião geral com os pais para orientação de como proceder com os filhos sobre a nova lei.

FOLHA DE VALINHOS Você deu sugestões para a instituição de ensino que atua? Pode citar as principais?

ROSEMEIRE SILVA Eu e a maioria dos docentes sugerimos a liberação de jogos e livros de leitura, gibis, caça palavras, música no intervalo, para que os estudantes possam de alguma maneira se distrair nos horários do intervalo e do almoço

FOLHA DE VALINHOS Como está o grau de ansiedade dos alunos em relação a nova lei e como eles têm se posicionado neste retorno à sala de aula?

ROSEMEIRE SILVAO grau de ansiedade está baixo. Alguns alunos estão reclamando, porém outros concordaram com a Lei. Afinal, eles mesmos acham que o celular estava atrapalhando bastante, principalmente aqueles que são viciados em jogos.

FOLHA DE VALINHOS Antes da nova medida, você utilizava o celular como uma ferramenta pedagógica e material didático eletrônico? Se sim, com qual frequência e pode citar alguns exemplos? Se não, qual a causa para não utilizar?

ROSEMEIRE SILVA Sim, eu utilizava bastante o celular em minhas aulas, porque facilitava na hora de fazer pesquisas, ver imagens, para fazer trabalhos e atividades nas plataformas.

FOLHA DE VALINHOS Se optar pela utilização do celular como ferramenta em sala de aula, você acredita que os alunos irão respeitar o uso somente para este fim específico? E como pretende fazer o controle disso?

ROSEMEIRE SILVA Creio que se for utilizado o celular em sala de aula como ferramenta será difícil de controlar os alunos, pois muitos deles não respeitam as regras. Justamente, por isso que o Governo Federal irá enviar mais notebooks para as escolas estaduais para não haver a necessidade dos celulares em classe. Hoje nós temos aqui na nossa escola sala de informática e notebooks avulsos para os estudantes usarem.

FOLHA DE VALINHOS Sobre a participação dos pais para reforçar a necessidade do cumprimento das novas regras, qual sua avaliação? Acredita que eles irão contribuir para destacar os impactos negativos do uso excessivo das telas para seus filhos? E ainda tem expectativa que os responsáveis limitem e controlem o uso desses aparelhos fora da escola?

ROSEMEIRE SILVA A participação dos pais tem sido boa. A maioria gosta da Lei e está nos apoiando. Acredito que sim, os pais irão limitar o uso do celular em casa e controlar melhor o tempo dos filhos, principalmente os menores, em dispositivos eletrônicos. Afinal, todos sairão ganhando com isso e minha expectativa é otimista neste sentido.

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Fábio H. Silva Motta: Um biólogo apaixonado pela Serra dos Cocais

O biólogo Fábio H. Motta, apaixonado pela Serra dos Cocais, dedica sua vida a desvendar os mistérios da fauna e flora local. Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, ele fala sobre a criação do Instituto Serra dos Cocais – ISC – do qual é presidente e revela a importância da Serra para Valinhos, os desafios de combater os incêndios de 2024 e as ações urgentes para proteger esse patrimônio natural. Motta também fala sobre o projeto de reflorestamento e a criação do Instituto Serra dos Cocais, que visam garantir a preservação da Serra a longo prazo.

FOLHA DE VALINHOS Fábio, você tem dedicado grande parte da sua vida à Serra dos Cocais. O que te motiva a essa paixão e como você enxerga a importância da Serra para a região de Valinhos e para a região?
FÁBIO MOTTA Minha paixão parte principalmente da curiosidade, o afeto que desenvolvi pela Serra dos Cocais começou com a curiosidade de conhecer quem eram os animais que moravam ali, como se comportavam, como se relacionavam entre suas famílias e outras espécies, se caçavam, se eram caçados, eu queria conhecê-los, uma vez que os conheci me apaixonei sem dúvidas.

A Serra é produtora de água, uma das principais substâncias para a vida como a conhecemos, isto já deveria ser argumento suficiente para importância da Serra as populações humanas, mas para além dos nossos interesses a Serra dos Cocais é lar da vida selvagem, é um encontro de biomas ameaçados e território de cavernas graníticas, um local único que carece de proteção.

FV Em setembro de 2024, vimos a Serra dos Cocais ser devastada por incêndios. Como foi atuar como voluntário no combate às chamas? Quais foram os maiores desafios e o que te marcou nesse período?
FÁBIO Minha atuação contra as queimadas na Serra sempre teve prioridade no resgate de fauna, porém as queimadas de 2024 foram tão devastadoras que mal havia animais para serem resgatados com vida, em conjunto com a Brigada Cachorro do Mato pude auxiliar na contenção dos focos de incêndio, porém o maior desafio foi a proporção das chamas que inviabilizava o trabalho individual, necessitando de apoio aéreo, fazendo com que ficássemos a mercê, observando a Serra queimar sem conseguir fazer nada. E mesmo quando finalizávamos o dia zerando o número de focos, durante a madrugada novos focos surgiam, trazendo o potencial criminoso dos incêndios de 2024. Porém a mobilização da população em prol de ajudar contra os incêndios, trouxe esperança nos piores dias, a mobilização para arrecadar alimentos e os voluntários que auxiliaram na concessão de alimentos para os animais nas matas, foi um marco inesquecível que fica marcado na pele como conquista ambientalista, o poder de uma sociedade que caminha de mãos dadas em prol do futuro.

FV Os incêndios de 2024 servem como um alerta sobre a vulnerabilidade da Serra. Que medidas urgentes você considera que precisam ser tomadas para prevenir novos incêndios e proteger a Serra de outras ameaças?
FÁBIO O monitoramento de zonas próximas a Serra através de patrulhas e câmeras, assim como a realização de palestras e atividades sociais a respeito da importância de nosso patrimônio natural. Mas principalmente a criação ou aprovação de leis e políticas ambientais, como o PL APA Estadual Serra dos Cocais, estas ferramentas permitem a base de regulamentação para como lidamos com o meio ambiente.

FV O projeto de reflorestamento que você lidera é um raio de esperança para a Serra. Como surgiu essa iniciativa e quais são os principais desafios para alcançar a meta de 30 mil mudas plantadas?
FÁBIO Esta iniciativa surgiu a partir da necessidade de recuperar o que a exploração predatória vem tirando da Serra dos Cocais nos últimos séculos, é a chance de escolher um caminho diferentes para que o futuro ainda seja uma possibilidade.

O maior desafio no plantio da serra é conhecer através de pesquisas científicas quem são as espécies que existiam aqui antes das paisagens serem alteradas pela mão humana, através dessas pesquisas será possível garantir que a Serra dos Cocais chegue perto da plenitude de sua originalidade, para que isso seja feito precisamos de diálogos com proprietários da área para que estes permitam o acesso e a realização das pesquisas.

FV Além do plantio de mudas, que outras ações são importantes para garantir a recuperação da Serra e a proteção da sua biodiversidade a longo prazo?
FÁBIO É fundamental que consigamos como primeiro passo, conhecer com precisão quais as espécies de vida existem na Serra dos Cocais, através destas informações será possível traçar planos de recuperação de florestas; métodos de reintrodução da fauna, relacionada a espécies que um dia existiram por aqui mas foram extintas por ação humana entre muitas atividades de criação e fortalecimento de políticas ambientais através de nossas pesquisas.

FV A fundação do ISC é um marco na luta pela preservação da Serra. Quais são os principais objetivos do Instituto e como ele pretende atuar na prática para proteger esse patrimônio natural?
FÁBIO O Instituto visa a conservação da Serra, ou seja, atingir a proteção do patrimônio natural através do uso sustentável da terra, afinal se as pessoas não tem acesso a conhecer e criar afeto pelas coisas, elas não possuem motivos para protege-las, as ações então serão relacionar a pesquisa científica realizada em campo, a atividades de produção de conteúdo eco educativo e material cultural, levando tais atividades as escolas da região para que a pauta Serra dos Cocais seja parcialmente um conteúdo curricular. Isso significa profissionais das ciências e educação trabalhando em conjunto dentro da instituição.

FV Você foi eleito presidente do ISC. Quais são suas prioridades para os primeiros anos de gestão e como você pretende mobilizar a comunidade para se engajar na causa da Serra dos Cocais?

FÁBIO Minhas prioridades são conhecer profundamente quem são as espécies da fauna e da flora da Serra, compreender como estão ecologicamente, quais melhorias precisam e como reconstituir as florestas que um dia dominaram a paisagem por aqui. Mas vejo como missão conseguir traduzir todo este conhecimento produzido e entregá-lo as comunidades da sociedade civil que moram nos municípios da Serra e região, para isso será necessário desenvolver atividades dentro das escolas e espaços públicos, para que as pessoas conheçam a Serra dos Cocais na teoria, e desenvolver atividades diretamente na serra como trilhas ecológicas, observação da fauna e muitas outras atividades criadoras de apego ao nosso patrimônio.

FV A proposta da deputada Ana Perugini de criar uma Unidade de Conservação Ambiental na Serra é um passo importante. Qual a sua opinião sobre essa iniciativa e como o ISC pretende colaborar para que ela se concretize?
FÁBIO Tive a oportunidade de participar da criação do Projeto de Lei em conjunto com a deputada Ana Perugini e considero fundamental que a área se torne uma Unidade de Conservação, pois está é a melhor ferramenta que possuímos para promover a proteção da Serra dos Cocais, os dados obtidos pelo Instituto serão disponibilizados a este e quaisquer projetos de lei que estejam alinhados a conservação e preservação da Serra, sendo também tarefa do ISC atuar na conscientização da população a respeito da importância de projetos de lei como este em função da proteção a vida.

FV A criação da APA é vista como uma forma de proteger a Serra da especulação imobiliária. Você acredita que essa medida será suficiente para garantir a preservação da Serra a longo prazo?
FÁBIO Não, a criação e regulamentação da APA é apenas a ferramenta inicial de proteção, é necessário que seja feito um Plano de Manejo para regularizar os tipos de zoneamento permitidos dentro da APA, é necessário também que novas pesquisas sejam feitas constantemente, para avaliar a necessidade de melhorias para a biodiversidade, assim como o incentivo de economia sustentável, como turismo ecológico, produção de agroflorestas e muitos outros. Além disso é necessário que o trabalho de conscientização a respeito da Serra dos Cocais seja contínuo, pois a mobilização social é também outra ferramenta para que a Serra continue em pé e medidas futuras contrárias a proteção ambiental tenham reprovação da população.

FV Para finalizar, qual mensagem você deixa para a população de Valinhos sobre a importância de proteger a Serra dos Cocais? Que ações cada um pode tomar para contribuir para essa causa?
FÁBIO A Serra dos Cocais é um local único, com a formação de paisagens cenográficas e cavernas diferentes do cotidiano, lar do canto do Sauá, das aves e anfíbios, onde nossos felinos escalam enormes figueiras e o Tamanduá procura por cupins, é onde nossa água brota do chão e forma cachoeiras, mas a única maneira de vislumbrar e se apaixonar por cada uma dessas coisas que formam a Serra dos Cocais, é preciso lutar para que nossas florestas continuem em pé. Mobilização popular, abaixo-assinados, cobrança por políticas públicas e visitas a serrinha são a chave para que a luta de proteção do futuro seja vencida!

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Alternativa

Papai Noel fala sobre os segredos de um Natal mais feliz

Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, o Papai Noel compartilhou momentos marcantes de sua jornada e reflexões sobre o verdadeiro significado do Natal. Ao longo da conversa, o bom velhinho revelou que o presente mais valioso que recebe é a fé das crianças, e que a história de uma menina chamada Ana, que pediu alimentos e roupas para sua família, o marcou profundamente. Além disso, o Papai Noel deixou mensagens de esperança, solidariedade e união, incentivando a todos a refletirem sobre o verdadeiro sentido da data e a importância de cultivar os laços familiares e a compaixão pelo próximo. Em um mundo cada vez mais conectado, o Papai Noel faz um chamado para que as pessoas se desconectem dos aparelhos e se conectem com as pessoas que amam.

Folha de Valinhos: Papai Noel, você viaja o mundo todo entregando presentes. Qual o presente mais importante que já recebeu em sua vida?
PAPAI NOEL: O presente mais importante que já recebi foi a crença das crianças. Aquele brilho nos olhos quando me veem, a carta escrita com tanta fé e esperança, isso é algo que me toca profundamente. É um presente que recebo todos os anos e que me renova a cada Natal.

Fv: Papai Noel, no Natal celebramos o nascimento de Jesus, o verdadeiro motivo para que o Natal exista. Seu trabalho exige que você percorra o mundo todo, onde uma grande parcela não conhece a Jesus. O que o Senhor diz para essas crianças e famílias?

PAPAI NOEL: É verdade, meu querido! O Natal é a celebração do nascimento de Jesus, um momento para lembrarmos do amor e da esperança que Ele trouxe ao mundo. Em minhas viagens, encontro muitas crianças e famílias que ainda não conhecem a história de Jesus. A elas, digo que Jesus é como uma luz que ilumina o nosso caminho, trazendo alegria, paz e amor para todos. Ele nos ensina a sermos bons, a ajudarmos o próximo e a amar uns aos outros. Mesmo que não celebrem o Natal da mesma forma que nós, todos podem sentir o amor e a bondade que essa época representa.

Para essas crianças e famílias, deixo uma mensagem de esperança e de que, independentemente de suas crenças, o espírito do Natal pode unir a todos. A generosidade, a compaixão e o desejo de fazer o bem são valores universais que podem ser celebrados por todos.

Fv: Estamos vivendo um mundo onde princípios e valores importantes estão sendo deixados de lado, sobretudo com a supervalorização da tecnologia, as pessoas estão se desconectando da vida real – poderia dar um conselho aos humanos a esse respeito?
PAPAI NOEL: A tecnologia é uma ferramenta incrível, mas não pode substituir o calor humano e os laços reais. Convido todos a fazerem uma pausa, a desligarem seus aparelhos e a conectarem-se com as pessoas que amam. Um abraço, um sorriso, uma conversa sincera valem mais do que qualquer like ou comentário nas redes sociais.

Fv: De todos os Natais dos quais já participei houve algum que em as história de superação te marcou e que vale apena contar o exemplo?
PAPAI NOEL: Ah, meu querido, são tantas histórias que marcam meu coração a cada Natal! Mas se tivesse que escolher uma, me lembraria de uma pequena vila nas montanhas. As casas eram simples, as ruas de terra batida, mas o espírito natalino era contagiante. As crianças, apesar de terem pouco, escreviam cartas cheias de esperança e gratidão.
Lembro-me de uma menina em especial, Ana. Ela vivia em uma casa pequena com seus pais e irmãos. Na carta, ela não pediu brinquedos, mas sim alimentos para a família e roupas quentinhas para o inverno rigoroso. Ao entregar o presente, vi em seus olhos a esperança renascida. A comunidade inteira se uniu para ajudar Ana e sua família, mostrando a força da solidariedade.
A história de Ana me mostrou que a felicidade não está nos bens materiais, mas na união, no amor e na esperança. Aquele Natal me ensinou que mesmo diante das dificuldades, o espírito humano é capaz de grandes feitos. E é por histórias como essas que acredito cada vez mais na magia do Natal.

Fv: Em sua longa jornada, você já encontrou crianças e famílias em situações difíceis. Como você as consola e as ajuda a acreditar em um futuro melhor?

PAPAI NOEL: A esperança é um presente que todos merecem. Quando encontro crianças e famílias em situações difíceis, procuro mostrar-lhes que mesmo nos momentos mais desafiadores, a alegria e o amor podem prevalecer. Um simples gesto de carinho, uma palavra de conforto, podem fazer toda a diferença.

Fv: O que você gostaria de dizer para as crianças que acreditam em você e para aquelas que ainda não tiveram a oportunidade de conhecer a magia do Natal?
PAPAI NOEL: Para as crianças que acreditam em mim, digo que a magia do Natal está dentro de cada um. É a capacidade de sonhar, de amar e de acreditar em um mundo melhor. Para aquelas que ainda não descobriram essa magia, digo que o Natal é um tempo para compartilhar, para ajudar o próximo e para celebrar a vida.”

Fv: Com toda a sua experiência, qual a melhor maneira de celebrar o Natal, para que ele seja um momento de verdadeiramente especial e inesquecível?
PAPAI NOEL: A melhor maneira de celebrar o Natal é reunindo a família e os amigos, compartilhando momentos de alegria e gratidão. Pequenos gestos, como preparar o jantar juntos, cantar músicas natalinas ou simplesmente conversar, podem tornar o Natal inesquecível.

Fv: Em sua opinião, o que torna o Natal uma época tão especial para as pessoas?
PAPAI NOEL:O Natal é uma época de renovação e esperança. É um momento para refletir sobre o ano que passou e fazer planos para o futuro. É também um tempo para celebrar o amor, a família e a amizade.

Fv: Você já percebeu alguma mudança no espírito natalino ao longo dos anos? O que as pessoas valorizam mais hoje?

PAPAI NOEL: Sim, percebo que as pessoas estão cada vez mais conectadas e preocupadas com o bem-estar do próximo. O espírito de solidariedade está mais presente do que nunca. No entanto, também vejo que muitas vezes nos perdemos em meio à correria do dia a dia e esquecemos do verdadeiro significado do Natal.”

Fv: Qual a mensagem mais importante que você gostaria de deixar para as famílias neste Natal?
PAPAI NOEL:Que a família seja o refúgio de todos. Que os laços familiares sejam fortalecidos e que o amor seja a base de todos os relacionamentos.

Fv: Como podemos fazer do Natal um momento mais solidário e ajudar aqueles que mais precisam?
PAPAI NOEL: A solidariedade é um dos maiores presentes que podemos oferecer. Podemos ajudar instituições de caridade, doar alimentos, roupas e brinquedos, ou simplesmente oferecer um sorriso e uma palavra amiga para quem precisa.

Fv: Qual a importância da fé e da esperança no Natal?
PAPAI NOEL: A fé e a esperança são como uma luz que guia nossos passos. Acreditar em um futuro melhor nos dá força para superar as dificuldades e seguir em frente. O Natal é um momento para renovar nossa fé e esperança.”

Fv: Se você pudesse deixar um único desejo para o mundo neste Natal, qual seria?
PAPAI NOEL: Meu maior desejo é que as pessoas possam viver em paz, com amor e respeito mútuo. Que a solidariedade e a compaixão sejam os guias de nossas ações e que o Natal seja um tempo de renovação para todos nós.

 

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Alternativa

Em entrevista pastora Juliana Berto fala sobre a força da fé e do sonho que se tornou realidade

Verdadeiro testemunho de fé e dedicação. Desde a infância, Deus a chamava para um propósito maior. Hoje, à frente do Ministério Família da Fé Paiquerê, ela inspira milhares de pessoas com sua mensagem de amor, esperança e transformação. Neste bate-papo exclusivo com a Folha de Valinhos, a pastora revela os desafios e as alegrias de sua jornada, os segredos do sucesso do Ministério Talmidim e a importância da família na construção de uma vida com propósito

FOLHA DE VALINHOS Pastora Juliana, como surgiu a ideia de iniciar esse Ministério que está impactando tantas vidas? Quais foram os principais desafios no início da jornada?
PASTORA JULIANA Ainda na infância e adolescência, Deus apontava algo dessa natureza. Pastoreio e cuidado de pessoas, pregação da palavra, serviços sociais, entre outros sinais que nos levaram a esse lugar. Os principais desafios do início são os mesmo até hoje, administrar o nosso tempo pessoal entre família, negócios e igreja.

FV Qual foi o papel do Espírito Santo na fundação e no crescimento do Ministério?
PASTORA JULIANA Fundamental. É Ele quem nos direciona em tudo, cada escolha, decisão mais simples que seja, nunca damos um passo se quer sem a presença Dele.

FV De onde vem toda sua Fé e inspiração?
PASTORA JULIANA Nasci em um lar cristão, e ainda na adolescência fui encontrada por Ele enquanto ensaiava sozinha em um quartinho na minha casa.

Tinha entre 11 e 12 anos e cantava em um grupo de gestos da minha igreja. Ali o Espírito Santo me visitou através de uma canção que dizia: A tua palavra escondi guardada em meu coração. Desde então, uma paixão e dependência pelas escrituras fazem parte dos meus dias. E a Bíblia sagrada alimenta minha fé e suas histórias me inspiraram na caminhada.

FV Você e o pastor Neto começaram a jornada realizando cultos no salão de eventos do Hotel Blue Tree, e tudo parece ter acontecido muito rápido nessa trajetória e hoje vocês estão num espaço que chamam de Campus do Portal? Campus nos remete a uma ideia de um espaço grande com muitas atividades acontecendo, como um campus de uma universidade.
PASTORA JULIANA Sim, mas o rápido leva tempo. De fato temos apenas três anos como igreja. Seis meses em uma sala de hotel, um ano e meio em um prédio de quinhentos metros quadrados, e agora, um ano em um Campus de quase nove mil metros. Mas a nossa história de pastoreio tem mais de vinte anos. Por quase quinze anos lideramos adolescentes e jovens, e nesse tempo o meu esposo Neto fazia um trabalho Evangelístico na cidade que vemos os frutos até hoje. A nossa praça 500 anos, era conhecida como “praça dos 500 manos”, onde uma juventude se aglomerava pelas avenidas e ruas próximas, se tornando um mar de jovens. Ali a prostituição, drogas, bagunça, e toda sorte de perdição conduzia as noites de sábado.

Ele descia nessa praça todo final de semana para evangelizar. Distribuía folhetos, cantava, pregava e muitos jovens aceitavam Jesus e eram libertos daquela situação. Inclusive o traficante dessa época hoje é membro da nossa igreja. Antes de pastorearmos uma grande igreja, pastoreávamos uma grande praça! O Campus Portal é o nosso futuro complexo, hoje já temos templos, casa de oração, salas de treinamento, batistério, espaço de jogos para os jovens e adolescentes, cafeteria (Coffee Paiquerê), livraria cristã (Store Paiquerê), praça de alimentação (Food Park), e toda estrutura social da igreja como o Mercado Solidário, Bazar, entre outros. O projeto completo consiste em muito mais.

FV A mudança para o Campus Portal representou um grande passo para o Ministério. Quais foram as principais expectativas e como elas foram recebidas pela comunidade?
PASTORA JULIANA Sim, sonhávamos com um espaço amplo e confortável para toda família. Nosso KIDS (Base Alfa) tem sala para todas as idades, berçário completo e equipado, sala específica e preparada para receber crianças com transtorno do Espectro Autista, entre outros. Estacionamento, lazer, um lugar que manifestasse a nossa essência familiar. E quando Deus apontou o local, fomos caminhando para lá em uma caminhada profética de quase quatro quilômetros carregando as cadeiras no braço. Esse ato profético no dia 02/11/23 dividiu a nossa história. Foi o grito da comunidade: Era isso que nós queríamos!

FV O Ministério Talmidim tem se destacado por alcançar um grande número de mulheres. Qual o segredo desse sucesso?
PASTORA JULIANA Entendemos que a mulher é a grande influência da humanidade desde o Éden. E a sua escolha de fé determina e direciona toda a sua família. Cura de câncer, esterilidade, depressão, libertação de vícios, restauração de casamentos, e muitos outros testemunhos, são comuns no nosso meio, e isso é o sucesso do evangelho, os frutos!

FV As mensagens transmitidas nos cultos do Talmidim costumam ser muito inspiradoras. Qual a importância de oferecer um espaço de acolhimento e restauração para as mulheres?
PASTORA JULIANA Fundamental. A palavra é suficiente e por si só transformadora, mas nós podemos usar a criatividade e ousadia que o Espírito Santo nos deu, para oferecer amor e cuidado, para uma geração tão frágil e carente.

FV Como a senhora concilia a vida pessoal, familiar e ministerial? Quais são os principais desafios e como você encontra equilíbrio?
PASTORA JULIANA

Deus. Não tem explicação. Apesar de já ter estudado sobre administração de tempo, e ser muito organizada com agenda e planejamento, vejo o Espírito de Deus a todo momento me conduzindo. O equilíbrio vem do discernimento em saber separar o que é urgente e o que é importante, e isso é dom de Deus. O meu maior desafio hoje é me manter assim, cuidando da minha casa, marido e filhos, cuidando da minha saúde, trabalhando nas empresas e servindo as pessoas através da igreja.

FV Como a pastora vê o futuro do seu Ministério? Quais são os seus maiores sonhos e projetos para os próximos anos?
PASTORA JULIANA A clareza de propósito é um presente, saber para onde está indo é um privilégio, e ser conduzida pelo Espírito é ter paz! O futuro é saudável e frutífero, e eu me preparo todos os dias para viver ele. Todos os meus sonhos e projetos para os próximos anos são pautados nas promessas. Se Ele disse que vai ser, eu creio e caminho em cima dessa palavra.

FV Qual a importância da comunidade no crescimento do Ministério? Como vocês envolvem os membros em projetos e atividades?
PASTORA JULIANA A nossa cultura carrega três pilares: Confrontamos em amor, pregamos o evangelho com temor e SERVIMOS o reino apaixonadamente. Servir é o nosso DNA, assim como o de Jesus. Toda igreja é altamente voluntariosa e envolvida com a missão. Todos caminham na visão e se dedicam a transforma ela em realidade através das atividades diárias.

FV Em suas mensagens, a senhora sempre enfatiza a importância da família e da fé. Qual o impacto que você acredita que essas mensagens têm na vida das pessoas?
PASTORA JULIANA Sou filha de uma grande mulher de fé, e de um pai amoroso e dedicado para a nossa família. Essa é a minha base sólida! E eu não vejo outro estilo de vida que não esse. A verdadeira paz e alegria tem nome, e o nome delas é Jesus, sendo o nosso fundamento da fé e a base da família.

FV Você mencionou recentemente, durante a ordenação de seus pastores, diáconos e obreiros que “ninguém faz nada grande sozinho”. Quais são as pessoas que mais a inspiram e que a ajudam a construir esse grande projeto?
PASTORA JULIANA Essa frase tem nos acompanhado desde o início. Temos grandes líderes que nos inspiram no Brasil e fora dele. Mas ter uma equipe que caminha na visão é fundamental. Os meus filhos, Pedro, Lucas e Maria foram os primeiros a entender o futuro que nos aguardava, e mesmo crianças na época eles disseram sim. São eles, a minha casa que mais me ajuda a seguir em frente.

FV Qual a sua maior alegria ao liderar o Ministério Família da Fé Paiquerê?
PASTORA JULIANA Ver e ouvir os testemunhos. Jesus ainda salva, cura, batiza e leva para o céu. E na Paiquerê essa é a nossa rotina. Todos os cultos tem salvação e milagres para contar.

FV No contexto família, como o seu Ministério tem trabalho os adolescentes e jovens que frequentam a Igreja, uma vez que no mundo, as oportunidades e seduções para tira-las do caminho são cada vez mais atrativas?
PASTORA JULIANA Somos atrativos nas nossas programações. Toda estética do local, que é só deles, como paredes grafitadas, cesta de basquete, mesas de pebolim e ping pong, linguagem jovem e contemporânea, liberdade no vestir e andar. Mas isso tudo é só a porta de entrada. Lá eles encontram verdadeiramente a pessoa de Jesus, e começam a sua caminhada com o melhor amigo Espírito Santo. Isso é um caminho sem volta, eles acessam o sobrenatural e a verdadeira paz e alegria que no mundo é passageira e enganosa.

FV Estamos entrando num tempo especial para os Cristãos, o Natal, onde celebramos o nascimento de Jesus. Por favor, deixe uma Mensagem de Natal aos nossos leitores.
PASTORA JULIANA Natal é a data de celebrarmos o nascimento de Jesus, e talvez essa ainda não seja a sua realidade. Apesar Dele ter nascido e hoje vive no meio de nós, Ele ainda não vive dentro de você. Talvez Jesus ainda não nasceu para a sua família, e a sua casa ainda não conheça a paz que Ele tem para repartir.

Convide Jesus para o seu Natal, celebre a presença Dele, permita que Ele realmente nasça em seu lar, e tenha o extraordinário: LAR DE PAZ!
Neste domingo, dia 15, teremos o tão esperado Espetáculo de Natal LIBERTA-ME. Teatro, coral e uma produção incrível em dois horários de apresentação, 10h e 18h. Você é nosso convidado.

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Valinhos

Paulo Paschoal: Do AVC ao ativismo pela saúde em Valinhos

Após um AVC que o deixou com sequelas, Paulo Sérgio Paschoal, fundador da FEAV, se tornou um defensor incansável dos direitos dos pacientes com a doença em Valinhos. Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, ele conta como a experiência o motivou a criar o projeto SOS AVC, que busca conscientizar a população, oferecer suporte e transformar a realidade dos pacientes com AVC na cidade. Autor do livro ‘Anjos da Vida’, onde relata sua experiência com o AVC, Paulo fala sobre a importância da conscientização, da prevenção e do tratamento adequado para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.

FOLHA DE VALINHOS Paulo, como sua experiência com o AVC te motivou a criar o projeto SOS AVC Valinhos?

PAULO PASCHOAL Quando sofri o AVC passei por momentos muito difíceis em minha recuperação e eu sempre refletia que eu nunca tinha tido informações sobre como era o AVC, a reabilitação e o que era afasia. Penso que o AVC pode acontecer com qualquer pessoa, independente da classe socioeconômica, sexo, idade etc. E eu precisava fazer alguma coisa para a cidade de Valinhos, aumentar o conhecimento e educação, pensando que nosso serviço de saúde poderia melhorar.

FV Quais foram os maiores desafios que você enfrentou durante a recuperação e como isso te inspirou a ajudar outras pessoas?

PAULO PASCHOAL Quando sofri o AVC tive como prejuízo a dificuldade de falar, eu sabia o que eu queria e tinha consciência do que eu estava passando, mas não conseguia falar as palavras. Com isso eu comecei a me isolar, sentir muita tristeza e me questionava o porquê eu estava passando por aquele momento. Fui orientado a buscar tratamentos, mas eu tinha dúvidas sobre quanto tempo eu levaria para me recuperar. Eu esperava que seria do dia para a noite, mas conforme eu passava o tempo, ficava inseguro se realmente eu iria voltar. Tinha muito Medo de não voltar. Minha Família sofria muito em me ver triste e querer me ajudar. A cada encontro de família eu observava que até os meus netos rezavam pela minha recuperação. Se mais pessoas soubessem como evitar o AVC, compreender a importância da reabilitação com profissionais especializados, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, médicos, psicólogos, psiquiatras, talvez pudéssemos evitar ou diminuir o sofrimento das pessoas e familiares que sofrem com AVC.

FV Você sempre foi um homem ativo na comunidade e cheio de projetos, em que o diagnóstico de AVC impactou e mudou sua vida?

PAULO PASCHOAL Eu passei quase cinquenta anos trabalhando em uma empresa privada e depois que aposentei, estava me dedicando com muita intensidade na FEAV e participava de alguns conselhos administrativos. Eu tinha como objetivo depois de aposentado, poder viajar mais e curtir a vida com a minha família e estar com meus netos.

O AVC impactou muito a minha vida e tive que me adaptar para poder dar conta meu tratamento. Diminuí o meu trabalho e estou focado na minha recuperação. Meus planos de viajar mais acabou ficando em segundo plano. Inclusive fiz uma viagem agora em outubro depois de um ano do AVC. A vida continua e estou tentando retornar aos meus planos gradativamente.

FV Qual a principal missão do SOS AVC Valinhos e como você enxerga o projeto contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das pessoas que sofreram um AVC em Valinhos?

PAULO PASCHOAL O AVC é um problema de saúde pública que pode acontecer com qualquer pessoa. A FEAV quanto terceiro setor está comprometida com mais essa causa: SOS AVC Valinhos, ajudando na conscientização, orientando e divulgando ações de identificação do AVC, como prevenir e tratar depois do AVC. Educação a palavra principal, as pessoas precisam de informação. Eu enxergo Valinhos melhorando os hospitais, este assunto precisa circular, as pessoas precisam saber o que fazer para prevenir, como é a recuperação e os profissionais de saúde, os médicos precisam saber identificar e tratar o AVC. Vejo no futuro a nossa comunidade sofrendo menos com este problema.

FV O projeto enfatiza a importância de uma equipe multidisciplinar. Como você vê a colaboração entre diferentes profissionais da saúde na recuperação de pacientes com AVC?

PAULO PASCHOAL  Quando a pessoa sofre o AVC, ela precisa muito de profissionais especializados e atualizados, que passem segurança, que nos dê esperança, como neurologista, cardiologista, psiquiatra, fisioterapia, fonoaudiólogo e entre outros. Quando passamos por um problema de saúde, nos sentimos frágeis e precisamos de acolhimento, de profissionais que nos compreendam e nos forneçam o melhor. Não estou falando de condição socioeconômica, mas todos temos direito de receber um tratamento adequado e podemos encontrar excelentes profissionais tanto na rede pública como privada. Importante é termos informação e valorizar esses profissionais, pois parte da nossa recuperação depende desse trabalho multidisciplinar.

FV Além do tratamento, o projeto também aborda a prevenção do AVC. Quais as principais medidas que as pessoas podem tomar para reduzir o risco de sofrer um AVC?

PAULO PASCHOAL Os fatores de risco para o AVC são: ansiedade, estresse, obesidade, medicações, tabagismo, colesterol alto, álcool, pressão alta, sedentarismo, diabetes e doenças cardíacas. Ter informação sobre os cuidados com a saúde e a mente. Os cuidados para prevenir são fáceis, mas precisamos lembrar e colocar em prática, pois o AVC pode acontecer com qualquer um. Isso inclui cuidarmos da nossa alimentação, realizar exercícios físicos, fazer checkups, acompanhamento médico, não se estressar, cuidar da mente. A vida é importante e temos que cuidar.

FV Como surgiu a ideia de escrever o livro e qual a importância dele para o projeto? Quais as principais mensagens que você gostaria de transmitir aos leitores?

PAULO PASCHOAL O meu compromisso com o AVC veio 60 dias depois que tive o derrame. Meu filho Leandro me sugeriu que eu mobilizasse ações para cuidados com o AVC em Valinhos e foi daí que surgiu meu livro. No começo do meu tratamento fui orientado pela equipe a registrar o meu dia a dia para ajudar a lembrar as palavras, sem me dar conta eu já tinha um livro quase pronto relatando tudo que eu estava passando.

O nome desse Livro “Anjos da Vida” veio por causa dos médicos, fonos, fisio, psicólogo, psiquiatra, verdadeiros anjos da vida que me ajudaram a voltar. Quero que meu livro seja um abraço para as pessoas que sofreram o AVC e seus familiares que também sofrem. Quero que eles recebam as informações acreditando que é possível melhorarmos e que precisamos persistir a cada dia, valorizando a família, amigos e os profissionais. Valorizando os momentos simples da vida.

FV Como vc avalia a realização da primeira roda de conversa sobre saúde mental e prevenção do AVC realizada no último sábado, dia 30? Como você acredita que esse tipo de evento pode contribuir para a conscientização da população?

PAULO PASCHOAL A primeira Roda de conversa contou com profissionais voluntários, Amanda Hernandez Fonoaudióloga e Edilson Guarnieri Psicólogo que abordaram “Cuide da mente e previna o AVC”. Neste encontro foram pessoas que buscavam informações sobre como prevenir o AVC e pessoas que foram acometidas pelo AVC, foi muito interessante. Foi um momento de conversarmos sobre prevenção, tornarmos o assunto comum para todos e acolhermos as angústias de quem já sofreu o AVC. Ampliamos nosso conhecimento nessa conversa sobre outras formas de manifestações do AVC, como alterações na visão, equilíbrio e até o tratamento de ronco. Um fato interessante que foi discutido foi sobre o diagnóstico tardio do AVC. Isso é inadmissível! Um erro grave e que poderia ter sido fatal.

FV Quais são os próximos passos do projeto SOS AVC Valinhos? Quais outras ações vocês planejam realizar para fortalecer a rede de apoio aos pacientes com AVC em Valinhos?

PAULO PASCHOAL Nós temos uma Sala na FEAV especialmente para esta causa e pretendemos fortalecer o projeto SOS AVC Valinhos para a comunidade por meio de encontros, eventos e ações:

iremos colocar em prática o disk SOS AVC, que consiste em um número de telefone para nortear as pessoas sobre como detectar o AVC e auxiliar na busca por serviços especializados. Para isto contamos com a ajuda de uma pessoa supercompetente para ajudar e orientar;

Continuaremos contando com a colaboração de voluntários, pois eles são de extrema importância para ajudar nas divulgações e ajuda nas arrecadações;

Temos como prioridade fazer um plano estratégico com a Santa Casa e Secretaria da Saúde para encampar a causa do AVC;

Em 2025 já temos programada a segunda roda de conversa, prevista para 22/02/2025 com Dr. Cláudio Pinho Cardiologista. Tenho convicções que ocorrerão grandes melhorias para nossa cidade.

FV Quais parcerias são fundamentais para o sucesso do projeto? Como você pretende fortalecer a relação com a comunidade, com outras instituições e com o poder público?

PAULO PASCHOAL Em primeiro lugar a comunidade precisa se fortalecer e assim podermos conquistar o apoio e atenção do setor público, terceiro setor, vereadores, prefeitura, deputados estaduais e inclusive nossos hospitais. Atualmente a Santa Casa é responsável por 60% da população que utiliza o SUS e precisamos melhorar tanto os hospitais públicos como privados. Pretendemos continuar os encontros com equipe profissionais da saúde, discutindo sobre temas importantes na prevenção, diagnóstico e tratamento do AVC. Iremos incentivar investimentos na educação também dos profissionais que recebem os pacientes nos hospitais e centros de saúde. A população também é parceira quando participa ativamente desses projetos!

FV Quais os principais desafios que você enxerga para a implementação do projeto e como pretende superá-los?

PAULO PASCHOAL Nosso maior desafio é tornar o AVC um assunto urgente e de conhecimento geral, para isso precisamos de voluntários e mais profissionais envolvidos nessa causa.

Pretendemos superar os desafios por meio do conhecimento e a concretização de todo aprendizado e isso envolve comunidade, profissionais de saúde e setores públicos e privados de Valinhos.

FV Na sua opinião qual o impacto do AVC na qualidade de vida do paciente e da família e o papel dela na recuperação do paciente.

PAULO PASCHOAL O impacto do AVC na minha vida foi muito grande, mudou completamente a minha rotina, meus planos, e da minha família e acredito que o mesmo acontece com outras pessoas.

Eu tive que começar do zero e fazer mais. Aprender coisas nova, estudar e treinar diariamente. Acredito que existem fatores importantes para enfrentar o AVC: persistência, cuidar do emocional e conexão com Deus. A fé é a base da competência emocional o que contribui para a resiliência. Aceitar que precisamos de ajuda é essencial. É preciso procurar o que é bom e agradecer. É preciso aprender todos os dias, nós temos nossos limites e precisamos conhecê-los. A família é muito importante, eles são nossos “cuidadores” que Deus nos presenteou. Muito aprendizado, muita fé, muita vontade e muita união de família.

FV Qual mensagem você gostaria de deixar para as pessoas que sofreram um AVC e para aqueles que desejam contribuir com o projeto SOS AVC Valinhos?

PAULO PASCHOAL Não desista, continue, persista, mesmo que a vida nos leve para um caminho diferente do qual havíamos planejado, precisamos lutar por nós e pelas pessoas que nos amam. À todas as pessoas e familiares que sofrem com o AVC, sintam-se abraçados por mim. A vida vale a pena! Sempre há esperança de melhorar, cada dia um pouco melhor, como tudo na vida. Para ajudar no SOS é possível comprar o livro R$50,00 e até ajudar com outros tipos de doações, até o tempo como voluntário é muito precioso para nós. Contribuam com a divulgação das informações, participe de nossos eventos e ajude-nos a lutarmos por serviços melhores. SOS AVC Valinhos, acredito esse ser um dos mais importantes projetos da minha vida, o que de fato vou contribuir para melhorar a vida, ajudando a população que precisa do setor público. Deixo meu legado nesta vida por meio do projeto e o livro, para que os cuidados de prevenção, detecção e tratamento do AVC não terminem. Tenho um conselho para amigos e minha família, dê valor as coisas simples, dê valor para as pessoas e a família. Dê valor para valor para o que realmente importa.

 

 

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Terceiro Setor

Entrevista Gustavo Luiz Pafaro Toniatti, presidente da Casa da Criança de Valinhos

Gustavo Luiz Pafaro Toniatti assume a presidência da Casa da Criança de Valinhos com o compromisso de dar continuidade ao legado de Anélio Zanuchi. Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, o novo presidente destacou a importância de manter vivo o espírito de inovação e criatividade que sempre caracterizou a instituição. Toniatti ressaltou os desafios de liderar uma organização tão importante e a necessidade de envolver ainda mais a comunidade nos projetos da Casa. “O principal desafio é dar continuidade ao legado de Anélio, que foi um grande inspirador para todos nós”, afirma Toniatti. “Buscamos o apoio constante da comunidade para construir juntos um futuro melhor para essas crianças, sempre com transparência e compromisso.” O novo presidente também falou sobre os planos para expandir os serviços da Casa da Criança e garantir a sustentabilidade financeira da instituição. “Nosso objetivo é garantir a excelência nos projetos atuais e, conforme as necessidades da comunidade forem surgindo, expandir nossos serviços com responsabilidade e sustentabilidade”, afirmou.

FOLHA DE VALINHOS: Qual a maior dificuldade que você vê ao dar continuidade ao trabalho de Anélio Zanuchi, considerando o legado deixado e a importância dele para a comunidade?
Gustavo Luiz Pafaro Toniatti: O principal desafio está na responsabilidade de dar continuidade ao legado de Anélio, que foi um grande inspirador para todos nós. Fui escolhido por ele e pela diretoria para dar sequência a um trabalho que já era repleto de amor e dedicação. Sua partida repentina nos surpreendeu e trouxe um momento de grande reflexão. A cada dia, me dedico a entender melhor os detalhes dos projetos e as necessidades da Casa. A nossa missão é garantir que os projetos sigam com excelência, acolhendo as crianças e adolescentes com carinho, seriedade e amor. Buscamos também o apoio constante da comunidade, para que possamos construir juntos um futuro melhor para essas crianças, sempre com transparência e compromisso.

FV: Como você pretende manter vivo o espírito de inovação e criatividade de Anélio Zanuchi, que sempre buscava novas formas de ajudar as crianças e adolescentes?
Gustavo Luiz Pafaro Toniatti: A nossa equipe é altamente qualificada e sempre em busca de aprimoramento, para não só manter os atendimentos atuais, mas também expandir nossa visão para o futuro. O mundo está em constante evolução, e é essencial que nos antecipemos às novas demandas, inovando nas abordagens e atendendo de forma cada vez mais eficiente. Contudo, a nossa essência permanece inalterada: amor, confiança e ética são os pilares que guiarão sempre nossas ações.

FV: Qual é o seu maior desafio como novo presidente da Casa da Criança, e como pretende superá-lo?

Gustavo Luiz Pafaro Toniatti: O maior desafio, neste momento, é absorver todos os detalhes operacionais da Casa e garantir que o legado de Anélio continue a ser respeitado. Além disso, estamos passando por um processo de reestruturação emocional, lidando com a perda de nosso fundador. No entanto, temos plena confiança em nossa equipe e na missão que recebemos. Com fé, dedicação e amor, conseguiremos superar esse desafio e seguir em frente, honrando o trabalho feito até aqui.

FV: Como você pretende envolver ainda mais a comunidade nos projetos da Casa da Criança, mantendo vivo o legado de Anélio Zanuchi?
Gustavo Luiz Pafaro Toniatti: O envolvimento da comunidade é fundamental para o sucesso de nossos projetos. Sabemos que a participação de todos é crucial para atender de forma adequada nossos assistidos. Mensalmente, realizamos campanhas solidárias para garantir o orçamento da Casa, e a confiança no trabalho que Anélio continua a ser nossa maior fonte de apoio. Estamos certos de que, com o envolvimento contínuo de cada pessoa, podemos garantir que a Casa siga com sucesso por muitos anos, como tem ocorrido ao longo de sua história.

FV: Em sua opinião, qual é o maior legado de Anélio Zanuchi para a Casa da Criança e para a comunidade de Valinhos?

Gustavo Luiz Pafaro Toniatti: O maior legado deixado por Anélio é, sem dúvida, o amor ao próximo e a crença de que, unidos, podemos fazer a diferença. Ele sempre acreditou que a comunidade é a base para construir um futuro melhor, e esse legado é o que nos orienta todos os dias. Continuaremos a trabalhar com esses princípios, garantindo que a Casa seja um lugar seguro e acolhedor para as crianças e adolescentes de Valinhos.

FV: A Casa da Criança possui diversos projetos importantes, como o Abrigo, o Janela Aberta e o Família Acolhedora. Qual desses projetos você considera mais desafiador de manter e como você pretende fortalecê-los?
Gustavo Luiz Pafaro Toniatti: Todos os projetos são essenciais para o bem-estar das crianças e adolescentes. No entanto, o mais recente desafio é o Projeto JVC (José Vicente de Cargo), que envolve a construção de um novo prédio e está sendo desenvolvido em três etapas. Já completamos a primeira, que inclui uma área com cozinha e banheiros, e estamos ocupando essa área com atividades de oficinas. As próximas etapas visam expandir a capacidade de atendimento, com foco em dar autonomia aos assistidos. Estamos comprometidos em fortalecer todos os projetos, atendendo cada vez mais crianças e oferecendo oportunidades para seu crescimento.

FV: O Natal é uma data muito especial para a Casa da Criança, e este será o primeiro sem a presença de Anélio. Como você pretende manter viva a tradição de celebrar o Natal com as crianças e suas famílias?
Gustavo Luiz Pafaro Toniatti: Este será, sem dúvida, um Natal muito emotivo para todos nós, mas temos confiança de que, com a força do legado de Anélio, conseguiremos celebrar com o mesmo espírito de amor e simplicidade. O Natal sempre foi um momento de união, e continuaremos essa tradição, oferecendo carinho e apoio às crianças e suas famílias. Esse evento será uma oportunidade para nos fortalecer, nos unir e renovar nosso compromisso com os mais necessitados.

FV: Quais são os seus planos para expandir os serviços da Casa da Criança e alcançar um número ainda maior de crianças e adolescentes?
Gustavo Luiz Pafaro Toniatti: Nosso objetivo é garantir a excelência nos projetos atuais e, conforme as necessidades da comunidade forem surgindo, expandir nossos serviços com responsabilidade e sustentabilidade. Buscamos sempre adequar as ações às legislações e utilizar a tecnologia para otimizar os processos. Estamos preparados para enfrentar os desafios do futuro com uma equipe qualificada, visando sempre o bem-estar das crianças e adolescentes.

FV: Como você pretende garantir a sustentabilidade financeira da Casa da Criança, garantindo assim a continuidade dos projetos e a qualidade dos serviços prestados?
Gustavo Luiz Pafaro Toniatti: A sustentabilidade financeira é um desafio constante, mas acreditamos que, com o apoio da comunidade, conseguiremos manter nossos projetos vivos e sustentáveis. Continuaremos com as campanhas tradicionais, mas também estamos desenvolvendo novas iniciativas que facilitem o envolvimento da população. Nossa meta é garantir que a Casa tenha os recursos necessários para seguir com seu trabalho, sempre com transparência e comprometimento.

FV: O voluntariado sempre foi fundamental para o sucesso da Casa da Criança. Como você pretende incentivar a participação de novos voluntários e fortalecer a relação com os voluntários atuais?
Gustavo Luiz Pafaro Toniatti: O voluntariado é essencial para a Casa da Criança. Anélio Zanuchi foi o grande exemplo de dedicação e inspiração, e agora é nossa responsabilidade seguir esse exemplo, incentivando a participação de novos voluntários. Estamos criando iniciativas para despertar a solidariedade nas pessoas, para as novas gerações também, mostrando o impacto positivo que o voluntariado tem na vida das crianças e adolescentes. Em dezembro, no Dia Internacional do Voluntariado, faremos uma homenagem aos nossos voluntários, compartilhando suas histórias e destacando o papel transformador que desempenham na nossa comunidade. Nosso objetivo é fortalecer ainda mais essa rede de apoio, para que possamos continuar a nossa missão de forma cada vez mais eficaz.

 

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Valinhos

Deputada Ana Perugini fala sobre a proposta de transformar a Serra dos Cocais em Unidade de Conservação

A deputada estadual Ana Perugini apresentou um projeto de lei para transformar a Serra dos Cocais em uma Unidade de Conservação Ambiental (APA). Motivada pelos recentes incêndios que devastaram a região, a parlamentar busca garantir a proteção da biodiversidade local e evitar novas catástrofes. Em entrevista exclusiva à FOLHA DE VALINHOS, Perugini detalhou os benefícios da proposta, os desafios para sua implementação e a importância da participação da comunidade nesse processo

FOLHA DE VALINHOS Deputada, o que a motivou a apresentar esse projeto de lei, especialmente após os recentes incêndios na Serra dos Cocais? Quais os impactos desses eventos na sua decisão?

ANA PERUGINI Em meio às queimadas ocorridas entre 31 de agosto e 9 de setembro, fomos procurados por um grupo de ativistas de Valinhos, preocupados com a vulnerabilidade da Serra dos Cocais ante os incêndios e a ameaça aos recursos naturais e espécies ali existentes. Eles nos apresentaram um mapeamento de uma pequena área da serra, feito alguns dias depois das queimadas, e o impacto à flora e à fauna verificado em uma pequena parte da área chamou a nossa atenção para a necessidade de proteger a serra. Aí, fizemos um estudo e avaliamos que a proposta de criação da APA seria o melhor caminho para garantir a proteção da área. O projeto de lei número 713/2024, que hoje tramita nas comissões da Assembleia Legislativa, foi apresentado no final de setembro.

FV Qual a principal diferença entre a proposta de Unidade de Conservação Ambiental e a atual classificação da Serra dos Cocais como APA? Quais os benefícios adicionais que a nova categoria trará para a região?

ANA PERUGINI A atual classificação da Serra dos Cocais é, de certa forma, “paliativa”. Não traz a obrigatoriedade da realização de um Plano de Manejo com dados técnicos suficientes para protegê-la e promover sua regeneração. Além disso, a serra não está cadastrada efetivamente como Unidade de Conservação. Nosso projeto prevê a transformação da Serra dos Cocais em Área de Preservação Ambiental. A partir desse reconhecimento, o Governo do Estado, por meio de seus órgãos, terá de fazer estudos técnicos que determinarão os protocolos de uso sustentável da área, além de apontar áreas de alto índice de relevância ecológica, que necessitam imediatamente de programas de conservação e preservação. Uma vez que a legislação exige a proteção integral ou parcial de uma área, temos instrumentos legais para protegê-la de ações danosas para a vida natural de nosso patrimônio, com incêndios e desmatamentos.

FV Como a senhora avalia a viabilidade de implementar o Plano de Manejo da Unidade de Conservação no prazo de 180 dias, considerando a complexidade da área e a necessidade de envolver diversos atores?

ANA PERUGINI Primeiro, é importante lembrar que, conforme previsto no projeto de lei, a elaboração e implementação do plano será de responsabilidade da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística. Nós sabemos que vai ser um trabalho árduo, mas estamos com uma vantagem ao nosso lado: temos conversado com ambientalistas e pesquisadores e descobrimos que já existem estudos realizados por biólogos, geólogos e historiadores. Podemos utilizar essas referências e promover a extensão de novas pesquisas para o plano. Vamos nos valer do conhecimento de instituições de pesquisa e conservação da área, ONGs e órgãos públicos para que possamos atingir o objetivo.

FV Quais as fontes de recursos que a senhora vislumbra para a criação e manutenção da Unidade de Conservação, incluindo ações de fiscalização e educação ambiental?

ANA PERUGINI O modelo de gestão da APA da Serra dos Cocais será definido pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente, em colaboração com os órgãos dos governos estadual e federal, como Instituto Florestal e Ibama. Existem diversos exemplos espalhados pelo estado e pelo país, e caberá ao Estado, por meio de sua estrutura, firmar convênios ou contratos públicos com os órgãos e poderes municipais ou com entidades da comunidade local necessários para a implantação, manutenção e fiscalização da Unidade de Conservação Ambiental.

FV Como a senhora acredita que a comunidade local pode estar envolvida neste projeto, os municípios e as demais partes interessadas no processo de criação e gestão da Unidade de Conservação?

ANA PERUGINI Nós só vamos conseguir instalar uma unidade de conservação ambiental na Serra dos Cocais se houver envolvimento da sociedade.

Primeiro, precisamos conscientizar os moradores e moradoras de Itatiba, Louveira, Valinhos e Vinhedo sobre a importância ecológica, histórica e cultural da Serra dos Cocais, não apenas para esses municípios e para Região Metropolitana de Campinas, mas para todo o Estado de São Paulo, que é o que estamos começando a fazer agora.

Depois disso, precisamos unir vereadores, prefeitos e representantes de outros setores da sociedade em um grande movimento de proteção e preservação do território que compreende a área, que vai fortalecer o projeto e sensibilizar deputados e deputadas a votarem a favor da iniciativa. Se conseguirmos esse engajamento em defesa da vida, teremos força para aprovar o texto na Alesp, a lei será sancionada pelo governador e daremos um passo importante para a garantia da integridade da serra. Com a APA criada, cada município desenvolverá projetos para exploração sustentável da área com ações como ecoturismo com visitação de cavernas, observação de aves e outros grupos da fauna, trilhas e outros projetos ecoeducativos.

FV Quais os principais desafios que a senhora prevê para a aprovação e implementação desse projeto de lei? Como pretende superá-los?

ANA PERUGINI O principal desafio é conscientizar os moradores dos quatro municípios contemplados pela Serra dos Cocais de que estamos falando de um patrimônio natural importantíssimo para o nosso futuro. Estamos falando de vegetação, solo, água e animais, muitos ainda desconhecidos, que podem ser dizimados caso não consigamos protegê-la. Se conseguirmos unir essas pessoas, teremos força para superar qualquer obstáculo que se coloque no caminho da implantação da Unidade de Conservação Ambiental.

FV Quais parcerias estratégicas a senhora considera essenciais para o sucesso de um projeto dessa natureza, tanto no âmbito estadual quanto municipal

ANA PERUGINI Como eu disse, precisamos envolver todos os segmentos da sociedade na discussão do projeto de lei. É claro que pessoas e entidades que lutam pela proteção da Serra dos Cocais muito antes da elaboração do projeto, como ambientalistas, pesquisadores e conselheiros municipais do meio ambiente, são fundamentais no processo. Assim como prefeituras, vereadores, entidades representativas da sociedade e órgãos que atuam na preservação do meio ambiente como Ministério Público e Ibama.

FV Caso o Projeto seja aprovado, quais garantias as cidades onde a Serra dos Cocais está localizada podem esperar no tocante a proteção previstas no projeto , serão efetivamente cumpridas e que a área estará protegida contra novas ameaças, como incêndios e desmatamento

ANA PERUGINI A partir do momento em que a Unidade de Conservação ambiental for implementada, a Serra dos Cocais se tornará um território protegido por lei, com todos seus recursos naturais, como a fauna, a flora, os recursos hídricos, o solo e a geografia, sob responsabilidade do Estado. Aí, caberá ao governo estadual adotar todas as medidas necessárias, como barreiras físicas e alocação de profissionais, para garantir a preservação e proteção da área e de todas as suas riquezas.

FV Como a senhora concilia a preservação ambiental com o desenvolvimento das cidades e do turismo sustentável na região? Quais as oportunidades que a Unidade de Conservação pode gerar para a economia local?

ANA PERUGINI Valinhos é um exemplo de município que se desenvolveu mantendo o equilíbrio entre o meio ambiente e a instalação de indústrias. Tanto que é uma das melhores cidades do nosso país em qualidade de vida e mantém um polo industrial ativo. Por suas características, a Capital do Figo Roxo tem potencial inegável para o turismo. E a APA da Serra dos Cocais pode ser um novo parque, estruturado que, por meio do ecoturismo, gere empregos, renda e aumente a receita do município.

FV Na sua opinião como essa iniciativa contribuirá para a preservação do meio ambiente e para as futuras gerações?

ANA PERUGINI A Serra dos Cocais tem extrema importância ecológica, histórica e cultural, recursos hídricos vitais para o abastecimento da região e uma rica biodiversidade de plantas e animais ameaçados de extinção, além de dezenas de cavernas com água em uma região de escassez desse recurso natural essencial para a sobrevivência de todos. Tudo isso precisa ser guardado para que nossos filhos e netos conheçam. Além disso, protegê-la e preservá-la é uma forma de garantirmos segurança hídrica para as futuras gerações e contribuirmos para que não soframos tanto com as terríveis ondas de calor causadas pelo desequilíbrio climático. A proteção da área não visa impedir o desenvolvimento urbano do município. É uma iniciativa em defesa da vida.

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Valinhos

Dra. Alexsandra dos Santos Parra, presidente do CMDM fala sobre a violência contra a mulher

A luta contra a violência de gênero em Valinhos exige ações concretas e imediatas. Em entrevista exclusiva, a presidente do CMDM, Dra. Alexsandra dos Santos Parra, apresenta um panorama da situação e propõe soluções para enfrentar o problema

FOLHA DE VALINHOS – A terceira edição do Relatório elaborado por membros e voluntários do CMDM com base em registros de ocorrência de violência contra a mulher na Delegacia dos Direitos da Mulher – DDM – e no Plantão Policial – trazem informações reveladoras e estarrecedoras no tocante a situação em Valinhos. Como as mulheres do CMDM receberam essas informações?

DRA. ALEXSANDRA Com tristeza, mas não com surpresa, é fato que a violência contra a mulher é uma questão social de relevância no país e na cidade de Valinhos, no entanto em que pese os esforços dos setores envolvidos é indispensável que o tema seja enfrentando com seriedade e políticas públicas eficientes.

FV Havia uma expectativa que a violência contra a mulher fosse diminuir no pós-pandemia, quando a rotina voltasse ao normal?

DRA. ALEXSANDRA Sim, havia uma expectativa. Acreditava-se que o retorno a uma rotina mais regular, os agressores tivessem menos oportunidades de isolar suas vítimas e cometer atos de violência e uma esperança a esperança de que a pandemia tivesse sensibilizado a sociedade e as autoridades para a gravidade do problema, levando a um fortalecimento da rede de apoio às vítimas e à implementação de políticas públicas mais eficazes

FV O Relatório do CMDM traz dados que corroboram com VIII Relatório Luz da Sociedade Civil da Agenda 2030, elaborado por 47 organizações da sociedade civil e 82 especialistas e que foi lançado nesta terça-feira, dia 22, em Brasília, e que trata especificamente do cumprimentou ou não dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU no Brasil, no que tange o 5º ODS – Igualdade de Gênero, sobretudo nos tipos de violência praticados contra a mulher. Você leu esse relatório?

DRA. ALEXSANDRA Sim, li. As conclusões do relatório corroboram os achados do estudo realizado pelo CMDM, indicando um subinvestimento e a implementação de medidas ineficazes para mitigar o problema.

FV O estudo mostra que a violência psicológica é a mais comum. Como o CMDM pretende conscientizar a população sobre essa forma de violência, muitas vezes invisibilizada?

DRA. ALEXSANDRA Nos estudos realizados pelo CMDM, foi constado um aumento nas denúncias de violência psicológica, sugerindo uma maior conscientização da mulher quanto esse tipo de violência. O CMDM no seu plano de trabalho vem promovendo na cidade de Valinhos, rodas de conversas nos bairros de forma disseminar informações de qualidade e fortalecer às mulheres.

FV A pesquisa destaca a importância da abertura da Delegacia da Mulher em tempo integral. Quais são os principais desafios para a implementação dessa medida e como o CMDM está trabalhando para viabilizá-la?

DRA. ALEXSANDRA O CMDM busca incansavelmente estabelecer um diálogo com o poder público e sociedade civil, defendendo políticas públicas que garantam os direitos das mulheres e o combate à violência de gênero. No entanto é fato, que para se avançar é necessário Recursos financeiros, capacitação dos profissionais, investimento em pessoal, infraestrutura e equipamentos, atos de competência do poder público.

FV O relatório menciona a necessidade de um trabalho preventivo com os agressores. Quais ações o CMDM está desenvolvendo nessa área?

DRA. ALEXSANDRA Infelizmente, ainda não obtivemos avanços significativos nesse aspecto. A dificuldade de conscientizar a população e implementar os serviços básicos para atender mulheres vítimas de violência é complexa e, no curto prazo, impede a viabilização de projetos efetivos de prevenção com os agressores.

FV O estudo também aponta a importância da formação de profissionais que atuam no atendimento às vítimas de violência. Quais iniciativas o CMDM está tomando para garantir a qualificação desses profissionais?

DRA. ALEXSANDRA A capacitação dos profissionais compete ao poder público, ou seja, depende do investimento do poder público, o CMDM dentro de suas atribuições pode desenvolver e apresentar projetos ao poder publico de forma a viabilizar essa capacitação

FV Quais são as principais políticas públicas que o CMDM considera essenciais para combater a violência contra a mulher em Valinhos?

DRA. ALEXSANDRA Inicialmente – Implementação de um Núcleo de Atendimento à Mulher, para prestação de acolhida, apoio psicossocial e orientação jurídica às mulheres em situação de violência.

Uma Casa Abrigo, consistente em local seguro e que ofereça abrigo protegido e atendimento integral a mulheres em situação de violência doméstica sob risco de morte iminente, de caráter temporário e sigiloso, no qual as usuárias poderão permanecer por período determinado de no mínimo três meses, durante o qual deverão reunir condições necessárias para retomar o curso de suas vidas;

A Casa de Acolhimento Temporário (Casa de Passagem), consistente em serviço de abrigamento temporário de curta duração (até quinze dias), não sigilosos, para mulheres em situação de violência, acompanhadas ou não de seus filhos, que não correm risco iminente de morte.

FV Como o CMDM avalia a articulação entre os diferentes órgãos e instituições envolvidos no atendimento às mulheres vítimas de violência?

DRA. ALEXSANDRA A boa vontade e a receptividade dos órgãos e instituições são inegáveis, porém a implementação das medidas necessárias tem se mostrado desafiadora.

FV Quais são os principais desafios para a implementação de políticas públicas eficazes no combate à violência contra a mulher em Valinhos?

DRA. ALEXSANDRA Conscientização e Mudança Cultural; Recursos Financeiros e Humanos; Falta de integração entre os diferentes órgãos envolvidos no atendimento às vítimas o que dificulta a criação de uma rede de proteção eficaz; Atendimento fragmentado: O atendimento às vítimas costuma ser fragmentado, com cada profissional ou instituição atuando de forma isolada, o que prejudica a integralidade da assistência.

FV Como o CMDM pretende fortalecer a rede de proteção às mulheres vítimas de violência, garantindo o acesso a serviços essenciais como abrigos, assistência jurídica e psicológica?

DRA. ALEXSANDRA Inicialmente para viabilização e eficiência, o CMDM entende como necessária a implantação do Centro de referência. Infelizmente a fragmentação dos serviços oferecidos no município dificultam um mapeamento completo dos serviços já existentes, identificando suas fortalezas e fragilidades, bem como a definição de protocolos de atendimento e encaminhamento das vítimas, garantindo a fluidez e a eficiência do processo.

FV Quais são as principais expectativas do CMDM para os próximos anos no combate à violência contra a mulher em Valinhos?

DRA. ALEXSANDRA Fortalecimento da rede de atendimento; Empoderamento das mulheres; fortalecimento da participação social e implementação políticas públicas eficazes.

FV Quais são os principais desafios que o CMDM enxerga para o futuro e como a sociedade pode contribuir para a construção de um município livre da violência contra a mulher?

DRA. ALEXSANDRA Transformação cultural e conscientização de que a violência contra a mulher é um problema social que impacta a coletividade.

FV O trabalho de vocês mostra um aumento na violência contra crianças e adolescentes. Quais as principais causas desse aumento e quais medidas o CMDM pode ajudar a adotar para enfrentar essa situação?

DRA. ALEXSANDRA É possível que estejamos observando um aumento na notificação de casos, o que não necessariamente indica um crescimento da violência. O CMDM compartilhará esses dados com o CMDCA e continuará promovendo rodas de conversa com a população para enfatizar a importância de prevenir a violência na infância, como forma de evitar problemas na vida adulta

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