ALIMENTAÇÃO

Saúde

Comer muitos ultraprocessados aumenta o risco de depressão persistente

Pesquisa brasileira acompanhou mais de 14 mil pessoas ao longo de oito anos e mostra que má alimentação pode aumentar em até 30% a probabilidade de ter o transtorno

 

 

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

Uma pesquisa conduzida por cientistas da Universidade de São Paulo (USP), com base em dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), revela uma associação significativa entre o consumo de produtos ultraprocessados e o risco aumentado de desenvolver depressão — e de a doença persistir durante anos. Os resultados foram publicados em maio no Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics.

A investigação acompanhou mais de 14 mil pessoas ao longo de oito anos, a partir de três períodos de avaliação: 2008 a 2010, 2012 a 2014 e 2017 a 2019. Os primeiros resultados revelaram aqueles que consumiam mais ultraprocessados no início do estudo tinham um risco 30% maior de desenvolver depressão.

Mas não foi esse dado que mais surpreendeu os autores e especialistas da área, já que a associação entre o transtorno mental e o consumo desses produtos industrializados carregados de sódio, gorduras e conservantes já é conhecida. “Isso porque os ultraprocessados têm um perfil pobre de nutrientes – eles substituem alimentos não processados e mais saudáveis, como frutas, verduras, legumes, castanhas, sementes, alimentos integrais”, explica a psicóloga Naomi Vidal Ferreira, pós-doutoranda da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e autora principal da pesquisa. “Além disso, eles contêm altos níveis de açúcar, gorduras saturadas, sódio e aditivos químicos, promovendo um ambiente inflamatório no organismo.”

Esse perfil de nutrientes pode impactar negativamente a microbiota intestinal e levar à neuroinflamação por meio do eixo intestino-cérebro. Isso pode levar à ativação de respostas de defesa do corpo, aumentando a produção de cortisol, o que impacta negativamente o humor e pode estar associado ao aumento de sintomas depressivos.

“A flora intestinal tem papel fundamental na produção de neurotransmissores como serotonina e ácido gama-aminobutírico, que regulam funções cerebrais. Alimentos ultraprocessados afetam negativamente essa microbiota, comprometendo esse processo”, detalha o psiquiatra Alfredo Maluf, do Hospital Israelita Albert Einstein.

 

Depressão persistente 

O que mais chamou atenção na pesquisa foram os quadros de depressão persistente ao longo dos oito anos de acompanhamento. Os participantes foram classificados em três grupos: os que não tiveram depressão em nenhuma das avaliações, os que foram diagnosticados em apenas uma das análises e os que receberam o diagnóstico em duas ou mais fases.

Aqueles com maior consumo de ultraprocessados no início da pesquisa eram 58% mais propensos a desenvolver depressão persistente – ou seja, episódios recorrentes ao longo das avaliações. “Esse achado é novo. A relação entre consumo de ultraprocessados e persistência da depressão não é muito explorada na literatura”, comenta Ferreira.

Segundo Maluf, essa evidência reforça a hipótese de que uma alimentação ruim pode não apenas desencadear um episódio depressivo, mas também dificultar sua remissão. “Hoje já se fala em psiquiatria do estilo de vida: mesmo com medicações adequadas, se a pessoa não fizer atividades físicas e não tiver um bom padrão alimentar, é difícil atingir uma boa resposta clínica, porque estará bombardeando a microbiota intestinal o que dificulta a regressão da atividade inflamatória sistêmica”, explica o especialista.

 

Substituição de alimentos

O estudo da USP também analisou o impacto da substituição alimentar na prevenção da depressão. Simulações matemáticas indicaram que substituir 5% da ingestão calórica de ultraprocessados por alimentos minimamente processados pode reduzir o risco de depressão em 6%. Já uma substituição de 20% poderia diminuir esse risco em 22%.

Alimentos minimamente processados são aqueles que passam por poucas alterações no processo de industrialização, mantendo sua estrutura original e a maior parte dos nutrientes. São exemplos arroz, café, feijão, leite e outros submetidos a secagem, fermentação, moagem ou ensacamento, e que não recebem nenhum aditivo antes de chegar às gôndolas.

Essa quantificação também é considerada uma das inovações da pesquisa e mostra que mesmo pequenas mudanças na dieta podem ter efeitos positivos relevantes. “Essa diminuição é esperada e mais evidências devem surgir. Mas é um desafio, já que não existem políticas governamentais que atuem de forma consistente na mudança desses hábitos. No caso do tabagismo, por exemplo, só conseguimos diminuir o consumo de cigarro devido às campanhas, alterações nas leis e criação de tributos”, comenta Maluf.

Outro aspecto avaliado foi a influência de variáveis sociodemográficas. Segundo a pesquisa, jovens, mulheres, pessoas negras ou pardas, fumantes, indivíduos com maior ingestão calórica e maior índice de massa corporal (IMC) são mais propensos a desenvolver depressão. Em contrapartida, pessoas com ensino superior, casadas e fisicamente ativas apresentam menor risco de ter a doença.

Na visão dos especialistas, esses achados reforçam a realidade observada em consultórios e outros estudos clínicos: grupos em maior vulnerabilidade social ou com estilo de vida pouco saudável tendem a apresentar maiores índices de doenças mentais. “É uma somatória de fatores: má alimentação, obesidade, sedentarismo e baixa qualidade de vida tornam esses indivíduos mais suscetíveis à cronicidade da depressão”, diz Maluf.

Os resultados do estudo ganham ainda mais importância por se tratar de uma pesquisa brasileira. Na América Latina, o Brasil lidera o ranking de prevalência da depressão. “Considerando o impacto econômico e social da depressão, especialmente em um país com alta desigualdade, as evidências geradas têm potencial para influenciar decisões em saúde pública e melhorar a qualidade de vida da população”, concluiu o psiquiatra do Einstein.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Praticar atividade física ajuda a controlar o apetite, aponta estudo

Pesquisa realizada na Austrália mostra que exercícios moderados podem influenciar hormônios ligados à regulação da fome

Por Thais Szegö, da Agência Einstein

Que uma rotina ativa ajuda a aumentar a queima de calorias não é novidade para ninguém. Mas os benefícios da malhação para quem quer emagrecer podem ir além. Segundo um estudo da Universidade Murdoch, na Austrália, os exercícios levariam também a uma redução no apetite.

Publicada em dezembro no periódico científico The Physiological Society, a pesquisa é pequena: envolveu 11 homens jovens, com idades entre 20 e 24 anos, sedentários e com obesidade. Eles passaram por uma série de avaliações, para aferir níveis de colesterol, percentual de gordura e a circunferência da cintura. Também responderam a questionários sobre hábitos alimentares e a prática de atividade física.

Após as medições, os voluntários receberam um café da manhã padrão e aguardaram uma hora para a digestão. Em seguida, foram submetidos a um teste de atividade física com um cicloergômetro, uma espécie de bicicleta ergométrica. Nesse equipamento, fizeram cinco minutos de aquecimento e, depois, receberam uma carga de estímulo que aumentava a cada dois minutos, até a exaustão. Enquanto isso, o consumo de oxigênio, a produção de dióxido de carbono e a frequência cardíaca dos voluntários eram monitorados.

Os pesquisadores constataram que, em resposta à contração dos músculos, substâncias como a interleucina-6 e a irisina, que controlam o apetite, foram liberadas e agiram de maneira mais intensa ao longo de 40 minutos, aproximadamente, após o treino.

Apesar de o número de participantes do estudo ser pequeno e o trabalho ser focado em um grupo de pessoas com um perfil específico, especialistas ouvidos pela Agência Einstein ressaltam que esses resultados relevantes.

“Realmente o número de voluntários avaliados é muito pequeno, mas o estudo traz informações interessantes sobre os fatores referentes à influência dos exercícios sobre a fome e a saciedade e ratifica outros trabalhos que já demonstraram essa relação — que, inclusive, podemos comprovar na nossa prática clínica, em especial quando se trata de exercícios aeróbicos de intensidade moderada”, diz a endocrinologista Deborah Beranger, do Rio de Janeiro.

O endocrinologista Carlos André Minanni, coordenador médico do check-up e da pós-graduação em endocrinologia do Hospital Israelita Albert Einstein, destaca outros achados da pesquisa. “De fato, esse estudo adiciona dados relevantes aos mecanismos pelos quais a atividade física modula a fome, incluindo alterações hormonais, elevação da temperatura e do fluxo sanguíneo, e a redução do neuropeptídeo Y (NPY), um conhecido estimulante do apetite no sistema nervoso”, comenta.

Contudo, são necessários mais estudos para entender como esses resultados se aplicam na população em geral. “Os efeitos são variados dependendo do tipo de exercício, da duração, da intensidade, do condicionamento prévio, da genética e da alimentação da pessoa, entre outros fatores”, observa Minanni.

Fonte: Agência Einstein

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Economia

Governo Federal vai investir R$ 24 milhões em núcleos de agroecologia até 2027

Foto: Albino Oliveira – ASCOM/MDA

Ministros Márcio Macêdo e Paulo Teixeira anunciam Chamada Pública para Núcleos de Estudos em Agroecologia, com foco em sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis

 

O Governo Federal lançou nesta terça-feira, dia 8, a Chamada Pública Unificada nº 01/2025, que vai investir R$ 24 milhões até 2027 no fortalecimento dos Núcleos de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica (NEAs). O anúncio foi feito durante a 27ª Reunião Ordinária da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (CNAPO), no Palácio do Planalto, com a presença dos ministros Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), além de representantes de instituições de ensino, movimentos sociais e comunidades tradicionais.

“A Chamada Pública é um pontapé inicial para que essa agenda possa tomar corpo não só no Governo Federal, mas que ganhe corpo nos governos estaduais, nas prefeituras, na sociedade civil e no setor produtivo. Contem conosco! A parte que nos cabe dessa proeza, nós estamos aqui para cumprir e para fazer junto com vocês. Isso aqui é construído a várias mãos. Por isso que está dando certo” Márcio Macêdo Ministro da Secretaria-Geral da Presidência

A iniciativa tem como objetivo integrar ensino, pesquisa e extensão para promover sistemas alimentares sustentáveis, saudáveis e inclusivos, tanto em zonas rurais quanto urbanas. Cada projeto poderá receber até R$ 300 mil, com duração de 30 meses, para custeio, infraestrutura e bolsas.

A chamada pública surgiu da cooperação entre a Secretaria-Geral da Presidência da República (SGPR), o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), o Ministério da Educação (MEC), o Ministério da Saúde (MS), o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), responsável pela execução dos recursos.

“A Chamada Pública é um pontapé inicial para que essa agenda possa tomar corpo não só no Governo Federal, mas que ganhe corpo nos governos estaduais, nas prefeituras, na sociedade civil e no setor produtivo. Contem conosco! A parte que nos cabe dessa proeza, nós estamos aqui para cumprir e para fazer junto com vocês. Isso aqui é construído a várias mãos. Por isso que está dando certo”, afirmou o ministro Márcio Macêdo durante o lançamento.

 

MOBILIZAÇÃO TERRITORIAL — Criados como estratégia da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Pnapo), instituída pelo Decreto nº 7.794/2012, os NEAs constituem uma das principais inovações na articulação entre universidades, institutos federais e comunidades. As experiências acumuladas desde 2010 demonstram sua capacidade de mobilização territorial e de geração de conhecimento, com impacto direto na vida de agricultores(as) familiares, povos indígenas, quilombolas, pescadores(as) artesanais e comunidades tradicionais.

“Como é que a gente leva a universidade e os Institutos Federais para o campo? Como é que a gente leva para o território? Essa é a oportunidade. E é por isso que a gente foi pedir para o ministro Camilo Santana (Educação) sugestões para ampliar esse programa de extensão nas comunidades. E, evidentemente, esse programa de extensão tem que ter uma abordagem agroecológica, porque não tem sentido nós fazermos o mesmo do que está levando a adoecer a nossa população” Paulo Teixeira Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar

O ministro Paulo Teixeira destacou a importância de levar o conhecimento acadêmico ao campo e integrá-lo ao saber tradicional. “Como é que a gente leva a universidade e os Institutos Federais para o campo? Como é que a gente leva para o território? Essa é a oportunidade. E é por isso que a gente foi pedir para o ministro Camilo Santana (Educação) sugestões para ampliar esse programa de extensão nas comunidades. E, evidentemente, esse programa de extensão tem que ter uma abordagem agroecológica, porque não tem sentido nós fazermos o mesmo do que está levando a adoecer a nossa população”, disse Teixeira ao se referir ao uso de agrotóxicos na produção de alimentos.

A expectativa é de que a chamada pública amplie parcerias institucionais, fortaleça redes de pesquisa, promova a inclusão social e estimule metodologias inovadoras de aprendizagem e organização comunitária.

LEVAR CONHECIMENTO — Para Irene Carvalho da Silva, agricultora do Assentamento Oziel Alves em Planaltina (DF), os Núcleos de Estudos em Agroecologia são importantes ferramentas de desenvolvimento e de conhecimento para os agricultores e agricultoras. “Esses universitários nos levam esse conhecimento. Então, a importância dos NEAs é enorme. No meu assentamento, a gente já teve a criação de uma mandala que nos sustentou por quase dois anos, que foi só dela que eu vivi esse tempo”, contou Irene.

As propostas deverão considerar diretrizes dos programas governamentais de ciência e tecnologia voltados à segurança alimentar e nutricional, com foco em iniciativas econômicas solidárias, transição agroecológica e construção de sistemas resilientes frente aos desafios climáticos.

NEAS — Entre 2010 e 2016, oito chamadas públicas foram realizadas e investiram R$ 62 milhões, beneficiando diretamente mais de 25 mil pessoas e formando cerca de 430 parcerias e 70 redes de articulação. Os NEAs são reconhecidos como ambientes de formação política, cidadã e profissional, contribuindo para a transformação social a partir da agroecologia.

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Circuito da Saúde é neste sábado, dia 5, na Praça Washington Luís

Evento realizado junto com a Feira das Artes terá avaliação da pressão, da saúde bucal, visual e auditiva,

vacinação contra a gripe, entre outras atividades

 

O Circuito da Saúde será realizado neste sábado, dia 5, na Praça Washington Luís, em Valinhos, das 9h às 13h, junto com a Feira das Artes. Como o nome já fiz, o evento será composto por um circuito no qual em cada estação o público recebe um tipo de cuidado. Nestas estações serão feitas aferição da pressão arterial, da glicemia e oximetria, avaliação bucal, visual e auditiva, avaliação emocional, além de orientações sobre a saúde da mulher e da criança. O objetivo da ação é oferecer diversos serviços e despertar na população a conscientização sobre a importância do cuidado com a saúde de forma integral.

Também serão feitas oficinas sobre hábitos saudáveis, sobretudo em relação à alimentação. Além dos procedimentos tradicionais da medicina, a população poderá participar de práticas de terapias complementares, como a auriculoterapia, a laserpuntura e o Lian Gong. Ao longo da manhã serão realizadas aulas de alongamento que vão sendo oferecidas de acordo com a demanda.

O Departamento de Programas da Secretaria da Saúde vai fazer demonstrações de primeiros socorros, especialmente sobre a Manobra de Heimlich utilizada para salvar pessoas engasgadas.

Pessoas que durante as atividades do Circuito da Saúde tiverem alguma suspeita de doença identificada ou necessidade de tratamento odontológico serão encaminhadas para acompanhamento nas unidades básicas de saúde de Valinhos.

O evento é realizado junto com a Feira das Artes que passou a ser aos sábados na praça. A feira conta com onze expositores que vendem diversos produtos artesanais, como peças feitas em crochê, pinturas, artigos religiosos, acessórios, tabuleiros de futebol, além das opções gastronômicas. É uma oportunidade de cuidar da saúde e prestigiar os produtos feitos pelos artesãos de Valinhos.

O Circuito da Saúde é uma realização das Secretarias da Saúde; de Esportes e Lazer; da Cultura e Turismo; Obras Públicas e da Faculdade São Leopoldo Mandic.

 

Vacinação

O Circuito da Saúde vai disponibilizar vacinas contra a gripe, meningite ACWY e HPV. A vacinação contra a gripe começa oficialmente no dia 7 de abril em todas as unidades básicas de saúde de Valinhos, mas pessoas do grupo prioritário que quiserem antecipar a imunização podem garantir a proteção no sábado durante o evento.

 

Pessoas que fazem parte do grupo prioritário da vacina da gripe:

Crianças de 6 meses até menores de 6 anos;

Gestantes e Puérperas;

Povos indígenas;

Quilombolas;

População em situação de rua;

Trabalhadores da saúde;

Idosos de 60 anos ou mais;

Professores e funcionários de instituições de ensino básico e superior;

Pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais;

Caminhoneiros;

Trabalhadores portuários;

Forças de segurança, salvamento e Forças Armadas;

Trabalhadores de transporte coletivo rodoviário;

Pessoas com deficiência permanente;

Trabalhadores dos Correios.

 

Atenção! A Prefeitura de Valinhos informa que durante o evento Circuito da Saúde só serão vacinadas contra a gripe as crianças maiores de dois anos. Crianças maiores de seis meses e menores de dois anos devem receber a aplicação nas unidades básicas de saúde.

 

Quem pode receber a vacina da meningite?

crianças e adolescentes entre 11 e 14 anos.

 

Quem deve ser imunizado contra o HPV?

Crianças e jovens entre 9 e 19 anos.

 

Para a vacinação, as pessoas devem levar:

Caderneta de vacinação;

Cartão SUS;

CPF.

 

Serviço:

Circuito da Saúde

Data: 5 de abril (sábado)

Horário: das 9h às 13h

Local: Praça Washington Luís – Valinhos

 

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Saúde

Outono pede cuidados com a alimentação e fortalecimento imunológico

Alimentos ricos em vitaminas e sais minerais e a regulação dos picos de insulina são recomendados por nutricionista que indica ainda

a ingestão de vinagre de maçã como tempero de saladas e shots antes das refeições

 

Após as sucessivas ondas de calor que marcaram o verão brasileiro, o outono se anuncia com temperaturas mais amenas. Apesar do conforto climático, a nova estação vem acompanhada de declínio na umidade relativa do ar, o que favorece a ocorrência de doenças respiratórias, gripes e alergias. Para que o organismo não se ressinta da mudança da estação, a nutricionista Laiz Saragiotto recomenda a manutenção de uma dieta saudável, associada a alimentos ricos em vitaminas A e C, ferro e zinco para o fortalecimento do sistema imunológico.

“Também devemos estar atentos ao fato de que no outono temos uma dificuldade aumentada em perder peso. Neste ponto, alguns alimentos, como o vinagre de maçã, podem auxiliar no emagrecimento”, afirma.

No outono, especialmente em dias e noites mais frias, o brasileiro tende a consumir mais gordura e alimentos com alto índice calórico. A vontade de ingerir pratos mais pesados diante de temperaturas mais amenas se explica. No frio, o corpo requer um aporte calórico para se manter aquecido. Mas esta adaptação metabólica, em muitos casos, especialmente quando combinada com sedentarismo, se converte em quilos adicionais na balança.

A tendência à ingestão de massas, doces e outros carboidratos refinados nas estações mais frias do ano faz com que a glicose entre rapidamente na corrente sanguínea. A nutricionista explica que para equilibrar os níveis de açúcar desses alimentos, o pâncreas produz insulina e a circulação deste hormônio reduz a taxa de glicose no sangue. “No entanto, quando esses picos de insulina ocorrem com frequência, as células deixam de responder com eficácia e o organismo desenvolve o que chamamos de resistência à insulina”, destaca Laiz. Os alimentos que favorecem os picos de insulina dificultam o controle do apetite e contribuem para aumentar o ganho de peso e o acúmulo de gordura.

Na nova estação, uma das indicações de Laiz Saragiotto é por saladas que combinem frutos e folhas. “Podemos abusar do consumo de abacate, caqui e goiaba para ajudar no aporte de fibras, de vitaminas do complexo B, vitamina A, ácido fólico, magnésio, zinco e potássio”, recomenda. Entre as folhas verdes-escuras, a nutricionista destaca a rúcula. “É um alimento muito importante no outono por fornecer aporte de vitaminas A e C.”

O tempero ideal para as saladas, segundo a especialista, é o vinagre de maçã. “Este alimento ajuda a controlar a carga glicêmica dos alimentos, diminuindo a produção de insulina”, diz.

A ingestão diária de shots de vinagre de maçã diluído em água antes das refeições também é recomendada por Laiz. Segundo ela, este hábito contribui para melhorar a imunidade, especialmente no outono e inverno, e ajudar a controlar a liberação de glicose no sangue.

Especialista em vinagres e sócio-proprietário da Almaromi Viccino, empresa pioneira na produção natural de vinagre de maçã no Brasil, Rodrigo Margoni chama a atenção para a importância de escolher um produto de qualidade que respeite os cuidados no processo de fabricação.

“O Vinagre de Maçã Almaromi que produzimos é 100% natural e não passa por processos de microfiltragem ou pasteurização. Seja no outono ou em qualquer outra estação do ano, este é um fator a ser considerado na escolha do consumidor que preza por uma alimentação mais saudável”, afirma Margoni.

Com uma receita doce e outra salgada, Laiz Saragiotto ensina o preparo fácil de dois pratos que incluem vinagre de maçã.

 

RECEITAS

 

GELATINA DE VINAGRE DE MAÇÃ

Ingredientes

– 1/2 xícara (chá) de água

– 1 xícara e meia (chá) de suco de maçã

– 5 colheres (sopa) de gelatina incolor em pó sem açúcar e incolor

– 1/2 xícara (chá) de Vinagre de Maçã Almaromi

 

Modo de preparo

– Misture a água, o suco e o vinagre de maçã em uma panela grande.

– Adicione a gelatina e misture bem.

– Deixe a mistura repousar por dois minutos.

– Leve a panela em fogo médio-baixo.

– Use uma colher de pau para mexer.

– A gelatina deve ser completamente dissolvida.

– Em seguida, a mistura deve ser colocada em formas de cubo de gelo e deixada na geladeira por uma hora.

 

MOLHO ORIENTAL

Ingredientes

– 1 cenoura descascada e picada

– 2 colheres (sopa) de Vinagre de Maçã Almaromi

– 2 colheres (sopa) de vinagre de vinho branco

– 1/2 colher (sopa) de óleo de gergelim

– 1 colher (sopa) de mostarda

– 1 colher (sopa) de molho de shoyo de coco

– 1 colher (sopa) de gengibre ralado sem casca

– 2 colheres (sopa) de cebola picada

 

Modo de preparo

– Misture todos os ingredientes em uma tigela. Não há necessidade de bater no liquidificador.

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Saúde

Fibras podem proteger o intestino de infecções e a saúde cardiovascular

Novos estudos reforçam o papel protetor desses nutrientes; conheça os tipos de fibras e quais alimentos consumir para obtê-las

 

Por Regina Célia Pereira, da Agência Einstein

Num momento em que muita gente está preocupada em consumir mais proteínas, vale pensar também em aumentar o consumo de outro grupo de nutrientes: as fibras. Um estudo publicado em janeiro na revista científica Nature Microbiology menciona o papel desses nutrientes para manter a harmonia do ecossistema que habita o intestino e reduzir o risco de infecções.

Por meio de tecnologias como a inteligência artificial, um grupo de pesquisadores das universidades de Cambridge, no Reino Unido, de Chongqing, na China, e de Lisboa, em Portugal, analisou o microbioma de mais de 12 mil pessoas, de 45 países, a partir de amostras de fezes.

A pesquisa reforça que uma dieta rica em fibras colabora para evitar o que se conhece como disbiose, ou seja, o desequilíbrio na população de micro-organismos, com maior concentração de bactérias patogênicas em comparação com as benéficas.

Os resultados mostram que a microbiota de uma pessoa pode prever se seu intestino tem probabilidade de ser colonizado por Enterobacteriaceae, família de bactérias que inclui diversos agentes patogênicos. Os resultados foram consistentes em diferentes estados de saúde e localizações geográficas.

Os pesquisadores identificaram 135 espécies de micro-organismos intestinais que são capazes de proteger contra infecções. Entre elas, destacam-se bactérias do gênero Faecalibacterium, que produzem compostos benéficos chamados ácidos graxos de cadeia curta ao decompor as fibras dos alimentos. “Essas substâncias servem como fonte de energia para as células do cólon, fortalecem a barreira intestinal e ajudam a regular o sistema imunológico”, comenta a nutricionista Serena del Favero, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Segundo o novo estudo, isso parece proteger contra infecções por diversas bactérias patogênicas da família Enterobacteriaceae. Quando há um déficit de micro-organismos “do bem”, a permeabilidade do intestino acaba prejudicada, permitindo que agentes nocivos alcancem a circulação e desencadeiem inflamações, entre outros males.

 

Benefícios cardiovasculares

Não bastasse ocupar o posto de guardiãs do intestino, as fibras despontam em pesquisas por outras ações positivas à saúde, incluindo uma atuação cardioprotetora. Um dos trabalhos recentes que mostra essa relação foi publicado no periódico científico Nutrients. Trata-se de uma revisão, feita por cientistas de universidades da China, a partir de centenas de estudos.

“O trabalho revela que, para cada 10 gramas adicionais de fibra, por dia, há uma diminuição de 7% do risco de doenças cardiovasculares”, comenta a nutricionista do Einstein. Oriundas da parede celular, entre outras estruturas dos vegetais, as fibras são da família dos carboidratos. “Mas, diferente dos demais, elas passam quase intactas pelo sistema digestivo”, observa del Favero. Mesmo assim, são consideradas como nutrientes, já que são essenciais ao funcionamento do corpo.

Há dois grupos de fibras alimentares, as solúveis e as insolúveis. As solúveis – como o nome já denuncia – se dissolvem em água, formando uma espécie de gel no intestino.  Assim, há uma tendência de que o processo digestivo aconteça de forma mais lenta. “Esse efeito aumenta a saciedade, reduzindo a fome”, explica a especialista.

O mecanismo também está por trás do controle glicêmico e, para completar, é um dos responsáveis pela proteção cardiovascular. Isso porque o gel se liga aos ácidos biliares – compostos envolvidos na digestão das gorduras –, arrastando-os pelas fezes. Com a eliminação, há uma necessidade de repor os tais ácidos, então, o organismo retira o colesterol da circulação, reduzindo os níveis no sangue.

 

As aliadas contra a constipação

Algumas fibras do tipo solúvel apresentam ação prebiótica, isto é, colaboram para a microbiota intestinal. As fibras insolúveis, por sua vez, são fundamentais no combate à prisão de ventre. “Elas têm um efeito laxativo natural, ajudando a aumentar o volume das fezes e acelerando o trânsito intestinal”, afirma a nutricionista. Estimulam a contratilidade e os movimentos do intestino.

Atuação bem-vinda, afinal, muita gente sofre com a constipação, sobretudo as mulheres. Por questões hormonais, que interferem com a absorção de líquidos no aparelho digestivo, elas costumam ter o intestino mais preso.

Mas, para que tudo funcione direito, é fundamental garantir a hidratação, caso contrário, a tendência é piorar a situação e as fezes acabarem mais endurecidas. A recomendação é caprichar nos goles de água ao longo de todo o dia.

 

Onde encontrar?

Para garantir os dois grupos no cotidiano, o melhor é incluir frutas, hortaliças, grãos integrais, feijões, sementes e castanhas nas três refeições principais e, quando der, nos lanches intermediários.

“A maioria dos alimentos ricos em fibras contém tanto as solúveis quanto as insolúveis, diferindo apenas na proporção de cada tipo”, aponta a nutricionista. A maçã, por exemplo, concentra a solúvel na polpa e a insolúvel na casca.

Por essa razão, a sugestão é consumir, sempre que possível, as cascas dos frutos e legumes, além dos talos das verduras, que costumam concentrar o nutriente.

 

Quais são as fibras solúveis?

Pectinas, gomas, betaglucanas e mucilagens são exemplos dessas fibras e aparecem nos seguintes alimentos:

  • Cereais: aveia e cevada.
  • Leguminosas: feijões, lentilha, ervilha e grão-de-bico.
  • Frutas: maçã (polpa), banana, pera (polpa), mamão, ameixa.
  • Hortaliças: cenoura, batata-doce, abóbora.
  • Sementes: chia e linhaça.

Quais são as fibras insolúveis?

Já lignina, celulose e hemicelulose são componentes das insolúveis e vale destacar as fontes abaixo:

  • Cereais: trigo integral e seu farelo, arroz integral, milho e centeio.
  • Leguminosas (nas cascas): feijão, lentilha, grão-de-bico e ervilha.
  • Frutas: abacate, laranja, pêssego, manga, uva, goiaba, damasco.
  • Hortaliças: couve, espinafre, alface e agrião, quiabo e pepino.
  • Sementes: linhaça, semente de girassol e chia.
  • Oleaginosas: castanhas e nozes.

 

Fonte: Agência Einstein

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RMC

Merenda escolar de Nova Odessa utiliza milho da agricultura familiar para alunos

iretoria de Comunicação da Prefeitura de Nova Odessa/SP

Os pratos com milho foram oferecidos para todos os alunos da Rede Municipal com idades a partir de 1 ano

 

Durante o último mês de fevereiro, na volta às aulas para o ano letivo 2025, os alunos da Rede Municipal de Educação mantida pela Prefeitura de Nova Odessa tiveram uma deliciosa surpresa no cardápio: em decorrência da safra e da aquisição do produto diretamente da Agricultura Familiar, o Setor de Alimentação Escolar (a “Merenda Escolar” da Prefeitura) serviu milho. O produto chegou aos pratos das crianças de diversas formas, inclusive como o tradicional milho cozido, sempre em complemento ao cardápio diário.

Segundo a nutricionista responsável pelo Setor de Alimentação Escolar, Juliana Pissaia Savitsky, foram adquiridos pela Prefeitura um total de 3.000 quilos do alimento in natura. Os pratos com milho foram oferecidos para todos os alunos da Rede Municipal com idades a partir de 1 ano – totalizado cerca de 4,5 mil crianças.

“As crianças adoraram. Em todas as nossas unidades (creches, pré-escolas e escolas de Ensino Fundamental – Anos Iniciais), o milho teve ótima aceitação, e será servido de forma integral ou como ingrediente enquanto os fornecedores da Agricultura Familiar que abastecem o Município estiverem em safra, produzindo milho verde”, afirmou a doutora em Nutrição e professora universitária.

Segundo ela, a equipe da cozinha de cada unidade pode escolher a melhor forma de servir o produto – cozido na espiga, refogado, como creme de milho ou até mesmo como ingrediente principal de bolos.

“O milho foi servido para alunos a partir de um ano e foi muito bem aceito. Durante o período que durar a safra iremos manter o mesmo no cardápio. Além de oferecer um alimento muito nutritivo e que as crianças adoram, é uma forma de beneficiarmos os pequenos produtores rurais da nossa região”, acrescentou o secretário municipal de Educação de Nova Odessa, Assis das Neves Grillo.

O milho não é o primeiro alimento saudável que a Merenda Escolar de Nova Odessa apresenta aos alunos da Rede Municipal nos últimos 4 anos. Neste período, já foram trabalhados itens como abobrinha, cenoura e espinafre – todos com excelentes resultados e ampla aceitação por parte das crianças.

A MERENDA

A equipe od Setor de Alimentação Escolar da Prefeitura de Nova Odessa é composta por cerca de 190 profissionais, incluindo os 14 colaboradores municipais que atuam na central, localizada na Avenida Dr Eddy de Freitas Crissiúma, no Centro.

O time atende diariamente a mais de 5.400 alunos da Rede Municipal. O Município atende ainda, com merenda escolar, as ONGs Apae, Casa Abrigo Casulo e SOS (Serviço de Orientação e Solidariedade a “guardinha” da cidade).

Diariamente, são servidas cerca de 13.600 refeições, incluindo 3.800 desjejuns, 3.800 almoços, 3.800 jantares e 2.200 lanches para os alunos de período integral. Todos os alunos recebem diariamente todas as refeições previstas no PNAE.

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RMC

Merenda Escolar e FAM lançam Projeto Educacional “De Onde Vem o Leite”

Por Diretoria de Comunicação da Prefeitura de Nova Odessa

 

A parceria entre o Setor de Alimentação Escolar da Prefeitura de Nova Odessa e a FAM (Faculdade de Americana) segue inovando quando se trata de educar as crianças da Rede Municipal de Educação para uma alimentação saudável – não apenas na escola, mas para a vida toda. No final de fevereiro, por exemplo, a parceria lançou o Projeto “De Onde Vem o Leite”, de Educação Nutricional.

Os primeiros 180 alunos atendidos, com idades de 5 a 10 anos, foram os da EMEB (Escola Municipal de Educação Básica) Professora Alzira Ferreira Delegá, no Green Village. O objetivo da iniciativa é sensibilizar os alunos sobre o processo de produção do leite e destacar sua importância como alimento na alimentação saudável.

A supervisão do projeto está a cargo das nutricionistas da Prefeitura, Juliana Pissaia Savitsky e Camila Frederico Oliveira, além da coordenadora do curso de Nutrição da FAM, Glennys Mabel, e da professora Joseane Almeida Santos Nobre, com apoio das estagiárias Milena Machado Oliveira e Taynara Fabiani Orlandini.

A atividade visa não apenas aumentar o conhecimento sobre a origem do leite, mas também estimular os alunos a refletirem sobre a importância de hábitos alimentares conscientes e a valorização dos alimentos”, explicou Juliana Pissaia.

Segundo ela, o projeto surgiu a partir da percepção da baixa aceitabilidade do consumo de alimentos essenciais para o crescimento e desenvolvimento saudável dos alunos, como a redução espontânea do consumo do leite e seus derivados, bem como de carnes e ovos.

“Isso tem nos preocupado muito, pois sabemos que a longo prazo a falta desses alimentos pode prejudicar o crescimento, desenvolvimento e até o envelhecimento saudável. Escolhemos o leite para iniciar a ação do 1º bimestre e vamos seguir com os demais alimentos até o final do ano”, acrescentou a responsável pela Merenda Escolar no Município.

O leite é um alimento rico em cálcio, essencial para a saúde dos ossos e dentes e para a contração muscular, entre outras funções essenciais. Traz outros nutrientes como proteínas, carboidratos e lipídeos, e micronutrientes como fósforo e vitaminas B12, entre outras.

Já carnes e ovos são fontes de proteínas de alto valor biológico, contendo vitaminas e minerais essenciais para a manutenção e renovação de tecidos e funções vitais do organismo. As carnes de origem animal previnem e tratam anemia ferropriva.

“É muito importante que os alunos, pais e cuidadores tenham ciência da importância dos nutrientes contidos no leite, nas carnes e ovos para uma boa saúde. Nosso objetivo é atingir o maior número de alunos ao longo do ano e futuramente realizar uma ação voltada para os pais”, completou Juliana.

A ação de Educação Nutricional contou com uma apresentação visual e uso de material lúdico, seguida de uma dinâmica simulando a ordenha utilizando uma vaca de papelão, proporcionando aos alunos uma experiência prática e interativa.

Projetos como este em Nova Odessa também contribuem para a formação dos estudantes de Nutrição, que podem aplicar seus conhecimentos em práticas reais de Educação Nutricional, ajudando a construir uma sociedade mais informada e responsável quanto à alimentação e à saúde.

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Saúde

Ultraprocessados são necessários para garantir o consumo proteico de veganos?

Estudo da USP mostra que, muitas vezes, esses indivíduos recorrem a itens poucos saudáveis para assegurar o aporte de proteínas; saiba quais são os pontos de atenção

Por Thais Szegö, da Agência Einstein

Seja por questões ambientais, seja para se alimentar de forma mais saudável, o número de vegetarianos é crescente no mundo todo. De acordo com uma pesquisa da Sociedade Vegetariana Brasileira, entre 2012 e 2018, houve um salto de 75% dessa população no país — incluindo aqueles que excluem apenas carnes, os vegetarianos, e os que não consomem qualquer produto de origem animal, os veganos.

Por isso, a oferta de produtos voltados a esse público nos supermercados também é crescente. “É fato que a alimentação vegana tem se tornado mais comum, e discute-se muito se os adeptos são capazes de atingir as necessidades diárias de proteína e aminoácidos essenciais”, diz o nutricionista e fisiologista clínico do exercício Hamilton Roschel, que liderou uma pesquisa na Universidade de São Paulo (USP) publicada no Jama Network Open.

O trabalho avaliou o consumo alimentar de 774 pessoas veganas a partir de um recordatório alimentar, que registra tudo o que se consome ao longo de um dia típico. Com esses dados em mãos, os pesquisadores puderam quantificar não apenas os nutrientes ingeridos, mas também a contribuição calórica por grau de processamento (alimentos in natura e minimamente processados, processados e ultraprocessados).

Os resultados mostraram que a maioria dos participantes atende às recomendações de ingestão de proteínas e aminoácidos essenciais – moléculas que formam as proteínas, mas que não são produzidas pelo corpo e têm funções específicas no metabolismo.

Observou-se, ainda, que a maioria da energia diária – 66% das calorias ingeridas – dos veganos é proveniente de alimentos in natura, ou seja, que não sofrem alterações para ser consumidos; e minimamente processados, aqueles que passaram apenas por processos que não envolvem adição de sal, gordura, açúcar ou outras substâncias.

Outro achado é que os que ingeriam menos ultraprocessados eram mais propensos à inadequação do consumo de proteínas. “O fato de o estudo ter apontado que muitas pessoas com esse tipo de alimentação atingem a quantidade recomendada de proteínas, mas com a dependência de alimentos ultraprocessados, faz sentido em um contexto em que fontes vegetais integrais, embora ricas em nutrientes, podem ter uma densidade proteica mais baixa em relação às de fonte animal, exigindo porções maiores para alcançar as metas nutricionais”, afirma Serena del Favero, nutricionista do Espaço Einstein, unidade de esporte e reabilitação do Hospital Israelita Albert Einstein.

Segundo a pesquisa, os principais ultraprocessados consumidos pelos veganos analisados são a proteína texturizada de soja e os suplementos proteicos à base de plantas. “Embora tenhamos encontrado valores de consumo de alimentos ultraprocessados menores entre veganos quando comparados a dados populacionais, esses itens parecem assumir algum grau de relevância no atendimento à necessidade nutricional de proteínas desses indivíduos”, observa Roschel.

Os ultraprocessados têm sido investigados pelo número crescente de evidências de que seus altos teores de açúcar, sódio, gordura e aditivos químicos têm relação com o aumento de casos de obesidade, diabetes, câncer e outros males.

No dia a dia do consultório, a nutricionista do Einstein tem observado o maior consumo desses produtos por pacientes veganos para garantir o aporte proteico necessário. “Isso é particularmente comum em quem busca praticidade, já que ultraprocessados são mais fáceis de preparar e podem ser consumidos rapidamente”, conta del Favero.

Embora a proteína texturizada de soja e os suplementos à base de planta sejam considerados ultraprocessados, não há evidência de que eles possam causar os mesmos efeitos negativos que os ultraprocessados típicos — caso de salgadinhos, biscoitos recheados e bebidas prontas, por exemplo.

Outros alimentos proteicos consumidos frequentemente foram os substitutos de produtos cárneos, como bifes, hambúrgueres e linguiças veganas. Esses costumam — embora não seja uma regra — ter um perfil nutricional desbalanceado e podem ser deletérios para a saúde se consumidos em excesso”, diz o professor da USP.

Como fazer boas escolhas

Apesar de os ultraprocessados funcionarem como atalhos, uma alimentação mais natural, com ingredientes que também são boas fontes de proteínas — como leguminosas, grãos integrais, sementes e oleaginosas —, oferece uma qualidade nutricional superior.

Tofu e tempeh são excelentes opções à base de soja, menos processadas e versáteis para uso culinário. Outras alternativas incluem a farinha de grão-de-bico, a levedura nutricional, as algas e os vegetais verdes-escuros, que complementam a ingestão proteica e de nutrientes importantes, como o ferro.

A combinação de diferentes fontes vegetais ao longo do dia ajuda a garantir todos os aminoácidos essenciais de forma equilibrada e natural. Se mesmo assim a inclusão de ultraprocessados for necessária, a orientação é checar o rótulo com cuidado, analisando os ingredientes e a composição nutricional do produto.

“O objetivo é incentivar um consumo mais equilibrado, reduzindo a dependência dos ultraprocessados sem ignorar completamente seu papel em uma rotina vegana moderna”, afirma Serena del Favero.

Na hora da compra, siga as seguintes dicas:

  1. Priorize produtos com listas de ingredientes curtas e simples

É ideal que ingredientes como soja, ervilha e grão-de-bico apareçam entre os primeiros itens, indicando ser o componente principal. Evite aqueles que têm muitos nomes desconhecidos ou complicados, que indicam maior nível de processamento.

  1. Fique de olho no sódio

Alimentos ultraprocessados frequentemente têm níveis elevados desse ingrediente para conservar e realçar o sabor.

  1. Atenção às gorduras

Cheque sempre a quantidade de gorduras e evite itens com gorduras trans e altos níveis de saturadas.

  1. Aposte nas fibras

Escolha produtos que também sejam ricos em fibras, já que muitos ultraprocessados podem perder essa substância no processo de fabricação.

  1. Prefira alimentos fortificados com vitaminas e minerais

Produtos com doses extras de vitamina B12, ferro, cálcio e vitamina D podem ser boas escolhas para veganos, pois esses nutrientes são mais difíceis de se obter em uma dieta baseada em plantas.

  1. Maneire no açúcar

Cuidado com açúcares ocultos e evite os produtos com açúcar adicionado. Muitos ultraprocessados têm açúcar ou xaropes para melhorar o sabor.

  1. Nem todos os ultraprocessados são iguais

Varie as marcas e as opções e compare ingredientes e tabelas nutricionais, optando sempre pelas mais simples e com melhor perfil nutricional.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Excesso de frutose favorece a inflamação, aponta pesquisa brasileira

A substância também é associada com o aumento do risco cardiovascular. Ao contrário do que muitos pensam, o perigo não está nas frutas, e sim nos industrializados

Um estudo realizado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e recém-publicado no periódico Nutrition chega para comprovar os prejuízos atrelados ao consumo excessivo de frutose. Esse tipo de açúcar é encontrado naturalmente nas frutas, mas tem sido adicionado em produtos como refrigerantes, sucos, cereais matinais, bolos, achocolatados, sorvetes, entre outros itens industrializados.

Após conduzir pesquisas com animais de laboratório, que apontaram uma associação entre o exagero na substância e processos inflamatórios, a equipe mineira realizou um ensaio clínico com 22 mulheres saudáveis, com idades entre 20 e 47 anos. Em ambiente ambulatorial, no complexo do Hospital das Clínicas da UFMG, as participantes receberam café da manhã padronizado e foi incluída uma bebida, desenvolvida para o estudo, rica em frutose.

Amostras de sangue foram coletadas em jejum e após 30, 60, 120 e 240 minutos da refeição. Para comparação, foram oferecidos preparados de glicose e depois de sacarose, com intervalos de alguns dias entre cada um. Os exames de sangue também se repetiram nas duas ocasiões. “Observamos que a frutose leva a um aumento mais significativo nas concentrações de triglicérides e de leucócitos quando comparada com a glicose e a sacarose”, relata a nutricionista Ana Maria S. Rodrigues, autora principal do trabalho.

Sobre os triglicérides, sabe-se que taxas elevadas dessas moléculas de gordura estão relacionadas com aumento do risco cardiovascular. Já os leucócitos, nossas células de defesa, ajudam a sinalizar inflamações.

Outros trabalhos também demonstraram um elo entre o exagero na frutose e danos à saúde. “Há uma relação com a síndrome metabólica”, comenta Rodrigues. A nutricionista refere-se ao distúrbio marcado por taxas elevadas de glicose e de colesterol, além de hipertensão arterial e gordura abdominal.

Gabriela Mieko, nutricionista do Espaço Einstein de Reabilitação e Esporte, do Hospital Israelita Albert Einstein, acrescenta mais itens à lista. “Existem evidências sobre o aumento no risco do diabetes tipo 2, além da esteatose hepática não alcoólica, que é o acúmulo de gordura no fígado, e ainda, com a elevação dos níveis de ácido úrico no sangue”, comenta.  Esse último pode levar ao desenvolvimento de gota, mal por trás da inflamação nas articulações.

Açúcar das frutas x açúcar dos refrigerantes

A frutose também aparece em diversos trabalhos pela relação com a obesidade. E é justamente por esse motivo que já tem até gente excluindo as frutas do cardápio, sem a menor necessidade. Por isso, é fundamental alertar sobre as diferenças entre a frutose que vem da natureza e aquela que tem aparecido nas gôndolas dos supermercados.

Pela classificação química, a frutose é um monossacarídeo. Significa que se trata de uma combinação de moléculas que forma um carboidrato simples, que apresenta absorção rápida pelo organismo.

Esse açúcar aparece nas frutas, no mel e até em algumas hortaliças. Mas, devido ao seu alto poder de adoçar e à capacidade de reter água, despertou a atenção de cientistas que o isolaram em laboratório, no século 19.

Sua popularidade aumentou mesmo com o surgimento do xarope de milho, na década de 1960. E foi a partir daí que passou a competir com a sacarose, oriunda da cana-de-açúcar, na formulação de produtos industrializados. Nesses itens, especialmente refrigerantes, sucos e afins, o que se vê é uma alta concentração da substância.

Já nas frutas, os teores são muito menores e há uma porção de vitaminas, sais minerais, antioxidantes, compostos bioativos e fibras, num mix benéfico. “A interação entre todas essas substâncias atenua a velocidade de absorção da frutose”, explica Mieko.

Não bastasse favorecer o equilíbrio glicêmico, essa mistura ajuda a combater processos inflamatórios. Inclusive, uma sugestão ao consumir frutas é não dispensar bagaço ou cascas, sempre que possível. Assim ocorre maior ingestão de fibras e se garante ainda mais os tais benefícios.

A nutricionista do Einstein chama a atenção para uma triste realidade do nosso país.  “As últimas Pesquisas de Orçamento Familiar (POF) mostram que os brasileiros têm consumido cada vez menos frutas, verduras e legumes”, lamenta. Por outro lado, observa-se o crescimento na ingestão de produtos classificados como ultraprocessados, que são ricos em todos os tipos de açúcar, incluindo a frutose.

Não custa reforçar a recomendação de diversos órgãos de saúde: abra mais espaço no cardápio para alimentos in natura e de origem vegetal.  Outra dica, sempre bem-vinda, é esmiuçar todos os detalhes dos rótulos de itens industrializados.

Embora a frutose apareça com seu próprio nome na lista de ingredientes, também pode vir com outras designações. “Xarope de milho, açúcar de fruta ou a sigla HFCS (do inglês High Fructose Corn Syrup) sinalizam a presença da substância”, ensina a nutricionista. Um olhar atento ajuda a evitar o excesso de frutose e os prejuízos atrelados e comprovados pela ciência.

Fonte: Agência Einstein

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