ENTREVISTA

Valinhos

Diretor da Defesa Civil fala sobre a Operação Estiagem em Valinhos

Com o avanço do período de estiagem, Valinhos intensifica suas ações para combater a crescente ameaça de incêndios. A Operação Estiagem, coordenada pela Defesa Civil, atua de maneira integrada com o Corpo de Bombeiros, a Guarda Civil Municipal e outras secretarias, para responder as ocorrências de incêndio neste período. Em entrevista à Folha de Valinhos, o diretor da Defesa Civil, Eduardo Matias, esclarece como a gestão de crises está sendo conduzida, desde a resposta a grandes ocorrências, como o incêndio na Mata da Tapera, até as estratégias de prevenção para a Operação Estiagem de 2025. Matias aborda a importância da conscientização da população, as medidas de alerta em períodos de baixa umidade, a comunicação entre os órgãos de segurança e as principais formas de a comunidade colaborar para prevenir desastres. A conversa detalha os esforços da prefeitura e a vulnerabilidade da região, especialmente após a tragédia na Serra dos Cocais, reforçando que a proteção da cidade é uma responsabilidade de todos.

FOLHA DE VALINHOS A respeito dos incêndios recentes, incluindo o que atingiu a Estação Ecológica Mata da Tapera, como a Defesa Civil e os outros órgãos de segurança estão lidando com a intensidade e a frequência desses eventos no início da Operação Estiagem?

EDUARDO A Operação Estiagem já prevê esse aumento na ocorrência de incêndios no período mais seco do ano. Temos atuado em conjunto com o Corpo de Bombeiros, a Guarda Civil Municipal, secretarias municipais, DEAV, através do Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil do município, bem como com órgãos de apoio da região e do Estado, além de contar com o apoio da comunidade.
A resposta tem sido integrada, com esforço e mobilização das equipes e campanhas de conscientização para reduzir o risco de novas ocorrências.

FV Estamos fechando agosto e entrando em setembro, com a mudança de estação, qual a sua expectativa em torno dessa mudança? Qual é a avaliação da operação até o presente momento?

EDUARDO Julho e Agosto costumam ser os meses mais críticos em relação à baixa umidade e ventos fortes. Com a chegada de setembro e a proximidade das chuvas, esperamos uma redução gradativa dos riscos. Até aqui, nossa avaliação da Operação Estiagem é positiva em comparação ao mesmo período do ano passado.

FV A tragédia do incêndio de 2024 na Serra dos Cocais e os recentes focos de incêndio mostram a vulnerabilidade da região. Que ações específicas foram reforçadas ou incluídas na Operação Estiagem 2025 para prevenir que eventos como o da Serra dos Cocais não se repitam?

EDUARDO Após aquele incêndio de grandes proporções, reforçamos o Plano de Contingência, ampliamos treinamentos com brigadistas, intensificamos rondas preventivas e melhoramos a integração entre Defesa Civil, Bombeiros, proprietários rurais e demais órgãos, criando estratégias de prevenção e respostas, orientando para a feitura de aceiros, formação de grupos de WhatsApp, capacitação com treinamento teórico e prático e novas estratégias de comunicação para agilizar a tomada de decisão.

FV A baixa umidade e os ventos fortes são fatores que aceleram a propagação do fogo. A Operação Estiagem prevê medidas adicionais de alerta para a população e ações de resposta rápida quando as condições climáticas são mais críticas?

EDUARDO Sim. Trabalhamos com alertas emitidos pela Defesa Civil do Estado e pelo INMET, bem como com o monitoramento da estação Meteorológica Automática instalada aqui no município, a qual nos aponta, além de outros dados, a Umidade Relativa do Ar. Quando identificamos risco elevado, divulgamos avisos preventivos em nossas redes e grupos de comunicação. Além disso, mantemos equipes em sobreaviso para resposta imediata.
Neste período de estiagem existem critérios estabelecidos sobre a URA, sendo: acima de 30% estado de Observação; de 30% a 20% estado de Atenção; 20% a 12% estado de Alerta; abaixo de 12% Emergência.

FV Além do risco de incêndios, as queimadas têm um impacto direto no clima, na qualidade do ar e na saúde pública. Como a Defesa Civil de Valinhos tem trabalhado na conscientização da população sobre as consequências a longo prazo das queimadas urbanas e florestais?

EDUARDO Temos atuado em campanhas educativas como palestras nas escolas, mídias locais e redes sociais, explicando os efeitos das queimadas na saúde, como problemas respiratórios, e no meio ambiente. Também reforçamos que a queimada urbana é crime ambiental e pode ser denunciada pelos telefones 193, 199 e 153.

FV O Sr. Eduardo Matias mencionou que “Defesa Civil somos todos nós”. Na prática, quais são as formas mais eficazes para a sociedade civil colaborar com a Defesa Civil na prevenção de incêndios?

EDUARDO A principal forma é a conscientização e a prevenção: não fazer queimadas, não soltar balões, descartar (anteriormente “descartar”) corretamente o lixo e não jogar bitucas de cigarro em áreas de vegetação. Realizar a limpeza de terrenos. Além disso, a população pode colaborar acionando o 193, 199 e 153 diante de qualquer princípio de incêndio ou situação de risco.

FV Com o Plano de Contingência (PLANCON) e os canais de comunicação, como o telefone 199, como a Defesa Civil pretende aumentar o engajamento da população para que as denúncias e informações cheguem mais rapidamente? Existe alguma campanha ou iniciativa de educação planejada para esse fim?

EDUARDO Sim. Estamos intensificando a divulgação do 199 através de palestras em empresas e escolas, distribuição de panfletos e cartazes, participação em Podcasts (anteriormente “PodCast”), jornais e redes sociais.

FV A atuação do Corpo de Bombeiros é essencial no combate aos incêndios. Qual é o nível de integração e coordenação entre a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros de Valinhos, especialmente durante eventos de grande proporção, como os que ocorreram na Serra dos Cocais e na Mata da Tapera?
EDUARDO A integração é total. Trabalhamos lado a lado, desde o monitoramento até a resposta. A Defesa Civil atua na coordenação e logística, enquanto o Corpo de Bombeiros comanda a linha de frente no combate. Esse trabalho conjunto garante maior eficácia e rapidez na resposta.

FV A parceria com órgãos como o Corpo de Bombeiros e a Guarda Ambiental e Polícia Ambiental é fundamental. Como a Operação Estiagem 2025 fortalece a comunicação e a logística entre essas equipes para garantir uma resposta mais ágil e eficaz?

EDUARDO Implementamos um sistema de comunicação direta entre os órgãos, agilizando o despacho de equipes. Também definimos pontos de apoio logístico, com água e equipamentos, próximos a áreas críticas, para reduzir o tempo de resposta.

FV Recentemente, o comando do Corpo de Bombeiros alertou sobre o perigo de bitucas de cigarro e outros resíduos. A Defesa Civil de Valinhos e o Corpo de Bombeiros têm alguma iniciativa conjunta para fiscalizar e conscientizar sobre esses pequenos atos que podem iniciar grandes incêndios?

EDUARDO Sim. Participamos de maneira integrada na Operação Corta Fogo do Estado de São Paulo, em reuniões de treinamento e capacitação para profissionais envolvidos nestes tipos de ocorrências. Realizamos campanhas conjuntas destacando justamente o impacto de pequenas atitudes. Também atuamos com a Guarda Civil Municipal e a Guarda Ambiental na fiscalização e na aplicação de penalidades previstas em lei, quando necessário.

FV Em um cenário de incêndios simultâneos ou de grande magnitude, como o que atingiu a Estação Ecológica Mata da Tapera e outros dois pontos na região, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros de Valinhos possuem um plano de contingência para alocação de recursos e solicitação de apoio de cidades vizinhas ou de outros órgãos?

EDUARDO Sim, em caso de ocorrências de médio e grande impacto, tanto o Corpo de Bombeiros, quanto a Defesa Civil, além das secretarias municipais e DAEV, também contam com apoio de equipes de outros municípios e órgãos quando necessário. Com essa (anteriormente “mesmo”) rede de apoio em cenários críticos, temos condições de resposta coordenada.

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Alternativa

Roseline D’Avila: O legado da bibliotecária de Valinhos

A Câmara Municipal de Valinhos realizou, na última quinta-feira, dia 21, uma emocionante cerimônia para homenagear Roseline D’Avila com o título de Cidadã Honorária, a maior honraria concedida pela cidade. Aos 81 anos, Roseline é reconhecida como a primeira bibliotecária do município e uma das principais responsáveis por moldar a cultura literária local.
Em uma entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, a homenageada relembrou sua jornada de 37 anos à frente da Biblioteca Municipal. Ela compartilhou os desafios de uma época sem internet e computadores, onde foi a responsável por catalogar e organizar o acervo para a população. Com toda a certeza, sua paixão pelos livros e a dedicação à educação transformaram o local em um refúgio para milhares de estudantes. A cerimônia na Câmara, por fim, marcou o reconhecimento oficial de sua trajetória e do impacto positivo que ela deixou na história cultural de Valinhos.

FOLHA DE VALINHOS A senhora está sendo homenageada com o Título de Cidadã Honorária, a maior honraria da cidade. O que significa, para a senhora, receber esse reconhecimento após tantos anos de dedicação à Biblioteca Municipal?

ROSE Jamais pensei trabalhar em Valinhos ou ainda morar nesta cidade. Mas o destino me trouxe a esta querida cidade que foi o meu “Porto Seguro”. Aqui me casei com o Fernando, tivemos dois filhos maravilhosos, família, amigos e durante 37 anos trabalhei com todo o meu afinco e dedicação para a formação de crianças e adolescentes. Foram certamente milhares que passaram pelas minhas mãos através da Biblioteca Pública Municipal Dr. Mário Correa Louzada.

FV A senhora foi a primeira bibliotecária de Valinhos em uma época em que não havia internet. Como era o trabalho de pesquisa e empréstimo de livros naquela época, e qual era a sua rotina para atender a população, especialmente os estudantes?

ROSE Na época não havia computadores e muito menos internet. Abrir um livro e folhear suas páginas era uma viagem maravilhosa. O trabalho era intenso uma vez que todos os livros eram catalogados para serem colocados nas estantes. Cada livro tinha o seu lugar e os alunos realizavam pesquisas e trabalho escolar, especialmente nas enciclopédias. Criamos também as carteirinha e o empréstimo domiciliar 10 dias para livros contos e romances e 15 dias para livros didáticos, com possibilidade de renovação. Caneta era proibida na Biblioteca, apenas lápis preto.

FV Conta a história que a inauguração da Biblioteca aconteceu de forma improvisada, com estantes emprestadas. Poderia nos contar um pouco sobre o desafio de montar a biblioteca do zero e como a senhora conseguiu superar essas dificuldades?

ROSE A Biblioteca foi inaugurada por ocasião da Festa do Figo pelo prefeito Luiz Bissoto em 17 de janeiro de 1971 e ficava em cima dos Correios. Como o tempo era exíguo conseguimos emprestar as estantes da Escola de Cade tes do Exercito para a inauguração.

FV A Biblioteca Municipal foi nomeada em homenagem ao Dr. Mário Correa Lousada, idealizador do projeto. A senhora teve a oportunidade de trabalhar com ele ou conhecer sua visão para a biblioteca? Como o legado dele influenciou o seu trabalho?
ROSE Dr. Mário Louzada liderava a comissão de Literatura e Biblioteca criada no final do governo do prefeito Vicente Marchiori e tendo como membros Dunga Santos, Alcides Acosta, Ademir Fazani, Amélio Borin, Telmo Marchiori, dona Zélia Louzada e José Bertarello. Com a morte do dr. Mário esta comissão resolveu homenagea-lo com a sua denominação, uma enorme conquista, uma vez que Valinhos não contava com uma biblioteca.

FV A campanha para a criação da biblioteca mobilizou a sociedade valinhense. Como a senhora percebia esse engajamento da comunidade e a importância da imprensa local, como a Folha de Valinhos, nesse processo?

ROSE A Folha de Valinhos, único semanário da época, através do jornalista Aparecido Portela, teve um papel primordial na divulgação da Biblioteca com várias reportagens , mobilizando as empresas na doação de recursos para a compra de livros e enciclopédias. Antes da inauguração este semanário publicava em destaque “Industrias doam 8 mil cruzeiros para a Biblioteca Pública”.

FV A senhora foi responsável pelos grandes concursos de prosa e poesia que revelaram talentos literários na cidade. Como esses eventos surgiram e qual era o impacto deles na vida cultural de Valinhos?

ROSE Na realidade foi o prof. Antonio Stopiglia que teve a idéia do concurso de Prosa, Poesia e Desenho da Capa e que com a participação das Escolas e toda a equipe da Biblioteca houve uma mobilização geral com enorme sucesso. Foram 12 anos com a publicação de livros em 10 edições, dentro das comemorações da Semana Nacional do Livro e da Biblioteca. Uma equipe de professores liderada pelo professor Muller julgava os trabalhos, livros impressos e a Noite de Autógrafo era especial

FV A biblioteca já funcionou em diferentes locais. Qual a sua lembrança mais marcante de cada um desses espaços e como a mudança de endereço afetou a experiência dos leitores e a dinâmica da biblioteca?

ROSE O primeiro local no Largo São Sebastião foi marcante pela sua referência. Mas a ida em 2001 para a Rua Itália para o antigo prédio da Casa da Cultura foi especial. Local amplo. Com várias salas, inclusive a criação da Biblioteca Infantil com um acervo de 17 mil livros, 600 vídeos, hemeroteca com as inúmeras pastas de recortes de jornais e um atendimentos de até 250 usuários diariamente, principalmente jovens estudantes.

FV Qual era a maior dificuldade em formar e manter um acervo relevante para a comunidade, e como a senhora trabalhava para resolver essa questão?

ROSE Como Bibliotecária precisava ficar muito atenta aos novos lançamentos de livros, revistas e jornais. Apesar da verba ser escassa, bem pouca, procurávamos comprar obras atuais já que a busca era intensa pelos usuários ávidos por leitura e pesquisa de trabalhos escolares.

FV A Biblioteca de Valinhos completa 55 anos no dia 16 de janeiro. Qual a sua principal lembrança sobre o aniversário da biblioteca e o que essa data significa para a senhora?

ROSE São muitas lembranças ao longo dos 37 anos à frente da Biblioteca como a presença do internacional Flávio de Carvalho no prédio do Largo São Sebastião, do Palhaço Arrelia, a parceria com a Secretaria de Cultura e Turismo para a escolha do Concurso do Hino Oficial de Valinhos, além da implantação da Hora do Conto, e tantos outros inúmeros eventos. Vale salientar que as primeiras reuniões da Nova Escola, hoje Colégio Inovati aconteceram na Biblioteca e fomos nós, Pedro Celso Alves e eu que pedimos o terreno onde está a escola para a querida e saudosa Heloisa de Carvalho.

FV A senhora acompanhou a evolução da biblioteca por décadas. Na sua visão, quais foram as mudanças mais significativas ao longo dos anos e como a biblioteca se adaptou à chegada da tecnologia e da internet?

ROSE Quando me aposentei foi a época que chegaram os primeiros computadores. Assim foi muito pequena a minha participação nessas novas tecnologias. Minha grande companheira foi a boa e velha máquina de escrever. Muitos afirmaram que a chegada da era digital iria acabar com os livros impressos. Apesar da diminuição considerável do prelo, o livro impresso é maravilhoso, folhear suas páginas, sentir o cheiro do livro novo e percorrer as estantes das bibliotecas e até mesmo bons sebos, só nos deu grandes alegrias.

FV Qual a mensagem mais importante que a senhora gostaria de deixar para os jovens de hoje, que têm acesso a um universo de informações digitais, sobre a importância da leitura e do livro físico?

ROSE Antes de encerrar quero agradecer aos vários funcionários e patrulheiros que passaram ao longo dos anos pela Biblioteca Pública Municipal Dr. Mário Correa Louzada. Não vou citar nomes, pois certamente irei esquecer de alguns, mas tenham certeza uma equipe maravilhosa ao logo dos anos nos acompanhou.

O mundo passou por inúmeras transformações, especialmente na era digital, mas somente a educação transforma as pessoas e diminui as desigualdades sociais. “A leitura é para o intelecto o que o exercício é para o corpo“ Josep Addison.

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Brasil e Mundo

Bancos brasileiros podem ser punidos por cumprir sanções dos EUA, diz Moraes

Ministro do STF ressalta que instituições financeiras em território brasileiro não podem acatar ordens de bloqueio da Lei Magnitsky sem autorização judicial brasileira

Em uma entrevista concedida à Reuters nesta quarta-feira, dia 20, em Brasília, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, alertou que bancos e instituições financeiras no Brasil podem enfrentar sanções se cumprirem ordens de bloqueio de ativos vindas do governo dos Estados Unidos.

O ministro, de fato, enfatizou que as instituições brasileiras não têm autoridade para aplicar internamente medidas como as previstas na Lei Magnitsky.

“Se os bancos resolverem aplicar a lei internamente, eles não podem. Eles podem ser penalizados internamente”, declarou.

As sanções dos EUA contra Moraes foram impostas no mês anterior, sob a Lei Magnitsky, que é um instrumento legal norte-americano para aplicar restrições a supostos violadores de direitos humanos.

Essa lei, sobretudo, permite o bloqueio de contas e ativos financeiros nos EUA, proíbe transações com empresas americanas no Brasil e impede a entrada de pessoas sancionadas no país. Contudo, as sanções tiveram um impacto limitado no caso do ministro, já que ele não possui bens ou contas nos Estados Unidos e, além disso, raramente viaja para o país.

Moraes classificou o uso da lei contra ele como “totalmente equivocado”. Ele ressaltou que esse “desvio de finalidade” pode, em resumo, criar uma situação difícil para as instituições financeiras brasileiras, além de seus parceiros e empresas americanas que operam no Brasil.

Por fim, o ministro revelou que espera que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reverta as medidas anunciadas contra ele. Ele acredita que a justiça americana reverteria a decisão, mas, por ora, opta por aguardar a resolução diplomática entre Brasil e EUA.

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Esportes

Em entrevista, secretário de Esportes e Lazer fala sobre o “novo tempo” do esporte em Valinhos

Ex-jogador da Seleção Brasileira e atual Secretário de Esportes e Lazer de Valinhos, Renato Florêncio assumiu a pasta em janeiro com a promessa de um “novo tempo” para a área. Passados quase sete meses de sua gestão, a Folha de Valinhos conversou com o Secretário para fazer um balanço do trabalho realizado, os desafios enfrentados e as perspectivas futuras para o esporte e o lazer na cidade. Na entrevista, Renato Florêncio aborda a reestruturação das escolas de iniciação esportiva e a ampliação da oferta de aulas, além do sucesso do projeto “Movimenta Valinhos”, que tem levado atividades para os bairros. Ele detalha a valorização do futebol amador, a parceria inédita com o Clube Hyper para a formação de jovens atletas e a importância da entrega do novo Clube Municipal. Florêncio também compartilha como sua experiência no esporte profissional influencia sua gestão e os planos para os próximos meses, incluindo a consolidação do “Movimenta Valinhos” e a mudança da sede da Secretaria para o Clube Municipal

FOLHA DE VALINHOS O senhor assumiu a pasta em janeiro com a proposta de um “novo tempo” para o esporte e lazer em Valinhos. Passados quase sete meses, qual é a sua principal avaliação do trabalho realizado até agora, e quais são os maiores desafios que a Secretaria enfrentou nesse período?
RENATO A avaliação até aqui é muito positiva. Atendendo a orientação do nosso prefeito Franklin, nós reorganizamos e ampliamos a oferta de aulas nas nossas escolas de iniciação esportiva e colocamos a secretaria na rua, com o Movimenta Valinhos e com o fechamento da Altino Gouveia aos domingos para a prática de atividades esportivas e de lazer. Estamos valorizando também a formação de atletas, com as parcerias do projeto do voleibol e, agora, com o Hyper Valinhos no futebol. Conquistamos o Clube Municipal para a municipalidade, o que também é um marco pra nós.

Nossos principais desafios foram o desajuste do orçamento e a desorganização que encontramos a partir da gestão anterior. As verbas foram quase todas contingenciadas e removidas da nossa pasta. Ajustamos a carga horária dos nossos professores para ampliar o atendimento à população. Aos poucos, estamos colocando a casa em ordem e o aumento da oferta das aulas já é uma prova de que temos um grande potencial para crescer.

FV O projeto “Movimenta Valinhos” tem levado esporte e lazer para os bairros da cidade. Como a iniciativa tem sido recebida pela população, e de que forma a Secretaria planeja expandir essa presença e impacto nas diferentes regiões do município?
RENATO O Movimenta Valinhos é um grande sucesso. Começamos com a temporada de verão no CLT, fazendo três semanas seguidas e já realizamos outras edições no Jardim Paraíso e no Centro. Agora, no dia 16 de gosto, teremos mais uma na Praça Washington Luís. A população recebe bem e com alegria, porque é uma oportunidade de ter contato com diversas atividades diferentes e, com certeza, despertar para a necessidade de se movimentar e se cuidar.

FV O Campeonato de Futebol Amador de Valinhos é uma tradição na cidade e é considerado um dos maiores do interior. Qual a importância desse torneio para a cultura esportiva local, e quais os planos da Secretaria para valorizar e fortalecer ainda mais a competição e as equipes participantes?
RENATO Nosso futebol amador tem história e é um patrimônio da cidade e da região. Este ano pegamos as equipes desmotivadas e tristes com a falta de respaldo dos últimos anos. Estamos ”roendo o osso” este ano, tendo que fazer ajustes nas competições. Mas, para 2026, por exemplo, teremos a Primeira Divisão do Amador com 16 equipes e jogos acontecendo todos os domingos em sete praças esportivas da cidade. Estamos firmando parcerias com prefeituras de cidades vizinhas para criar torneios regionais, também a partir do ano que vem. A retomada do uso campo do Clube Municipal (antiga ADC Rigesa), agora como um patrimônio do povo de Valinhos, é igualmente um marco desse nosso trabalho de valorização do futebol amador na cidade.

FV Na semana passada, Valinhos anunciou uma parceria inédita com o Clube Hyper, de origem norte-americana. Poderia nos explicar o que essa parceria significa para o esporte valinhense, especialmente para a formação de jovens atletas?
RENATO Significa um salto de qualidade na formação dos atletas e um ganho para a visibilidade do município. É uma honra para Valinhos sediar esse projeto e uma alegria para a Prefeitura oferecer um apoio para essa iniciativa.

O Hyper traz inovação, um potencial de crescimento fantástico e uma retaguarda de estrutura incrível. A parceria com a Prefeitura vai permitir mais acesso e uma oportunidade privilegiada para que novos talentos sejam revelados no futebol.

FV Além do futebol, a Secretaria oferece diversas modalidades esportivas para a população. Como o trabalho de base em esportes como vôlei, basquete, judô e natação pode contribuir não apenas para o surgimento de novos atletas, mas também para o desenvolvimento de valores como disciplina e trabalho em equipe nos jovens?
RENATO Esporte é convivência. Mesmo as modalidades que são disputadas especialmente solo, como as provas individuais de natação, tênis, judô, enfim, precisam de um espírito de respeito ao outro, ao treinador, ao adversário, ao companheiro de treino. Nosso projeto de ginástica artística, que está em andamento no espaço da Secretaria no antigo SESI 299, é uma prova do resultado desse engajamento. Se não desenvolvermos valores de cooperação e disciplina, o próprio desempenho esportivo vai ficar a desejar.

FV A entrega do novo Clube Municipal – antigo ADC Rigesa – foi um marco recente para a cidade. Como a nova estrutura vai impactar o cenário esportivo de Valinhos, e qual a importância desse espaço para a realização de eventos, treinamentos e para a comunidade em geral?
RENATO O prefeito Franklin marcou um golaço de gestão com essa entrega do Clube Municipal. Se fôssemos parar para construir toda aquela infraestrutura do zero, demoraríamos mais de uma década, com certeza.

Neste primeiro momento, o gramado do Clube já está disponível para a realização de partidas das competições organizadas pela Prefeitura. Agora estamos terminando o planejamento para fazer as adequações nos jardins, na área da churrasqueira e nos complexos de salas anexas ao ginásio. Em breve vamos levar a estrutura administrativa da Secretaria para lá e dar pleno uso aos espaços.

FV A sua própria trajetória demonstra como o esporte pode ser um instrumento de transformação social. Como a Secretaria de Esportes e Lazer trabalha para garantir que os projetos e as modalidades oferecidas sejam acessíveis a todos, independentemente da condição social, e atuem como ferramenta de inclusão?
RENATO O primeiro elemento é gratuidade. Depois o esforço de descentralização, com atividades desenvolvidas em escolas e espaços da municipalidade. Fizemos este ano o festival de basquete 3xe e teremos, ainda neste segundo semestre, a Copa Valinhos de voleibol masculino e feminino – eventos feitos na base da parceria e com a dedicação da nossa equipe. E não posso deixar de mencionar os projetos incentivados, que trazem financiamento e recursos adicionais para ampliarmos a oferta das atividades e atendermos o maior número possível de pessoas. Aqui faço um destaque para o projeto de natação para pessoas com deficiência, mantido pelo Daniel Dias. Em Valinhos ele atende 100 famílias com atenção individualizada – algo que o poder público teria imensa dificuldade em fazer. Também graças aos projetos de incentivo já apoiamos a realização de três corridas de rua na cidade este ano, e temos outras duas programadas ainda para 2025.

FV Como a sua experiência como jogador profissional no Santos, na Seleção Brasileira e na Europa se reflete na sua gestão como secretário? De que forma a vivência de atleta o ajuda a entender as necessidades e desafios do esporte em Valinhos?
RENATO O ponto inicial é a compreensão do espírito de equipe e do trabalho em conjunto. Temos uma equipe altamente dedicada e esforçada pra melhorar os processos e fazer sempre mais, mesmo com a limitação dos recursos. Meu adjunto Tiago, os diretores, coordenadores e professores têm mostrado de fato que estão aqui como servidores da nossa cidade. E esse valor de trabalhar coletivamente pelo bem das pessoas que vivem em Valinhos deve ser uma constante da nossa mentalidade.

FV Além da formação de atletas, o lazer é um pilar importante da sua Secretaria. Quais ações a pasta tem planejado ou implementado para incentivar a prática de atividades físicas recreativas para todas as idades, do público infantil à terceira idade?
RENATO Além do Movimenta Valinhos, que já mencionei, nós temos as atividades para a terceira idade, oferecidas tanto no Centro de Convivência do Idoso quanto em outros espaços. Além disso, com as crianças, temos as aulas de modalidades nas escolas e nas praças esportivas para motivar e integrar os pequenos. Nossas atividades de natação e hidroginástica também merecem destaque – inclusive, esse ano, ampliamos a oferta de vagas depois de muitos anos. É um trabalho feito com muita dedicação para que as pessoas tenham orgulho de morar aqui com qualidade de vida.

FV Olhando para os próximos meses, quais são as principais metas e projetos que a Secretaria de Esportes e Lazer busca consolidar até o final do ano?
RENATO Temos duas grandes metas até o fim do ano. A primeira é consolidar o Movimenta Valinhos como um evento de motivação para a atividade física. Estamos trabalhando para que esse projeto amadureça a ponto de ter uma periodicidade definida e um calendário anual. Além disso, nosso segundo grande objetivo é concretizar até dezembro a mudança da sede da Secretaria para o Clube Municipal e dar vazão a todo o potencial de uso que aquele espaço permite para nossa população.

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Terceiro Setor

Atados e Valinhos Solidária: Uma parceria para transformar vidas 

Em entrevista exclusiva, Daniel, cofundador da Atados, revela as motivações por trás da plataforma que conecta voluntários a causas sociais, e detalha como a parceria com Valinhos visa impulsionar o engajamento e a profissionalização do terceiro setor na cidade

FOLHA DE VALINHOS Daniel, a ATADOS já tem mais de 10 anos de compromisso com o impacto social. Qual foi a principal motivação para criar a plataforma e qual a sua visão para o papel do voluntariado na sociedade brasileira?

Daniel Minha motivação veio do âmbito pessoal. Eu queria me envolver mais em causas sociais e não sabia exatamente como. A partir daí veio a ideia de criar um site de voluntariado e quando conhecemos as ONGs para validar a ideia nos apaixonamos pelo setor social. Isso foi há 12 anos atrás e até hoje me surpreendo com o poder de transformação das pessoas e toda mobilização que o Atados e as ONgs realizam com o voluntariado. Mesmo com o nosso crescimento, minha motivação permanece, com a missão de levar o voluntariado para mais e mais pessoas

FV A ATADOS conecta milhares de pessoas a oportunidades de voluntariado e já realizou mais de 550 projetos com empresas. Quais são os principais desafios de escalar essa conexão e como a ATADOS garante a qualidade e o impacto dessas parcerias?

Daniel O desafio de escala está principalmente em 2 pontos: de um lado a necessidade de uma melhor gestão de voluntários das ONGs e uma busca por profissionalização do setor, em que atuamos com capacitações, formações e atuação direta e de outro a cultura de voluntariado do Brasil, que ainda está em 4%. Contra por exemplo uma taxa de 25% dos EUA.

FV Durante o lançamento do Programa Valinhos Solidária, você mencionou quatro pilares para a gestão eficiente do voluntariado: acreditar nas pessoas, comprometer-se, estruturar o programa e ter um propósito claro. Poderia detalhar como esses pilares se aplicam no dia a dia da ATADOS e o que Valinhos pode aprender com essa experiência?

Daniel Os 4 pilares são princípios de engajamento social para se atuar com voluntários, em todos eles está conectado o propósito daquela ação. Isso porque o voluntariado é sempre conectado ao propósito. A ONG precisa acreditar no potencial transformador do voluntariado para o voluntário e a sociedade e o voluntário precisa se engajar naquela causa que tem sinergia com suas crenças e valores

FV O Programa Valinhos Solidária é uma parceria importante para a ATADOS, saindo de São Paulo para se tornar um “case de sucesso” aqui. Quais são as expectativas da ATADOS para essa colaboração com a FEAV e o que torna Valinhos um terreno fértil para o desenvolvimento do voluntariado?

Daniel Valinhos já é uma cidade preparada para o voluntariado. A FEAV faz um papel importante de formação das ONgs da cidade. O setor público parece engajado em causas latentes da sociedade e pelo porte da cidade, a comunicação e engajamento com faculdades, escolas, empresas e igrejas se torna mais fácil e pode escalar a atuação na cidade, tornando o programa um case para outras localidades do Brasil

FV A FEAV não é assistencialista, mas sim foca no assessoramento das entidades. Como a expertise da ATADOS em gestão e consultoria em responsabilidade social pode complementar e fortalecer a atuação da FEAV no Programa Valinhos Solidária?

Daniel Acreditamos que o voluntariado pode ser um grande aliado na profissionalização e geração de impacto das ONGs e trazemos a nossa expertise ao longo desses anos para facilitar a atuação das ONGs locais. Assim se torna mais fácil e eficiente a atuação transformadora do voluntariado

FV Com o lançamento do programa, espera-se que mais pessoas se interessem em atuar como voluntárias em Valinhos. Que conselhos você daria para quem está começando a se voluntariar e como a ATADOS ajuda a despertar essa atuação social?

Daniel Voluntariado deve estar conectado ao seu propósito e pode ser um meio de desenvolvimento pessoal, convido a entrar no site do Atados e descobrir as diversas possibilidades para se tornar voluntário

FV A ATADOS promove cursos e encontros sobre o Terceiro Setor. Há planos de trazer essa frente de capacitação para Valinhos, seja em parceria com a FEAV ou de forma independente, para fortalecer o ecossistema local de voluntariado?

Daniel Sim! E já estamos fazendo isso capacitando as ONGs para estarem preparadas para o lançamento do programa de voluntariado. Além disso, fazendo parte da rede do atados, as ONGs passam a ter acesso a todos os recursos dos parceiros Atados, como guias grupos de trocas, formações e conexões com empresas

FV Olhando para o futuro do voluntariado, especialmente pós-pandemia, você percebeu alguma mudança significativa no perfil dos voluntários ou nas demandas das organizações sociais? Como a ATADOS se adapta a essas novas realidades?

Daniel Após a pandemia pudemos atuar de forma online no Brasil todo.

Em Valinhos já temos ações com contribuição de voluntários online por exemplo na comunicação da ONG Patrulheiros, além de muitas outras frentes que podem ser executadas online

FV A ATADOS atua em diversas causas e compartilha conhecimento. No contexto de Valinhos, quais causas ou áreas você acredita que têm maior potencial para serem impactadas positivamente pelo Programa Valinhos Solidária?

Daniel Acredito que as causas de atendimento direto tem mais aderência ao voluntariado, mas o voluntário especialista também possui a possibilidade de desenvolver habilidades que pode ser úteis até na sua vida profissinal, então acredito em todas as formas de voluntariado

FV Para finalizar, que mensagem você gostaria de deixar para os moradores de Valinhos e para as entidades assistenciais da cidade sobre o poder transformador do voluntariado e a importância de iniciativas como o Valinhos Solidária?

Daniel De uma chance para o voluntariado. Através dele você poderá se conectar com seu propósito e experiênciar diferentes realidades

Comece já!

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Terceiro Setor

César Braghetto das ACOVIDAS fala sobre o Dia do Imigrante e do Refugiado

Valinhos, uma cidade com forte DNA de acolhimento e diversidade, celebra um novo marco em sua história: a sanção da Lei Municipal 6.724/2025, que institui o Dia do Imigrante e do Refugiado em 25 de junho. Essa data, de profundo simbolismo, reforça o compromisso da cidade com a inclusão e o reconhecimento daqueles que, vindos de outras terras, contribuem para o mosaico cultural e social valinhense. Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, César Braghetto, presidente da ACOVIDAS, que há seis anos transforma a vida de mais de 400 pessoas, fala que a organização foi a grande impulsionadora dessa lei e que será “um marco importante para nossa cidade”

FOLHA DE VALINHOS Sobre a Lei Municipal 6.724/2025: Presidente, Valinhos agora celebra oficialmente o Dia do Imigrante e do Refugiado em 25 de junho. Qual a importância dessa lei para a ACOVIDAS e para a comunidade de imigrantes e refugiados em Valinhos?

CESARBRAGHETTO  Essa Lei foi uma solicitação e ACOVIDAS e será um marco importante para nossa cidade de Valinhos e mesmo que o dia 20 de junho já ser lembrado como o Dia Mundial dos Refugiados instituído pelas ONU e no Estado de SP é o dia 25 de Junho, em Valinhos foi decidido criar também e ampliar o tema para o dia 25 de junho o Dia do Imigrante e do Refugiado para homenagear nossa cidade com todos aqueles que fizeram e fazem parte da criação anterior e atual do município na era moderna na inclusão e acolhimento de todos os povos.

FV A lei tem como objetivos reconhecer a contribuição, promover a diversidade, fomentar a inclusão e conscientizar a população. Como a ACOVIDAS planeja se engajar ativamente nessas celebrações, e quais atividades a associação espera promover, ou ver promovidas, para atingir esses objetivos?

CESAR Sempre a ACOVIDAS ACOLHIMENTO SEM FRONTEIRAS promove e fomenta o tema de refugiados e acolhimento na cidade dentro de ações sociais ou participações na câmara municipal ou ainda em festividades locais e com essa Lei podemos evoluir em atender melhor os direitos dos refugiados no município e quebrar barreiras de preconceitos xenofóbicos e trazer a cultura e colunaria e trabalho local para nossa cidade nas parcerias com ACOVIDAS.

Nosso sonho será um dia ter em Valinhos a Festa da Nações nessa data para incluir todos os imigrantes e refugiados em mostrar sua arte, cultura e culinária para toda a cidade de Valinhos.

FV A ACOVIDAS já atua há seis anos, transformando a vida de mais de 400 pessoas. Com a nova lei, o senhor acredita que o apoio do Poder Público pode se intensificar? De que forma essa parceria pode impulsionar ainda mais o trabalho da ACOVIDAS?

CESAR Ainda com a nova lei e o reconhecimento da Casa Legislativa e do Governo Municipal, pretendemos com ACOVIDAS criar mais inteiração e comunicação direta da Associação ACOVIDAS com os entes públicos como o CRAS, Fundo Social, Creches, Escolas e até PAT, para agilizar ações de necessidades dos membros novos e integração social de acordo com as leis de Migração (13.445./2017) e do Refúgio (9.474/97) para garantir seus direitos, acessos e movimentação deles e seus entes na sociedade.

FV O drama dos refugiados neste século XXI é sentido em todo Planeta, sobretudo por conta de conflitos ou países com regimes autoritários e que obrigam parte de sua população a se deslocar pelo mundo. Ao longo desses anos de trabalho de acolhimento, como o senhor avalia a receptividade e o acolhimento da população valinhense em relação a essas pessoas.

CESAR Valinhos é uma cidade solidária, acredito por ser formada por imigrantes Italianos, japoneses entre outras nações e também internamente por pessoas de vários estados do Brasil como nordestinos e outros, com isso a população já é bem diversificada mas com os refugiados é de certa forma uma novidade mundial de nosso século e que chegou na cidade nos últimos anos sendo bem acolhida desde as crianças refugiadas nas escolas quanto os adultos nas moradias e trabalho com os brasileiros.

FV Um dos pilares do trabalho da ACOVIDAS é a empregabilidade, e o senhor já destacou que “o trabalho é fundamental para a autonomia e a dignidade das pessoas”. Com a crescente procura de cidades vizinhas por esse modelo, como a ACOVIDAS planeja expandir esse projeto e continuar sendo uma ponte entre imigrantes/refugiados e o mercado de trabalho?

CESAR A Associação ACOVIDAS conforme mencionado no site ACOVIDAS.ORG dentro de sua missão, visão e valores, trabalha com quatro pilares que denominado sistema APIS sendo Acolher, Proteger, Incluir e Superar e dentro de cada um temos programas de ajuda humanitária de acordo com as prioridades.

Nosso primeiro pilar de ACOLHIMENTO é quando chegam e necessitam de mais ajudas tanto de cesta de alimentos, capacitação da língua, documentação, encaminhamento para o primeiro emprego nas empresas parceiras de ACOVIDAS e outras necessidades com as crianças e saúde

FV O projeto ACOLETRAS, em parceria com a FEAV, oferece aulas de português para 50 alunos. Qual o impacto direto dessas aulas na vida dos acolhidos, e quais são os planos para expandir ou aprimorar esse programa?

CESAR Na FEAV nasceu um de nossos melhores projetos para a primeira necessidade deles que é aprendizado do idioma português. Com isso em 2024 iniciamos na FEAV com total apoios deles e utilização do espaço local o curso de Português para estrangeiros com o projeto ACOLETRAS. Depois mudamos para onde chamamos de Centro de ACOVIDAS que é no Centro Comunitário do Palmares onde concentram muitos refugiados. Ali capacitamos já mais de 200 refugiados e semanalmente fazemos nossas aulas e encontros de capacitação e distribuição de doações;

FV Em relação aos jovens, de que forma a ACOVIDAS garante o desenvolvimento integral desses jovens, e quais são os maiores desafios para integrá-los à realidade de Valinhos?

CESAR Temos grande preocupação com a proteção de crianças e jovens de ACOVIDAS e são muitos, em torno de mais de cento e 120 e procuramos fazer ações sociais com ajuda de outras ONGs e parcerias para o esporte e entretenimentos quando possível, mas especialmente reforçar e ajudar na educação básica, secundária e encaminhamento para o primeiro emprego com incentivo a programa de jovem aprendiz e outras capacitações que são oferecidas gratuitamente.

Um desafio é garantir trabalho e renda e moradia para seus pais e responsáveis para que possam assegurar o jovem no trabalho parcial, sem abandonar os estudos na sua formação acadêmica para um futuro melhor. Ainda precisamos de mais empresas na cidade que possam abrir oportunidades para contratar os jovens de ACOVIDAS

FV Apesar do trabalho essencial, o senhor menciona a falta de recursos financeiros e o desafio de a ACOVIDAS não ser uma entidade legalizada. Como essa condição afeta a busca por apoio e o desenvolvimento de novos projetos, e quais são os planos para superar essa barreira?

CESAR A Associação ACOVIDAS acolhimento sem fronteiras ajuda humanitária de Valinhos ainda é um projeto social, porém reconhecido pela Câmara Municipal com importância para a cidade e com isso ajudaram ACOVIDAS a iniciar seu processo de registro para ONG legalmente como OSC e o escritório VEIGA está dando todo apoio legal para esse objetivo que esperamos ter até final de 2025. Mas realmente é um desafio sem recursos próprios manter um projeto para atender muitas pessoas com suas vulnerabilidades e necessidades especiais extremas em alguns casos. Temos muitos condomínios amigos de ACOVIDAS que fazem doações de roupas, sapatos e moveis usados que ajudam eles atender algumas emergências mas ainda precisamos mais porque o poder publico ajuda dentro da lei e muitas vezes eles têm necessidades emergenciais de alimentos e saúde que não podem esperar e nesse ponto entra ACOVIDAS como uma mão amiga que cuida até o poder publico poder atender em seu tempo que muitas vezes não são o que eles precisam.

FV A ACOVIDAS atende diversas nacionalidades – cubanos, venezuelanos, haitianos, africanos. Existem desafios específicos ou abordagens diferentes para cada um desses grupos, considerando suas culturas e necessidades?

CESAR ACOVIDAS nasceu atendendo demandas dos primeiros refugiados em 2018 sendo os haitianos, africanos, venezuelanos, cubanos e até marroquinos que chegaram por último. Realmente entender as diferentes culturas ajuda em atender melhor suas expectativas de como incluir especialmente que tipo de trabalho podem exercer melhor. Muitos são altamente capacitados como médicos, advogados, engenheiros e professores, mas que infelizmente ocupam funções fora de sua capacitação ou por falta de lei que reconheça ou por falta de oportunidade devido a língua ou vontade de acolher e ajudar profissionalmente.

FV A Associação tem se destacado também na integração cultural, citando exemplos como o cantor Guipson Pierre e os artistas cubanos Yoel e Lira Rodriguez. Qual a importância da arte e da cultura nesse processo de acolhimento e como isso contribui para a valorização da diversidade em Valinhos?

CESAR Sim, ACOVIDAS tem dois princípios: Não assistencialista e sem ideologia para que eles possam chegar e ter respeitado seu direito de pensar ideologicamente, de crença, cultura e ainda fomenta que sejam conhecidas sua arte e talento na cidade. Com isso Valinhos já pode conhecer o trabalho dos pintores cubanos Yonel e Lira nas praças e muros da cidade e também o cantor haitiano Guipson Pierre nos bares e eventos musicais desde sua trajetória que ajudamos ele quando participou do The Voice Brasil em 2018.

FV Para finalizar, qual a mensagem principal que o senhor gostaria de deixar para os moradores de Valinhos sobre a importância de acolher e apoiar imigrantes e refugiados, especialmente agora com a instituição do Dia do Imigrante e do Refugiado?

CESAR  Gostaria primeiramente de agradecer a Valinhos pelo acolhimento dos refugiados na cidade e que nosso compromisso é receber quem chega por meio de amigos e familiares até que possamos conseguir moradias e trabalho e capacitação profissional. Não incentivamos chegadas sem aviso prévio e não ajudamos os que pedem dinheiro na rua que não são de ACOVIDAS e que geralmente saem de Campinas e ficam durante o dia e voltam e não querem um trabalho formal então saem fora da missão nossa de acolher para superar.

Ajuda de voluntários para o projeto, ofertas de vagas de trabalho e receber doações é muito importante para dar continuidade nas necessidades básicas e emergenciais e todos que querem ajudar e obter mais informações do contato pode entrar no site ACOVIDAS.ORG porque podemos dizer que em se tratando de ajuda humanitária NOSSO PAÍS É O MUNDO E NOSSO IRMÃO É O PROXIMO.

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Saúde

Reabilitação e esperança para superar o acidente vascular cerebral

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma condição desafiadora que impacta milhares de vidas. Em Valinhos, o projeto SOS AVC Valinhos surge como um farol de esperança, oferecendo reabilitação multidisciplinar e acolhimento essenciais a pacientes e suas famílias. Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, Ana Cláudia Scavitti, coordenadora do SOS AVC Valinhos, detalha o funcionamento do programa, os desafios superados e os planos ambiciosos para ampliar o alcance e a conscientização sobre o AVC em nossa comunidade

FOLHA DE VALINHOS Ana Cláudia, o projeto SOS AVC Valinhos oferece uma série de atendimentos, como estimulação cognitiva, fonoaudiologia e fisioterapia. Poderia detalhar um pouco mais sobre como funciona a triagem e o processo de adesão para que os pacientes possam ter acesso a essa gama de serviços?
ANA CLAUDIA SCAVITTI O programa oferece atendimento para pessoas acometidas pelo AVC e suas famílias, na reabilitação e apoio familiar. A triagem é feita após o acolhimento inicial e o preenchimento, por parte do paciente, do termo de adesão.

FV Um dos pilares do SOS AVC Valinhos é a busca por oferecer autonomia e qualidade de vida aos pacientes, além do acolhimento às famílias. Como vocês percebem e medem esse impacto na vida das pessoas atendidas e de seus familiares?
ANA CLAUDIA Ainda não é possível mensurar, mas podemos observar, nos primeiros atendimentos, que o acolhimento na visão global do paciente, frente às suas necessidades, já é um impacto positivo para ambos (paciente e família).

FV O projeto foi lançado em outubro de 2024 e, vemos que os atendimentos começaram recentemente, em 5 de maio. Qual foi o maior desafio para colocar o SOS AVC Valinhos em prática e iniciar os atendimentos?
ANA CLAUDIA O maior desafio foi a construção da rede de parcerias e o levantamento de dados sobre o AVC e trabalhos realizados no município, por se tratar de um tema pouco explorado e que hoje se faz necessário, diante do avanço da doença. Outro desafio foi a captação de voluntários especializados para o início dos atendimentos.

FV A senhora já destacou a importância da reabilitação pós-AVC. Na sua visão, quais são os principais benefícios da reabilitação multidisciplinar oferecida pelo SOS AVC Valinhos, e como ela se diferencia de outros tipos de suporte?
ANA CLAUDIA O diferencial do SOS AVC encontra-se na visão integral do paciente, buscando atendê-lo em todos os aspectos: físico, emocional e mental, e na integração da equipe voltada para essa visão do todo, buscando maior alcance do objetivo proposto para o paciente.

FV O projeto conta com o engajamento de voluntários e profissionais qualificados. Como funciona o processo para que novos voluntários e parceiros possam se juntar à equipe do SOS AVC Valinhos? Qual o perfil que vocês buscam?
ANA CLAUDIA Os interessados em fazer parte da nossa equipe de voluntariado podem acessar o programa através do Instagram do SOS AVC (@sos.avcvalinhos) e preencher a ficha de inscrição disponibilizada no link. Buscamos profissionais que se identifiquem com o tema.

FV O Projeto menciona a importância da prevenção de doenças cardiovasculares e AVC. Além dos atendimentos de reabilitação, o SOS AVC Valinhos planeja expandir as ações de conscientização e prevenção para a comunidade de Valinhos?
ANA CLAUDIA O SOS AVC tem como um dos eixos de atuação a prevenção e a conscientização, e já executa isso através de rodas de conversa, campanhas informativas, palestras e mídias sociais.

FV O livro “Anjos da Vida”, do idealizador Paulo Sérgio Paschoal, foi a base para a criação do Projeto. A história do Paulo é inspiradora e de superação. Como ela contribui para os avanços do projeto?

ANA CLAUDIA O livro trouxe ao Paulo inspiração para a criação do SOS AVC, trazendo o tema para discussão e conscientização da importância da informação e prevenção dos fatores de risco para o AVC, sensibilizando a população para o autocuidado com a saúde, alertando sobre os principais sinais e sintomas. E com a venda do livro, captamos recursos para a manutenção do programa.

FV A FEAV acolhe o projeto em sua sede. Como essa parceria com o Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos tem sido fundamental para o desenvolvimento e a sustentabilidade do SOS AVC Valinhos?
ANA CLAUDIA A parceria da FEAV é fundamental para que o SOS AVC aconteça, pois fornece o local onde é executado o programa, apoio administrativo, captação de recursos materiais necessários para o atendimento dos pacientes e suas famílias, além de assessoramento na implantação e desenvolvimento do programa.

FV Considerando que o AVC é um problema de saúde pública, como o SOS AVC Valinhos pretende atuar em conjunto com a rede pública de saúde de Valinhos para ampliar o alcance e a eficácia dos atendimentos e da conscientização?
ANA CLAUDIA O SOS AVC já trabalha em conjunto com a Secretaria de Saúde, atendendo aos pacientes que já passaram por avaliação e atendimento na rede pública, mas ainda necessitam de acompanhamento complementar em diversas áreas para sua total reabilitação.

FV Olhando para o futuro, quais são os próximos passos e metas do SOS AVC Valinhos? Há planos para expandir os serviços oferecidos ou para alcançar um número maior de pacientes?
ANA CLAUDIA * Ampliar a conscientização do tema AVC e formas de prevenção através das UBSs, escolas públicas e privadas, e da população em geral;
* Capacitação das equipes de linha de frente no reconhecimento dos principais sinais e sintomas do AVC e agilização no atendimento. Aprofundamento técnico sobre o tema para os profissionais que atuam diretamente com o paciente pós-AVC, possibilitando melhores estratégias integradas de ação no atendimento e prevenção da doença;
* Implantação de uma porta de entrada especializada em AVC no serviço de emergência.

Pretendemos expandir os serviços oferecidos de acordo com as demandas de atendimentos apresentadas pelos pacientes que são encaminhados ao SOS AVC.

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Valinhos

Professor Zeno Rueldell fala sobre o Junho Violeta e o combate à violência contra o idoso

Valinhos, cidade conhecida pela longevidade de sua população, reforça, neste Junho Violeta, o compromisso com a proteção de seus idosos. Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, o presidente do Conselho Municipal dos Direitos do Idoso (CMDI), professor Zeno Ruedell, destaca a importância da campanha de combate à violência, que, lamentavelmente, tem crescido de forma alarmante. Ele aborda os diversos tipos de agressões sofridas pelos idosos, desde a violência física e psicológica até o abuso financeiro e a negligência. Zeno Ruedell enfatiza o papel crucial da recém-aprovada Lei Municipal nº 6.668/24, que institui a Política Municipal da Pessoa Idosa, como um marco na garantia de direitos e no combate a esses abusos. O professor também detalha as ações do CMDI, incluindo a distribuição da Cartilha da Pessoa Idosa e a atualização do Fluxograma da Violência Local, ferramentas essenciais para empoderar a população idosa e facilitar as denúncias, sempre com total sigilo. A entrevista revela os desafios e avanços de Valinhos na busca por um envelhecimento ativo, saudável e livre de violência

FOLHA DE VALINHOS Professor Zeno, estamos no Junho Violeta, mês de combate à violência contra a pessoa idosa. Qual a importância dessa campanha para Valinhos e quais são os principais tipos de violência que o Conselho Municipal dos Direitos do Idoso (CMDI) observa na cidade?

PROFESSOR ZENO A população de pessoas com 60 ou mais anos no mundo e, também no Brasil, tem aumentado muito nos últimos anos. Lamentavelmente também aumentou, de forma alarmante, a violência contra os idosos. As estatísticas oficiais são realmente assustadoras, quase inacreditáveis. Ciente dessa triste realidade, a O.M.S. – Organização Mundial da Saúde oficializou, há 19 anos, em 2006, o dia 15 junho o DIA MUNDIAL DE COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA.

Esse combate deve existir o ano inteiro e é especialmente relembrado e acentuado durante todo mês, Junho Violeta. Combater à violência contra a pessoa idosa é fundamental. A Sociedade e o Poder Público precisam tomar ciência dessa triste situação e promover, implementar todos os meios possíveis para eliminarem esse problema. Infelizmente são muitos os tipos de violência. As formas principais são: violência física; abuso psicológico; negligência; abandono; violência institucional; abuso financeiro; violência patrimonial; violência sexual e discriminação.

FV A Lei Municipal nº 100/2024, que institui a Política Municipal do Idoso, foi uma grande conquista. Como essa lei fortalece o combate à violência contra o idoso e quais os mecanismos ela oferece para proteger essa população em Valinhos?

PROFESSOR ZENO Esse é, somente, o número do Projeto de Lei, que foi aprovado, em 28/11/22024, pela Câmara Municipal sob o nº 6.668/24. Depois de 20 anos de funcionamento do CONSELHO, a aprovação dessa Lei – POLÍTICA MUNICIPAL DA PESSOA IDOSA – foi realmente uma grande conquista. No seu art. 5º, com muita clareza, estão estabelecidas/determinadas 7(sete) DIRETRIZES DA POLÍTICA MUNICIPAL DA PESSOA IDOSA, que devem, em toda sua abrangência, ser observadas.

No art. 6º, essa Lei especifica quais são os ÓRGÃOS e as ENTIDADES RESPONSÁVEIS pela implementação dessa política municipal: Assistência Social; Saúde; Educação; Recursos Humanos; Habitação; Direitos Humanos e Segurança Social; Cultura e Turismo: Esporte e Lazer; Transporte, Acessibilidade e Mobilidade. Para cada um desses ÓRGÃOS, ENTIDADES estão previstas 5(cinco) ou mais ATRIBUIÇÕES para o cumprimento dessa Lei.

Além dessas ATRIBUIÇÕES, existem outras em nível governamental local e regional, previstas nos artigos 7º ao 16.

Para orientação, propostas, acompanhamento e fiscalização, os artigos 17 ao 22 dessa Lei reformulam e atualizam o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa e os artigos 23 ao 32 detalham sobre a destinação do Imposto de Renda para o Fundo Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa.

Como colocado acima, pelo seu detalhamento e pela sua abrangência, a aprovação da Lei nº 6.668/24 foi realmente UMA GRANDE CONQUISTA PARA A POPULAÇÃO IDOSA E PARA A CIDADE DE VALINHOS.

FV O CMDI elaborou a Cartilha da Pessoa Idosa, que explica os direitos de forma simplificada. Como essa cartilha contribui para empoderar os idosos e suas famílias na identificação e prevenção de situações de violência?

PROFESSOR ZENO A elaboração da CARTILHA DA PESSOA IDOSA exigiu muita, pesquisa, muito, muito trabalho com o objetivo claro de colocar na mão da pessoa idosa, de suas famílias e, por que não, na mão da sociedade, um material com palavras simples, fácil de consultar, detalhando os principais direitos e onde buscar o cumprimento desses direitos. Custeadas pelo Fundo Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, de várias Igrejas e expressivo apoio de escolas particulares, foram impressas 31 mil Cartilhas, distribuídas em todas as repartições públicas e em muitos outros locais com acesso de público.

Acreditamos que, de posse desse material, estamos valorizando os mais de 25 mil idosos de Valinhos, além de eles poderem, concretamente, saber seus direitos, onde devem ir para que sejam respeitados e cumpridos.

FV O cartaz explicativo sobre as formas de violência contra o idoso, distribuído pela cidade, contém um QR Code que direciona para o Estatuto do Idoso. Como essa iniciativa tem sido recebida e qual a importância de divulgar amplamente o Estatuto para a conscientização?

PROFESSOR ZENO As violências contra as pessoas idosas são, lamentavelmente, uma triste realidade, inclusive em Valinhos, visto o CONSELHO receber uma média de 4 a 6 denúncias de maus-tratos por mês. Quanto ao Estatuto do Idoso, embora essa lei tenha sido aprovada em 2003, temos a certeza de que poucas pessoas conhecem seu real conteúdo, principalmente por não terem o acesso ao mesmo, tornado possível pelo QR Code, colocado nos cartazes. Aliás, temos a certeza de que esse gesto, acolhido com muitos elogios, ainda não tinha ocorrido antes para o público em geral.

Mas, mais do que esse acesso, importante, sem dúvida, com os 1 mil cartazes A4 , distribuídos em todas as repartições públicas e os 500 A3, afixados nos ônibus urbanos de Valinhos, o CMDPI tinha por objetivo divulgar e incentivar o público a denunciar os maus-tratos pelos Disque 100, 153 GCM e 190 Polícia Militar.

FV Em fevereiro de 2024, o CMDI oficializou seu Plano de Ação com as secretarias da Prefeitura. Quais são as principais ações relacionadas ao combate à violência contra o idosa que estão sendo desenvolvidas em conjunto com essas secretarias neste ano?

PROFESSOR ZENO O PLANO DE AÇÃO – 2024, elaborado pelo CMDI, amplamente divulgado com o Executivo Municipal e, inclusive em horário especial na Câmara Municipal, foi especialmente direcionado para 8(oito) Secretarias Municipais: Cultura; Assistência Social; Educação; Esporte e Lazer; Saúde; Mobilidade Urbana; Trabalho e Previdência e, Segurança Pública. Ao todo foram, são 59 (cinquenta e nove) projetos, todos eles com os seguintes tópicos: Ações; Estratégias; Metas; Recursos Humanos; Prazo/Execução e, Fontes dos Recursos.

Nesse PLANO DE AÇÃO – 2024, o combate à violência contra as pessoas idosas, em todas essas Secretarias, esteve, está presente em todos projetos mas,mais do que falar, conscientizar sobre a existência desses maus-tratos, esse combate foi, está contemplado especialmente pela implementação das mais diversas práticas, de ações e de campanhas de valorização das pessoas idosas, de seu desenvolvimento físico, artístico e social, sempre objetivando que tenham um envelhecimento ativo e saudável

FV Em fevereiro de 2024, o CMDI oficializou seu Plano de Ação com as secretarias da Prefeitura. Quais são as principais ações relacionadas ao combate à violência contra o idosa que estão sendo desenvolvidas em conjunto com essas secretarias neste ano?

PROFESSOR ZENO Por FLUXOGRAMA, nesse caso, entende-se quais os procedimentos usados para as denúncias de maus-tratos que o CMDPI recebe. Essas denúncias vêm por e-mail, com muitos detalhes pessoais sobre a vítima, endereço, familiares, tipos de violência…, praticamente todas do Disque 100, isto é, do Ministérios dos Direitos Humanos, de Brasília. Uma COMISSÃO oficialmente formada do CONSELHO, recebe as denúncias e, de acordo com o tipo de violência, encaminha as mesmas para as devidas providências para o CRAS, ou CREAS, ou DELEGACIA DE POLÍCIA, ou PROMOTORIA PÚBLICA. A COMISSÃO comunica ao Disque 100 o encaminhamento feito e cobra que os respectivos setores encaminhem a solução de cada caso e retornem o resultado ao Disque 100.

FV Foi mencionada a atualização do Fluxograma da Violência Local. Poderia explicar como esse sistema funciona na prática e qual o papel do CMDI em garantir que as denúncias de violência contra idosos cheguem aos órgãos responsáveis e sejam solucionadas?

PROFESSOR ZENO Poucas denúncias chegam à Casa dos Conselhos por telefone ou whatsupp, de morador de Valinhos. Sem dúvida, 99% vêm do Disque 100, de Brasília. É importante registrar que denunciar maus-tratos é uma obrigação, sob pena de, conforme o caso, tornar-se conivente e, possivelmente ser responsabilizado, se não o fizer. O denunciante pode ficar muito tranquilo, seu nome nunca, jamais será divulgado. Segredo absoluto.

FV A gestão 2023-2025 do CMDI conquistou diversos desafios, incluindo a divulgação das formas de violência. Quais são os maiores obstáculos que o Conselho ainda enfrenta para efetivar plenamente o combate à violência contra o idoso em Valinhos?

PROFESSOR ZENO A gestão 2023/2025 iniciou em 06/01/2023 e terminou em 05/01/2025. Desenvolveu 6(seis) trabalhos administrativos muito importantes: Recadastramento das Entidades; Elaboração do Fluxograma das Denúncias; Cartazes – Maus-Tratos; Plano de Ação – 2024; Encaminhamento para Aprovação da Lei nº 66.668/24 e Cartilha da Pessoa Idosa. Além da troca da administração municipal, objetivando, com as novas indicações do Poder Público, garantir a paridade que todos os Conselhos devem ter, também tivemos a formação da gestão 2025/2027 do CMDPI, postergando oficialmente o início em fevereiro deste ano.

Obstáculos a enfrentar nesta nova gestão? Talvez seja melhor afirmar que são desafios, isto é, que, junto com o Executivo Municipal e com o CMDPI, cada um dos 09(nove) setores, que todos os órgãos e entidades, relacionados no artigo 6º da Lei nº 6.668/24, implementem, efetivamente cumpram todas as suas ATRIBUIÇÕES aí estabelecidas, garantindo, dessa forma, que todos os direitos das pessoas idosas sejam devidamente respeitados e que tenham um envelhecimento ativo e saudável.

FV As denúncias de violência chegam pelo Disque 100 e/ou pela Casa dos Conselhos. O que o senhor diria para um idoso ou familiar que está receoso em denunciar, e qual a importância do sigilo e da proteção do denunciante nesse processo?

PROFESSOR ZENO Ser a cidade mais longeva do Estado de São Paulo é, sem dúvida, um motivo de justa satisfação. No entanto, o grande aumento populacional, como há pouco de 5.000(cinco mil) habitantes em 2(dois), é um motivo a mais de preocupação, visto que não se trata de um aumento de nascimentos e sim de pessoas vindas de várias outras cidades da região e de outros Estados. Acreditamos, como estabelecido no artigo 230 da Constituição Federal, que cabe à Família, à Sociedade e ao Poder Público garantir que os direitos das Pessoas Idosas sejam preservados e que tenham, como já colocado, um envelhecimento ativo e saudável. Nesse sentido, mais uma vez, temos a certeza de que o trabalho do CMDPI e o EFETIVO CUMPRIMENTO do estabelecido na Lei nº 6.668/24, vão garantir que essa longevidade da população de Valinhos vai permanecer e, possivelmente, melhorar ainda mais.

FV O CMDI realizará a Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa neste mês de junho?  Se sim, como o senhor espera que a campanha do Junho Violeta contribua para as discussões e propostas que surgirão nessa Conferência, especialmente no que diz respeito ao combate à violência?

PROFESSOR ZENO Seguindo normas federais em relação ao tema e aos EIXOS TEMÁTICOS e também normas do Conselho Estadual da Pessoa Idosa, a 3ª CONFERÊNCIA MUNICIPAL DOS DIREITOS DA PESSOA IDOSA de Valinhos já foi realizada nos dias 14 e 15 de maio. Foi muito bem organizada e na Pesquisa de Satisfação respondida pelos participantes, foi bastante elogiada em todos os itens. Seguindo nomas estabelecidas, o RELATÓRIO OFICIAL já foi mandado para São Paulo, acompanhado com os dados de 5 (cinco) Delegados Titulares e mais de 5(cinco) Suplentes. Nos próximos dias será feita uma divulgação maior, aliás, já feita na Rádio Valinhos.

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Alternativa

A força da unidade evangélica e o impacto social em Valinhos

A Ordem dos Ministros Evangélicos de Valinhos (OMEV), fundada em 1992 com o lema “Para que todos sejam um…” (João 17:21), tem se consolidado como uma voz ativa e um agente de transformação social na cidade. À frente dessa importante instituição, o Pastor Hiran Pimentel compartilha com a Folha de Valinhos os bastidores e os objetivos de uma entidade que vai além da pregação, buscando a unidade e o serviço à comunidade. Nesta entrevista exclusiva, o Pastor Hiran aborda a importância da coesão entre os ministros evangélicos, destacando a relevância do Dia Municipal de Ação de Graças – data que Valinhos celebra em seu aniversário de 129 anos e que, neste ano, se tornou feriado municipal. Ele também recorda a postura firme da OMEV durante a pandemia de COVID-19, o inédito trabalho conjunto com a Igreja Católica para abrigar moradores de rua e a emocionante campanha de arrecadação para São Sebastião

FOLHA DE VALINHOS – A OMEV tem como lema “Para que todos sejam um…” (João 17:21). Como o senhor avalia a unidade dos ministros evangélicos em Valinhos hoje, e quais são os maiores desafios para manter essa coesão?
PASTOR HIRAN Primeiramente, entendo necessário sabermos o que seja este Mandamento de Jesus Cristo: O TODOS SEREM UM COMO ELE É COM O PAI. Significa a multiplicação do agir de um grupo, em função de cada um que compõe o grupo ter ações diferentes, mas complementares, considerar o outro honrado e se colocar à disposição do comando deste grupo.
Neste sentido, o maior desafio é o entendimento do que é um Mandamento e o ensino sobre o mesmo, e ainda, que a UNIDADE não seja construída em torno de uma denominação, uma personalização, mas de um modelo de humildade e amor para com o próximo — o servir.

FV O Dia Municipal de Ação de Graças, que a OMEV ajudou a criar e que agora culminou com o feriado de aniversário da cidade, é um marco. Qual a importância dessa data para a comunidade evangélica e para Valinhos como um todo?
PASTOR HIRAN Este é um tema que precisa ser entendido por cada morador de Valinhos. A gratidão, ou Ações de Graça, é um modelo curativo do corpo, da alma e do campo espiritual. Entendemos a gratidão em três níveis: primeiro, o nível das emoções, quando são despertadas ao recebermos algo de alguém e falamos: Muito obrigado(a); segundo, o aspecto apenas cultural, uma forma de educação genérica; terceiro, o nível que a Bíblia nos mostra em I Tessalonicenses 5:18, de forma extraordinariamente curativa em todos os níveis, não é uma emoção, nem apenas educação, mas a revelação de que, quando damos graças EM TUDO, até nas adversidades, não multiplicamos a mesma e, ao enxergar as saídas daquele problema, isso vira uma lição de vida, um modelo de crescimento.

Entendemos que Valinhos tem este DNA curativo por toda uma história de sua fundação. Nasceu curando parte da população de Campinas na pandemia de febre amarela de 1889 e, ao receber o título de Capital do Figo Roxo, isso traz o entendimento de cura nos três níveis, o que vemos no Figo como este simbolismo bíblico.

FV Durante a pandemia de COVID-19, a OMEV emitiu uma carta aberta reforçando o cumprimento das determinações das autoridades, incluindo o fechamento dos templos. Como foi o processo de tomada dessa decisão e qual a repercussão dentro da comunidade evangélica na época?
PASTOR HIRAN Uma medida de bom senso naquele momento tão crítico, onde precisávamos honrar as autoridades constituídas, amar o próximo e continuar atendendo às pessoas mais necessitadas, mantendo o conceito de UNIDADE e de culto a Deus, independente do prédio naquele momento. Tivemos um apoio praticamente geral e salvamos muitas vidas pelos cuidados necessários.

FV A ação conjunta com a Igreja Católica para abrigar moradores de rua durante o inverno de 2021, em meio à pandemia, foi um exemplo de amor ao próximo. Como essa parceria inter-religiosa se desenvolveu e o que Valinhos aprendeu com essa iniciativa?
PASTOR HIRAN A OMEV, além da busca pela UNIDADE da liderança evangélica em Valinhos, também é reconhecida como de Utilidade Pública na cidade pelo seu trabalho que busca o bem da população com agentes públicos, privados e outros grupos que tenham como foco o amor ao próximo. Neste sentido, a comunidade católica sempre deu grandes contribuições para o bem-estar da população e, sempre que possível, somar forças — isso é superimportante. A lição que, juntos, somos mais fortes.

FV Em 2021, a Câmara Municipal homenageou as lideranças evangélicas pelo trabalho social durante a pandemia. Quais foram as principais frentes de atuação das igrejas de Valinhos nesse período e como a OMEV articulou esse esforço conjunto?
PASTOR HIRAN Foram inúmeros trabalhos desenvolvidos, principalmente, pela distribuição de unidades de igrejas evangélicas em todos os pontos da cidade. Isso facilitou levar o alimento para quem não podia sair de casa, levar remédios, atender orações, gerar esperança, realizar atendimentos com orações. Visitações nos hospitais sempre que possível. Foi um rio de esperança em função de todo esse movimento de amor, além dos cultos online que todos passaram a transmitir.

FV Diante da tragédia em São Sebastião em 2023, a OMEV mobilizou uma grande campanha de arrecadação. Qual foi o impacto dessa ação para os envolvidos em Valinhos e para as vítimas no Litoral Norte? Como o senhor descreveria o momento da chegada das doações?
PASTOR HIRAN oi algo também muito significativo. O Pr. William, da Casa de Oração, veio daquela região e conhecia bem a tragédia e as necessidades de cada um, além dos desvios que havia no meio do caminho. Diante disso, buscou apoio na OMEV e, assim, mobilizamos Valinhos — igrejas, empresas, colégios, TV, rádios. E, devido à credibilidade da OMEV, conseguimos aproximadamente quatro caminhões, que fomos acompanhando em uma das viagens pela EPTV.

A emoção das pessoas ao descarregar muita coisa de primeira linha, organizando e distribuindo aos necessitados, trouxe para cada um o sentido de amor, de família e de UNIDADE na Igreja em Valinhos, além da satisfação de quem doou, que pôde acompanhar tudo pela TV. Foi um marco histórico.

FV A Marcha para Jesus foi retomada em Valinhos em 2023, após 20 anos. Qual a relevância desse evento para a comunidade evangélica da cidade e quais os planos da OMEV para as próximas edições?
PASTOR HIRAN Veio fortalecer esta chama de UNIDADE e nos treinar a cada dia, para enfrentar desafios maiores e sempre servir em amor uns aos outros. Pretendemos uma Marcha de amor, respeito e muita oração, louvores a Deus e buscando o melhor para nossa cidade e nossa população.

FV Além dos grandes eventos e ações emergenciais, quais são os projetos sociais e de evangelização contínuos que a OMEV e as igrejas filiadas desenvolvem em Valinhos no dia a dia?
PASTOR HIRAN Existem dois tipos de trabalho neste sentido. O primeiro é a organização, o chamado mais específico de cada igreja, e aí oramos e apoiamos os mesmos. O segundo são eventos maiores que envolvem as igrejas como um todo, como, por exemplo: a Visitação de Deus em Valinhos. São eventos bem maiores, que envolvem atender às pessoas não só no aspecto espiritual, mas em todas as suas necessidades, trazendo um novo ânimo e esperança a cada pessoa atendida.

FV Qual o papel da OMEV na representação dos interesses da comunidade evangélica junto ao poder público municipal? Há pautas específicas que a Ordem busca discutir atualmente com a Prefeitura e a Câmara?
PASTOR HIRAN A saúde sempre foi um tema muito sensível, assim como o trabalho desenvolvido na Santa Casa a partir de 2025. Pois, sem um sistema resolutivo, humanizado e centrado na cidade, todas as demais áreas da vida da pessoa terão defasagens sérias. Além da saúde, os necessitados, de forma geral, enfrentam temas esporádicos, porém relevantes.

FV Olhando para o futuro, quais são as principais aspirações e desafios da OMEV para os próximos anos em Valinhos? O que a comunidade pode esperar da Ordem dos Ministros Evangélicos?
PASTOR HIRAN A ampliação do conceito e prática da UNIDADE. Pois, assim sendo, a presença de Deus estará sempre nos cobrindo, nos guardando e nos dando a direção de qual será o próximo passo.

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Valinhos

Vereadora Mônica Morandi detalha luta pela causa animal em Valinhos

A vereadora Mônica Morandi, conhecida por sua atuação na causa animal em Valinhos, concedeu uma entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, detalhando sua trajetória e as iniciativas em prol dos pets. Na conversa, Mônica compartilha a motivação pessoal que a levou a abraçar essa bandeira, impulsionada por uma promessa feita ao seu próprio cão, Goku. Ela aborda o impacto de leis de sua autoria, como o Banco de Ração e a Política Municipal de Proteção Animal, além de discutir os desafios na fiscalização de maus-tratos e a importância da posse responsável. A entrevista também revela a inspiração por trás das “patinhas brancas” nas faixas de pedestres e a necessidade de políticas públicas mais eficazes para o bem-estar animal. Para conferir a entrevista completa, acesse o Portal de Conteúdo da Folha de Valinhos.

FOLHA DE VALINHOS: Vereadora, a senhora é amplamente reconhecida em Valinhos pela sua incansável defesa da causa animal. Poderia nos explicar o que a motivou a abraçar essa bandeira e qual a sua visão para o futuro da proteção e bem-estar animal no município?

MÔNICA Desde pequena eu aprendi com a minha mãe a olhar pelos animais. Lembro que ela sempre carregava alimentos na bolsa pra dar de comer aos que encontrava na rua… esse carinho foi crescendo comigo.

Mas foi com o Goku, meu companheirinho de quatro patas, que tudo se transformou. Ele teve câncer, e na época eu não tinha condições financeiras de dar o tratamento que ele merecia. Foi um momento muito difícil, e eu fiz uma promessa pra ele: que ajudaria todos os animais que cruzassem meu caminho e precisassem de ajuda. Desde então, nunca mais parei.

Juntei outros protetores que também tinham esse amor no peito, e assim nasceu o Grupo Cãoscientização Animal Valinhos. E hoje, como vereadora, sigo tentando cumprir essa promessa todos os dias.

Meu sonho é ver Valinhos cada vez mais consciente e comprometida com o bem-estar animal. Já temos o programa de castração gratuita, que foi uma conquista importante, mas ainda temos muito a avançar: precisamos ampliar esse acesso, fortalecer a fiscalização contra maus-tratos e garantir políticas públicas que respeitem a vida em todas as formas. Porque quando a gente cuida dos animais, a gente cuida de todos nós.

FV A senhora é autora de leis importantes como o Banco de Ração, a Política Municipal de Proteção e Atendimento aos Direitos dos Animais e o Programa Farmácia Veterinária Popular (POUPAPET). Qual o impacto prático dessas leis na vida dos animais e de seus tutores em Valinhos? Há planos para ampliar esses programas ou criar novas iniciativas legislativas?

MÔNICA Essas leis foram pensadas com muito carinho e responsabilidade, porque nasceram da escuta de quem vive a causa animal no dia a dia — especialmente os protetores independentes e as famílias em situação de vulnerabilidade.

O Banco de Ração, por exemplo, já existe, mas está passando por uma alteração importante. Quando foi sancionado, o então prefeito vetou alguns artigos essenciais, que justamente garantiam mais apoio aos protetores que tiram do próprio bolso pra cuidar de tantos animais. Estamos trabalhando pra corrigir isso e fazer com que a lei funcione da forma como foi pensada: justa e acessível.

Já o Poupapet é uma lei linda, mas que ainda está no papel. Lutamos muito por ela, porque sabemos o quanto faz falta um programa que ofereça medicamentos e itens básicos a quem não tem condições de arcar com os custos de um tratamento veterinário. A regulamentação ainda não aconteceu, mas a nossa cobrança continua firme, porque essa é uma demanda urgente e real.

A Política Municipal de Proteção e Atendimento aos Direitos dos Animais, por sua vez, já é um marco. Ela estabelece diretrizes que ajudam a nortear as ações do poder público e reforça que a causa animal precisa, sim, ser prioridade.

A verdade é que essas leis só têm valor quando saem do papel e chegam até quem precisa. E é isso que sigo buscando todos os dias como vereadora: fazer valer o que foi conquistado e continuar avançando em novas iniciativas que tragam mais dignidade pros nossos animais e pra quem cuida deles com tanto amor.

FV Sabemos do seu envolvimento direto no resgate de animais em situação de abandono ou maus-tratos, inclusive com investimento de recursos próprios. Como a senhora enxerga a estrutura atual de atendimento a esses casos em Valinhos e quais os maiores desafios que se apresentam para quem, como a senhora, atua na linha de frente?

MÔNICA Infelizmente, a estrutura pública de Valinhos ainda é muito limitada quando o assunto é atendimento a animais em situação de abandono ou maus-tratos. Quem está na linha de frente sabe: a maior parte dos resgates é feita por protetores independentes, que usam seus próprios recursos, tempo e muita força de vontade pra salvar vidas.

Eu mesma, antes de ser vereadora e mesmo depois de eleita, sigo ajudando como posso — com resgates, lar temporário, alimentação, cuidados veterinários — muitas vezes tirando do meu bolso, como tantos outros fazem silenciosamente todos os dias.

Temos o programa de castração gratuita, que foi uma conquista importante, mas ainda assim os desafios são muitos. Falta um local de acolhimento emergencial, atendimento veterinário mais acessível e estrutura pra casos graves de maus-tratos, que exigem intervenção imediata.

O maior desafio é esse: a ausência de uma política pública mais estruturada. A gente precisa parar de enxugar gelo. Só quem já se deparou com um animal machucado, com fome, com medo, sabe o quanto dói não ter pra onde levá-lo ou como socorrê-lo.

Por isso, sigo lutando: pra que a causa animal não dependa só da boa vontade das pessoas, mas tenha estrutura, orçamento e respeito como qualquer outra área da gestão pública.

FV A recente iniciativa das “patinhas brancas” nas faixas de pedestres, parte da campanha Maio Amarelo, foi uma ideia sua para alertar motoristas sobre a presença de animais. Como surgiu essa inspiração e qual a sua expectativa em relação ao impacto dessa campanha na conscientização da população sobre a segurança dos pets nas vias públicas?

MÔNICA A ideia das patinhas brancas surgiu de uma dor que a gente vive com frequência: o atropelamento de animais nas ruas. Quem está na causa sabe o quanto isso é comum — e o quanto poderia ser evitado com mais atenção, respeito e empatia.

Aproveitei o Maio Amarelo, que é o mês de conscientização sobre a segurança no trânsito, pra lembrar que a negligência com os animais também é um reflexo da falta de responsabilidade e cuidado nas nossas atitudes — inclusive nas ruas. Pintar as patinhas junto às faixas de pedestres foi uma maneira simbólica e educativa de chamar a atenção dos motoristas: os animais também cruzam as ruas, também têm o direito à vida.

Minha expectativa é simples: que cada pessoa que passar por uma dessas faixas pense duas vezes antes de acelerar. Que olhe pro lado, reduza a velocidade e, quem sabe, se sensibilize ainda mais com a presença dos animais na cidade.

É um gesto pequeno, mas com potencial de gerar grandes mudanças. E é assim que a gente começa: um passo de cada vez, uma patinha de cada vez.

FV A posse responsável é um tema que a senhora defende com veemência. Na sua opinião, quais são as principais falhas na conscientização da população valinhense sobre esse assunto e que tipo de ações educativas poderiam ser mais eficazes para mudar esse cenário?

MÔNICA A posse responsável é a base de tudo. Se as pessoas entendessem, de verdade, o que significa assumir um animal, a gente teria muito menos abandono, maus-tratos e sofrimento.

Infelizmente, ainda falta muita conscientização. Muita gente adota por impulso, sem pensar nas necessidades reais do animal — alimentação, cuidados veterinários, tempo, amor, paciência. Quando percebe que não é tão simples, acaba descartando. E quem paga o preço é o bicho.

Em Valinhos, o que mais vejo são casos que poderiam ter sido evitados com informação. Por isso, acredito que a educação precisa começar cedo, nas escolas mesmo. Falar sobre respeito à vida, empatia, compromisso. Também precisamos de campanhas permanentes, não só nas redes sociais, mas nas ruas, nas feiras, nas unidades de saúde, nos bairros. Porque esse é um tema que precisa chegar em todo mundo.

E mais do que cobrar, é preciso acolher. Mostrar caminhos, oferecer apoio e reforçar que cuidar de um animal é, acima de tudo, um ato de amor e responsabilidade.

FV Além das ações legislativas e de resgate, a senhora também organiza bazares para arrecadar fundos para as despesas com animais. Como a comunidade de Valinhos tem respondido a essas iniciativas e de que forma a participação popular é fundamental para a manutenção desse trabalho?

MÔNICA As ações legislativas e os resgates são coisas diferentes, mas que caminham juntas no meu trabalho. Como vereadora, meu compromisso vai além de apenas ‘criar leis e cobrar políticas públicas’ — eu trabalho para garantir que essas leis sejam efetivas, que os direitos dos animais sejam respeitados de verdade, e que a causa tenha prioridade na gestão pública. É um trabalho de insistência diária, de diálogo, pressão e muita luta para que os recursos cheguem e que as políticas saiam do papel e façam diferença real na vida dos animais e das pessoas.

Já os resgates são um trabalho voluntário, feito com muito amor, mas que depende muito do apoio da comunidade. É um esforço enorme, e muitas vezes, grupos de pessoas se mobilizam para pedir por um animal abandonado, mas depois do resgate desaparecem! Não ajudam na divulgação, nem no cuidado continuado, o que torna tudo mais difícil para quem está na linha de frente.

Por outro lado, a solidariedade da comunidade de Valinhos tem sido uma luz no caminho. As doações para os bazares e a participação nas vendas são fundamentais para mantermos o suporte necessário: alimentação, tratamento, medicamentos, lares temporários, etc. Tudo isso depende dessa rede de apoio. Mas só o bazar não é suficiente. Por isso, temos ações diárias para arrecadar recursos e continuar ajudando: organizamos rifas, bingos, vaquinhas e campanhas de arrecadação de ração. Cada iniciativa conta, cada gesto de apoio faz diferença.

Por isso, acredito que a participação popular precisa ser constante e engajada — não basta sentir pena, é preciso agir. Juntos, com políticas públicas fortes e com o apoio real da comunidade, podemos transformar a vida desses animais e construir uma cidade mais justa e compassiva para todos.

FV Apesar da sua paixão pela causa animal, sabemos que a senhora também atua na defesa dos direitos das mulheres e das crianças em Valinhos. Poderia nos detalhar quais são as suas principais bandeiras e projetos nessas áreas e como a senhora as conecta com a sua atuação geral como vereadora?

MÔNICA Sim, minha atuação como vereadora vai além da defesa dos animais. Essas bandeiras estão diretamente conectadas, pois acredito que a proteção dos animais, das mulheres e das crianças são pilares essenciais para construirmos uma sociedade mais humana e solidária.

Na defesa dos direitos das mulheres, tenho diversas iniciativas importantes, entre elas a Lei Ordinária nº 6.642/2024, que determina o fornecimento de material informativo sobre o combate à violência doméstica nas escolas da rede pública municipal. Essa ação busca esclarecer os diversos tipos de violência, ajudando a romper o ciclo de normalização que muitas vezes prende as vítimas e suas famílias, sensibilizando estudantes e suas comunidades sobre seus direitos e formas de prevenção e enfrentamento.

Além disso, trabalho para fortalecer políticas públicas que promovam a autonomia econômica e social das mulheres, como capacitação profissional e incentivo ao empreendedorismo feminino.

No que tange às crianças, atuo para garantir que políticas públicas voltadas à infância sejam efetivas e atendam às reais necessidades desse público. Acredito que investir na infância é investir no futuro da nossa cidade.

FV Olhando para os 25 anos da Praça Brasil 500 Anos, um espaço que se tornou um ponto de encontro para a família valinhense, como a senhora avalia a importância de espaços públicos de convivência como este para a qualidade de vida dos cidadãos, incluindo a possibilidade de interação com seus pets?

MÔNICA Esses espaços são fundamentais para a qualidade de vida das pessoas. Eles oferecem um respiro na correria do dia a dia, aproximam as famílias e tornam a cidade mais humana, mais acolhedora. E quando podemos levar nossos bichinhos junto, tudo fica ainda mais especial. Eles são parte da família, e ter um lugar seguro para passear com eles é uma alegria enorme.

Eu acredito que cuidar desses espaços é cuidar do que a gente mais valoriza: a nossa gente, nossa comunidade, nosso jeitinho de viver.

E muita gente pede — com razão — por mais ParCães na cidade. O povo ama, valoriza e faz uso desses espaços com carinho e responsabilidade. É um pedido recorrente que mostra o quanto esse tipo de área faz diferença no dia a dia de quem tem pet. Precisamos avançar nisso, ampliando o acesso e garantindo mais espaços públicos pensados para toda a família — de duas e de quatro patas.

FV Considerando os desafios orçamentários dos municípios, como a senhora avalia a possibilidade de novas parcerias entre o poder público e a iniciativa privada ou organizações não-governamentais para fortalecer as políticas de proteção animal em Valinhos?

MÔNICA Quando cada um faz a sua parte, conseguimos ir mais longe e atender mais vidas. Com todos os desafios orçamentários que os municípios enfrentam, as parcerias são fundamentais. O poder público nem sempre consegue dar conta de tudo, O que não pode é a causa animal continuar sendo deixada de lado por falta de recursos ou de vontade política, como já aconteceu aqui no Município. Se tiver abertura, como estamos tendo agora e boa vontade, dá pra fazer muito mais. E eu sigo aqui, sempre pronta pra lutar por isso.

FV Para finalizar, qual mensagem a senhora gostaria de deixar para os leitores da Folha de Valinhos, especialmente para aqueles que compartilham do amor e da preocupação com os animais, e para toda a população da cidade?

MÔNICA Antes de tudo, quero agradecer a cada pessoa que, de alguma forma, caminha ao nosso lado nessa luta. Quem acolhe, quem denuncia maus-tratos, quem doa, quem adota com responsabilidade… cada gesto faz diferença.

A causa animal é feita de amor, mas também de muita batalha, e ninguém faz nada sozinho. É a união da comunidade que transforma a realidade dos animais e também da nossa cidade.

Pra quem compartilha desse amor: não desista. Mesmo diante das dificuldades, vale a pena cada vida salva.

E pra toda a população de Valinhos, deixo meu compromisso sincero: seguir trabalhando com seriedade, empatia e transparência — pelos animais, pelas pessoas e por uma cidade mais justa, humana e consciente.

Eu não prometo nada além de muito trabalho. Mas quem me conhece, sabe que isso eu entrego todos os dias.

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