EDUCAÇÃO

Brasil e Mundo

Inscrições para o Prouni abrem nesta terça-feira

© Arquivo/Agência Brasil

Serão oferecidas 243.850 bolsas, diz MEC

Por Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil – Brasília

Começa nesta terça-feira, dia 23, as inscrições para o processo seletivo do Programa Universidade para Todos (Prouni) do segundo semestre de 2024. Os interessados em participar do processo seletivo terão até sexta-feira (26) para acessar o Portal Único de Acesso ao Ensino Superior, e concorrer a uma das 243.850 bolsas oferecidas nesta edição.

As inscrições são gratuitas, e a previsão é que os resultados da 1ª e 2ª chamadas sejam anunciados nos dias 31 de julho e 20 de agosto, respectivamente. O prazo para manifestação de interesse na lista de espera vai do dia 9 ao dia 10 de setembro; e o resultado da lista de espera sairá em 13 de setembro.

“Para participar do processo seletivo, é necessário que o candidato tenha participado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nas edições de 2022 ou 2023, obtendo nota mínima de 450 pontos na média das cinco provas e nota acima de zero na redação”, informa o Ministério da Educação (MEC).

É também necessário que o candidato se enquadre nos critérios socioeconômicos – incluindo renda familiar per capita que não exceda um salário-mínimo e meio para bolsas integrais e três salários-mínimos para bolsas parciais – e esteja cadastrado no login Único do governo federal que pode ser feito no portal gov.br.

“No momento da inscrição, é preciso: informar endereço de e-mail e número de telefone válidos; preencher dados cadastrais próprios e referentes ao grupo familiar; e selecionar, por ordem de preferência, até duas opções de instituição, local de oferta, curso, turno, tipo de bolsa e modalidade de concorrência dentre as disponíveis, conforme a renda familiar bruta mensal per capita do candidato e a adequação aos critérios da Portaria Normativa MEC nº 1, de 2015”, exlicou MEC.

Segundo o ministério, a escolha pelos cursos e instituições pode ser feita por ordem de preferência. Informações mais detalhadas sobre oferta de bolsas (curso, turno, instituição e local de oferta) podem ser acessadas na página do Prouni.

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Brasil e Mundo

MEC cria programa de apoio a escolas públicas com aulas noturnas

© Arquivo/Agência Brasil

Serão investidos R$ 16,2 milhões este ano

Por Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil – Brasília

O Ministério da Educação (MEC) instituiu, com a publicação da Portaria nº 653, o Ensino Médio Mais, programa que pretende garantir apoio técnico e financeiro para escolas estaduais que ofereçam pelo menos uma turma de ensino médio noturno presencial.

A ideia é fomentar a elaboração de propostas pedagógicas que colaborem para a permanência dos estudantes na escola no período noturno. Segundo o MEC, serão investidos R$ 16,2 milhões em 2024 – valores que serão repassados por faixa de matrícula, via Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE).

Escolas com até 500 matrículas (faixa 1) receberão, cada uma, R$ 5.294,63. Já as com mais de 500 matrículas (faixa 2) receberão, cada unidade, R$ 7.941,55.

“Os recursos financeiros devem ser utilizados exclusivamente para despesas de custeio, como reuniões pedagógicas, encontros formativos, rodas de conversa com estudantes, visitas técnicas, grupos focais e eventos culturais com a comunidade escolar”, detalhou o ministério.

A expectativa é de que a iniciativa resulte no apoio a mais de três mil escolas, impactando em mais de 379 mil alunos do ensino médio noturno presencial. O apoio será voltado principalmente às unidades localizadas em áreas com menores Índices de Nível Socioeconômico das Escolas de Educação Básica.

Adesão

A adesão é voluntária e pode ser feita por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). “Para participar do programa, secretarias de educação e escolas elegíveis (equipe pedagógica e estudantes) devem elaborar propostas pedagógicas para melhorar seus índices de permanência e possibilitar trajetórias escolares exitosas para todos os alunos”, informou o MEC.

As propostas devem ser elaboradas levando em conta ações que assegurem o direito à aprendizagem dos estudantes; equidade no acesso e permanência com trajetórias escolares bem-sucedidas; estratégias de fortalecimento do regime de colaboração; e o aprimoramento da organização curricular e pedagógica, considerando os perfis, necessidades e expectativas dos estudantes do ensino médio noturno.

A iniciativa está alinhada com as diretrizes do Plano Nacional de Educação (PNE), especialmente com a meta de universalização do atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos.

O MEC acrescenta que, para execução da política, estão previstos dois webinários nacionais.

“O primeiro terá foco nas secretarias de educação e escolas para a elaboração de propostas pedagógicas que contemplem as necessidades mapeadas por meio da escuta com os estudantes. Já o segundo será reservado para a apresentação, discussão e socialização das sugestões elaboradas pelas escolas. As propostas que demonstrarem, no decorrer do ano de 2025, melhorias quanto à permanência na escola e à trajetória exitosa dos estudantes do ensino médio noturno serão premiadas”.

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Valinhos

Valinhos tem a segunda melhor taxa de alfabetização da RMC

Foto: Prefeitura de Valinhos

Número é importante neste ano eleitoral para que os candidatos, em seus Planos de Governo possam apresentar propostas de políticas públicas para a educação

Dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que Valinhos tem uma das melhores taxas de alfabetização do Brasil, a segunda melhor da região Metropolitana de Campinas – RMC – composta por 20 cidades.

Na RMC a taxa de alfabetização entre as pessoas de 15 anos ou mais ultrapassa 90%. Americana é a cidade que apresenta a melhor taxa, 98,33% seguida por Valinhos, que tem uma população de 126.325 habitantes e taxa de alfabetização de 98,05%. Vinhedo aparece em terceiro lugar com 98,1% de sua população com 15 anos ou mais alfabetizada.

De acordo com o IBGE, Valinhos tem 103.712 pessoas consideradas alfabetizadas e 2.067 não alfabetizados.

Para os especialistas em educação os dados do último Censo no tocante a alfabetização apresentam cenário positivo e de avanço e, mas ao mesmo tempo  evidenciam a manutenção de desigualdades históricas. As maiores taxas de analfabetismo se concentram na população idosa e de menor renda. Municípios da RMC que têm a economia concentrada em atividades rurais possuem as menores taxas de alfabetização, casos de Artur Nogueira e Engenheiro Coelho, cidades produtoras de cana-de-açúcar e laranja.

Os dados do Censo Demográfico 2022 do IBGE foram divulgados em junho do ano passado, mas as informações sobre a alfabetização no Brasil foram reveladas quase um ano depois. No Brasil, a taxa de analfabetismo de pessoas a partir dos 15 anos de idade recuou de 9,6% para 7% entre 2010 – quando foi realizado o penúltimo Censo – e 2022.

 

POPULAÇÃO COM 15 ANOS OU MAIS ALFABETIZADA POR CIDADE

Americana …………………………………………………………98,33%

Valinhos …………………………………………………………….98,05%

Vinhedo …………………………………………………………….98,01%

Indaiatuba ………………………………………………………….97,88%

Nova Odessa ……………………………………………………..97,87%

Paulínia ……………………………………………………………..97,81%

Campinas……………………………………………………………97,59%

Jaguariúna…………………………………………………………..97,5%

Santa Bárbara d’Oeste………………………………………….97,41%

Itatiba………………………………………………………………….97,41%

Hortolândia………………………………………………………….96,93%

Pedreira………………………………………………………………96,74%

Cosmópolis………………………………………………………….96,64%

Holambra…………………………………………………………….96,51%

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Valinhos

Confira a documentação obrigatória para fazer matrícula nas Fatecs

Classificação geral e primeira chamada para matrículas serão divulgadas na segunda-feira, dia 15

Fonte: Portal do Governo de SP

Fatecs disponibilizam computador com acesso à internet para que o convocado possa fazer a matrícula

Na segunda-feira, dia 15, a partir das 15h, serão divulgadas a classificação geral e a primeira chamada para matrículas do Vestibular das Faculdades de Tecnologia do Estado (Fatecs), no site www.vestibularfatec.com.br. Os convocados devem enviar os documentos entre os dias 16 e 18.

A classificação geral do Vestibular das Fatecs considera as notas finais em ordem decrescente, de acordo com a opção de curso, período e unidade. A chamada para matrículas é feita até o limite de vagas oferecidas. As Fatecs disponibilizam computador com acesso à internet a quem quiser fazer a matrícula.

Documentos

É importante que o candidato do Ensino Superior Tecnológico conheça a documentação solicitada para matrícula, a fim de evitar imprevistos, caso seja convocado. Quem receber a chamada deverá enviar ao sistema remoto indicado, via upload, nos formatos PDF, JPEG ou PNG, os seguintes documentos:

Certificado de Conclusão do Ensino Médio ou equivalente;

Histórico Escolar completo do Ensino Médio ou equivalente;

Documento de Identidade com foto, dentro da validade. Ex.: RG;

CPF ou documento de identidade contendo o número de CPF;

Uma foto 3X4 recente, com fundo neutro;

Documento de quitação com o serviço militar ou Certificado de Dispensa de Incorporação (CDI), para o candidato brasileiro maior de 18 anos, do sexo masculino.

Quem utilizou o Sistema de Pontuação Acrescida pelo item escolaridade pública deve apresentar histórico escolar ou declaração escolar, comprovando que cursou integralmente o Ensino Médio ou Educação de Jovens e Adultos (EJA) na rede pública municipal, estadual ou federal, com detalhamento das escolas onde estudou.

Caso o requerente pretenda obter aproveitamento de estudos em disciplinas já concluídas em outro curso superior, deve apresentar a documentação referente à carga horária, ementa e programa da disciplina cursada e histórico escolar da instituição de origem. Para apresentar documentos em língua estrangeira, é preciso enviá-los vistados pela autoridade consular brasileira no país de origem, devidamente acompanhados da respectiva tradução oficial.

É de responsabilidade do candidato realizar o upload de todos os documentos no sistema de matrícula online, dentro do prazo estabelecido no cronograma. Perderá o direito à vaga quem não fizer a matrícula na data determinada ou deixar de apresentar os documentos exigidos. As orientações sobre o procedimento também estão disponíveis no Manual do Candidato e na Portaria.

Outras informações pelos telefones (11) 3471-4103 (Capital e Região Metropolitana) e 0800-596 9696 (demais localidades) ou pelo site vestibularfatec.com.br.

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Brasil e Mundo

MEC vai ampliar assistência estudantil na educação superior

Objetivo é garantir a permanência de alunos de baixa renda em universidades e institutos federais. Em 2024, verba para programas de assistência chega a R$ 1,5 bilhão, atingindo mais de 400 mil estudantes

Fonte: Agência Gov | Via MEC

O Ministério da Educação (MEC), por meio das Secretarias de Educação Superior (Sesu) e de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), está atuando para implementação da Política Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), instituída pela Lei nº 14.914/2024. A norma, sancionada pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no início deste mês de julho, contribui para a garantia da permanência dos estudantes de baixa renda nas universidades e institutos federais.

Além de novas ações e programas, que dependerão de regulamentações e definições institucionais, a política conta com outras iniciativas já existentes, como o Programa de Assistência Estudantil (PAE) e o Programa Bolsa Permanência (PBP). Neste ano, foram destinados R$ 1,27 bilhão para o PAE e R$ 233 milhões para o PBP. Os recursos dos dois programas vão compor o orçamento da Política.

Ao todo, o valor chega a R$ 1,5 bilhão — 65% maior do que o a verba destinada à assistência estudantil em 2022. O valor para 2025 ainda será definido no Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa), em elaboração. Esses programas atendem, atualmente, mais de 400 mil estudantes. Com a Pnaes, o MEC espera ampliar os estudantes beneficiados.

Para o secretário de Educação Superior do MEC, Alexandre Brasil, a sanção e a implementação da Pnaes representam um marco significativo para a educação superior no Brasil. Segundo ele, a Política foi fruto do diálogo do MEC com o Congresso Nacional, com os movimentos estudantis e com as entidades de ensino.

“Esta política visa garantir a permanência dos estudantes, demarcando o compromisso do governo brasileiro na construção de uma universidade pública, gratuita, de qualidade e mais inclusiva e equitativa. Universidade onde todos os estudantes se sintam pertencentes e tenham as mesmas oportunidades de alcançar seus sonhos e contribuir para o desenvolvimento do país”, afirmou.

Implementação – A política será implementada de forma articulada com as atividades de ensino, pesquisa e extensão nas universidades federais e na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Essas instituições terão autonomia para definir ações específicas que atendam às realidades locais, considerando as diretrizes estabelecidas pela Pnaes.

A nova legislação facilita o acompanhamento da execução dos programas e aumenta a transparência nas ações de assistência estudantil. A estruturação permitirá uma gestão mais apropriada e uma alocação de recursos mais precisa, atendendo melhor às necessidades dos estudantes.

Segundo Marcelo Bregagnoli, secretário de Educação Profissional e Tecnológica do MEC, “a maior conquista é que a lei passa a amparar a educação profissional e tecnológica em todos os seus níveis, além de mitigar as desigualdades socioeconômicas com a garantia de alimentação, transporte e diversos serviços pedagógicos que visam à permanência na escola e a conclusão nos cursos”.

Valores – A definição dos valores a serem repassados às instituições de ensino se dará a partir da análise de sua execução orçamentária nos últimos anos, mas dependerá de novas regulamentações que definirão os critérios de distribuição. Contudo, é esperado que um dos principais fatores considerados seja o número de estudantes que se enquadram no perfil definido pela nova legislação.

Esse perfil abrange estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, que necessitam de apoio para garantir sua permanência e conclusão dos estudos. Além disso, os recursos serão proporcionais ao número de estudantes matriculados que se enquadram como beneficiários da Lei de Cotas (Lei nº 12.711/2012). A regulamentação buscará criar critérios transparentes, assegurando que os recursos cheguem a quem mais precisa e que as instituições possam planejar e executar suas ações.

 

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Brasil e Mundo

Câmara rejeita mudanças do Senado para o novo Ensino Médio

© 07.07.2016/Gabriel Jabur/Agência Brasília

Relator foi contra a inclusão do espanhol como idioma obrigatório

Por Agência Brasil*  – Brasília

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (9) novas mudanças na reforma do ensino médio. A proposta já tinha sido analisada pelo Senado e agora será enviada à sanção presidencial.

O substitutivo do deputado Mendonça Filho (União-PE) mantém o aumento da carga horária da formação geral básica previsto no projeto original, de 1,8 mil para 2,4 mil horas nos três anos do ensino médio para alunos que não optarem pelo ensino técnico. A carga horária total do ensino médio continua a ser de 3 mil horas nos três anos.

Para completar a carga total nos três anos, os alunos terão de escolher uma área para aprofundar os estudos com as demais 600 horas. A escolha poderá ser entre um dos seguintes itinerários formativos: linguagens e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias ou ciências humanas e sociais aplicadas.

A proposta tinha recebido alterações no Senado Federal, que foram derrubadas pelos deputados. Entre elas, trecho que obrigava o ensino médio a ter no mínimo 70% da grade como disciplina básica e apenas 30% para os itinerários formativos. Mendonça excluiu esse ponto e, assim, os itinerários formativos poderão abranger mais que 30%.

Mendonça Filho também foi contra a inclusão do espanhol como idioma obrigatório, por criar despesa pública de caráter continuado, sobretudo para os estados. Segundo ele, o espanhol pode ser obrigatório, desde que a rede estadual adote isso. “Não dá para impor essa regra ao Brasil todo”, afirmou.

O deputado Felipe Carreras (PSB-PE) apresentou um recurso para retomar a obrigatoriedade. Ele ressaltou que o espanhol não é uma imposição de língua obrigatória, mas apenas uma opção em relação ao inglês. “Não estamos obrigando os estudantes a escolher a língua espanhola: 70% dos estudantes que fazem o Enem escolhem o espanhol”, afirmou.

*Com informações da Agência Câmara

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Brasil e Mundo

STF tem maioria para reconhecer que escola deve combater discriminação

Ação em julgamento foi protocolada em 2014 pelo PSOL

Por André Richter – Repórter da Agência Brasil – Brasília

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou, nesta sexta-feira, dia 28, maioria de votos para reconhecer que escolas públicas e particulares devem coibir discriminações de gênero e sexual.

A Corte analisa a questão no julgamento virtual de uma ação protocolada em 2014 para reconhecer que a obrigação consta no Plano Nacional de Educação. No processo, o PSOL alegou que o combate à discriminação está previsto no plano, mas de forma genérica.

Até o momento, seis dos 11 ministros votaram para reconhecer que escolas públicas e privadas devem coibir discriminações por gênero, orientação sexual, além de bullying e discriminações de cunho machista e transfóbicas.

Os votos foram proferidos pelo relator, Edson Fachin, além dos ministros Dias Toffoli, Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Flávio Dino.

No voto condutor do julgamento, Fachin concordou com o PSOL e entendeu que é preciso explicitar o reconhecimento de proteção. “Uma restrição a direitos fundamentais desta natureza não apenas deveria estar posta expressamente, senão também haveria de ser acompanhada de argumentos dotados de extraordinário peso que a justificassem”, afirmou o ministro.

O julgamento virtual do caso foi encerrado às 23h59 desta sexta-feira.

 

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Brasil e Mundo

Governo encaminha projeto do novo PNE ao Congresso Nacional

Assinado pelo presidente Lula nesta quarta, Plano Nacional de Educação institui diretrizes para a educação brasileira na próxima década. Texto prevê 18 objetivos, com metas quantificáveis

 

Fonte: Agência Gov | Via Planalto

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta quarta-feira, dia 26, o Projeto de Lei (PL) do Plano Nacional de Educação (PNE) 2024-2034. O texto agora será encaminhado ao Congresso Nacional. A cerimônia aconteceu no Palácio do Planalto, em Brasília (DF) e contou com a presença do ministro Camilo Santana (Educação).

O projeto foi elaborado pelo Ministério da Educação (MEC), a partir de contribuições de um grupo de trabalho (GT) que discutiu a temática. Além disso, foram realizados debates com a sociedade e com representantes do Congresso Nacional, de estados, municípios, conselhos de educação, entre outros. Também foram consideradas as proposições da Conferência Nacional de Educação (Conae), realizada em janeiro.

O texto prevê 18 objetivos, compreendidos nas temáticas de educação infantil, alfabetização, ensino fundamental e médio, educação integral, diversidade e inclusão, educação profissional e tecnológica, educação superior, estrutura e funcionamento da educação básica.

Para cada objetivo, foram estabelecidas metas que os quantificam e permitem seu monitoramento ao longo do decênio. A proposta contém 58 metas, que são comparáveis com os 56 indicadores do plano vigente. Para cada meta, há um conjunto de estratégias que expressam as principais políticas, programas e ações envolvendo a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, para o alcance dos objetivos propostos.

Santana destaca que o novo PNE é técnico, bem elaborado, com metas factíveis e com ferramentas de acompanhamento e monitoramento. “Encaminhamos ao Congresso Nacional um texto bastante técnico e fruto da participação da sociedade. A marca deste plano é a equidade. É um princípio que atravessa todos os 18 objetivos do PNE.  Uma novidade é o fato de termos metas focadas na redução de desigualdades entre grupos sociais”, explica.

O novo PNE também traz outras inovações, como a ênfase na qualidade da oferta do ensino, com objetivos e metas focados no alcance de padrões de qualidade na educação infantil, na educação profissional e tecnológica, no ensino superior e na formação de docentes. Além disso, há objetivos específicos para as modalidades de educação escolar indígena, educação do campo e educação escolar quilombola, relacionados à ampliação do acesso para estes estudantes. O projeto mantém metas para os públicos-alvo da educação especial e educação bilíngue de surdos.

Há, ainda, a perspectiva da educação integral como conceito. Mais do que jornada expandida, o texto aborda essa modalidade na perspectiva da educação integral, incluindo condições necessárias para o desenvolvimento pleno dos estudantes, com atividades complementares, como, por exemplo, artes, línguas e esportes.

HISTÓRICO – O PL começou a ser debatido pelo MEC desde o início desta gestão. Durante a cerimônia de transmissão de cargo, em 2 de janeiro de 2023, o ministro Camilo Santana afirmou que começariam naquele momento as discussões com todos os atores para a elaboração do novo Plano .

Em junho, foi instituído o GT para analisar os problemas da educação nacional e elaborar um diagnóstico contendo diretrizes, objetivos, metas e estratégias para o PNE 2024-2034. O colegiado era formado por representantes da Pasta e autarquias vinculadas – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep); Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) –, do Conselho Nacional de Educação, do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais e Distrital de Educação (Foncede); União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação (Uncme); Fórum Nacional de Educação (FNE); União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime); Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educação (Consed); Comissão de Educação da Câmara dos Deputados (CE/CD); e Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal – (CE/SF). O GT foi coordenado pela Secretaria de Articulação Intersetorial e com os Sistemas de Ensino (Sase) do MEC.

 

A Conferência Nacional de Educação (Conae), convocada por decreto presidencial e promovida pelo MEC, também discutiu a proposta do novo PNE. Com o tema “Plano Nacional de Educação 2024-2034: Política de Estado para garantia da educação como direito humano com justiça social e desenvolvimento socioambiental sustentável”, a etapa nacional da conferência foi realizada entre os dias 28 e 30 de janeiro de 2024. O encontro nacional foi precedido pelas etapas municipais, intermunicipais, distrital e estaduais. As conferências contribuíram para o fortalecimento dos fóruns municipais, distrital e estaduais de educação e para o debate sobre políticas públicas de educação.

Objetivos

O texto entregue ao Congresso Nacional tem como objetivos:

1 – Ampliar a oferta de matrículas em creche e universalizar a pré-escola

2 – Garantir a qualidade da oferta de educação infantil

3 – Assegurar a alfabetização ao final do 2º segundo ano do ensino fundamental para todas as crianças, com inclusão e redução de desigualdades

4 – Assegurar que crianças, adolescentes e jovens em idade escolar obrigatória concluam o ensino fundamental e o ensino médio na idade regular, em todas as modalidades educacionais, com inclusão e redução de desigualdades

5 – Garantir a aprendizagem dos estudantes no ensino fundamental e no ensino médio, em todas as modalidades educacionais, com inclusão e redução de desigualdades

6 – Ampliar a oferta de educação integral em tempo integral para a rede pública

7 – Promover a educação digital para o uso crítico, reflexivo e ético das tecnologias da informação e da comunicação, para o exercício da cidadania

8 – Garantir o acesso, a qualidade da oferta e a permanência em todos os níveis, etapas e modalidades na educação escolar indígena, na educação do campo e na educação escolar quilombola

9 – Garantir o acesso, a oferta de atendimento educacional especializado e a aprendizagem dos estudantes público-alvo da educação especial e dos estudantes público-alvo da educação bilíngue de surdos, em todos os níveis, etapas e modalidades

10 – Assegurar a alfabetização e ampliar a conclusão da educação básica para todos os jovens, adultos e idosos

11 – Ampliar o acesso e a permanência na educação profissional e tecnológica, com inclusão e redução de desigualdades

12 – Garantir a qualidade e a adequação da formação às demandas da sociedade, do mundo do trabalho e das diversidades de populações e seus territórios na educação profissional e tecnológica

13 – Ampliar o acesso, a permanência e a conclusão na graduação, com inclusão e redução de desigualdades

14 – Garantir a qualidade de cursos de graduação e instituições de ensino superior

15 – Ampliar a formação de mestres e doutores, de forma equitativa e inclusiva, com foco na prospecção e solução dos problemas da sociedade

16 – Garantir formação e condições de trabalho adequadas aos profissionais da educação básica

17 – Assegurar a participação social no planejamento e gestão educacional

18 – Assegurar a qualidade e equidade nas condições de oferta da educa

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Brasil e Mundo

SP faz convênio com 365 cidades e reforça ações para alfabetização na idade certa

Assinatura do convênio com 365 cidades paulistas para aprimorar o desenvolvimento da fluência leitora no processo de alfabetização

Medida disponibiliza acervo de 500 livros infantis em língua portuguesa e inglesa e aprimora processo de fluência leitora dos estudantes

Fonte:  Portal do Governo  de SP

O governador em exercício Felicio Ramuth autorizou, nesta terça-feira (25), o convênio com 365 cidades paulistas para aprimorar o desenvolvimento da fluência leitora no processo de alfabetização em sala de aula na rede municipal de ensino, com o acesso a uma ferramenta já utilizada nas 1.324 unidades de anos iniciais da rede estadual. A ação vai beneficiar cerca de 1 milhão de alunos e integra uma nova etapa do programa Alfabetiza Juntos SP, que objetiva atingir a alfabetização de crianças aos sete anos de idade até 2026 em todo o estado.

“Assim que assumimos, percebemos que era preciso inovar. E essa nova dinâmica passa a fazer parte do dia a dia das salas de aula de São Paulo, com mais uma ferramenta transformadora e que será muito importante para conseguirmos atingir a meta de 90% de alfabetização no estado até 2026”, afirmou Felicio. “E esses são apenas os primeiros passos de uma série de ações conjuntas que pretendemos fazer entre a rede estadual de ensino e a rede municipal para avançar no cuidado e no desenvolvimento dos nossos alunos”, acrescentou.

A formalização da iniciativa ocorreu em cerimônia na sede da Secretaria da Educação, na Praça da República, em São Paulo, e reuniu o secretário da Educação, Renato Feder, prefeitos e secretários da educação das cidades parceiras do programa Alfabetiza Juntos SP.

A parceria com as prefeituras permite acesso das unidades de ensino de anos iniciais, professores e alunos à plataforma Elefante Letrado, com um acervo de cerca de 500 livros infantis em língua portuguesa e língua inglesa e outras funcionalidades, como a aplicação de provas online de fluência leitora, para todos os anos do Ensino Fundamental. Na rede estadual, 600 mil estudantes já usam a ferramenta.

Durante o evento, o secretário Feder anunciou a previsão de pagamento de R$ 300 milhões às escolas que alcançarem metas de avaliação a partir deste ano, medidas por meio do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo). Ele destacou, ainda, o trabalho em conjunto com a Undime, a União de Dirigentes Municipais da Educação, para o andamento do programa.

“O Estado está trabalhando para estar mais próximo das prefeituras e hoje demos um passo importante e prático dessa união. Com as 365 prefeituras que passam a integrar essa parceria e ter acesso à ferramenta do Alfabetiza Juntos SP, alcançaremos mais 1 milhão de estudantes, além das quase 600 mil crianças que estão matriculadas nos anos iniciais das nossas escolas estaduais”, conta o secretário Renato Feder.

LEIA TAMBÉM: Educação aplica Avaliação da Fluência Leitora e quer 90% de pequenos leitores até 2026

24,4 milhões de livros lidos

Para desenvolver a competência leitora, as crianças têm acesso a cerca de 500 títulos literários no sistema operacional, que podem ser acessados por meio de tablets e computadores das escolas ou até mesmo do celular dos pais e responsáveis. O acervo do programa é um apoio e complemento ao processo de leitura que acontece em todas as salas de aula, e pode ser apresentado de duas formas: para leitura e audição. Além da ferramenta, todas as classes de anos iniciais da rede estadual têm estantes de livros físicos em sala de aula, para que o acesso aos materiais seja amplo e constante.

Até o último fim de semana, 24,4 milhões de livros já foram lidos pelos pequenos leitores da rede estadual na aplicação Elefante Letrado. Os dois títulos mais lidos são “Alfabeto Ilustrado – Letra A”, com mais de 444,9 mil leituras, e “A Galinha do Vizinho”, com 434,2 mil leituras. Para seguir a leitura, é preciso que os estudantes respondam a perguntas que são disponibilizadas com o intuito de verificar a fluência e compreensão do texto.

Fluência leitora da Educação

Além da formação de professores e uso de materiais didáticos específicos do programa, o Alfabetiza Juntos SP aplica duas avaliações de Fluência Leitora anuais para estudantes do 2º ano do Ensino Fundamental — voltadas à rede estadual e aos municípios parceiros. Com a ferramenta de leitura online Elefante Letrado, será possível ampliar o teste para os 3º, 4º e 5º anos com acesso imediato ao resultado e um mapa do desenvolvimento de cada aluno e de sua sala de aula.

No teste, os estudantes devem ler um texto e o áudio é disponibilizado em uma área de trabalho exclusiva do professor regente de sala. A ferramenta oferece ao docente a comparação entre o texto original e o teste de cada aluno e os classifica, a partir da fluência e tempo de leitura, entre os níveis abaixo do básico, básico, adequado e avançado.

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Brasil e Mundo

Novo Ensino Médio mudará rotina da comunidade escolar

© Sam Balye/Unsplash

Especialistas avaliam texto atualizado pelo Senado

Por Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil – Brasília

A aprovação da reforma do ensino médio pela Comissão da Educação do Senado representa mais um passo para mudanças bastante significativas não apenas na rotina de profissionais da educação e de alunos, mas também para as famílias desses estudantes e para as comunidades. Para que seja de fato implementado e garanta a qualidade e equidade na educação, será necessário o empenho e articulação dos entes federados, assim como da comunidade escolar e de universidades, visando a formação de professores para o novo currículo.

Como o texto aprovado do PL 5.230/23 na comissão é um substitutivo, ele terá de retornar à Câmara dos Deputados, caso se confirme a aprovação no plenário do Senado. O texto aprovado prevê a ampliação da carga horária mínima total destinada à formação geral básica (FGB), das atuais 1,8 mil horas para 2,4 mil. A carga horária mínima anual do ensino médio passa de 800 para 1 mil horas distribuídas em 200 dias letivos.

Há a possibilidade de essa carga ser ampliada progressivamente para 1,4 mil horas, desde que levando em conta prazos e metas estabelecidos no Plano Nacional de Educação (PNE), respeitando uma distribuição que seja de 70% para formação geral básica e 30% para os itinerários formativos – disciplinas, projetos, oficinas e núcleos de estudo a serem escolhidos pelos estudantes nos três anos da etapa final da educação básica.

Segundo o substitutivo aprovado, da relatora do PL no Senado, Dorinha Seabra (União-TO), a partir de 2029, as cargas horárias totais de cursos de ensino médio com ênfase em formação técnica e profissional serão ampliadas, de 3 mil horas para 3,2 mil; 3,4 mil; e 3,6 mil quando se ofertarem, respectivamente, cursos técnicos com carga específica de 800 horas, 1 mil  horas e 1,2 mil horas.

Língua espanhola

Entre os destaques apresentados pela parlamentar no relatório figura a inclusão da língua espanhola como componente curricular obrigatório, além do inglês. Outros idiomas poderão ser ofertados em localidades com influências de países cujas línguas oficiais sejam outras, de acordo com a comunidade escolar (professores, técnicos administrativos, estudantes e pais ou responsáveis).

A ampliação da carga horária e a inclusão da língua espanhola entre as disciplinas a serem ministradas são pontos positivos da reforma, segundo a professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Catarina de Almeida Santos. Ela chama atenção para alguns problemas que podem decorrer da forma como serão implementadas.

“O texto aprovado pela comissão do Senado apresenta alguns avanços, ainda que insuficientes, na comparação com o texto enviado pela Câmara”, disse a educadora à Agência Brasil. “Trazer o espanhol de volta é algo positivo, se levarmos em consideração nossa identidade continental. Mas é preciso estabelecermos uma divisão clara das cargas horárias, uma vez que horas dedicadas a espanhol são horas a menos para outros conteúdos”, disse ela ao destacar ser necessário, também, que haja clareza, no novo ensino médio, com relação não apenas à carga horária de cada disciplina, mas também aos conteúdos que serão apresentados.

Segundo a educadora, o substitutivo manteve brechas especialmente relativas à educação profissional, uma vez que não ficou claro quais seriam as disciplinas que vão compor tais áreas. “É preciso dizer as áreas do conhecimento e, dentro delas, definir disciplinas e carga horária. A nova legislação precisa apresentar e detalhar isso; pegar as áreas de conhecimento e dizer o que vai compor em termos de disciplinas”.

Diretor de Políticas Públicas da ONG Todos Pela Educação, Gabriel Corrêa diz que a obrigatoriedade da língua espanhola no ensino médio será provavelmente um ponto de discordância, quando a matéria retornar à Câmara.

“É possível que a Câmara não acate todas mudanças feitas pela senadora Dorinha no texto. Antevejo discordância de alguns com relação à obrigatoriedade do espanhol no ensino médio. O problema, talvez, seja colocá-lo na parte comum, como mais uma disciplina obrigatória, porque implicaria na diminuição da carga horária de outras disciplinas importantes”, disse.

A solução, segundo ele, seria a de colocar o espanhol como disciplina opcional, em vez de obrigatória. “Se as escolas já funcionassem em tempo integral, não haveria esse problema, porque a carga horária seria maior”, complementou ao lembrar que essa obrigatoriedade foi publicamente criticada pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação – o que certamente será usado como argumento pelos contrários.

Itinerários formativos

Criados com o objetivo de aprofundar áreas de conhecimento ou de formação técnica profissional – levando em conta a importância desses conteúdos para o contexto local e as possibilidades do sistema de ensino –, os itinerários formativos terão carga horária mínima de 800 horas nos três anos de ensino médio.

Na avaliação de Catarina de Almeida, da UnB, o aumento da carga horária do técnico profissionalizante acabaria por resultar na diminuição da formação básica, o que, segundo ela, não seria bom.

“Levando em consideração o atual quadro de professores e a infraestrutura limitada das escolas, o correto seria não fazer essa divisão [entre áreas de conhecimento e técnico profissionalizante], e sim focar exclusivamente em uma formação básica, comum a todos. Isso, na verdade, significa os dois tipos para todos. Ao separar o processo, teremos estudantes com menos informação do básico”, argumentou.

Se for para implementar com essa divisão, que seja, na avaliação dela, aumentando a carga horária total. Nesse caso, ela sugere que se postergue a implementação das novas regras. “A pressa pode atrapalhar a perfeição. Se o Brasil está atrasado nessa reformulação, ficará ainda mais com a necessidade de, depois, ter de fazer mais uma reforma. Isso prejudicaria mais gerações. O melhor é centrar esforços em uma reforma robusta que possa ficar por muito tempo”.

Com relação aos itinerários formativos, a grande preocupação manifestada por parlamentares durante a tramitação do texto foi a de resultarem em conteúdos e atividades de pouca relevância para a formação do estudante. Foi inclusive citado o caso de uma aula dedicada a ensinar estudantes a prepararem brigadeiro gourmet.

A ideia proposta prevê que os itinerários têm de estar articulados com as quatro áreas de conhecimento previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC): linguagens e suas tecnologias, integrada pela língua portuguesa e suas literaturas, língua inglesa, artes e educação física; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias, integrada pela biologia, física e química; e ciências humanas e sociais aplicadas, integrada pela filosofia, geografia, história e sociologia.

As diretrizes nacionais que aprofundarão cada uma das áreas do conhecimento ficarão a cargo do Ministério da Educação (MEC), em parceria com os sistemas estaduais e distrital de ensino.

Tempo integral

O projeto em tramitação no Senado aponta para a importância do tempo integral, e isso certamente constará na lei, segundo Gabriel Corrêa, da ONG Todos pela Educação. Enquanto isso não acontece, o Senado propôs a ampliação da carga diária atual, de 5 horas, no caso dos estudantes que optarem por curso técnico. Já a Câmara defende cargas horárias iguais para os dois grupos – técnico profissionalizante e áreas de conhecimento.

“Há alguns problemas com relação ao tempo integral. Um deles é que as redes [de ensino] das secretarias de educação terão de ofertar estrutura para alunos ficarem mais tempo na escola, o que resulta em mais trabalho, recursos e contratações de professores. Outro ponto está relacionado ao risco de os estudantes optarem por uma frente, apenas pelo fato de ficarem menos tempo em sala de aula. Em outras palavras, desestimularia a escolha pelos cursos técnicos, caso a carga horária diária deles seja maior”, argumentou o diretor.

A ONG Todos pela Educação defende que não haja essa distinção entre as duas frentes, até porque mais carga atrapalha a oferta do poder público para a expansão da rede. “O ideal é que todos tenham a mesma carga horária, independentemente do caminho a ser escolhido. Com isso, a escolha é em função da vocação e dos interesses, e não da preguiça de fazer menos aulas. Por fim, isso pode confundir os estudantes, levando-os a acreditar que uma maior carga horária indicaria maior relevância”.

Notório saber

Um outro ponto polêmico do texto substitutivo aprovado na comissão do Senado é o que trata da possibilidade de algumas aulas serem ministradas por pessoas sem diploma de licenciatura específico para a disciplina, mas que tenham notório saber e experiência comprovada no campo da formação técnica e profissional. Algo similar já ocorre, por exemplo, quando engenheiros dão aula de matemática.

Segundo a relatora Dorinha Seabra, a atuação desses profissionais de notório saber será “em caráter excepcional, mediante justificativa do sistema de ensino e regulamentação do Conselho Nacional de Educação (CNE).”

Essa possibilidade preocupa a educadora Catarina de Almeida Santos, da UnB. Segundo ela, esse tipo de situação implica risco de, ao autorizar aulas ministradas por pessoas de notório saber, a nova legislação coloca à frente das salas de aula pessoas leigas, em vez de profissionais habilitados da área. “A meu ver, notório saber não tem relação com saber prático”.

Essa possibilidade foi também criticada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). “Um ponto considerado negativo foi a permanência do notório saber, embora o texto aponte para a normatização nacional e excepcional da contratação desses profissionais para atuarem no itinerário da formação técnico-profissional”, ponderou a entidade.

Esforço conjunto

A relatora Dorinha Seabra disse à Agência Brasil que, para ser implementada de forma adequada, a nova proposta vai requerer esforço do estado e do governo federal, para melhorar a estrutura das escolas. Em especial, as estruturas de laboratórios e bibliotecas.

“Será necessário um aprofundamento em relação às disciplinas básicas. Quando se trata da educação profissional, requer uma estrutura ainda maior de investimento em laboratórios e livros; em atividades extras. Temos um grande desafio, a exemplo dos profissionais e de funcionamento das escolas”, disse.

Dorinha acrescentou que o aumento de carga horária vai requerer mais dedicação também de alunos e professores. “O tempo integral fica no foco de todo conjunto, [passando por] ampliação da carga horária e permanência na escola”.

Ainda segundo a senadora, o olhar do novo do ensino médio tem que estar cada dia mais inserido no seu espaço; na sua localidade. “Requer a participação da comunidade nesses espaços coletivos de formação e leituras em relação ao meio em que está inserido, bem como aos espaços no mundo do trabalho.”

A ONG Todos pela Educação alerta que “sem o apoio do governo federal ao estado, e dos estados às escolas, o abismo entre escolas públicas e privadas permanecerá mesmo com o país tendo sua legislação melhorada.”

A aprovação pelo Legislativo, segundo Corrêa, é apenas um primeiro passo para novos desafios. “Na sequência teremos outros desafios, até que consigamos, de forma gradual, fazer as mudanças que melhorarão o ensino médio do país. Será uma fase complexa e não rápida, tomando pelo menos os anos de 2025 e 2026”, afirmou.

Segundo ele, os desafios para a implementação das novas regras passam pela preparação de infraestruturas, profissionais, materiais e pelas avaliações que são necessárias para identificar o que pode ser melhorado.

“Além disso, será necessário estabelecer uma nova comunicação [das autoridades] com estudantes e famílias sobre as mudanças que virão. Apoiar os estudantes inclusive para que eles apoiem a escola. Não adianta o poder público se preparar e as comunidades não se apropriarem desse modelo”, complementou.

Além de campanhas midiáticas, será necessária muita atuação no ambiente escolar, no sentido de preparar professores e diretores. “Serão momentos de debates sobre projetos de vida e opções disponibilizadas pelo ensino médio. Não é apenas o governo chegar e expor suas intenções. Será necessário ouvir, dialogar e envolver o jovem nesse processo de escolha. Não será algo fácil. Por isso precisaremos de uma coordenação muito boa entre MEC e secretarias estaduais/distrital de educação”.

Aulas noturnas

Outra sugestão apresentada no relatório da parlamentar é a obrigatoriedade de os estados manterem pelo menos uma escola com ensino médio regular noturno em cada município, caso haja demanda comprovada.

O relatório prevê, ainda, formação continuada de professores, de forma a garantir que eles estejam preparados para as novas diretrizes e metodologias, “com foco em orientações didáticas e reflexões metodológicas, assegurando o sucesso das transformações propostas para o ensino médio.”

Ministro

O ministro da Educação, Camilo Santana, comemorou pelas redes sociais a aprovação do substitutivo na comissão do Senado. Em tom de agradecimento aos parlamentares, ele destacou, entre os avanços, a manutenção das 2,4 mil horas, conforme proposto pelo governo federal, para a formação geral básica e fortalecimento da formação técnica de nível médio.

Segundo ele, esta foi uma vitória para a educação e para a juventude do Brasil. “Prevalece o interesse maior, que é comum aos que trabalham por um país de mais oportunidades: a construção de um ensino médio capaz de contribuir para tornar a escola pública mais atrativa, gratuita e de qualidade para todas e todos”, disse.

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