ENTREVISTA

Alternativa

A força da unidade evangélica e o impacto social em Valinhos

A Ordem dos Ministros Evangélicos de Valinhos (OMEV), fundada em 1992 com o lema “Para que todos sejam um…” (João 17:21), tem se consolidado como uma voz ativa e um agente de transformação social na cidade. À frente dessa importante instituição, o Pastor Hiran Pimentel compartilha com a Folha de Valinhos os bastidores e os objetivos de uma entidade que vai além da pregação, buscando a unidade e o serviço à comunidade. Nesta entrevista exclusiva, o Pastor Hiran aborda a importância da coesão entre os ministros evangélicos, destacando a relevância do Dia Municipal de Ação de Graças – data que Valinhos celebra em seu aniversário de 129 anos e que, neste ano, se tornou feriado municipal. Ele também recorda a postura firme da OMEV durante a pandemia de COVID-19, o inédito trabalho conjunto com a Igreja Católica para abrigar moradores de rua e a emocionante campanha de arrecadação para São Sebastião

FOLHA DE VALINHOS – A OMEV tem como lema “Para que todos sejam um…” (João 17:21). Como o senhor avalia a unidade dos ministros evangélicos em Valinhos hoje, e quais são os maiores desafios para manter essa coesão?
PASTOR HIRAN Primeiramente, entendo necessário sabermos o que seja este Mandamento de Jesus Cristo: O TODOS SEREM UM COMO ELE É COM O PAI. Significa a multiplicação do agir de um grupo, em função de cada um que compõe o grupo ter ações diferentes, mas complementares, considerar o outro honrado e se colocar à disposição do comando deste grupo.
Neste sentido, o maior desafio é o entendimento do que é um Mandamento e o ensino sobre o mesmo, e ainda, que a UNIDADE não seja construída em torno de uma denominação, uma personalização, mas de um modelo de humildade e amor para com o próximo — o servir.

FV O Dia Municipal de Ação de Graças, que a OMEV ajudou a criar e que agora culminou com o feriado de aniversário da cidade, é um marco. Qual a importância dessa data para a comunidade evangélica e para Valinhos como um todo?
PASTOR HIRAN Este é um tema que precisa ser entendido por cada morador de Valinhos. A gratidão, ou Ações de Graça, é um modelo curativo do corpo, da alma e do campo espiritual. Entendemos a gratidão em três níveis: primeiro, o nível das emoções, quando são despertadas ao recebermos algo de alguém e falamos: Muito obrigado(a); segundo, o aspecto apenas cultural, uma forma de educação genérica; terceiro, o nível que a Bíblia nos mostra em I Tessalonicenses 5:18, de forma extraordinariamente curativa em todos os níveis, não é uma emoção, nem apenas educação, mas a revelação de que, quando damos graças EM TUDO, até nas adversidades, não multiplicamos a mesma e, ao enxergar as saídas daquele problema, isso vira uma lição de vida, um modelo de crescimento.

Entendemos que Valinhos tem este DNA curativo por toda uma história de sua fundação. Nasceu curando parte da população de Campinas na pandemia de febre amarela de 1889 e, ao receber o título de Capital do Figo Roxo, isso traz o entendimento de cura nos três níveis, o que vemos no Figo como este simbolismo bíblico.

FV Durante a pandemia de COVID-19, a OMEV emitiu uma carta aberta reforçando o cumprimento das determinações das autoridades, incluindo o fechamento dos templos. Como foi o processo de tomada dessa decisão e qual a repercussão dentro da comunidade evangélica na época?
PASTOR HIRAN Uma medida de bom senso naquele momento tão crítico, onde precisávamos honrar as autoridades constituídas, amar o próximo e continuar atendendo às pessoas mais necessitadas, mantendo o conceito de UNIDADE e de culto a Deus, independente do prédio naquele momento. Tivemos um apoio praticamente geral e salvamos muitas vidas pelos cuidados necessários.

FV A ação conjunta com a Igreja Católica para abrigar moradores de rua durante o inverno de 2021, em meio à pandemia, foi um exemplo de amor ao próximo. Como essa parceria inter-religiosa se desenvolveu e o que Valinhos aprendeu com essa iniciativa?
PASTOR HIRAN A OMEV, além da busca pela UNIDADE da liderança evangélica em Valinhos, também é reconhecida como de Utilidade Pública na cidade pelo seu trabalho que busca o bem da população com agentes públicos, privados e outros grupos que tenham como foco o amor ao próximo. Neste sentido, a comunidade católica sempre deu grandes contribuições para o bem-estar da população e, sempre que possível, somar forças — isso é superimportante. A lição que, juntos, somos mais fortes.

FV Em 2021, a Câmara Municipal homenageou as lideranças evangélicas pelo trabalho social durante a pandemia. Quais foram as principais frentes de atuação das igrejas de Valinhos nesse período e como a OMEV articulou esse esforço conjunto?
PASTOR HIRAN Foram inúmeros trabalhos desenvolvidos, principalmente, pela distribuição de unidades de igrejas evangélicas em todos os pontos da cidade. Isso facilitou levar o alimento para quem não podia sair de casa, levar remédios, atender orações, gerar esperança, realizar atendimentos com orações. Visitações nos hospitais sempre que possível. Foi um rio de esperança em função de todo esse movimento de amor, além dos cultos online que todos passaram a transmitir.

FV Diante da tragédia em São Sebastião em 2023, a OMEV mobilizou uma grande campanha de arrecadação. Qual foi o impacto dessa ação para os envolvidos em Valinhos e para as vítimas no Litoral Norte? Como o senhor descreveria o momento da chegada das doações?
PASTOR HIRAN oi algo também muito significativo. O Pr. William, da Casa de Oração, veio daquela região e conhecia bem a tragédia e as necessidades de cada um, além dos desvios que havia no meio do caminho. Diante disso, buscou apoio na OMEV e, assim, mobilizamos Valinhos — igrejas, empresas, colégios, TV, rádios. E, devido à credibilidade da OMEV, conseguimos aproximadamente quatro caminhões, que fomos acompanhando em uma das viagens pela EPTV.

A emoção das pessoas ao descarregar muita coisa de primeira linha, organizando e distribuindo aos necessitados, trouxe para cada um o sentido de amor, de família e de UNIDADE na Igreja em Valinhos, além da satisfação de quem doou, que pôde acompanhar tudo pela TV. Foi um marco histórico.

FV A Marcha para Jesus foi retomada em Valinhos em 2023, após 20 anos. Qual a relevância desse evento para a comunidade evangélica da cidade e quais os planos da OMEV para as próximas edições?
PASTOR HIRAN Veio fortalecer esta chama de UNIDADE e nos treinar a cada dia, para enfrentar desafios maiores e sempre servir em amor uns aos outros. Pretendemos uma Marcha de amor, respeito e muita oração, louvores a Deus e buscando o melhor para nossa cidade e nossa população.

FV Além dos grandes eventos e ações emergenciais, quais são os projetos sociais e de evangelização contínuos que a OMEV e as igrejas filiadas desenvolvem em Valinhos no dia a dia?
PASTOR HIRAN Existem dois tipos de trabalho neste sentido. O primeiro é a organização, o chamado mais específico de cada igreja, e aí oramos e apoiamos os mesmos. O segundo são eventos maiores que envolvem as igrejas como um todo, como, por exemplo: a Visitação de Deus em Valinhos. São eventos bem maiores, que envolvem atender às pessoas não só no aspecto espiritual, mas em todas as suas necessidades, trazendo um novo ânimo e esperança a cada pessoa atendida.

FV Qual o papel da OMEV na representação dos interesses da comunidade evangélica junto ao poder público municipal? Há pautas específicas que a Ordem busca discutir atualmente com a Prefeitura e a Câmara?
PASTOR HIRAN A saúde sempre foi um tema muito sensível, assim como o trabalho desenvolvido na Santa Casa a partir de 2025. Pois, sem um sistema resolutivo, humanizado e centrado na cidade, todas as demais áreas da vida da pessoa terão defasagens sérias. Além da saúde, os necessitados, de forma geral, enfrentam temas esporádicos, porém relevantes.

FV Olhando para o futuro, quais são as principais aspirações e desafios da OMEV para os próximos anos em Valinhos? O que a comunidade pode esperar da Ordem dos Ministros Evangélicos?
PASTOR HIRAN A ampliação do conceito e prática da UNIDADE. Pois, assim sendo, a presença de Deus estará sempre nos cobrindo, nos guardando e nos dando a direção de qual será o próximo passo.

COMPARTILHE NAS REDES

Valinhos

Vereadora Mônica Morandi detalha luta pela causa animal em Valinhos

A vereadora Mônica Morandi, conhecida por sua atuação na causa animal em Valinhos, concedeu uma entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, detalhando sua trajetória e as iniciativas em prol dos pets. Na conversa, Mônica compartilha a motivação pessoal que a levou a abraçar essa bandeira, impulsionada por uma promessa feita ao seu próprio cão, Goku. Ela aborda o impacto de leis de sua autoria, como o Banco de Ração e a Política Municipal de Proteção Animal, além de discutir os desafios na fiscalização de maus-tratos e a importância da posse responsável. A entrevista também revela a inspiração por trás das “patinhas brancas” nas faixas de pedestres e a necessidade de políticas públicas mais eficazes para o bem-estar animal. Para conferir a entrevista completa, acesse o Portal de Conteúdo da Folha de Valinhos.

FOLHA DE VALINHOS: Vereadora, a senhora é amplamente reconhecida em Valinhos pela sua incansável defesa da causa animal. Poderia nos explicar o que a motivou a abraçar essa bandeira e qual a sua visão para o futuro da proteção e bem-estar animal no município?

MÔNICA Desde pequena eu aprendi com a minha mãe a olhar pelos animais. Lembro que ela sempre carregava alimentos na bolsa pra dar de comer aos que encontrava na rua… esse carinho foi crescendo comigo.

Mas foi com o Goku, meu companheirinho de quatro patas, que tudo se transformou. Ele teve câncer, e na época eu não tinha condições financeiras de dar o tratamento que ele merecia. Foi um momento muito difícil, e eu fiz uma promessa pra ele: que ajudaria todos os animais que cruzassem meu caminho e precisassem de ajuda. Desde então, nunca mais parei.

Juntei outros protetores que também tinham esse amor no peito, e assim nasceu o Grupo Cãoscientização Animal Valinhos. E hoje, como vereadora, sigo tentando cumprir essa promessa todos os dias.

Meu sonho é ver Valinhos cada vez mais consciente e comprometida com o bem-estar animal. Já temos o programa de castração gratuita, que foi uma conquista importante, mas ainda temos muito a avançar: precisamos ampliar esse acesso, fortalecer a fiscalização contra maus-tratos e garantir políticas públicas que respeitem a vida em todas as formas. Porque quando a gente cuida dos animais, a gente cuida de todos nós.

FV A senhora é autora de leis importantes como o Banco de Ração, a Política Municipal de Proteção e Atendimento aos Direitos dos Animais e o Programa Farmácia Veterinária Popular (POUPAPET). Qual o impacto prático dessas leis na vida dos animais e de seus tutores em Valinhos? Há planos para ampliar esses programas ou criar novas iniciativas legislativas?

MÔNICA Essas leis foram pensadas com muito carinho e responsabilidade, porque nasceram da escuta de quem vive a causa animal no dia a dia — especialmente os protetores independentes e as famílias em situação de vulnerabilidade.

O Banco de Ração, por exemplo, já existe, mas está passando por uma alteração importante. Quando foi sancionado, o então prefeito vetou alguns artigos essenciais, que justamente garantiam mais apoio aos protetores que tiram do próprio bolso pra cuidar de tantos animais. Estamos trabalhando pra corrigir isso e fazer com que a lei funcione da forma como foi pensada: justa e acessível.

Já o Poupapet é uma lei linda, mas que ainda está no papel. Lutamos muito por ela, porque sabemos o quanto faz falta um programa que ofereça medicamentos e itens básicos a quem não tem condições de arcar com os custos de um tratamento veterinário. A regulamentação ainda não aconteceu, mas a nossa cobrança continua firme, porque essa é uma demanda urgente e real.

A Política Municipal de Proteção e Atendimento aos Direitos dos Animais, por sua vez, já é um marco. Ela estabelece diretrizes que ajudam a nortear as ações do poder público e reforça que a causa animal precisa, sim, ser prioridade.

A verdade é que essas leis só têm valor quando saem do papel e chegam até quem precisa. E é isso que sigo buscando todos os dias como vereadora: fazer valer o que foi conquistado e continuar avançando em novas iniciativas que tragam mais dignidade pros nossos animais e pra quem cuida deles com tanto amor.

FV Sabemos do seu envolvimento direto no resgate de animais em situação de abandono ou maus-tratos, inclusive com investimento de recursos próprios. Como a senhora enxerga a estrutura atual de atendimento a esses casos em Valinhos e quais os maiores desafios que se apresentam para quem, como a senhora, atua na linha de frente?

MÔNICA Infelizmente, a estrutura pública de Valinhos ainda é muito limitada quando o assunto é atendimento a animais em situação de abandono ou maus-tratos. Quem está na linha de frente sabe: a maior parte dos resgates é feita por protetores independentes, que usam seus próprios recursos, tempo e muita força de vontade pra salvar vidas.

Eu mesma, antes de ser vereadora e mesmo depois de eleita, sigo ajudando como posso — com resgates, lar temporário, alimentação, cuidados veterinários — muitas vezes tirando do meu bolso, como tantos outros fazem silenciosamente todos os dias.

Temos o programa de castração gratuita, que foi uma conquista importante, mas ainda assim os desafios são muitos. Falta um local de acolhimento emergencial, atendimento veterinário mais acessível e estrutura pra casos graves de maus-tratos, que exigem intervenção imediata.

O maior desafio é esse: a ausência de uma política pública mais estruturada. A gente precisa parar de enxugar gelo. Só quem já se deparou com um animal machucado, com fome, com medo, sabe o quanto dói não ter pra onde levá-lo ou como socorrê-lo.

Por isso, sigo lutando: pra que a causa animal não dependa só da boa vontade das pessoas, mas tenha estrutura, orçamento e respeito como qualquer outra área da gestão pública.

FV A recente iniciativa das “patinhas brancas” nas faixas de pedestres, parte da campanha Maio Amarelo, foi uma ideia sua para alertar motoristas sobre a presença de animais. Como surgiu essa inspiração e qual a sua expectativa em relação ao impacto dessa campanha na conscientização da população sobre a segurança dos pets nas vias públicas?

MÔNICA A ideia das patinhas brancas surgiu de uma dor que a gente vive com frequência: o atropelamento de animais nas ruas. Quem está na causa sabe o quanto isso é comum — e o quanto poderia ser evitado com mais atenção, respeito e empatia.

Aproveitei o Maio Amarelo, que é o mês de conscientização sobre a segurança no trânsito, pra lembrar que a negligência com os animais também é um reflexo da falta de responsabilidade e cuidado nas nossas atitudes — inclusive nas ruas. Pintar as patinhas junto às faixas de pedestres foi uma maneira simbólica e educativa de chamar a atenção dos motoristas: os animais também cruzam as ruas, também têm o direito à vida.

Minha expectativa é simples: que cada pessoa que passar por uma dessas faixas pense duas vezes antes de acelerar. Que olhe pro lado, reduza a velocidade e, quem sabe, se sensibilize ainda mais com a presença dos animais na cidade.

É um gesto pequeno, mas com potencial de gerar grandes mudanças. E é assim que a gente começa: um passo de cada vez, uma patinha de cada vez.

FV A posse responsável é um tema que a senhora defende com veemência. Na sua opinião, quais são as principais falhas na conscientização da população valinhense sobre esse assunto e que tipo de ações educativas poderiam ser mais eficazes para mudar esse cenário?

MÔNICA A posse responsável é a base de tudo. Se as pessoas entendessem, de verdade, o que significa assumir um animal, a gente teria muito menos abandono, maus-tratos e sofrimento.

Infelizmente, ainda falta muita conscientização. Muita gente adota por impulso, sem pensar nas necessidades reais do animal — alimentação, cuidados veterinários, tempo, amor, paciência. Quando percebe que não é tão simples, acaba descartando. E quem paga o preço é o bicho.

Em Valinhos, o que mais vejo são casos que poderiam ter sido evitados com informação. Por isso, acredito que a educação precisa começar cedo, nas escolas mesmo. Falar sobre respeito à vida, empatia, compromisso. Também precisamos de campanhas permanentes, não só nas redes sociais, mas nas ruas, nas feiras, nas unidades de saúde, nos bairros. Porque esse é um tema que precisa chegar em todo mundo.

E mais do que cobrar, é preciso acolher. Mostrar caminhos, oferecer apoio e reforçar que cuidar de um animal é, acima de tudo, um ato de amor e responsabilidade.

FV Além das ações legislativas e de resgate, a senhora também organiza bazares para arrecadar fundos para as despesas com animais. Como a comunidade de Valinhos tem respondido a essas iniciativas e de que forma a participação popular é fundamental para a manutenção desse trabalho?

MÔNICA As ações legislativas e os resgates são coisas diferentes, mas que caminham juntas no meu trabalho. Como vereadora, meu compromisso vai além de apenas ‘criar leis e cobrar políticas públicas’ — eu trabalho para garantir que essas leis sejam efetivas, que os direitos dos animais sejam respeitados de verdade, e que a causa tenha prioridade na gestão pública. É um trabalho de insistência diária, de diálogo, pressão e muita luta para que os recursos cheguem e que as políticas saiam do papel e façam diferença real na vida dos animais e das pessoas.

Já os resgates são um trabalho voluntário, feito com muito amor, mas que depende muito do apoio da comunidade. É um esforço enorme, e muitas vezes, grupos de pessoas se mobilizam para pedir por um animal abandonado, mas depois do resgate desaparecem! Não ajudam na divulgação, nem no cuidado continuado, o que torna tudo mais difícil para quem está na linha de frente.

Por outro lado, a solidariedade da comunidade de Valinhos tem sido uma luz no caminho. As doações para os bazares e a participação nas vendas são fundamentais para mantermos o suporte necessário: alimentação, tratamento, medicamentos, lares temporários, etc. Tudo isso depende dessa rede de apoio. Mas só o bazar não é suficiente. Por isso, temos ações diárias para arrecadar recursos e continuar ajudando: organizamos rifas, bingos, vaquinhas e campanhas de arrecadação de ração. Cada iniciativa conta, cada gesto de apoio faz diferença.

Por isso, acredito que a participação popular precisa ser constante e engajada — não basta sentir pena, é preciso agir. Juntos, com políticas públicas fortes e com o apoio real da comunidade, podemos transformar a vida desses animais e construir uma cidade mais justa e compassiva para todos.

FV Apesar da sua paixão pela causa animal, sabemos que a senhora também atua na defesa dos direitos das mulheres e das crianças em Valinhos. Poderia nos detalhar quais são as suas principais bandeiras e projetos nessas áreas e como a senhora as conecta com a sua atuação geral como vereadora?

MÔNICA Sim, minha atuação como vereadora vai além da defesa dos animais. Essas bandeiras estão diretamente conectadas, pois acredito que a proteção dos animais, das mulheres e das crianças são pilares essenciais para construirmos uma sociedade mais humana e solidária.

Na defesa dos direitos das mulheres, tenho diversas iniciativas importantes, entre elas a Lei Ordinária nº 6.642/2024, que determina o fornecimento de material informativo sobre o combate à violência doméstica nas escolas da rede pública municipal. Essa ação busca esclarecer os diversos tipos de violência, ajudando a romper o ciclo de normalização que muitas vezes prende as vítimas e suas famílias, sensibilizando estudantes e suas comunidades sobre seus direitos e formas de prevenção e enfrentamento.

Além disso, trabalho para fortalecer políticas públicas que promovam a autonomia econômica e social das mulheres, como capacitação profissional e incentivo ao empreendedorismo feminino.

No que tange às crianças, atuo para garantir que políticas públicas voltadas à infância sejam efetivas e atendam às reais necessidades desse público. Acredito que investir na infância é investir no futuro da nossa cidade.

FV Olhando para os 25 anos da Praça Brasil 500 Anos, um espaço que se tornou um ponto de encontro para a família valinhense, como a senhora avalia a importância de espaços públicos de convivência como este para a qualidade de vida dos cidadãos, incluindo a possibilidade de interação com seus pets?

MÔNICA Esses espaços são fundamentais para a qualidade de vida das pessoas. Eles oferecem um respiro na correria do dia a dia, aproximam as famílias e tornam a cidade mais humana, mais acolhedora. E quando podemos levar nossos bichinhos junto, tudo fica ainda mais especial. Eles são parte da família, e ter um lugar seguro para passear com eles é uma alegria enorme.

Eu acredito que cuidar desses espaços é cuidar do que a gente mais valoriza: a nossa gente, nossa comunidade, nosso jeitinho de viver.

E muita gente pede — com razão — por mais ParCães na cidade. O povo ama, valoriza e faz uso desses espaços com carinho e responsabilidade. É um pedido recorrente que mostra o quanto esse tipo de área faz diferença no dia a dia de quem tem pet. Precisamos avançar nisso, ampliando o acesso e garantindo mais espaços públicos pensados para toda a família — de duas e de quatro patas.

FV Considerando os desafios orçamentários dos municípios, como a senhora avalia a possibilidade de novas parcerias entre o poder público e a iniciativa privada ou organizações não-governamentais para fortalecer as políticas de proteção animal em Valinhos?

MÔNICA Quando cada um faz a sua parte, conseguimos ir mais longe e atender mais vidas. Com todos os desafios orçamentários que os municípios enfrentam, as parcerias são fundamentais. O poder público nem sempre consegue dar conta de tudo, O que não pode é a causa animal continuar sendo deixada de lado por falta de recursos ou de vontade política, como já aconteceu aqui no Município. Se tiver abertura, como estamos tendo agora e boa vontade, dá pra fazer muito mais. E eu sigo aqui, sempre pronta pra lutar por isso.

FV Para finalizar, qual mensagem a senhora gostaria de deixar para os leitores da Folha de Valinhos, especialmente para aqueles que compartilham do amor e da preocupação com os animais, e para toda a população da cidade?

MÔNICA Antes de tudo, quero agradecer a cada pessoa que, de alguma forma, caminha ao nosso lado nessa luta. Quem acolhe, quem denuncia maus-tratos, quem doa, quem adota com responsabilidade… cada gesto faz diferença.

A causa animal é feita de amor, mas também de muita batalha, e ninguém faz nada sozinho. É a união da comunidade que transforma a realidade dos animais e também da nossa cidade.

Pra quem compartilha desse amor: não desista. Mesmo diante das dificuldades, vale a pena cada vida salva.

E pra toda a população de Valinhos, deixo meu compromisso sincero: seguir trabalhando com seriedade, empatia e transparência — pelos animais, pelas pessoas e por uma cidade mais justa, humana e consciente.

Eu não prometo nada além de muito trabalho. Mas quem me conhece, sabe que isso eu entrego todos os dias.

COMPARTILHE NAS REDES

Brasil e Mundo

Desinformação é principal risco global para 2025, afirma Unesco

© Marcelo Camargo/Agência Brasil
Diretor da Unesco concedeu entrevista exclusiva à Agência Brasil
Paula Laboissière – Repórter da Agência Brasil

A desinformação figura como principal risco global para 2025 e para os anos que estão por vir – à frente das mudanças climáticas, da crise ambiental, dos fluxos migratórios, da violência e do terrorismo.

A avaliação é do diretor-geral adjunto de Comunicação e Informação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Tawfik Jelassi, que esteve no Brasil na última semana para participar do Seminário Internacional Cetic.br 20 anos – Dados e Análises para um Futuro Digital Inclusivo.

“Os países não estão preparados o suficiente para combater a desinformação. Eles são vulneráveis ​​ao impacto negativo da desinformação, o que é uma questão muito importante. Portanto, sim, a desinformação é o risco global número um hoje e ao longo dos próximos anos e todos os países do mundo precisam agir para combatê-la.”

Em entrevista à Agência Brasil, ele defendeu a regulamentação das redes sociais por todos os países e um pacto global para combater a desinformação no ambiente virtual. Ele destacou, entretanto, que a responsabilidade primária pelo combate às fake news deve ser das empresas de plataformas digitais que têm a obrigação de agir.

“As plataformas digitais são globais. Elas não reconhecem limites ou fronteiras nacionais. Se não unirmos forças por meio de ações globais, não poderemos combater efetivamente a desinformação que acontece nas plataformas digitais”, afirmou.

“Cada país precisa ter uma regulamentação sobre isso. Mas precisamos ter uma abordagem verdadeira porque somente unindo forças internacionalmente é que podemos combater esse risco global. E a tecnologia não conhece barreiras”, completou o especialista que tem doutorado em Sistemas de Informações Gerenciais pela Universidade de Nova York.

Jelassi citou um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts que aponta que mentiras se espalham 10 vezes mais rápido que a verdade. “Uma vez que se espalham como fogo, o dano já está feito. Como podemos desfazê-lo? Não podemos. Mesmo que se tente retificar essa informação, o dano já aconteceu. Então, precisamos prevenir, precisamos combater a desinformação.”

A Unesco está organizando uma conferência global em junho para debater temas como inteligência artificial e transformação digital no setor público.

Para Jelassi, é necessário que o setor público acompanhe a transformação digital do mundo oferecendo aos seus cidadãos serviços de melhor qualidade utilizando tecnologias. Para isso, ele defende que os países coloquem como centro das políticas públicas o investimento no desenvolvimento de capacidades e habilidades dos seus recursos humanos.

“Uma questão específica que abordaremos [na conferência] é a construção e o desenvolvimento de capacidades.​ A partir dos nossos estudos, percebemos que, em diversos países, muitos servidores públicos não têm a competência ou o conjunto de habilidades necessárias para ter sucesso na transformação digital. Acreditamos que isso esteja no cerne de uma ação governamental.”

Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Agência Brasil: O senhor disse, certa vez, que um dos desafios e oportunidades mais importantes da nossa era é transformar tecnologias digitais em uma força para o bem. Como tem funcionado o trabalho que a Unesco realiza no sentido de contribuir para essa questão?

Towfik Jelassi: A tecnologia, de certa forma, é neutra. As pessoas podem usá-la de forma positiva ou negativa. Ela apresenta oportunidades, mas também riscos. Quando digo que a tecnologia deve ser usada como uma força para o bem, cito um exemplo: devemos usá-la para combater a desinformação, sobretudo no que diz respeito à inteligência artificial. Devemos ser capazes de detectar informações não factuais. Devemos ajudar na moderação e na curadoria de conteúdo. Não queremos que a tecnologia seja usada para prejudicar as pessoas, para prejudicar as sociedades. Não queremos que a tecnologia se torne um perigo.

A Unesco acredita firmemente que a informação e, claro, as tecnologias da informação e a comunicação devem ser um bem público comum e não um dano público. A tecnologia não só pode como já foi usada como uma força para o bem. Por exemplo: na saúde, na agricultura, no combate às mudanças climáticas e em soluções para a crise ambiental. Esses são usos positivos da tecnologia. Mas também temos que combater a desinformação, o discurso de ódio e outros conteúdos online prejudiciais.

Agência Brasil:  Alguns dos trabalhos recentes propostos pela Unesco incluem recomendações sobre a ética no uso da inteligência artificial. O senhor pode falar um pouco sobre isso?

Jelassi: Em 2018, a Unesco iniciou um projeto massivo em torno do uso ético da inteligência artificial – pelo menos três ou quatro anos antes do surgimento do ChatGPT e da inteligência artificial interativa. A Unesco é reconhecida por ser, de certa forma, o think tank [laboratório de ideias] do sistema das Nações Unidas, uma espécie de antecipadora das mudanças que virão e de seus impactos, inclusive no que diz respeito à tecnologia. Então, em 2018, a Unesco içou a bandeira do que estávamos prestes a ver: o avanço de uma tecnologia muito sofisticada chamada inteligência artificial, que pode ser usada como uma força para o bem, mas que também apresenta riscos e perigos.

Teletrabalho, home office ou trabalho remoto.
Teletrabalho, home office ou trabalho remoto. – Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Unesco pediu responsabilidade ética dentro do uso da inteligência artificial. O trabalho incluiu consultas globais abertas e, claro, trabalhos de especialistas mundiais sobre o assunto, o que culminou, em 2021, com os 193 Estados-membros aprovando as Recomendações sobre a Ética na Inteligência Artificial. Esse foi o primeiro instrumento normativo global desenvolvido sobre esse assunto e fico feliz em dizer que, hoje, temos 70 países ao redor do mundo que estão implementando essas recomendações para o uso ético e responsável da inteligência artificial.

Agência Brasil: Onde se encontra o Brasil neste processo?

Jelassi: O Brasil está bastante avançado e está entre os países que, claro, votaram a favor desta recomendação global da Unesco e que também implementaram os princípios e as diretrizes contidos nesta importante publicação.

Agência Brasil:  A Unesco tem apelado ao uso responsável e ético da inteligência artificial. Como estão as coisas neste momento e o que precisa mudar em relação a essa temática?

Jelassi: Existe um diferencial importante entre as tecnologias digitais: elas se desenvolvem numa velocidade muitíssimo alta, que países e entidades reguladoras não conseguem acompanhar.  É o que acontece quando se tem uma tecnologia como a inteligência artificial, que impacta tantos setores. Por exemplo: um professor não pode mais aplicar uma prova para que os alunos levem para casa porque sabe que a resposta virá do ChatGPT e todos os alunos passarão na prova. Então, hoje, não vivemos mais um momento que que precisamos melhorar ou reformar a educação. Estamos em uma era onde precisamos transformar a educação, transformar o ensino, transformar a aprendizagem, transformar a avaliação dos alunos. Este é apenas um exemplo. Posso dar um exemplo também na agricultura, sobre como a inteligência artificial transforma a maneira como os agricultores cuidam de seus negócios. Hoje, você pode saber, com base no tipo de solo, clima, cultivo, água e irrigação qual a melhor semente a ser cultivada em uma determinada terra, além do uso de fertilizantes personalizados – não mais de fertilizantes genéricos, mas fertilizantes personalizados para ajudar a otimizar o campo de cultivo.

Tudo isso graças ao big data, à análise de dados, aos algoritmos preditivos, aos sistemas de informação geográfica, a imagens de satélite, às fotos tiradas com drones. A tecnologia hoje está no cerne da agricultura. E quem teria pensado nisso, mesmo alguns anos atrás? A tecnologia impacta todos os setores, todas as indústrias, nossas vidas, nós mesmos como indivíduos, a sociedade em geral. Portanto, temos que exigir o uso responsável e ético da inteligência artificial, ​​que respeite a dignidade humana, a privacidade de dados e os direitos humanos. Não é porque a tecnologia está aí para nos permitir fazer tudo que podemos simplesmente ir em frente. Temos que ser cidadãos responsáveis ​​e temos que ser usuários éticos dessa tecnologia.

Agência Brasil: O senhor pode falar um pouco sobre as diretrizes da Unesco voltadas especificamente para gestores de plataformas digitais e que visam combater a desinformação, o discurso de ódio e outros conteúdos online?

Jelassi:  Esse é um tópico muito importante hoje porque todos nós, cidadãos do mundo, passamos várias horas por dia em mídias sociais ou plataformas digitais. Estudos mostram que uma porcentagem bastante significativa de pessoas está conectada a mídias sociais e plataformas digitais – do minuto em que acordam pela manhã até a hora de dormir. Elas têm, em média, entre sete e oito horas por dia de conexão com as mídias sociais. Quando estão no trabalho, quando estão em movimento, quando estão almoçando ou jantando, elas ainda estão conectadas. Essa é a realidade de hoje. Mas nem tudo o que vemos online é informação factual, é informação verificada, é dado objetivo. Não podemos confiar em tudo porque há, como você mesma disse, uma quantidade crescente de desinformação e informações falsas.

Sabemos que, especialmente pelo meio digital, mentiras são transmitidas muito mais rápido que a verdade. Um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Boston, revelou que mentiras viajam 10 vezes mais rápido que a verdade. Mas, uma vez que se espalham como fogo, o dano já está feito. Como podemos desfazê-lo? Não podemos. Mesmo que se tente retificar essa informação, o dano já aconteceu. Então, precisamos prevenir, precisamos combater a desinformação. Ela é muito, muito prejudicial. Temos que garantir que sejam fatos e não informações falsas que são disseminadas online. Permita-me citar Maria Ressa, jornalista filipina que recebeu o Nobel da Paz de 2021. Ela disse:

‘Sem fatos, não há verdade. Sem verdade, não há confiança. E sem confiança, não temos uma realidade compartilhada’. Todos podem ter sua opinião, mas devem ser os fatos o conteúdo a ser compartilhado. É a realidade que deve ser compartilhada. Ninguém pode apresentar seus próprios fatos ou sua própria realidade. Sobretudo quando esses fatos estão errados e podem manipular as pessoas, podem influenciar as pessoas.

Sabemos que a informação, a liberdade de expressão e a liberdade de mídia são a pedra angular da sociedade democrática e precisamos preservá-las. Porque, se nossa sociedade for dominada por desinformação, discurso de ódio e coisas do tipo, isso pode ser algo que divide. Pode colocar alguns grupos de pessoas ou algumas comunidades contra outras, ou alguns indivíduos contra outros. E isso é muito prejudicial para nós como sociedade, como comunidade.

Agência Brasil: A desinformação pode ser considerada o principal risco global para 2025 e para os próximos anos? O que pode ser fazer a respeito?

Jelassi:  Sim, mas não sou eu quem pensa assim. São duas fontes que temos. Uma delas é o Fórum Econômico Mundial de Davos que, em janeiro de 2025, publicou um relatório anual no qual coloca a desinformação como o risco global número um para 2025 e para os próximos dois anos, com base em suas pesquisas e seus estudos. Eles colocam a desinformação como risco global número um, à frente das mudanças climáticas, da crise ambiental, dos fluxos migratórios, da violência e do terrorismo. Já em março de 2025, as Nações Unidas publicaram o Relatório Mundial de Risco Global e colocaram a desinformação como risco global número um com base em dois critérios: o primeiro é a importância e o segundo é a vulnerabilidade dos países. Ou seja, os países não estão preparados o suficiente para combater a desinformação. Eles são vulneráveis ​​ao impacto negativo da desinformação, o que é uma questão muito importante. Portanto, sim, a desinformação é o risco global número um hoje e ao longo dos próximos anos e todos os países do mundo precisam agir para combatê-la.

Agência Brasil: O senhor acredita que precisamos unir forças para enfrentar todos esses problemas e tornar o ciberespaço um lugar mais confiável?

Jelassi: Absolutamente. Por que precisamos unir forças em nível internacional, em nível global? Porque as plataformas digitais são globais. Elas não reconhecem limites ou fronteiras nacionais. Elas espalham a palavra. Elas são globais por natureza. Se você usa qualquer uma dessas plataformas digitais ou mídias sociais, você as usa no Brasil, você as usa em qualquer país do mundo. Então, se não unirmos forças por meio de ações globais, não poderemos combater efetivamente a desinformação que acontece nas plataformas digitais. Claro, cada país precisa ter uma regulamentação sobre isso. Mas precisamos ter uma abordagem verdadeira porque somente unindo forças internacionalmente é que podemos combater esse risco global. E a tecnologia não conhece barreiras.

Agência Brasil: Como buscar um uso responsável e transparente das plataformas, além de uma melhor moderação de conteúdo por parte das empresas de tecnologia?

Jelassi: Boa pergunta. Mais uma vez, não estamos falando de utopia. Quando falamos sobre governança efetiva de plataformas digitais, isso não é uma ilusão. Pode efetivamente ser feito. Vou dar um exemplo de uma plataforma digital que tem mais de 1,5 milhão de usuários ativos e onde não vemos discurso de ódio, não vemos assédio online, não vemos desinformação: LinkedIn. Sou um usuário diário. Talvez passe uma hora a uma hora e meia todos os dias. É uma plataforma, como eu disse, com mais de 1,5 milhão de pessoas, mas que está cumprindo sua missão, está atraindo pessoas – especialmente profissionais. Está funcionando.

Não precisamos acreditar que qualquer plataforma, por natureza, tem que ser uma força para o mal ou deve necessariamente espalhar informações falsas. Se elas tiverem os algoritmos adequados, se seguirem os princípios que mencionei antes, se tiverem a curadoria de conteúdo adequada, a moderação de conteúdo adequada, filtrando mensagens de violência, mensagens de ódio, podem funcionar.

As empresas de tecnologia não deveriam deixar que esse tipo de coisa fosse disseminado e exibido em todo o mundo através de suas plataformas. Elas gerenciam as plataformas, não os usuários. Claro, há um modelo de negócios por trás disso. O que atrai as pessoas? A desinformação. Porque notícias falsas geram barulho. E as pessoas não sabem que elas são necessariamente falsas. As pessoas dizem:

‘Nossa, deixe-me compartilhar isso com um amigo’. Assim, a desinformação é compartilhada em grande escala. Quanto mais você dissemina esse tipo de informação, mais pessoas clicam nela. Quanto mais cliques, mais empresas anunciam online nessa plataforma. E, com mais publicidade online, mais lucro.

Podemos ver como o modelo de negócios, de certa forma, não exatamente favorece a desinformação, mas permite que ela aconteça. Por isso, as empresas de plataformas digitais têm a responsabilidade primária de agir.

Agência Brasil: O senhor pode falar um pouco sobre a temática da transformação digital do setor público, que será discutida em junho em uma conferência global organizada pela Unesco? Trata-se de um tema de interesse para todos os Estados-membros?

Jelassi: A Unesco está organizando uma conferência global nos dias 4 e 5 de junho de 2025, em sua sede, em Paris, sobre inteligência artificial e transformação digital no setor público. Acreditamos que, para que qualquer país e qualquer governo possam melhorar seus serviços aos cidadãos, eles precisam usar tecnologias digitais, precisam transformar seu relacionamento com os cidadãos e o tipo de serviços e de administração pública que oferece aos cidadãos. Esse é o foco desta conferência. E uma questão específica que abordaremos é a construção e o desenvolvimento de capacidades. A partir dos nossos estudos, percebemos que, em diversos países, muitos servidores públicos não têm a competência ou o conjunto de habilidades necessárias para ter sucesso na transformação digital. Acreditamos que isso esteja no cerne de uma ação governamental.

A inteligência artificial é um facilitador importante para serviços digitais inovadores para os cidadãos. É por isso que estamos realizando esta conferência. A Unesco desempenha um papel fundamental não apenas na advocacia, mas também na formulação de políticas, no desenvolvimento e na capacitação. Não basta fazer propaganda. Não basta desenvolver uma política ou estratégia a ser implementada. É preciso ter recursos humanos com competências e habilidades.

COMPARTILHE NAS REDES

Valinhos

Novo presidente impulsiona otimismo e busca crescimento sustentável para o comércio

Em um cenário promissor para o comércio de Valinhos, marcado por iniciativas como o “Estacionamento do Povo” e o “Sextou no Centro”, Eduardo Machado assume a presidência da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Valinhos (ACIV) com o desafio de dar continuidade a esse momento positivo e garantir um crescimento sustentável para o setor. Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, o novo presidente destacou a “evolução em 100 dias que não tivemos em 10 anos”, creditando essa mudança de cenário à inédita abertura do poder público ao diálogo com a classe empresarial. Machado enfatizou o papel da ACIV como articuladora e parceira na construção de soluções, como demonstrado na bem-sucedida primeira edição do “Sextou no Centro”

FOLHA DE VALINHOS – O senhor assume a presidência da ACIV em um momento particularmente otimista para o comércio de Valinhos, com iniciativas importantes como o “Estacionamento do Povo” e o “Sextou no Centro”. Quais considera serem os maiores desafios para dar continuidade a esse impulso e garantir um crescimento sustentável para o setor?
EDUARDO MACHADO – Vivemos, de fato, um momento de transformação para o comércio de Valinhos. A implementação de ações como o Estacionamento do Povo e a abertura da rodoviária — esta, um antigo pleito da ACIV — simboliza uma nova sensibilidade do poderM público para com os empreendedores da cidade. Nosso compromisso é buscar que essas iniciativas se tornem constantes durante esta gestão. O objetivo é fomentar a ocupação, não apenas do centro comercial de forma planejada, mas de todos os empreendimentos da cidade; melhorar a infraestrutura urbana; garantir segurança e mobilidade; além de manter ativa a escuta com os comerciantes para aperfeiçoar o que já está sendo feito.

FV – Em sua fala recente, o senhor destacou uma “evolução em 100 dias que não tivemos em 10 anos”. Quais foram as principais ações da ACIV que contribuíram para essa mudança de cenário e como a associação pretende manter essa interlocução positiva com o poder público?
EDUARDO – Essa frase reflete o sentimento da classe empresarial. Pela primeira vez em muito tempo, vemos uma gestão pública aberta ao diálogo e disposta a construir soluções junto ao setor produtivo. A ACIV tem cumprido seu papel como articuladora, trabalhando como parceira — como ocorreu na primeira edição do Sextou no Centro. Buscamos colaborar de maneira construtiva, fomentando e promovendo o comércio, os serviços e a indústria da nossa cidade.

Nossa intenção é manter essa interlocução ativa, pautada por respeito institucional e responsabilidade, sempre com foco em resultados concretos para nossos associados e para Valinhos.

FV – A ACIV tem como uma de suas finalidades “defender, assistir, amparar, orientar e instruir as classes empresariais”. Diante das rápidas transformações no comportamento do consumidor e no cenário econômico, como a ACIV pretende modernizar seus serviços e oferecer suporte ainda mais relevante para seus associados?
EDUARDO – Estamos vivendo uma aceleração tecnológica sem precedentes. Por isso, temos direcionado nossos esforços para oferecer capacitações práticas, acessíveis e atualizadas, com parceiros como o Sebrae. Dentro do nosso planejamento estratégico, estamos buscando alternativas para aproximar nossos associados de soluções digitais.

FV – A atração de consumidores para o centro da cidade é um desafio histórico. Como a ACIV pretende trabalhar em conjunto com o poder público e os comerciantes para consolidar os resultados positivos do “Estacionamento do Povo” e de eventos como o “Sextou no Centro”, transformando-os em hábitos para os valinhenses?
EDUARDO – É exatamente essa a nossa meta: transformar ações em hábitos. O Sextou no Centro foi uma experiência piloto extremamente bem-sucedida e nos mostrou que há apetite por iniciativas que tornem o centro mais vivo, atrativo e acolhedor. Queremos ampliar a frequência desses eventos, diversificar as atrações e envolver cada vez mais comerciantes. E, claro, em parceria com o poder público, melhorar a ambiência urbana e a comunicação com a população. Quando o valinhense entende que consumir em sua cidade é um ato de pertencimento, todos ganham.

FV – O calendário promocional e as datas comemorativas são oportunidades importantes para o comércio. Como a ACIV planeja atuar para fortalecer essas ações, incentivando a participação dos lojistas e criando campanhas que realmente engajem os consumidores de Valinhos e região?

EDUARDO – Temos estruturado campanhas que vão além das promoções tradicionais. Elas vêm acompanhadas de ações de experiência e valorização do comércio local. A campanha do Dia das Mães, por exemplo, envolveu ações promocionais, distribuição de prêmios e eventos paralelos no centro. Nosso objetivo é que cada data seja uma oportunidade de gerar fluxo, vendas e conexão emocional com o consumidor.

FV – Considerando as finalidades da ACIV, como a entidade pretende “promover a difusão de conhecimentos úteis” para os comerciantes locais, auxiliando-os a inovar, adaptar-se às novas tecnologias e melhorar a gestão de seus negócios?
EDUARDO – A qualificação contínua é um dos pilares da nossa gestão. Pretendemos ampliar o número de oficinas, palestras e cursos, presenciais e online, voltados às necessidades reais do nosso público — desde precificação, atendimento e redes sociais até planejamento financeiro. Queremos que o comerciante de Valinhos tenha acesso ao mesmo nível de informação e estratégia que um empresário de um grande centro. O conhecimento é a ponte entre o desafio e o crescimento.

FV – A ACIV também visa “instituir, utilizar e manter serviços de informação e proteção ao crédito”. Em um cenário de incertezas econômicas, qual o papel desses serviços para os associados e como a ACIV pretende otimizá-los?
EDUARDO – A ACIV é operadora oficial da Equifax Boa Vista em Valinhos, o que nos coloca em uma posição estratégica para apoiar os empreendedores na tomada de decisões mais seguras e assertivas. Estamos modernizando nosso portfólio de soluções de crédito, tanto para pessoas jurídicas quanto físicas, com informações robustas e personalizadas. Nossa meta é fazer com que o associado compreenda a importância da análise de crédito e utilize essas ferramentas com inteligência, reduzindo riscos e fortalecendo seus negócios.

FV – A revitalização do centro da cidade é uma pauta importante. De que forma a ACIV pretende participar desse debate e contribuir com ideias e propostas que beneficiem diretamente o comércio local, mantendo a identidade e o charme do centro de Valinhos?
EDUARDO – Temos um planejamento estratégico estruturado, com demandas institucionais e estruturais, incluindo a revitalização do centro comercial. Falamos em acessibilidade, requalificação de calçadas, iluminação, reposicionamento de cabos e fachadas, entre outros pontos. Acreditamos que o centro precisa unir funcionalidade com identidade. A ACIV está pronta para contribuir com propostas viáveis e dialogar com a sociedade e a prefeitura para transformar essa pauta em realidade.

FV – A colaboração entre a ACIV e outras entidades, conforme previsto em suas finalidades, é fundamental. Como o senhor pretende fortalecer essas parcerias para buscar soluções conjuntas e ampliar o impacto das ações em prol do comércio, indústria e serviços de Valinhos?
EDUARDO – Somos parte de um ecossistema que precisa atuar em rede. Dialogar com outras entidades do 3º setor sempre foi uma prerrogativa desta gestão. Temos, em parceiros como o Clube de Mães e outras entidades, um diálogo produtivo e ações conjuntas que fazem a diferença em nossa cidade. Além disso, mantemos forte relação com o Sebrae e entidades ligadas diretamente à ACIV, que atuam em outras esferas, como a Facesp (Federação) e a CACB (Confederação), que desenvolvem excelente trabalho em nível estadual e federal. Ninguém transforma uma cidade sozinho. A força está na união de propósitos, na articulação institucional e no comprometimento coletivo com o desenvolvimento local.

FV – Olhando para o futuro da sua gestão à frente da ACIV, quais são as suas principais metas e o legado que o senhor espera construir para o fortalecimento do comércio e da economia de Valinhos?
EDUARDO – Quero deixar uma ACIV mais moderna, mais acessível e ainda mais respeitada como voz legítima dos empreendedores. Queremos que o comércio de Valinhos volte a ser referência regional, que o centro se torne pulsante e que o consumidor local tenha orgulho de comprar na sua cidade. Mais do que metas pontuais, buscamos construir uma cultura de cooperação, inovação e valorização do empreendedorismo como motor do desenvolvimento. Esse é o legado que queremos deixar: uma Valinhos que acredita no seu próprio potencial.

COMPARTILHE NAS REDES

Valinhos

Presidente da Câmara detalha os desafios e prioridades da sua gestão

Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, o presidente da Câmara Municipal, Israel Scupenaro, faz um balanço dos seus primeiros 100 dias à frente do Legislativo, marcados por uma expressiva renovação e o aumento no número de vereadores. Scupenaro aborda os desafios internos para acomodar a nova estrutura e garantir a acessibilidade, além das demandas urgentes da população por melhorias nos serviços públicos. Ele avalia a relação com o Executivo, liderado pelo prefeito Franklin, destacando a busca por harmonia em prol do desenvolvimento da cidade e a importância da fiscalização. Entre as prioridades legislativas, o presidente cita a aprovação emergencial do “Bolsa Creche” e a atenção às filas na saúde e aos problemas no transporte público. Scupenaro também comenta o impacto do aumento de vereadores na dinâmica da Câmara e as iniciativas para incentivar a participação popular, como a ELEVA (Escola Legislativa de Valinhos). Projetos futuros, como a celebração dos 129 anos da cidade e a modernização da comunicação da Câmara, também são temas da entrevista, na qual o presidente compartilha sua experiência e visão para o futuro do Legislativo valinhense.

Folha de Valinhos – Com a renovação de 37% das cadeiras na Câmara e o início de uma nova legislatura, quais foram os principais desafios enfrentados nos primeiros 100 dias, especialmente considerando o aumento de 17 para 19 vereadores?
ISRAEL SCUPENARO A legislatura se iniciou com bastante trabalho, muitas proposituras e diversas cobranças por demandas do serviço público. Internamente, houve desafios para acomodar todos os gabinetes e departamentos da Câmara Municipal, considerando o aumento de vereadores; garantir acessibilidade, pois contamos com dois vereadores com deficiência, e atender a todas as necessidades de transmissão, fundamental para a transparência dos trabalhos junto ao público. Além disso, é importante destacar a necessidade de melhorias e manutenções na infraestrutura do prédio da Câmara, que é patrimônio público; é nosso dever todo o cuidado com zelo e responsabilidade. Estamos trabalhando intensamente para vencer cada desafio.

FV – Como o senhor avalia a relação entre a Câmara e o Executivo, liderado pelo prefeito Franklin, especialmente após a expressiva votação nas eleições de 2024? Quais os principais pontos de convergência e divergência?
ISRAEL SCUPENARO Os três poderes da administração precisam caminhar em harmonia. Esse é o nosso foco principal: harmonia no sentido de buscar soluções que atendam às necessidades da população. A função do Legislativo (Câmara Municipal) é legislar, reivindicar e propor soluções e, principalmente, fiscalizar. Nesse ponto, convergimos. O desenvolvimento da cidade passa pela Câmara Municipal. As divergências, dentro do processo democrático, são perfeitamente normais e podem variar conforme a pauta. Acima de tudo, a Câmara sempre estará ao lado do que for bom e positivo para a cidade e para a população, buscando o bem comum e o avanço coletivo.

FV – Quais foram as prioridades legislativas nesses primeiros 100 dias? Quais projetos de lei e iniciativas o senhor considera mais relevantes para a melhoria da qualidade de vida da população de Valinhos?
ISRAEL SCUPENARO Foram muitas as proposituras apresentadas neste início de mandato por todos os vereadores. Aprovamos, em regime de urgência, o projeto “Bolsa Creche” para garantir que a maioria das nossas crianças tenha vagas, já que, segundo a administração, a gestão anterior não providenciou o contrato. E essa foi a prioridade: assegurar que serviços básicos não fossem prejudicados. Há grande cobrança quanto às filas de espera na saúde; a Farmácia do Povo foi minha primeira visita após assumir, cobrei solução, e muitos vereadores também o fizeram; o transporte público é um dos temas mais debatidos na Câmara; também houve a abertura de uma CPI para investigar o “suposto médico fantasma da UPA”. Sabemos que esses desafios vêm da gestão anterior, mas agora são responsabilidade desta gestão, que precisa atuar para solucioná-los.

FV – Como o aumento no número de vereadores impactou o funcionamento da Câmara? Houve mudanças significativas na dinâmica das discussões e na tomada de decisões?
ISRAEL SCUPENARO Obviamente, com mais vereadores, a tendência é termos mais matérias, menos tempo de fala, o que acaba intensificando os debates em alguns momentos das sessões – o que é natural. Como já citado, isso também impacta a infraestrutura do Poder Legislativo, que precisa de adequações para atender a todos com as melhores condições: a população para acompanhar e participar do processo, os servidores para que cumpram sua função com excelência e os vereadores para que realizem da melhor forma o seu trabalho.

FV – Como a Câmara pretende incentivar a participação popular nas decisões legislativas? Quais mecanismos estão sendo implementados para aproximar o Legislativo da população?
ISRAEL SCUPENARO Desde que estive na presidência em 2017, meu foco tem sido promover maior aproximação e participação popular. Iniciamos esta legislatura com grande presença do público nas sessões, o que até surpreendeu algumas pessoas. Agora, contamos com a ELEVA (Escola Legislativa de Valinhos), que promove cursos, palestras e workshops voltados à capacitação e desenvolvimento de vereadores, servidores e da população em geral. Em menos de quatro meses, já tivemos diversos cursos, como Libras (grande sucesso), palestra sobre desafios de famílias com pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista), curso de técnica legislativa, workshop de oratória, curso sobre excelência no atendimento ao público e teremos o curso de Cidadão Solidário com foco contábil. Nosso objetivo é fortalecer esse trabalho e aproximar ainda mais a população do Poder Legislativo.

FV – A Câmara está se preparando para a realização do Dia Municipal de Ação de Graças, que celebra os 129 anos de Valinhos. Quais são os principais eventos e atividades planejadas para a celebração?
ISRAEL SCUPENAROEste ano, queremos realizar um grande evento. Desejamos que seja uma celebração memorável, em gratidão por nossa cidade. Ainda estamos finalizando os detalhes, mas posso garantir que será um evento marcante na história de Valinhos, com amplo envolvimento da administração pública, entidades e da população.

FV – Esta é a segunda vez que o senhor assume a presidência da Câmara. Como a sua experiência anterior nas legislaturas de 2009-2012 e 2013-2016 tem influenciado sua gestão atual?
ISRAEL SCUPENARO Além dessas, também atuei na legislatura de 2017-2020, sendo também presidente no primeiro biênio. Com o tempo vem a experiência e, com ela, normalmente, melhores resultados. Os desafios são grandes, como sempre, mas busco ser uma pessoa correta em tudo que faço. Estou aqui para defender o interesse público e servir à população como vereador. Como presidente, meu papel é servir cada vereador, assessor e servidor da Casa. Minha atuação tem sido aprovada pela população, pois sempre obtive crescimento de votos em todas as eleições, o que mostra a credibilidade junto à população valinhense. Mesmo fora da Câmara nos últimos quatro anos e com o aumento no número de cadeiras, mais uma vez, tive minha maior votação. Meu maior desafio é me superar diariamente no objetivo de servir à cidade em que nasci, constituí família, criei meus filhos e onde sempre trabalhei.

FV – Quais são os maiores desafios que a comunidade de Valinhos enfrenta atualmente, e como a Câmara pretende contribuir para superá-los?
ISRAEL SCUPENARO Já citei dois deles, que entendo serem os principais: saúde e transporte público. A saúde é um desafio urgente. Sabemos que não é simples, pois há dependência do Estado e da União, principalmente em exames e cirurgias, mas é nosso dever buscar soluções. Estive em visita a deputados estaduais e federais em busca de recursos; outros vereadores também fizeram o mesmo. Outro grande desafio é o enfrentado pelos comerciantes. Com a inauguração do Estacionamento do Povo, da farmácia central e outras ações, acredito que veremos avanços importantes. Além do cuidado com o idoso de nossa cidade; lutar pela inauguração do Centro Dia “Creche do Idoso” é fundamental para muitas famílias. Essas são pautas prioritárias.

FV – Qual a sua visão para o futuro da Câmara de Valinhos? Quais são os principais objetivos e metas para os próximos anos?
ISRAEL SCUPENAROAproximar a população e alcançar melhorias no serviço público — especialmente na área da saúde — é uma das nossas prioridades. E estamos trabalhando para isso. A pauta legislativa reflete essa preocupação da Câmara com as necessidades da população: são projetos, moções, requerimentos e indicações que buscam soluções concretas para as mais diversas demandas. Também queremos modernizar todos os processos, ferramentas e o site institucional, promovendo maior interação, acessibilidade, inclusão e transparência. O objetivo é incentivar a participação ativa dos cidadãos. Assim, seguimos contribuindo cada vez mais com o desenvolvimento da nossa cidade.

FV – Como a Câmara está trabalhando para garantir a transparência de suas ações e a comunicação eficaz com a população? Quais ferramentas e canais estão sendo utilizados?
ISRAEL SCUPENARO Em diversos canais para facilitar o acesso da população às informações do Legislativo. No YouTube, pelo canal TV Câmara Valinhos, transmitimos ao vivo as sessões. Nosso site oficial, www.camaravalinhos.sp.gov.br, que acaba de ganhar a nova aba “Legislação”, com toda a legislação municipal compilada e atualizada neste mês. E também através das redes sociais, pelo perfil @camaravalinhos. Estamos modernizando ferramentas, equipamentos e processos para garantir mais transparência, acessibilidade e participação popular.
As Sessões Ordinárias acontecem todas as terças-feiras, a partir das 18h30, no Plenário Ulisses Guimarães, na Câmara Municipal de Valinhos.

COMPARTILHE NAS REDES

Valinhos

Em entrevista exclusiva, Mayr fala sobre água e os desafios e soluções para o Futuro de Valinhos

Em uma entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, o engenheiro Luiz Mayr Neto, presidente do Departamento de Águas e Esgotos de Valinhos (DAEV), detalha os desafios e as soluções para garantir a segurança hídrica da cidade. Celebrando o Dia Mundial da Água e o início das obras de desassoreamento das represas, Mayr Neto discute a importância da preservação dos recursos hídricos, os planos de contingência para crises de estiagem e os investimentos em infraestrutura e tecnologia em prol de um futuro mais sustentável para Valinhos.

FOLHA DE VALINHOS Presidente Luiz Mayr Neto, o Dia Mundial da Água nos convida a refletir sobre a importância desse recurso e os desafios da sua gestão. Na sua visão, quais são os principais desafios específicos que Valinhos enfrenta em relação à água?
LUIZ MAYR NETO O primeiro desafio é desassorear todas as represas de água, tirar o lodo para poder armazenar mais água. O segundo é diminuir as perdas de água, pois nós temos em torno de 38% de perda e temos que baixar para 25%. Essa é a nossa meta até 2030.

FV E como o DAEV está trabalhando para superá-los?
MAYR Diminuir perdas é um trabalho muito grande. Temos várias equipes que trabalham nesse sentido. Estamos, por exemplo, trabalhando para instalar várias válvulas redutoras de pressão que se chamam VRP, para diminuir a pressão em alguns pontos para que tenhamos menos rompimentos de rede, pois se perde muita água nisso também. Também vamos continuar a troca de rede de fibrocimento por PEAD. Existe ainda um plano municipal de perda e temos traçadas várias ações.

FV Além das ações contínuas de gestão e abastecimento, o DAEV planeja alguma atividade ou iniciativa especial para celebrar o Dia Mundial da Água e reforçar a conscientização sobre a importância da água na comunidade de Valinhos?
MAYR Fizemos o plantio de árvores lá na Praça do Jardim Centenário com vistas à preservação da mata ciliar. Depois nós teremos a distribuição de cartilhas junto com a Secretaria de Educação, incentivando as crianças ao uso raciownal da água. Também nós estamos participando do projeto Gota d’Água, que é a antiga Semana da Água, mantida pelo Consórcio PCJ e que somos pioneiros. Valinhos estava meio parada nesses últimos anos com esse trabalho e nós estamos retomando porque ele deu muito resultado. Para se ter uma ideia, na crise de água que nós tivemos em 2013, a população aceitou muito fazer o racionamento. Tudo porque aquela geração da Semana da Água já é adulta e pais de família e se lembraram de tudo aquilo que foi feito na época. O trabalho de conscientização é muito importante.

FV Ao assumir a presidência do DAEV no início de 2025, o senhor se deparou com um cenário complexo, especialmente com a questão da venda de 49% das ações da empresa. Quais são os principais desafios que o DAEV enfrenta atualmente, e quais são suas prioridades para garantir a segurança hídrica de Valinhos?
MAYR Hoje o processo de venda encontra-se suspenso. No dia 2 de janeiro o prefeito Franklin [Duarte de Lima] esteve no DAEV e destituiu todo o Conselho de Administração e nomeamos outro conselho e a nova diretoria do DAEV, sendo que para os cargos de diretores nomeamos funcionários concursados.

O maior desafio que a gente vai enfrentar daqui para frente é a busca de recursos para fazer uma nova Estação de Tratamento de Esgotos para a cidade. Nós estamos também colocando em operação quatro Estações de Tratamento de Esgotos Móveis Compactas na ETE Capuava para poder melhorar e aumentar a eficiência da estação em tratamento, tratando 10 % a mais de esgoto. Temos várias obras que estamos fazendo, que são urgentes, como uma elevatória de esgoto no Parque das Colinas, uma obra grande que está sendo feita e é necessária porque a região cresceu muito. Essa obra custará R$ 1,3 milhão. Fizemos ainda a troca de motores da captação de água do Rio Atibaia em parceria com o CPFL, que dá mais segurança na captação de água. São muitas as ações, inclusive o desassoreamento das lagoas.

FV Valinhos tem experimentado um crescimento urbano significativo. Como o DAEV está se preparando para garantir o abastecimento de água para essa população crescente, especialmente em períodos de estiagem prolongada

MAYR Estamos revendo todas as diretrizes que foram fornecidas para os empreendedores imobiliários. Eles estão dispostos a ajudar nos investimentos. Criamos um grupo para avaliar as perdas de água e estamos revendo todos os processos. Já temos 11 projetos de controle de perdas que temos de colocar em prática.

FV A ETA 2 é responsável por mais de 60% do abastecimento da cidade, captando água do Rio Atibaia. Quais medidas o DAEV tem tomado para garantir a qualidade e a segurança dessa água, considerando os desafios da poluição e da variação do volume do rio?
MAYR Temos uma gerente, que é a Cláudia Mayer, responsável pelas duas ETAs 2, que controla toda a qualidade da água. A gente acaba de comprar o espectrofotômetro mais moderno para fazer análise da água e investimos na capacitação do biólogo, que fez um curso de identificação de cianobactérias em água de manancial, importante para controle da qualidade da água que nós tratamos. Vamos fazer o monitoramento do esgoto despejado no Ribeirão Pinheiros, pela primeira vez, para verificar até mesmo a qualidade do efluente que vem de Vinhedo pelo ribeirão.

FV A ETA 1 depende de mananciais de serra, como a Barragem do Moinho Velho e das Figueiras. Quais são os planos do DAEV para a preservação desses mananciais e para garantir a sustentabilidade do abastecimento de água a longo prazo?
MAYR Primeiramente é desassorear, o que já iniciamos. A gente precisa colocar em prática o programa de pagamentos por serviços ambientais, que é um projeto de minha autoria quando era vereador. Esse programa é uma forma de você incentivar o agricultor que tem uma nascente, a preservar sua área dando alguma compensação, como equipamentos agrícola, ou seja, mecanismos para que ele preserve uma nascente dentro de sua propriedade. Cidades como Vinhedo, Louveira e Campinas já implantaram projetos semelhantes e têm tido resultados.

FV O Dia Mundial da Água nos lembra da importância do uso consciente desse recurso. Quais ações o DAEV tem realizado para conscientizar a população de Valinhos sobre o uso racional da água?
MAYR Vamos fazer um trabalho com as crianças, que levam a informação adiante. Elas são agentes multiplicadores. Mas a gente tem que fazer campanhas ao longo do tempo, o ano todo, usando principalmente nossas redes sociais.

FV Quais são os investimentos previstos pelo DAEV em infraestrutura e tecnologias para melhorar a eficiência do sistema de abastecimento e reduzir as perdas de água?
MAYR Estamos trabalhando na integração de todos os sistemas do DAEV, como 0800, que recebe informação do nosso contribuinte, a Central de Controle Operacional, que é uma área de inteligência do DAEV com todas as informações sobre reservatórios e também nós temos uma área de programação de serviço. Então, a ideia agora é integrar todo esse sistema para que a gente tenha um maior monitoramento e alcançar melhores resultados. Estamos trabalhando na troca de rede de fibrocimento por PEAD e instalando as válvulas redutoras de pressão VRP, para reduzir os rompimentos de rede.

FV Com a recorrência de estiagens na RMC, quais são os planos de contingência do DAEV para garantir o abastecimento de água em situações de crise hídrica?
MAYR Atualmente, estamos realizando o desassoreamento para aumentar a capacidade de armazenamento de água de 200 para 292 milhões de litros de água. O investimento de R$ 30 milhões abrange as obras nas três principais barragens da cidade. Além disso, uma das principais ações em andamento é a ampliação da área de abrangência da ETA 2.Gradualmente, essa estação está ocupando a área que antes era abastecida pela ETA 1. Com o aumento da disponibilidade de água na ETA 2, ela poderá, se necessário, suprir parte da demanda que anteriormente era atendida pela ETA 1.

FV Quais são os projetos futuros do DAEV para garantir a segurança hídrica de Valinhos e para tornar a cidade uma referência em gestão sustentável da água?
MAYR A ideia é trocar toda a rede de fibrocimento e construir um novo módulo da ETA 2, aumentando a capacidade de tratamento de água. Vamos efetuar mais controle de perdas, intensificando o treinamento dos funcionários e trabalhar em mais campanhas educativas, pois lá na Europa, Estados Unidos e Japão se gasta de 100 a 120 litros de água por dia por pessoa, enquanto que aqui se gasta 200 litros de água por dia por pessoa. Temos que conscientizar as pessoas para um uso mais racional da água. Estamos no caminho certo.

COMPARTILHE NAS REDES

Alternativa

Roseli Maria Bernardo Affonso – Mulher plural na vida e como comunicadora em Valinhos

A jornalista e radialista Roseli Bernardo pode ser considerada uma mulher plural na vida e como comunicadora em Valinhos. Casada com Flávio Afonso, e mãe de dois filhos, Juliana e Ricardo, Roseli é uma mulher forte, que prioriza a si própria, cuidando de sua saúde e de sua família. Sempre com uma postura firme e determinada, ela parece estar sempre disposta a enfrentar novos desafios e é uma pessoa de muita fé. Em sua trajetória profissional de 50 anos, Roseli já fez de tudo um pouco e ainda mais um tanto na área de comunicação. Extremamente proativa, a jornalista é envolvida há mais de 25 anos na prestação de serviços comunitários pela rádio Valinhos FM 87,9, com seu programa semanal “Revista da Manhã”, assim como em coberturas jornalísticas das eleições municipais e dos principais eventos da cidade. Além disso, Roseli é sócia na empresa AR2 Comunicação e Eventos, que há mais de 20 anos contribui para o fortalecimento do Terceiro Setor no município e que tantas histórias já eternizou. Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, a jornalista falou um pouco sobre sua vida pessoal e contou sobre sua trajetória profissional. A entrevista marca o Dia Internacional da Mulher, celebrado neste sábado, dia 8.

 

FOLHA DE VALINHOS: Você é nascida em Valinhos? Pode contar um pouco mais sobre sua origem, desde o nascimento até se tornar jornalista, mãe e esposa?

ROSELI BERNADO: Não nasci em Valinhos, mas fui registrada na cidade, então sou valinhense de todo coração. Meus pais moravam na Fazenda Santa Margarida, distrito de Joaquim Egídio, mas a família era toda daqui. Quando fiz seis anos, voltamos para Valinhos, um período muito difícil, mas de muita luta.

Já na adolescência, meu 1º emprego foi ajudante de cabeleireira. Depois disso, vendi tomate na rua com meu saudoso irmão Roberto. Na sequência, estudei e me formei professora, que era o grande desejo de minha mãe, Rosa Bernado Barbisan e pai Angelindo. Ingressei na Prefeitura de Valinhos e lecionei inicialmente para educação de adultos no Clube de Campo. Depois na educação infantil nos bairros Jardim Imperial e Santa Escolástica.

No mesmo período que atuava como professora, eu cursei a faculdade de Relações Públicas. No entanto, vi no jornalismo a oportunidade de fazer o que mais gosto. Assim voltei para a faculdade e concluí o curso. Hoje as duas práticas estão sempre muito agregadas no meu trabalho.

Ainda durante o período que lecionava, eu aproveitava contraturno para fazer estágio na Folha de Valinhos, onde aprendi muito e de lá alcei voo por um longo período na assessoria de imprensa da Prefeitura de Valinhos.

Depois tive uma passagem pela Associação Comercial e Industrial de Valinhos (ACIV), sempre na área da comunicação.

FV: O que lhe motivou estudar jornalismo? Quais foram seus principais mestres na área e qual foi sua primeira atuação como profissional?

ROSELI BERNADO: Quando me formei em relações públicas, que aliás gostei muito, não conseguia enxergar muitas oportunidades. Mas o jornalismo foi abrindo portas e eu abracei e continuo até hoje difundindo a boa nova, especialmente do Terceiro Setor.

Tive um professor que foi um grande mestre, o Romeu Santini, que me abriu portas no Diário do Povo e como correspondente de Valinhos no Jornal O Estado de São Paulo.

FV: Quando e como foi início de sua atuação como radialista?

ROSELI BERNADO: Em 1997, o então Padre João Luiz Fávero, que havia fundado a Rádio Comunitária de Valinhos, decidiu colocar a Rádio no ar, mesmo sem a autorização da ANATEL. E eu fui convidada pelo Fernando D`Àvila a movimentar a emissora. Confesso que não foi uma escolha fácil, eu sempre fiz os bastidores, mas nunca tinha ido para frente do microfone. Apesar do medo, enfrentei o desafio e aos poucos fui aprendendo e me soltando. Hoje estar no rádio é motivo de grande satisfação e prazer.

FV: Você tem uma estimativa de quantas pessoas já entrevistou e quantas edições do programa “Revista da Manhã” já realizou?

ROSELI BERNADO: O programa “Revista da Manhã” foi o 1º a entrar no ar com esse estilo de variedade. No entanto, no começo ele não ainda não tinha nome, pois fiz um concurso para que os ouvintes fizessem a denominação. A ouvinte Sônia Capovila sugeriu Revista da Manhã, que existe até hoje.

Não tenho a estatística de quantos programas e quantas entrevistas já foram realizadas, mas posso garantir que foram muitas. Só pra ter uma ideia, diariamente faço três entrevistas, são 15 na semana, 60 no mês, quando multiplicamos pelos 12 meses, a soma sobe muito são 720 pessoas que passam pela minha frente todo ano.

FV: Como você faz a seleção de seus entrevistados e como se prepara para as entrevistas?

ROSELI BERNADO: Sempre procuro assuntos de interesse dos ouvintes, como saúde, educação, práticas terapêuticas, fatos da cidade de todas as áreas.

Busco também valinhenses que moram fora do país para contar suas experiências.

Além disso, não ficam de fora no programa as questões políticas e sempre recebo as principais autoridades da cidade, assim como os   presidentes de entidades assistenciais e artistas. A rádio tem o slogan “A Voz da Nossa Gente” procuro ser fiel a isso e dou voz a tudo o que envolve Valinhos.

FV: Qual a sensação em dar voz a tantas pessoas para os mais variados temas?

ROSELI BERNADO: A sensação é de prazer. Muitas pessoas me perguntam, mas você faz isso de graça? Ser voluntária é isso, não se ganha dinheiro, mas o ganho vem de outras coisas, como relacionamentos e aprendizados diários.

FV: E como é a relação com o ouvinte? O que mais lhe fascina nesta relação?

ROSELI BERNADO: É muito interessante quando alguém me aborda e comenta:- “Roseli sou sua fã, assisto o programa todo dia”. Eu conheço vários dos ouvintes, mas não todos e sempre é uma boa surpresa quando as pessoas chegam até você e fazem um elogio ou comentam algum assunto que abordei no rádio.

Teve um dia, num evento em que eu estava fazendo fotos, uma pessoa me disse: “Você é a Roseli? Posso te dar um abraço?” E ela continua: “Assistindo você e a Mônica Salomão (psicóloga), eu mudei a minha vida. Eu tinha tentado o suicídio”. Isso impacta demais e percebi a importância do programa, dos convidados que recebo e daquilo que passo para as pessoas.

Sei que o rádio é o companheiro, aqui em Valinhos sou a companheira de muitas pessoas até de fora do país como a Geisa Salati, que está em Atlanta nos EUA, mas ouvinte fiel da Valinhos FM.

FV: Sobre as coberturas jornalísticas de eleições municipais e dos principais eventos da cidade, qual é a sensação de prestar o serviço e levar informações tão importantes para os ouvintes? Tem ideia de quantas coberturas deste tipo já realizou?

ROSELI BERNADO: Quando a apuração não era em Valinhos, mas realizada no Ginásio de Esportes do Taquaral, eu fui convidada pelo Fernando e pelo Dunga Santos. Ficávamos em volta da mesa dos escrutinadores em busca de informações. Depois disso, teve uma apuração no Cyro de Barros, que durou uma semana. Nessa ocasião, além da Rádio Brasil, com o Dunga, eu tinha o compromisso de abastecer com informações a Rádio Central de Campinas.

Daí por diante, a evolução foi acontecendo com a urna eletrônica, e com a Rádio Valinhos tivemos um primeiro e grande desafio de fazer a apuração, fomos aprendendo e melhorando.

Quando tem eleição, marido, filhos, amigos todos acabam se envolvendo porque exige muitos voluntários. Não sei quantas eleições já participei, mas vivi muitas histórias de muitos prefeitos eleitos.

FOLHA DE VALINHOS:  Pode citar fatos ou curiosidades que mais marcaram sua carreira como radialista?

ROSELI BERNADO: Para ser jornalista, radialista e repórter, você precisa ficar atento. Numa abertura da Festa do Figo, o governador Geraldo Alckmin esteve presente, eu estava na cobertura do evento. Na ocasião, o microfone não podia ir muito longe da base, me posicionei num ponto onde as autoridades seguiram até o palanque oficial e sem medir as consequências, entrei na frente e peguei uma fala do governador que foi super simpático. O cerimonial do evento não gostou muito, mas se não fosse ali, não teria outra oportunidade.

São muitos momentos especiais que já vivi no rádio, especialmente nas visitas surpresa de Natal, quando as pessoas se emocionam e nós também.

FV: Em relação a AR2 Comunicação e Eventos você pode contar sobre a trajetória da empresa e os serviços mais marcantes realizados?

ROSELI BERNADO: A AR2 surgiu numa ideia da jornalista Roberta de Andrea. Ela chegou na Rádio e me propôs criar uma assessoria de imprensa, até porque tinha sido minha grande experiência, quando trabalhei na Prefeitura.

Fizemos várias reuniões também com André dos Reis e decidimos arriscar. Já são 20 anos de caminhada eu e a Roberta e nos especializamos no Terceiro Setor. E posso afirmar que foi por meio deste trabalho que as entidades passaram a ser mais divulgadas em suas ações e consequente o aumento de suas conquistas.

Em 5 de janeiro de 2005 iniciamos o trabalho, sem saber para qual direção iríamos, mas aos poucos fomos enxergando o caminho. Hoje temos a honra de trabalhar com o Terceiro Setor, com as ações da Filarmônica Valinhos, Ocupe. Arte, Associação dos Empresários de Valinhos (AEVAL), Fórum das Entidades Assistenciais de Valinhos (FEAV) e outras.

Acredito, que além do trabalho de assessoria de imprensa, a AR2 Comunicação & Eventos se destacou pela edição de várias revistas históricas. Entre elas as revistas sobre os seguintes assuntos: Os 115 anos da Matriz de São Sebastião, Festa do Figo, Igreja do São Cristóvão, Comunidade de Nossa Senhora de Fátima, e a mais recentemente, que marcou os 71 anos do Valinhos Clube. Além disso, participamos do livro do Dr. Ruy Meirelles e do Projeto que homenageia o Fotógrafo Haroldo Pazinatto, e de outras peças jornalísticas que resgatam a história da nossa cidade.

FV: Como comunicadora você sempre demonstrou um carinho especial pelo Terceiro Setor. Pode comentar sobre essa relação?

ROSELI BERNADO: Conheço a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Valinhos (APAEV) desde os tempos de padre Leopoldo e junto com Fernando D`Ávila fizemos muitos bailes e concurso Miss Simpatia. Também junto o Dunga e o Fernando promovemos uma campanha “Seja Amigo do Excepcional”, num momento em que a entidade precisava muito de recursos e de associados, que agregaram na campanha.

Ainda no Recanto dos Velhinhos tive um envolvimento no começo, promovendo campeonatos de pesca e outras ações. Com a criação da AR2 Comunicação foi possível promover as instituições de forma mais profissional e constante.

FV: O que representa para você que tantas histórias já narrou e eternizou, ter a chance de nesta edição contar sobre você, mulher e profissional plural?

ROSELI BERNADO: É um grande prazer e reconhecimento de um trabalho que pode servir de exemplo para novas gerações. Ninguém consegue conquistar objetivos se não batalhar e subir cada degrau. Os desafios surgem a cada dia, cabe a nós ultrapassá-los com coragem e determinação, o que graças a Deus não me faltam.

Agradeço a oportunidade e estendo um grande abraço a todas as mulheres, assim como eu foram à luta e hoje podem contar as suas conquistas. Feliz Dia das Mulheres!

 

 

COMPARTILHE NAS REDES

Alternativa

Superação diária de Ellen Cumpri contagia e inspira centenas pessoas

A palestrante e influencer digital, Ellen Cumpri, que teve os dois pés e braços amputados em 2021, após complicações renais que resultaram em sepse (inflamação generalizada, ocasionada por uma resposta muito intensa do sistema imune), tem sido exemplo de superação diária em Valinhos. Sempre com sorriso no rosto e demonstrando ser uma mulher forte e de muita fé, Ellen contagia e inspira um número cada vez maior de pessoas.

Com 7.600 seguidores no Instagram (6.600 a mais após as amputações) e 2.800 amigos no Facebook, ela reuniu no último sábado (8), 380 pessoas no evento denominado “Chá da Ellen”, realizado pela segunda vez consecutiva, no Salão da Matriz da Paróquia de Sant’Ana, no bairro Vila Santana.

O objetivo do evento foi finalizar o pagamento da mão mio elétrica, no valor de R$ 105 mil, que Ellen passou a usar e está no processo de adaptação. A primeira parte do montante do equipamento foi custeada com a realização da primeira edição do “Chá da Ellen”, no ano passado.

Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, a influencer digital conta o que tem vivido desde que teve o diagnóstico de sepse, passando pelo período que esteve na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em coma e a cirurgia para amputações, até a volta para casa e o processo diário de adaptações e superações. Ela também enfatiza a alegria de receber a solidariedade de  centenas de pessoas e de vários profissionais da área de reabilitação.

FOLHA DE VALINHOS Quando e o que causou a necessidade das amputações?

ELLEN CUMPRI Em agosto de 2021 tive cólicas renais no trabalho e fui para o hospital. Fui atendida dentro do protocolo, medicamento para dor e aguardar que o cálculo renal fosse expelido pelo corpo.  Porém, voltei algumas horas depois com dores ainda piores. Um novo medicamento foi administrado e voltei para casa. Naquele mesmo dia entrei em um choque séptico, no hospital fiquei na emergência até ser transferida e iniciar o protocolo de sepse. Durante a tomografia foi identificado que o cálculo havia se movimentado e que estava parado no ureter. Isso causou uma pielonefrite (inflamação dos rins causada por bactérias) e levou a sepse.

Quando fui levada ao centro cirúrgico, no momento que fui anestesiada tive uma parada cardiorrespiratória de quatro minutos. Após ser reanimada fui colocada em coma induzido para que me corpo pudesse se estabilizar. Durante cinco dias estava desenganada pelos médicos, que deixavam todos que iam até o hospital entrar na UTI para se despedir. Meus rins pararam e quando iam iniciar a hemodiálise, ele voltou a funcionar.

Um dia antes disso, meu marido, perguntou ao médico o que precisava voltar a funcionar primeiro para que tivesse uma chance de sobreviver, o médico respondeu: os rins. Foi então que o Júnior ficou falando durante a visita, para que eu tomasse consciência dos meus rins. Quando ele saiu da UTI os rins voltaram a funcionar.

A partir desse momento iniciaram o tratamento para tentar reverter a falta de circulação que estava afetando as minhas extremidades e já estava próximo aos cotovelos e joelhos, devido ao uso da noradrenalina (agente vasopressor catecolaminérgico de escolha para o manejo da maioria dos cenários de choque, incluindo o séptico). Conseguiram reverter, porém, algumas áreas necrosaram.

Voltei do coma 15 dias depois, quando iam realizar a traqueostomia. E alguns dias depois fui informada que seria necessário amputar os pés e as mãos. A partir deste anúncio entrei em uma nova etapa de fisioterapias, para recuperar o movimento do corpo que parou durante o coma. Deram início a nutrição do meu corpo para me preparar para realizar as cirurgias das amputações, que aconteceram dia 1 de outubro de 2021.

FV Qual a sensação quando voltou do coma e soube que teria que passar pelas amputações?

ELLEN Eu soube da amputação com os médicos conversando sobre a necrose. Eu pedi para ver e no mesmo instante entendi que a amputação salvaria minha vida. Sabia que não dava para manter os membros como estavam, pois eu podia ir a óbito.

FV  Como foi a volta para casa, após a alta da cirurgia das amputações?

ELLEN Voltei para casa no dia 11 de novembro de 2021, quando iniciamos uma nova etapa na vida de toda a minha família. Confesso que o retorno foi assustador, pois eu precisava de cuidados em todos os sentidos e fiquei totalmente dependente. Eu senti muito medo de como seria minha vida sem os membros. No entanto, eu tive muito apoio de todos os familiares. No início tivemos que alugar uma residência maior, com uma casa nos fundos para que minha mãe, Silvana, 58 anos, pudesse morar conosco. Sou muito grata pelo desprendimento dela sair da sua casa, mudar a vida e vir para junto da minha família ajudar a cuidar de mim.

O meu filho, Gabriel, e marido também revezam os períodos da manhã e tarde para me carregar e fazer as transferências de ambientes quando necessário. Ambos tiveram a liberações de seus respectivos patrões para trabalhar home office. Eles me carregavam da cama para a cadeira de banho para que eu pudesse ir até o banheiro ou da cama para o sofá da sala. Minha mãe me trocava, escovava os meus dentes, penteava meus cabelos e me alimentava. No mesmo período minha sogra, Maria de Lourdes, 71 anos, lavava e passava nossas roupas. Neste período de adaptação eu tive que fazer curativos diários por meses, pelo plano de saúde e também passei a realizar fisioterapia três vezes na semana e terapia semanal.

FV  Quando as coisas começaram a melhorar na sua nova rotina como amputada?

ELLEN Posso dizer que isso ocorreu, no mês de maio de 2022, quando por meio de vaquinhas e rifas, adquiri minhas próteses dos pés e fui me adaptando a protetização. A partir daí minha vida começou a mudar. Minha mãe voltou para casa dela e nossa família passou a cuidar da casa novamente. Porém, confesso que não foi nada fácil. Afinal era uma nova etapa a ser vivida e um desafio enorme. Eu que não tinha ideia de como seria e fui muito bem acolhida pela Clínica Próteses News.

No início cheguei a pensar que não seria capaz de andar, pois é um processo muito doloroso e foi necessário muita persistência e determinação para aprender e aprimorar a caminhada. No mesmo período ainda iniciei as fisioterapias na Clínica Fernanda Figueiredo, com os profissionais que me acolhem até hoje. Toda semana eles realizam os atendimentos que me capacitam e me fortalecem para enfrentar os desafios diários de ser uma Pessoa com Deficiência. Hoje contamos na família somente com uma pessoa que vai limpar a casa para nós. Isso porque, muitas coisas eu não consigo fazer, como lavar banheiro, cozinhar e limpar o quintal.

FV Além do desafio diário que uma pessoa com deficiência enfrenta, quais fases você define como marcantes em todo seu processo de superação?

ELLEN Me tornar uma Pessoa com Deficiência, abriu meus olhos para um mundo que existe, mas que só enxergamos quando somos inseridos nele.  Realmente o que enfrento são desafios diários, direitos violados e lutas para tornar o mundo acessível para todos.

Me recordo que a primeira vez que coloquei as próteses, senti muita dor. E foi aí que entendi o desafio que seria voltar a andar. Mas, como tudo na vida, as dificuldades são fases e processos a serem enfrentados. Agora se tem algo que me dá força é a equipe multidisciplinar que há dois anos me assiste gratuitamente na Clínica Fernanda Figueiredo. No Pilates tenho ajuda no fortalecimento dos membros. Nas aulas de LPF (Low Pressure Fitness), que é um método de exercícios com baixa pressão no abdômen, fortaleço a parte abdominal. Assim, andar se tornou mais leve e a cada dia fica mais natural. A drenagem linfática e semanal também me ajuda bastante, diminuindo os edemas e contribuindo para aliviar as dores. Além disso, a terapia manual e o laser ajudam a manter meu corpo equilibrado para caminhar e reduzem a inflamação inclusive dos cotos das mãos.

Posso afirmar que durante todo o processo de adaptação ao novo modo de vida me tornei muito ativa e estou em constante aprendizado. Por vezes, eu acabo até batendo muito os cotos das mãos, mas aí tento apreender a realizar as atividades de forma mais tranquila, para evitar um ferimento desnecessário.

Com evoluções diárias na reabilitação eu aprendi a escovar meus dentes, pentear os meus cabelos e até lavar a louça. Além disso, passo aspirador na casa, tiro pó das estantes, dobro as roupas. Também separo e coloco na máquina para lavar. Meu marido e eu realizamos a maioria das atividades juntos, mesmo com as minhas limitações, e seguimos sempre nos adaptando.

Agora, tomar banho é uma coisa que ainda não tenho autonomia. Todo dia preciso lavar os cotos e tirar as próteses, assim é meu marido quem dá banho em mim.

FV Quando e como teve a ideia de realizar campanhas para lhe ajudar neste processo de superação? Pode detalhar quais ações já realizou?

ELLEN Tivemos a ideia de iniciar vaquinhas e as outras ações beneficentes quando começamos a realizar os orçamentos e percebemos que os valores das próteses eram altíssimos. Abrimos uma vaquinha virtual, fizemos bazares, rifas e dois chás. Essas ações me ajudaram a comprar as duas pernas, garantem as manutenções que venho realizando e recentemente me permitiu adquirir a mão mio elétrica, que estou em fase de adaptação.

As pessoas são muito solidárias e junto delas estou conseguindo realizar meus sonhos de ter mais autonomia.

FV  Tem ideia de quantas pessoas já lhe prestaram de alguma forma solidariedade em todo esse processo de superação a partir das amputações?

ELLEN Eu sou extremamente grata, mas não sou capaz de me mensurar quantas centenas de pessoas já contribuíram, contribuem e ainda vão contribuir comigo. O ser humano é realmente capaz de se doar ao próximo, mesmo sem nunca ter me conhecido. Isso é maravilhoso e fico muito feliz que as pessoas olhem para minha história e sejam solidárias para comigo.

FV  O que significa para você receber a solidariedade e carinho de todas essas pessoas?

ELEN Eu sempre me emociono com as pessoas que chegam até mim. Pois, todos têm suas próprias histórias, seus desafios a serem superados, mas quando ouvem falar da minha história ou passam a me conhecer sempre demonstram de pronto solidariedade. Eu me sinto muito amada e grata pela oportunidade de continuar viva e ver como muito são capazes de exalar a sua essência, sendo simplesmente humano.

FV  Conte um pouco sobre a realização no seu mais recente evento beneficente realizado no último sábado, dia 8?

ELLEN O “Chá da Ellen” foi uma ideia que surgiu em 2022, por meio do Ministério de Mulheres da Igreja de Sant’Ana, no bairro Vila Santana. O padre Luis Roberto Dilascio havia sugerido um almoço, mas idealizamos um chá beneficente. A primeira edição reuniu 350 pessoas e neste último sábado a segunda edição foi novamente sucesso, totalizando a presença de 380 pessoas. Recebemos muitas doações de comida, prendas, mas principalmente de trabalho voluntário, o que torna tudo possível.

Foi servido suco, chá e água, torradas com patê, salgadinhos e bolo. Tudo isso graças a união das comunidades Divino Espírito Santo, São Judas, Santana, Rosário e São Francisco.

O padre Carlos José Nascimento sempre disponibiliza o salão da Matriz Sant’Ana para o chá, assim como os bazares que realizamos. O primeiro bazar foi promovido pelo Movimento Ouro Rosa e o Mobiliza Amigos, que fizeram também juntamente com o Diego Ricardo da academia PeD uma manhã de fitdance para arrecadação.

FV  Para finalizar qual a receita para encarar tantos desafios e limitações sempre com seu sorriso no rosto?

ELLEN A receita para seguir em frente é a fé. Praticar a fé deve ser um exercício diário, assim como realizamos atividades para o corpo. Eu mantenho minha fé em dia, buscando a Deus por meio das minhas orações diárias, participando ativamente da comunidade e indo às missas.

Estudo muito para poder contribuir de alguma forma com tantas pessoas que me ajudaram e trazer informações sobre os mais diversos assuntos.

Falo sobre sepse e mostro minha rotina e superações diárias com leveza e alegria nas minhas redes sociais. Compartilho inclusive dúvidas dos meus seguidores e apoio às pessoas que estão no início da protetização. Amo conversar com as pessoas, ter a oportunidade de conhecer muitas histórias e trocar experiências e vivências.

COMPARTILHE NAS REDES

Alternativa

ENTREVISTA Professora é a favor da lei que restringe o uso de celulares nas escolas

A professora de História e Geografia, Rosemeire Silva, é a favor da nova regra que marca a volta às aulas neste ano em todas as escolas do país. A Lei Federal Nº 15.100/25, sancionada no dia 14 de janeiro, proíbe celulares o uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos. A norma permite o uso dos aparelhos apenas para fins pedagógicos, sob a orientação dos docentes, e deve ser cumprida em todas as instituições públicas e particulares da Educação Básica. Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, a professora contou que na Escola Estadual Professor Cyro de Barros Rezende, teve início nesta quinta-feira, dia 6, o trabalho de conscientização para ajudar alunos e os pais neste período de adaptação. Ela também respondeu várias perguntas formuladas pela redação sobre o tema.

Raio X

Nome: Rosemeire Silva
Idade: 57 anos
Formação: Professora de História e Geografia, graduada pela Universidade de Araraquara
Área de atuação: Ministra aulas para o total de 217 alunos, em ambas as disciplinas no Ensino Fundamental II (6º, 7º e 9º anos) e no Ensino Médio (1º e 2º graus), no Programa de Ensino da Escola Estadual Professor Cyro de Barros Rezende.

FOLHA DE VALINHOS Rosemeire você já sinalizou ser a favor da nova lei, que procura limitar o uso de dispositivos eletrônico portáteis, tanto nas salas de aula quanto no recreio e intervalos. Pode explicar sobre seu posicionamento?

ROSEMEIRE SILVA Sou favorável, porque acredito que os dispositivos eletrônicos atrapalham bastante a concentração dos alunos. Em grande maioria os alunos não conseguem formular uma resposta, não querem ler e nem pensar.

FOLHA DE VALINHOS Enquanto professora, você acredita que a nova medida pode proteger de fato as crianças e adolescentes dos impactos negativos das telas na saúde mental, física e psíquica, tal como aponta o MEC (Ministério da Educação)?

ROSEMEIRE SILVA Sim. Devido a inocência das crianças e adolescentes creio que a nova lei poderá diminuir os impactos negativos na vida deles e melhorar a saúde mental.

FOLHA DE VALINHOS Para que a lei seja aplicada corretamente, o MEC prepara uma regulamentação e cabe às instituições de ensino definirem as próprias estratégias de implementação. Para isso, o Governo Federal já divulgou manuais de orientação para escolas. Sua instituição já recebeu e quais estratégias já foram adotadas?

ROSEMEIRE SILVASim aqui no Cyro já recebemos as orientações do Governo Federal e da Diretoria de Ensino. A primeira estratégia foi adotada nesta quinta-feira, dia 6, quando no horário da tutoria os professores leram para os alunos do ensino médio, a Legislação e todos puderam tirar dúvidas. Na mesma data foi realizada uma reunião geral com os pais para orientação de como proceder com os filhos sobre a nova lei.

FOLHA DE VALINHOS Você deu sugestões para a instituição de ensino que atua? Pode citar as principais?

ROSEMEIRE SILVA Eu e a maioria dos docentes sugerimos a liberação de jogos e livros de leitura, gibis, caça palavras, música no intervalo, para que os estudantes possam de alguma maneira se distrair nos horários do intervalo e do almoço

FOLHA DE VALINHOS Como está o grau de ansiedade dos alunos em relação a nova lei e como eles têm se posicionado neste retorno à sala de aula?

ROSEMEIRE SILVAO grau de ansiedade está baixo. Alguns alunos estão reclamando, porém outros concordaram com a Lei. Afinal, eles mesmos acham que o celular estava atrapalhando bastante, principalmente aqueles que são viciados em jogos.

FOLHA DE VALINHOS Antes da nova medida, você utilizava o celular como uma ferramenta pedagógica e material didático eletrônico? Se sim, com qual frequência e pode citar alguns exemplos? Se não, qual a causa para não utilizar?

ROSEMEIRE SILVA Sim, eu utilizava bastante o celular em minhas aulas, porque facilitava na hora de fazer pesquisas, ver imagens, para fazer trabalhos e atividades nas plataformas.

FOLHA DE VALINHOS Se optar pela utilização do celular como ferramenta em sala de aula, você acredita que os alunos irão respeitar o uso somente para este fim específico? E como pretende fazer o controle disso?

ROSEMEIRE SILVA Creio que se for utilizado o celular em sala de aula como ferramenta será difícil de controlar os alunos, pois muitos deles não respeitam as regras. Justamente, por isso que o Governo Federal irá enviar mais notebooks para as escolas estaduais para não haver a necessidade dos celulares em classe. Hoje nós temos aqui na nossa escola sala de informática e notebooks avulsos para os estudantes usarem.

FOLHA DE VALINHOS Sobre a participação dos pais para reforçar a necessidade do cumprimento das novas regras, qual sua avaliação? Acredita que eles irão contribuir para destacar os impactos negativos do uso excessivo das telas para seus filhos? E ainda tem expectativa que os responsáveis limitem e controlem o uso desses aparelhos fora da escola?

ROSEMEIRE SILVA A participação dos pais tem sido boa. A maioria gosta da Lei e está nos apoiando. Acredito que sim, os pais irão limitar o uso do celular em casa e controlar melhor o tempo dos filhos, principalmente os menores, em dispositivos eletrônicos. Afinal, todos sairão ganhando com isso e minha expectativa é otimista neste sentido.

COMPARTILHE NAS REDES

Alternativa

Fábio H. Silva Motta: Um biólogo apaixonado pela Serra dos Cocais

O biólogo Fábio H. Motta, apaixonado pela Serra dos Cocais, dedica sua vida a desvendar os mistérios da fauna e flora local. Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, ele fala sobre a criação do Instituto Serra dos Cocais – ISC – do qual é presidente e revela a importância da Serra para Valinhos, os desafios de combater os incêndios de 2024 e as ações urgentes para proteger esse patrimônio natural. Motta também fala sobre o projeto de reflorestamento e a criação do Instituto Serra dos Cocais, que visam garantir a preservação da Serra a longo prazo.

FOLHA DE VALINHOS Fábio, você tem dedicado grande parte da sua vida à Serra dos Cocais. O que te motiva a essa paixão e como você enxerga a importância da Serra para a região de Valinhos e para a região?
FÁBIO MOTTA Minha paixão parte principalmente da curiosidade, o afeto que desenvolvi pela Serra dos Cocais começou com a curiosidade de conhecer quem eram os animais que moravam ali, como se comportavam, como se relacionavam entre suas famílias e outras espécies, se caçavam, se eram caçados, eu queria conhecê-los, uma vez que os conheci me apaixonei sem dúvidas.

A Serra é produtora de água, uma das principais substâncias para a vida como a conhecemos, isto já deveria ser argumento suficiente para importância da Serra as populações humanas, mas para além dos nossos interesses a Serra dos Cocais é lar da vida selvagem, é um encontro de biomas ameaçados e território de cavernas graníticas, um local único que carece de proteção.

FV Em setembro de 2024, vimos a Serra dos Cocais ser devastada por incêndios. Como foi atuar como voluntário no combate às chamas? Quais foram os maiores desafios e o que te marcou nesse período?
FÁBIO Minha atuação contra as queimadas na Serra sempre teve prioridade no resgate de fauna, porém as queimadas de 2024 foram tão devastadoras que mal havia animais para serem resgatados com vida, em conjunto com a Brigada Cachorro do Mato pude auxiliar na contenção dos focos de incêndio, porém o maior desafio foi a proporção das chamas que inviabilizava o trabalho individual, necessitando de apoio aéreo, fazendo com que ficássemos a mercê, observando a Serra queimar sem conseguir fazer nada. E mesmo quando finalizávamos o dia zerando o número de focos, durante a madrugada novos focos surgiam, trazendo o potencial criminoso dos incêndios de 2024. Porém a mobilização da população em prol de ajudar contra os incêndios, trouxe esperança nos piores dias, a mobilização para arrecadar alimentos e os voluntários que auxiliaram na concessão de alimentos para os animais nas matas, foi um marco inesquecível que fica marcado na pele como conquista ambientalista, o poder de uma sociedade que caminha de mãos dadas em prol do futuro.

FV Os incêndios de 2024 servem como um alerta sobre a vulnerabilidade da Serra. Que medidas urgentes você considera que precisam ser tomadas para prevenir novos incêndios e proteger a Serra de outras ameaças?
FÁBIO O monitoramento de zonas próximas a Serra através de patrulhas e câmeras, assim como a realização de palestras e atividades sociais a respeito da importância de nosso patrimônio natural. Mas principalmente a criação ou aprovação de leis e políticas ambientais, como o PL APA Estadual Serra dos Cocais, estas ferramentas permitem a base de regulamentação para como lidamos com o meio ambiente.

FV O projeto de reflorestamento que você lidera é um raio de esperança para a Serra. Como surgiu essa iniciativa e quais são os principais desafios para alcançar a meta de 30 mil mudas plantadas?
FÁBIO Esta iniciativa surgiu a partir da necessidade de recuperar o que a exploração predatória vem tirando da Serra dos Cocais nos últimos séculos, é a chance de escolher um caminho diferentes para que o futuro ainda seja uma possibilidade.

O maior desafio no plantio da serra é conhecer através de pesquisas científicas quem são as espécies que existiam aqui antes das paisagens serem alteradas pela mão humana, através dessas pesquisas será possível garantir que a Serra dos Cocais chegue perto da plenitude de sua originalidade, para que isso seja feito precisamos de diálogos com proprietários da área para que estes permitam o acesso e a realização das pesquisas.

FV Além do plantio de mudas, que outras ações são importantes para garantir a recuperação da Serra e a proteção da sua biodiversidade a longo prazo?
FÁBIO É fundamental que consigamos como primeiro passo, conhecer com precisão quais as espécies de vida existem na Serra dos Cocais, através destas informações será possível traçar planos de recuperação de florestas; métodos de reintrodução da fauna, relacionada a espécies que um dia existiram por aqui mas foram extintas por ação humana entre muitas atividades de criação e fortalecimento de políticas ambientais através de nossas pesquisas.

FV A fundação do ISC é um marco na luta pela preservação da Serra. Quais são os principais objetivos do Instituto e como ele pretende atuar na prática para proteger esse patrimônio natural?
FÁBIO O Instituto visa a conservação da Serra, ou seja, atingir a proteção do patrimônio natural através do uso sustentável da terra, afinal se as pessoas não tem acesso a conhecer e criar afeto pelas coisas, elas não possuem motivos para protege-las, as ações então serão relacionar a pesquisa científica realizada em campo, a atividades de produção de conteúdo eco educativo e material cultural, levando tais atividades as escolas da região para que a pauta Serra dos Cocais seja parcialmente um conteúdo curricular. Isso significa profissionais das ciências e educação trabalhando em conjunto dentro da instituição.

FV Você foi eleito presidente do ISC. Quais são suas prioridades para os primeiros anos de gestão e como você pretende mobilizar a comunidade para se engajar na causa da Serra dos Cocais?

FÁBIO Minhas prioridades são conhecer profundamente quem são as espécies da fauna e da flora da Serra, compreender como estão ecologicamente, quais melhorias precisam e como reconstituir as florestas que um dia dominaram a paisagem por aqui. Mas vejo como missão conseguir traduzir todo este conhecimento produzido e entregá-lo as comunidades da sociedade civil que moram nos municípios da Serra e região, para isso será necessário desenvolver atividades dentro das escolas e espaços públicos, para que as pessoas conheçam a Serra dos Cocais na teoria, e desenvolver atividades diretamente na serra como trilhas ecológicas, observação da fauna e muitas outras atividades criadoras de apego ao nosso patrimônio.

FV A proposta da deputada Ana Perugini de criar uma Unidade de Conservação Ambiental na Serra é um passo importante. Qual a sua opinião sobre essa iniciativa e como o ISC pretende colaborar para que ela se concretize?
FÁBIO Tive a oportunidade de participar da criação do Projeto de Lei em conjunto com a deputada Ana Perugini e considero fundamental que a área se torne uma Unidade de Conservação, pois está é a melhor ferramenta que possuímos para promover a proteção da Serra dos Cocais, os dados obtidos pelo Instituto serão disponibilizados a este e quaisquer projetos de lei que estejam alinhados a conservação e preservação da Serra, sendo também tarefa do ISC atuar na conscientização da população a respeito da importância de projetos de lei como este em função da proteção a vida.

FV A criação da APA é vista como uma forma de proteger a Serra da especulação imobiliária. Você acredita que essa medida será suficiente para garantir a preservação da Serra a longo prazo?
FÁBIO Não, a criação e regulamentação da APA é apenas a ferramenta inicial de proteção, é necessário que seja feito um Plano de Manejo para regularizar os tipos de zoneamento permitidos dentro da APA, é necessário também que novas pesquisas sejam feitas constantemente, para avaliar a necessidade de melhorias para a biodiversidade, assim como o incentivo de economia sustentável, como turismo ecológico, produção de agroflorestas e muitos outros. Além disso é necessário que o trabalho de conscientização a respeito da Serra dos Cocais seja contínuo, pois a mobilização social é também outra ferramenta para que a Serra continue em pé e medidas futuras contrárias a proteção ambiental tenham reprovação da população.

FV Para finalizar, qual mensagem você deixa para a população de Valinhos sobre a importância de proteger a Serra dos Cocais? Que ações cada um pode tomar para contribuir para essa causa?
FÁBIO A Serra dos Cocais é um local único, com a formação de paisagens cenográficas e cavernas diferentes do cotidiano, lar do canto do Sauá, das aves e anfíbios, onde nossos felinos escalam enormes figueiras e o Tamanduá procura por cupins, é onde nossa água brota do chão e forma cachoeiras, mas a única maneira de vislumbrar e se apaixonar por cada uma dessas coisas que formam a Serra dos Cocais, é preciso lutar para que nossas florestas continuem em pé. Mobilização popular, abaixo-assinados, cobrança por políticas públicas e visitas a serrinha são a chave para que a luta de proteção do futuro seja vencida!

COMPARTILHE NAS REDES