Valinhos
Diretor da Defesa Civil fala sobre a Operação Estiagem em Valinhos

Com o avanço do período de estiagem, Valinhos intensifica suas ações para combater a crescente ameaça de incêndios. A Operação Estiagem, coordenada pela Defesa Civil, atua de maneira integrada com o Corpo de Bombeiros, a Guarda Civil Municipal e outras secretarias, para responder as ocorrências de incêndio neste período. Em entrevista à Folha de Valinhos, o diretor da Defesa Civil, Eduardo Matias, esclarece como a gestão de crises está sendo conduzida, desde a resposta a grandes ocorrências, como o incêndio na Mata da Tapera, até as estratégias de prevenção para a Operação Estiagem de 2025. Matias aborda a importância da conscientização da população, as medidas de alerta em períodos de baixa umidade, a comunicação entre os órgãos de segurança e as principais formas de a comunidade colaborar para prevenir desastres. A conversa detalha os esforços da prefeitura e a vulnerabilidade da região, especialmente após a tragédia na Serra dos Cocais, reforçando que a proteção da cidade é uma responsabilidade de todos.
FOLHA DE VALINHOS A respeito dos incêndios recentes, incluindo o que atingiu a Estação Ecológica Mata da Tapera, como a Defesa Civil e os outros órgãos de segurança estão lidando com a intensidade e a frequência desses eventos no início da Operação Estiagem?
EDUARDO A Operação Estiagem já prevê esse aumento na ocorrência de incêndios no período mais seco do ano. Temos atuado em conjunto com o Corpo de Bombeiros, a Guarda Civil Municipal, secretarias municipais, DEAV, através do Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil do município, bem como com órgãos de apoio da região e do Estado, além de contar com o apoio da comunidade.
A resposta tem sido integrada, com esforço e mobilização das equipes e campanhas de conscientização para reduzir o risco de novas ocorrências.
FV Estamos fechando agosto e entrando em setembro, com a mudança de estação, qual a sua expectativa em torno dessa mudança? Qual é a avaliação da operação até o presente momento?
EDUARDO Julho e Agosto costumam ser os meses mais críticos em relação à baixa umidade e ventos fortes. Com a chegada de setembro e a proximidade das chuvas, esperamos uma redução gradativa dos riscos. Até aqui, nossa avaliação da Operação Estiagem é positiva em comparação ao mesmo período do ano passado.
FV A tragédia do incêndio de 2024 na Serra dos Cocais e os recentes focos de incêndio mostram a vulnerabilidade da região. Que ações específicas foram reforçadas ou incluídas na Operação Estiagem 2025 para prevenir que eventos como o da Serra dos Cocais não se repitam?
EDUARDO Após aquele incêndio de grandes proporções, reforçamos o Plano de Contingência, ampliamos treinamentos com brigadistas, intensificamos rondas preventivas e melhoramos a integração entre Defesa Civil, Bombeiros, proprietários rurais e demais órgãos, criando estratégias de prevenção e respostas, orientando para a feitura de aceiros, formação de grupos de WhatsApp, capacitação com treinamento teórico e prático e novas estratégias de comunicação para agilizar a tomada de decisão.
FV A baixa umidade e os ventos fortes são fatores que aceleram a propagação do fogo. A Operação Estiagem prevê medidas adicionais de alerta para a população e ações de resposta rápida quando as condições climáticas são mais críticas?
EDUARDO Sim. Trabalhamos com alertas emitidos pela Defesa Civil do Estado e pelo INMET, bem como com o monitoramento da estação Meteorológica Automática instalada aqui no município, a qual nos aponta, além de outros dados, a Umidade Relativa do Ar. Quando identificamos risco elevado, divulgamos avisos preventivos em nossas redes e grupos de comunicação. Além disso, mantemos equipes em sobreaviso para resposta imediata.
Neste período de estiagem existem critérios estabelecidos sobre a URA, sendo: acima de 30% estado de Observação; de 30% a 20% estado de Atenção; 20% a 12% estado de Alerta; abaixo de 12% Emergência.
FV Além do risco de incêndios, as queimadas têm um impacto direto no clima, na qualidade do ar e na saúde pública. Como a Defesa Civil de Valinhos tem trabalhado na conscientização da população sobre as consequências a longo prazo das queimadas urbanas e florestais?
EDUARDO Temos atuado em campanhas educativas como palestras nas escolas, mídias locais e redes sociais, explicando os efeitos das queimadas na saúde, como problemas respiratórios, e no meio ambiente. Também reforçamos que a queimada urbana é crime ambiental e pode ser denunciada pelos telefones 193, 199 e 153.
FV O Sr. Eduardo Matias mencionou que “Defesa Civil somos todos nós”. Na prática, quais são as formas mais eficazes para a sociedade civil colaborar com a Defesa Civil na prevenção de incêndios?
EDUARDO A principal forma é a conscientização e a prevenção: não fazer queimadas, não soltar balões, descartar (anteriormente “descartar”) corretamente o lixo e não jogar bitucas de cigarro em áreas de vegetação. Realizar a limpeza de terrenos. Além disso, a população pode colaborar acionando o 193, 199 e 153 diante de qualquer princípio de incêndio ou situação de risco.
FV Com o Plano de Contingência (PLANCON) e os canais de comunicação, como o telefone 199, como a Defesa Civil pretende aumentar o engajamento da população para que as denúncias e informações cheguem mais rapidamente? Existe alguma campanha ou iniciativa de educação planejada para esse fim?
EDUARDO Sim. Estamos intensificando a divulgação do 199 através de palestras em empresas e escolas, distribuição de panfletos e cartazes, participação em Podcasts (anteriormente “PodCast”), jornais e redes sociais.
FV A atuação do Corpo de Bombeiros é essencial no combate aos incêndios. Qual é o nível de integração e coordenação entre a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros de Valinhos, especialmente durante eventos de grande proporção, como os que ocorreram na Serra dos Cocais e na Mata da Tapera?
EDUARDO A integração é total. Trabalhamos lado a lado, desde o monitoramento até a resposta. A Defesa Civil atua na coordenação e logística, enquanto o Corpo de Bombeiros comanda a linha de frente no combate. Esse trabalho conjunto garante maior eficácia e rapidez na resposta.
FV A parceria com órgãos como o Corpo de Bombeiros e a Guarda Ambiental e Polícia Ambiental é fundamental. Como a Operação Estiagem 2025 fortalece a comunicação e a logística entre essas equipes para garantir uma resposta mais ágil e eficaz?
EDUARDO Implementamos um sistema de comunicação direta entre os órgãos, agilizando o despacho de equipes. Também definimos pontos de apoio logístico, com água e equipamentos, próximos a áreas críticas, para reduzir o tempo de resposta.
FV Recentemente, o comando do Corpo de Bombeiros alertou sobre o perigo de bitucas de cigarro e outros resíduos. A Defesa Civil de Valinhos e o Corpo de Bombeiros têm alguma iniciativa conjunta para fiscalizar e conscientizar sobre esses pequenos atos que podem iniciar grandes incêndios?
EDUARDO Sim. Participamos de maneira integrada na Operação Corta Fogo do Estado de São Paulo, em reuniões de treinamento e capacitação para profissionais envolvidos nestes tipos de ocorrências. Realizamos campanhas conjuntas destacando justamente o impacto de pequenas atitudes. Também atuamos com a Guarda Civil Municipal e a Guarda Ambiental na fiscalização e na aplicação de penalidades previstas em lei, quando necessário.
FV Em um cenário de incêndios simultâneos ou de grande magnitude, como o que atingiu a Estação Ecológica Mata da Tapera e outros dois pontos na região, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros de Valinhos possuem um plano de contingência para alocação de recursos e solicitação de apoio de cidades vizinhas ou de outros órgãos?
EDUARDO Sim, em caso de ocorrências de médio e grande impacto, tanto o Corpo de Bombeiros, quanto a Defesa Civil, além das secretarias municipais e DAEV, também contam com apoio de equipes de outros municípios e órgãos quando necessário. Com essa (anteriormente “mesmo”) rede de apoio em cenários críticos, temos condições de resposta coordenada.


