BOA SAÚDE

Saúde

Carnes processadas elevam risco de hipertensão, mostra estudo brasileiro

Trabalho pioneiro aponta elo entre o consumo de embutidos e a doença cardiovascular. Confira o que não deve faltar no cardápio para ajudar a equilibrar a pressão arterial

Por Regina Célia Pereira, da Agência Einstein

O consumo moderado das chamadas carnes processadas é suficiente para aumentar o risco de hipertensão arterial, segundo estudo publicado no periódico científico Nutrition.  Entre os integrantes desse grupo estão linguiça, salsicha, mortadela, presunto, hambúrguer, copa, salame, bacon e, inclusive, itens considerados “inofensivos”, caso do blanquet e do peito de peru.

Para estabelecer a relação, foram utilizados dados vindos do ELSA-Brasil (Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto), pesquisa que acompanha, desde 2008, mais de 15 mil servidores públicos e aposentados de universidades e instituições localizadas nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo.

Além de informações – obtidas por meio de questionários – sobre estilo de vida, com destaque para hábitos alimentares, foram esmiuçados dados de exames clínicos, como a medida da pressão arterial, e análises de níveis de colesterol, potássio e sódio, por exemplo.

Entre os grandes consumidores de carnes processadas, observou-se uma maior incidência de hipertensão arterial. “Também avaliamos a ingestão de carnes vermelhas, mas não encontramos essa relação”, comenta a autora do estudo, a enfermeira Michelle Izabel Ferreira Mendes, da Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais.

Segundo Maria del Carmen Bisi Molina, nutricionista e orientadora do trabalho, trata-se do primeiro estudo longitudinal – que usa dados de indivíduos seguidos por longos períodos – a investigar tal associação no país. “As descobertas reforçam o papel da dieta na prevenção de doenças”, afirma Molina.

Sobre os mecanismos por trás do elo, a principal hipótese é a alta concentração de sódio encontrada nesses alimentos. Apesar de desempenhar funções essenciais, inclusive ao sistema nervoso, extrapolar a quantia desse mineral favorece a retenção de água e, quanto maior o volume líquido na corrente sanguínea, maior a probabilidade de a pressão arterial subir.

“E há indícios de que a ingestão crônica e excessiva favorece a disfunção endotelial”, relata Mendes. A pesquisadora refere-se ao revestimento celular envolvido na dilatação e relaxamento das artérias. Não bastasse o acúmulo de sódio, as carnes processadas costumam carregar gordura saturada, mais um nutriente que, em excesso, pode causar danos cardiovasculares.

Saindo das questões do coração, vale mencionar que o exagero, especialmente de embutidos – salsichas, linguiças, salames – está associado ao aumento no risco de câncer. “Existem evidências bem consolidadas, sobretudo em relação aos tumores de intestino”, avisa a nutricionista Giuliana Modenezi, do Espaço Einstein Esporte e Reabilitação do Hospital Israelita Albert Einstein.

Por tudo isso, não há recomendação de consumo segura. “A sugestão é degustar em eventos esporádicos, seja um pedaço de linguiça no churrasco ou um cachorro-quente na festa de aniversário”, exemplifica Molina.

Mas a população brasileira é bastante fã desses alimentos e, segundo as especialistas, pesquisas mostram um crescimento na ingestão desses produtos, até pela questão do preço, que tende a ser mais baixo.

Os aliados cardiovasculares

Voltando às artérias, além de evitar as carnes processadas, algumas estratégias alimentares são bem-vindas para combater a hipertensão e todos os prejuízos atrelados.

A nutricionista do Einstein aponta alguns nutrientes-chave, que se destacam em estudos. “O potássio ajuda no equilíbrio de níveis de sódio no organismo e promove a dilatação dos vasos sanguíneos”, explica. Banana, abacate e batata são fontes.  Magnésio e cálcio também são minerais envolvidos na regulação da pressão, e as castanhas, feijões, verduras, leite e seus derivados oferecem a dupla.

“A literatura científica aponta ainda a atuação dos antioxidantes”, lembra Modenezi. Compostos fenólicos, carotenoides, entre outras famílias de substâncias, presentes em frutas, verduras e legumes, aparecem em artigos pelo papel em prol das artérias. Fibras reforçam a proteção, isso porque existem evidências de que zelar pela microbiota intestinal afasta inflamações, feito essencial para a saúde cardiovascular.

E é possível juntar todos esses ingredientes protetores em algumas dietas. Saiba mais sobre algumas delas:

DASH
Trata-se da sigla para Dietary Approaches to Stop Hypertension ou Dieta para Combater a Hipertensão, em bom português. O plano alimentar foi desenvolvido por cientistas dos Estados Unidos há mais de duas décadas, justamente para ajudar no controle da pressão arterial.

Frutas e hortaliças têm lugar garantido. Grãos e cereais, nas versões integrais, além de oleaginosas, ou seja, castanhas e afins, bem como sementes, e a turma das leguminosas (feijões, ervilha, grão-de-bico) marcam presença. Há ainda espaço para queijos, iogurtes e leite, preferencialmente desnatados.

Na DASH, recomenda-se redobrar o cuidado com o sal, tanto o vindo de produtos industrializados quanto o que é colocado no preparo da comida. Uma sugestão saborosa é incrementar as receitas com ervas e especiarias.

Dieta mediterrânea
Aqui também há espaço privilegiado para vegetais em todas as formas. E, claro, um dos destaques é o azeite de oliva, cuja formulação acumula substâncias protetoras.

Mas não é preciso buscar opções estrangeiras para compor o prato. Afinal, dispomos de uma grande diversidade de frutos, verduras e legumes.

Vale ressaltar que a dieta vai muito além do cardápio: inclui atividade física ao ar livre, descanso e o controle do estresse.

Para ter à mão

Além do aclamado Guia Alimentar para a População Brasileira, o Ministério da Saúde desenvolveu uma cartilha que traz informações sobre alimentação cardioprotetora, baseada nas cores da bandeira do Brasil. Os itens do grupo verde são aqueles que podemos consumir em maior quantidade. “Entram frutas, hortaliças, leguminosas e lácteos desnatados”, diz Giuliana Modenezi, do Einstein.

Já no grupo amarelo, que pede moderação, estão pães, macarrão e doces caseiros. No azul, a recomendação é para ainda mais parcimônia: vale para queijos amarelos, farinhas, ovos, entre outros.

Há também a cor vermelha, que não consta na bandeira, e refere-se ao que deve ser evitado. “Aqui são os alimentos ultraprocessados”, avisa Modenezi. Salgadinhos, comida congelada pronta (lasanha, pizza etc.) e biscoitos recheados são exemplos. Aliás, manter distância de produtos desse tipo protege não só as artérias, mas todo o organismo.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Dieta pode melhorar resposta ao tratamento de câncer com células CAR-T

Cientistas buscam formas de tornar essa terapia oncológica mais eficiente e evitar a recidiva do câncer; modelo alimentar com pouco carboidrato demonstrou bons resultados em camundongos

 

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

Alterações na dieta podem ser benéficas a pacientes oncológicos que passam por tratamento com células CAR-T, sugere um estudo inédito da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. O trabalho foi destaque no 66º Encontro Anual da Sociedade Americana de Hematologia (ASH, na sigla em inglês), que aconteceu entre os últimos dias 7 e 10 de dezembro em San Diego, nos Estados Unidos.

A terapia celular CAR-T é um dos principais avanços em imunoterapia – aquela que utiliza células do próprio paciente para estimular o combate a um câncer. No caso, são usados linfócitos T, um tipo de célula de defesa que, em laboratório, recebe informações genéticas de um receptor localizado na superfície dos tumores. Isso promove uma “reprogramação” celular que gera células chamadas de CAR-T. Ao serem “recolocadas” na pessoa, conseguem reconhecer o câncer com mais facilidade e destruí-lo.

No entanto, muitos pacientes param de responder ao tratamento e o câncer pode voltar. Por isso, cientistas buscam formas de torná-la mais eficaz. No trabalho dos pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, eles compararam a resposta ao tratamento em camundongos com linfoma que receberam diversos tipos de alimentação.

A conclusão foi de que aqueles que receberam uma dieta cetogênica (pobre em carboidratos e rica em gordura) tiveram melhor resposta e maior sobrevida em relação aos ratinhos alimentados com outros modelos alimentares: mais carboidrato, mais proteína ou mais colesterol, por exemplo.

Ao induzir cetose – processo em que o organismo utiliza gordura, e não glicose, como fonte de energia –, esse tipo de dieta gera como metabólito o beta-hidroxibutirato (BHB), que é uma fonte energética e mantém o metabolismo das células.

Em comunicado da Faculdade de Medicina da Universidade da Pensilvânia, o coautor Puneeth Guruprasad conta que a equipe trabalhou com a hipótese de que as células CAR-T preferem usar o BHB como combustível em vez da glicose. Com isso, ao aumentar a quantidade da substância no organismo, as CAR-T atuariam com mais energia contra o tumor.

Para testar essa ideia na prática, os cientistas administraram um suplemento de BHB em camundongos com tumores e que receberam as CAR-T. Na maioria desses animais houve uma melhor performance das CAR-T contra as células malignas, levando à completa destruição dos tumores.

Numa última análise, os estudiosos avaliaram exames de sangue de pessoas que estavam recebendo esse tratamento oncológico e constataram que aquelas com níveis mais altos de BHB também tinham uma expansão das CAR-T, sugerindo uma melhora funcional e quantitativa dessas células no enfrentamento ao câncer.

Especialistas da área veem com animação esses achados. “[O BHB] É um metabólito que pode servir de fonte de energia mais eficiente que a glicose, melhorando a atividade antitumoral e a proliferação das CAR-T”, analisa a hematologista Lucila Kerbauy, coordenadora médica de terapia celular avançada do Hospital Israelita Albert Einstein. “Mas somente os estudos clínicos poderão mostrar se isso vai resultar em melhor atividade antitumoral e melhores taxas de resposta nos pacientes.”

Para o hematologista Nelson Hamerschlak, coordenador do Programa de Hematologia e Transplantes de Medula Óssea do Einstein, que lidera pesquisas com CAR-T, esse é um estudo promissor. “Pode apontar uma forma muito simples e barata de tornar a terapia mais efetiva, seja modificando a dieta, seja usando [o BHB] como suplemento alimentar”, observa Hamerschlak, que esteve no encontro da ASH em San Diego. “No entanto, ainda falta avaliar se a melhora na resposta poderá causar mais efeitos colaterais também.”

A equipe dos EUA já começou um estudo clínico de fase 1 para estabelecer a segurança e, posteriormente, a eficácia da suplementação com BHB em pessoas com câncer.

 Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Café é um aliado do coração e contra o diabetes, afirma estudo

Cheio de substâncias benéficas, ele aparece em nova pesquisa que associa o consumo moderado com a redução do risco de males cardiovasculares e de diabetes tipo 2

Por Regina Célia Pereira, da Agência Einstein

A cafeína é conhecida como a culpada pela associação entre o consumo excessivo de café e a maior propensão a problemas como insônia e até mesmo o aumento da pressão arterial. Entretanto, como a bebida não se resume à cafeína e, sim, a uma soma de compostos protetores, a literatura científica coleciona evidências sobre seus benefícios.

Uma recente revisão, publicada no periódico GeroScience, relaciona a ingestão do café com a redução do risco de males cardiovasculares, diabetes tipo 2 e síndrome metabólica – distúrbio marcado pelo acúmulo de gordura abdominal, hipertensão, além de taxas elevadas de glicose e de alterações nos níveis de colesterol. Doenças renais também são destaques no artigo.

Para estabelecer as associações, os pesquisadores se debruçaram em 284 estudos. “O trabalho traz várias evidências de que o cafezinho faz bem para a saúde, mas, ainda assim, vale frisar que mais pesquisas são necessárias”, avalia o nutrólogo Celso Cukier, do Hospital Israelita Albert Einstein.

O especialista chama a atenção para as diferentes versões de grãos e as distinções na forma de preparo e mesmo para a quantidade e maneira como a bebida é ingerida. “Os indícios referem-se ao consumo moderado”, comenta o nutrólogo. Algumas diretrizes médicas sugerem entre três e quatro xícaras diárias para um adulto saudável.

Recomenda-se ainda não ultrapassar a marca de 400 mg de cafeína por dia. Em média, uma xícara (150 ml) de café coado contém 100 mg da substância. Já o tipo expresso tende a apresentar 150 mg da substância estimulante em 75 ml, que é a quantidade que se costuma beber por xícara nessa versão.

Exageros, especialmente, no período da tarde, podem atrapalhar o sono. Isso porque a cafeína interfere com neurotransmissores – mensageiros químicos responsáveis pela comunicação entre os neurônios – envolvidos com o aumento da disposição e redução da sensação de fadiga.

Fórmula protetora

Além dessa função estimulante, há indícios de que a cafeína oferece proteção cardiovascular. A substância faz parte da família das xantinas e apresenta ação antioxidante e anti-inflamatória, feitos que ajudam a resguardar o endotélio – tapete celular que recobre os vasos.

Mas outros componentes da bebida são mencionados no novo estudo pelos mesmos benefícios. É o caso dos polifenóis, com destaque para o ácido clorogênico, que combate o estresse oxidativo e blinda as artérias.

Demais componentes do grupo, como enterodiol e enterolactona, também são citados no trabalho, mas pelo potencial na modulação dos níveis de glicose no sangue. O que ajuda a explicar o elo com a redução do risco de diabetes tipo 2.

O café oferta ainda sais minerais, caso do potássio e do magnésio, além da niacina, uma vitamina do complexo B. Esse trio de micronutrientes se mostra aliado da saúde cardiovascular.

Formas de consumo

Toda essa riqueza costuma se manter nas diferentes maneiras de preparo, mas o tipo expresso – que é obtido a partir de alta pressão por meio de uma máquina específica – tende a concentrar mais dos compostos.

Já o coado, em filtro de papel ou coador de pano, tem uma vantagem. É que, nesse tipo de preparação, a filtragem retém moléculas gordurosas presentes nos grãos, caso do cafestol, que podem elevar os níveis de colesterol.

A maneira de adoçar pode comprometer as benesses da bebida. Para alguns apreciadores, que conhecem todas as sutilezas de sabor, o certo é tomar o café puro. Para quem não tem o paladar treinado, o açúcar pode ser um parceiro, desde que com moderação.

“Pacientes com diabetes devem redobrar a atenção”, ressalta o médico. O ideal é seguir as orientações do profissional de saúde que faz o acompanhamento. Cukier lembra ainda que cada grama de açúcar oferece quatro calorias, daí que extrapolar nas colheradas acaba contribuindo para o ganho de peso. “Os adoçantes artificiais podem ser utilizados, eventualmente, mas sem exagero”, sugere o médico.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Cuidar da microbiota pode ajudar a combater a fragilidade entre idosos

Estudo destaca fibras especiais, responsáveis pelo equilíbrio das bactérias no intestino, como aliadas contra distúrbios de mobilidade e desnutrição nessa população

 

Por Regina Célia Pereira, da Agência Einstein

Há algumas décadas na mira da ciência, a microbiota intestinal coleciona evidências de sua relação com a imunidade, o bem-estar emocional e até contra a obesidade. Agora, um estudo publicado na revista científica The Journal of Clinical Investigation aponta mais um possível benefício: contribuir para a qualidade de vida dos idosos.

Cientistas chineses realizaram uma análise observacional de 1.693 pessoas idosas, que foram separadas em três grupos, conforme a presença ou não de fragilidade (não frágil, pré-frágil e frágil). Para a classificação consideraram características como a perda de peso, o declínio físico, a lentificação na caminhada, a diminuição da força de preensão palmar e maior exaustão. Na segunda etapa do estudo, foram avaliados aspectos biológicos e metabólicos entre as turmas, inclusive com investigações sobre a microbiota.

Já o terceiro estágio, consistiu em um ensaio clínico randomizado, duplo-cego. Nessa etapa, uma parte dos participantes consumiu, durante 12 semanas, um preparado de fibras especiais com ação prebiótica, ou seja, que contribuem para a proliferação e a atividade de bactérias benéficas. A outra recebeu placebo para controle e comparação ao final do estudo.

Após a intervenção, por meio de testes, observou-se uma melhora na velocidade de caminhada e na força das mãos entre os que ingeriram os prebióticos. Exames de fezes, de sangue, entre outros, mostraram ainda alterações benéficas na microbiota, além de redução de marcadores inflamatórios.

“O estudo traz indícios muito promissores”, opina a nutricionista esportiva Gabriela Mieko, do Espaço Einstein de Reabilitação e Esporte do Hospital Israelita Albert Einstein. Esses achados reforçam a importância de zelar pela saúde intestinal, especialmente em uma fase da vida em que a composição da microbiota é modificada pelo uso de certos medicamentos, pela presença de doenças e por hábitos alimentares.

Segundo Mieko, os avanços da nutrigenômica – campo científico que avalia a interação entre os genes e os nutrientes – estariam por trás do aumento e do aprofundamento de pesquisas sobre a microbiota, mas que ainda é uma área nova. “Começa-se a compreender melhor o papel dos micro-organismos que povoam o cólon e suas inter-relações com os diversos sistemas do nosso corpo”, observa.

 

Ecossistema em equilíbrio

Diversos trabalhos mostram danos atrelados à disbiose, que é o desequilíbrio nas populações de bactérias, com maior concentração de bactérias patogênicas em comparação com as “do bem”. Nesse cenário, a permeabilidade do intestino acaba prejudicada, permitindo que micro-organismos nocivos viajem pela circulação, o que pode desencadear inflamações, entre outros distúrbios.

Apostar em um cardápio recheado de frutas, hortaliças, grãos integrais e leguminosas é uma das estratégias para manter tudo em harmonia. Tais alimentos oferecem as chamadas fibras prebióticas. “Dentro desse grupo, há os fruto-oligossacarídeos (FOS), presentes na cebola, na batata yacon, no aspargo, no tomate, entre outros”, explica a nutricionista do Einstein.

Destacam-se ainda os galactos-oligossacarídeos (GOS), presentes no leite, inclusive o materno. Outro exemplo é a inulina, da alcachofra e da chicória. “Também existem estudos mostrando que substâncias chamadas de flavonoides, vindas do cacau, podem ter efeitos prebióticos”, acrescenta Gabriela Mieko.

Por fim, soma-se à lista o psyllium. “É uma fibra natural extraída das sementes de uma planta, a Plantago ovata, e tem sido muito utilizada em estudos”, conta. Requer a orientação profissional para o consumo, já que o exagero pode causar desconfortos abdominais, como gases e constipação.

Outros grandes aliados da microbiota são os probióticos. Pela definição da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), probióticos são “micro-organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefício à saúde do indivíduo”.

Eles aparecem em alimentos fermentados, como iogurtes especiais, no kefir, na kombucha, entre outros. Um cuidado é o de se atentar às informações dos rótulos e privilegiar produtos com menores teores de açúcar, aditivos e com a lista de ingredientes enxuta.

Zelar por esse ecossistema garante a produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCCs) – butirato, acetato e propionato –, o que propicia um melhor aproveitamento de sais minerais e outros nutrientes. Essas substâncias ajudam a reduzir o risco de deficiências e também teriam ação anti-inflamatória, segundo alguns estudos.

Independentemente da idade, não faltam bons motivos para redobrar os cuidados e manter a microbiota intestinal sempre saudável.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Estudo associa ingestão excessiva de sal a maior risco de dermatite atópica

 Trabalho de pesquisadores dos Estados Unidos mostra que alto consumo de sódio está ligado também a mais crises e sintomas graves da doença

 

Por Thais Szegö, da Agência Einstein

Uma dieta mais salgada pode trazer impactos na saúde da pele, elevando o risco de dermatite atópica, inflamação que provoca lesões que coçam. O elo entre a alimentação e a doença crônica foi feito por pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, em estudo publicado no Jama Dermatology.

Os cientistas examinaram a urina de 215.832 adultos com idades entre 30 e 70 anos, durante 24 horas, e observaram que cada grama a mais de sódio estava associado a um risco 11% maior do aparecimento da doença, que também é conhecida como eczema atópico.

O estudo mostra ainda que o consumo aumenta em 16% a probabilidade de a pessoa ter um caso ativo, pois essa enfermidade crônica alterna períodos de remissão do quadro com períodos de crise que envolvem lesões avermelhadas, descamação e coceira.

Uma dieta muito salgada, ainda segundo o estudo, eleva em 11% a propensão a um quadro grave de dermatite atópica, que pode levar a lesões mais sérias, com secreção e fissuras infectadas.

Os cientistas analisaram também o perfil de 13 mil adultos participantes da Pesquisa Nacional de Exame de Saúde e Nutrição, realizada pelo governo dos EUA. Os pesquisadores concluíram que comer apenas um grama adicional de sódio por dia – cerca de meia colher de chá de cozinha de sal – está associado a um risco 22% maior de alguém apresentar um caso ativo de eczema. Esse achado foi ao encontro dos resultados obtidos na primeira fase.

“Os autores do trabalho descobriram que o sódio é armazenado na pele, onde pode favorecer um processo de inflamação, que é um importante gatilho para a crise de dermatite atópica”, analisa a dermatologista Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD).

Mas novos estudos são necessários para comprovar esses achados. “A relação entre alimentação e a doença não é bem estabelecida e esse trabalho, que foi bem desenhado e envolveu um número bem grande de pessoas, é interessante porque está abrindo novas frentes de pesquisa, mas ainda não podemos dizer que é algo conclusivo”, pondera a dermatologista Barbara Miguel, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Se conseguirmos de fato fazer essa relação, vamos poder diminuir um fator desencadeante dos sintomas.”

De acordo com a pesquisa, reduzir a quantidade de sal na dieta já seria uma forma de evitar os períodos ativos da enfermidade. “Na minha opinião, o estudo poderia ser replicado levando em consideração algumas variáveis, como uso de hidratantes, temperatura dos banhos e hidratação via oral, fatores que também influenciam no quadro e não foram analisados”, sugere Pomerantzeff.

Quem sofre com a dermatite atópica não pode deixar de lado cuidados importantes, entre eles: evitar banhos muito quentes e longos, usar sabonetes específicos que fazem uma limpeza mais suave, não utilizar buchas de banho e sempre hidratar muito bem a pele com produtos sem perfume. Outras medidas são reforçar a hidratação e tomar muita água, não usar roupas com tecidos de lã e sintéticos e evitar estresse, poluição em excesso e amaciantes de roupas com perfume.

Doença crônica com influência genética

A dermatite atópica está ligada a uma predisposição genética que pode também estar relacionada a outros tipos de males de fundo alérgico, em especial a rinite e a asma. “Trata-se de uma condição inflamatória crônica e recidivante, na qual ocorre uma alteração na barreira cutânea protetora”, explica Pomerantzeff.

Essa é a camada mais superficial da pele, que ajuda a manter sua hidratação e a protegê-la de fatores irritantes e patógenos, como vírus e bactérias.Podemos imaginá-la como uma parede de tijolos e cimento. Os tijolos são as células, chamadas corneócitos, e o cimento é a matriz lipídica, uma camada composta por ceramidas, colesterol e ácidos graxos que tem a função de ligar essas células”, detalha a dermatologista da SBD.

Com a barreira alterada, há uma diminuição da matriz lipídica, levando à perda de hidratação. Isso faz com que o tecido fique muito seco e com tendência a se tornar irritado e/ou inflamado com a presença de agressores externos.

As regiões de secura e coceira geralmente aparecem em áreas de dobras, como pescoço, atrás dos joelhos, dobras dos braços e pulsos. E, conforme a pessoa vai coçando a cútis, causa escoriações e faz com que a coceira aumente ainda mais. “O quadro também envolve fatores ligados ao sistema imunológico e tem muito impacto na qualidade de vida, no sono e no rendimento escolar das crianças, já que elas dormem menos”, diz a médica do Einstein.

Além dos cuidados diários com a pele, o tratamento da dermatite atópica pode envolver antibióticos, corticoides tópicos e imunomoduladores, substâncias que agem no sistema imunológico e ajudam a combater a inflamação. Outros possíveis recursos são anti-histamínicos, medicamentos que combatem a reação alérgica; imunossupressores, que têm ação anti-inflamatória; fototerapia e medicamentos biológicos, que diminuem a reação inflamatória.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Aliados anticâncer: por que vale comer mais vegetais como brócolis e repolho

Do grupo dos crucíferos, essas hortaliças aparecem em estudo como protetoras contra diferentes tumores; saiba quais alimentos fazem parte dessa categoria e como incluí-los no cardápio

Por Regina Célia Pereira, da Agência Einstein

Brócolis, repolho, couve, couve-flor, couve-de-bruxelas, rúcula e agrião são alguns dos integrantes do grupo conhecido como crucíferos. Segundo uma pesquisa publicada em agosto no periódico Journal of Food Science, esses vegetais são aliados anticâncer.

Pesquisadores chineses analisaram 22 meta-análises – que são revisões abrangentes encontradas na literatura científica – e elencaram efeitos protetores contra tumores gástricos, de pulmão, de mama, de próstata, entre outros. “Vale salientar, entretanto, que se trata de um estudo de associação e que as pesquisas incluídas referem-se a diferentes populações e até formas distintas de plantio e de solo”, pondera o nutrólogo Celso Cukier, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Mas a relação desses vegetais com a redução do risco de câncer vem de longa data. Um cardápio com boa oferta de hortaliças, nesse caso com espaço para as crucíferas, fornece uma porção de substâncias protetoras, a começar pelas fibras. Elas atuam em prol do trânsito intestinal e favorecem a microbiota, dois fatores relacionados à diminuição do risco de tumores.

Esses vegetais também acumulam compostos sulfurosos, caso dos glucosinolatos. Pela ação de enzimas no nosso organismo, transformam-se em isotiocianatos, com destaque para o sulforafano, um dos mais estudados e com maior potencial anticâncer. Outro componente, de nome estranho e com a mesma função, é o Indol-3-carbinol.

A lista conta ainda com os carotenoides, festejados pela ação antioxidante, ou seja, que blinda as células de danos causados pelo excesso de radicais livres. Vale menção para a presença de vitaminas, sobretudo o ácido fólico, integrante do complexo B, e a vitamina C, além de minerais, como o potássio e o magnésio. Todos esses ingredientes atuam em sinergia, potencializando a atuação benéfica.

Uma sugestão é priorizar os orgânicos ou dar espaço no cardápio para os itens da época, já que tendem a acumular menos defensivos agrícolas. E lembrando que a prevenção ao câncer envolve ainda outros bons hábitos, como a prática de atividade físico e o manejo do estresse.

Quais são os crucíferos?

Pela classificação botânica, esses vegetais pertencem à família Brassicaceae e são chamados crucíferos porque o arranjo das folhas, dispostas em quatro, faz lembrar uma cruz.

Grande parte é de origem europeia, mas há os que vêm da Ásia, como a couve-flor. A seguir, saiba mais sobre alguns dos integrantes dessa família:

Agrião
Um de seus destaques é a concentração de antioxidantes como a vitamina C e os carotenoides. O sabor picante incrementa saladas e sanduíches, entre outras preparações.

Brócolis

Existem dois tipos, o de cabeça única, chamado ninja, e o ramoso, também conhecido como caipira. Os brócolis estão entre os maiores fornecedores de compostos sulfurosos, precursores do sulforafano.

Para aproveitar toda a riqueza, a recomendação é prepará-los no vapor. Ficam perfeitos em saladas, sopas, pratos de massa à moda italiana e ainda em receitas asiáticas.

Couve-de-bruxelas
A hortaliça pequenina também oferece compostos de potencial anticâncer, caso dos isotiocianatos. Seu sabor é levemente amargo, graças à presença de uma substância conhecida como sinigrina. Entra no preparo de saladas, mas serve como acompanhamento de carnes, aves e massas.

Couve-flor
Excelente fonte de fibras, as aliadas do funcionamento do intestino. Uma das receitas mais famosas é a couve-flor gratinada, mas ela fica deliciosa em sopas e cremes.

Couve-manteiga

Muito presente na culinária mineira, a couve pode ser refogada e temperada com alho. Também tem feito sucesso no preparo de sucos verdes, receita que preserva boa parte da vitamina C, um de seus nutrientes de destaque.

 Repolho
Segundo historiadores, essa hortaliça ajudou a aplacar a fome de povos europeus. Uma de suas versões, a roxa, contém antocianinas, grupo de pigmentos de ação antioxidante. Mas o repolho branco também concentra compostos protetores, caso dos flavonoides.

Além do chucrute alemão, um prato fermentado que favorece a microbiota intestinal, vai bem em refogados, entre outras receitas.

Rúcula
Outra representante da família que é levemente picante. Ela contém luteína e a zeaxantina, dupla de carotenoides que protegem as células de danos oxidativos. Versátil, aparece na cobertura de pizzas e incrementa sanduíches e saladas, por exemplo.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Custos de ultraprocessados e álcool ao SUS atingem R$ 28 bi por ano

Cerca de 160 mil mortes anuais têm relação com consumo desses produtos

Pesquisas feitas pela Fiocruz, em parceria com as organizações não governamentais  ACT Promoção da Saúde e Vital Strategies, estimam o custo que o consumo de alimentos ultraprocessados e bebidas alcoólicas tem sobre o sistema público de saúde no país. A partir de dados de atendimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), levantamentos mostram que a má alimentação com ultraprocessados leva a R$ 933,5 milhões por ano em gastos diretos com saúde, um total de R$ 10,4 bilhões se considerados custos indiretos e de mortes prematuras, e R$ 18,8 bilhões em relação ao consumo de bebidas alcoólicas. As estimativas não incluem dados de atendimentos na rede suplementar de saúde (planos de saúde e clínicas particulares fora do SUS), nem atendimentos que não tenham esses agentes como principal causa relacionada.

Os estudos indicam a necessidade de combinação de estratégias para diminuir o impacto, com uso de impostos seletivos, aumentando o custo de produtos que tenham esse potencial contra a saúde pública, de forma transparente e relacionada a campanhas de conscientização como as de combate ao tabagismo. “Esses impostos seletivos têm, além do potencial de financiar o tratamento do que os produtos causam, o efeito de reduzir o consumo de substâncias nocivas e estimular escolhas mais saudáveis. Em longo prazo, há também um caráter progressivo associado, com a redução de custos no sistema de saúde e a diminuição da perda de produtividade e de doenças que reduzem a expectativa de vida”, explicou Marília Albiero, coordenadora de Inovação e Estratégia da ACT Promoção da Saúde.

As ONGs promovem campanha pela inclusão desse tipo de imposto na reforma tributária, como estratégia casada de promoção à saúde e financiamento de políticas de justiça tributária. “Em um país que tem enfrentado dificuldades de equacionar receita e despesa nos últimos 10 anos, num momento em que se tem uma pressão muito grande de financiamento do SUS e uma reforma tributária que precisa ser equacionada do ponto de vista de alíquota adequada e de quem paga a conta da limitação dessa alíquota, é preciso entender que alguns setores que causam mais custo para a sociedade podem pagar essa conta, e que ela funciona em uma lógica de ganha-ganha: não só arrecada mais, como pensa uma lógica de tributação específica para garantir políticas necessárias a partir do ganho desse setor”, defendeu Pedro de Paula, diretor da Vital Strategies no Brasil.

A lógica do lobby é a de que o consumo pouco controlado desses produtos esconde o impacto no aumento de doenças comuns e debilitantes, como a hipertensão, o diabetes e a obesidade, que estão entre os principais causadores de perda de produtividade por questões associadas à saúde e entre os fatores determinantes para o surgimento de doenças mais complexas, como demências e cânceres. Além disso, podem ser o caminho para construir sistemas de apoio à agricultura familiar e à distribuição de alimentos in natura, estabelecendo, a partir de combinação de medidas, “uma mudança estrutural do sistema tributário, atuando como instrumento para promover saúde, equidade e sustentabilidade”, completou Albiero.

Riscos associados

Os estudos indicam ainda que as doenças relacionadas ao consumo de ultraprocessados e álcool causam, respectivamente, impacto de 57 mil e de 105 mil mortes por ano. Ainda que o aumento da taxação não vá impedir o consumo excessivo em sua totalidade, há grande potencial de diminuição dessas mortes, estimadas inicialmente em cerca de 25%, ou seja, quase 40 mil vidas por ano, além de ganho na qualidade de vida. Uma comparação feita pelos pesquisadores é com os investimentos recorrentes, e necessários, contra doenças transmissíveis, como a dengue. As campanhas anuais tendem a salvar vidas em patamar de milhares, cerca de duas mil por ano. Uma diferença gritante, quando posta em perspectiva tal disparidade.

“Vale lembrar que essas estimativas são conservadoras, visto que se limitam ao impacto na população empregada adulta, maior de 20 anos, e não incluem outros custos de prevenção, atenção primária, saúde suplementar ou gastos particulares no tratamento das doenças causadas pelo consumo de ultraprocessados”, afirmou Eduardo Nilson, pesquisador da Fiocruz, responsável pelos estudos. São, portanto, uma leitura do cenário a partir dos dados públicos disponíveis. Propositalmente, foram bastante criteriosos, excluindo danos colaterais e cenários relacionados a outros fatores de risco.

Sobre o álcool, que é base para a campanha publicitária “Quer uma dose de realidade?” o estudo buscou entender a percepção pública a respeito da taxação. Os resultados de uma pesquisa por meio de questionários, com cerca de mil participantes, estimou que 62% dos brasileiros apoiam o aumento de preços e 61% são a favor de impostos para reduzir o consumo de álcool. Para 77% das pessoas ouvidas, o governo é responsável por combater os danos relacionados ao álcool. “A gente está falando de 105 mil mortes. Qual é o custo social disso, do ponto de vista de saúde mental, de desesperança, quando você está falando de violência e insegurança pública decorrente dessa violência? Dá até, em longo prazo, para a gente começar a pensar em qualificar essas estimativas. Mas é exatamente isso, tem setores que causam danos para a sociedade e eles devem arcar com esses custos de forma adequada”, completou Pedro de Paula.

O estudo apontou ainda a diminuição potencial de riscos associados com grande difusão na sociedade, como o impacto do álcool na violência doméstica e na gravidade de acidentes de trânsito.

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Saúde

Pesquisa brasileira reforça poder anti-inflamatório da castanha-do-pará

Estudo da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, mostra que o alimento da Amazônia ajuda a combater a inflamação e pode ser um aliado contra a obesidade

 

Por Regina Célia Pereira, da Agência Einstein

Conhecida como castanha-do-pará, ela se apresenta ao mundo como castanha-do-brasil e é assim que aparece no título de um trabalho recente, realizado na Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, que comprova seus poderes contra inflamações e na prevenção da obesidade. O artigo foi publicado em setembro no periódico científico The Journal of Nutrition.

Para o estudo, foram recrutadas 56 mulheres com sobrepeso e obesidade, que receberam tratamento para perda de peso, com orientação dietética e restrição calórica. A turma foi dividida em duas, sendo que uma parte consumiu a castanha diariamente e a outra não ingeriu a oleaginosa.

Após oito semanas, por meio de análises de sangue, concluiu-se que, entre aquelas que comeram o alimento, as concentrações de marcadores inflamatórios eram menores. O grupo apresentou valores mais baixos para a proteína C-reativa, o fator de necrose tumoral e a interleucina 1-beta, por exemplo.

Embora a castanha-do-brasil apresente uma rica mistura de nutrientes e fitoquímicos, credita-se tais resultados especialmente à sua alta quantidade de selênio. “Oferecemos castanhas com teores ainda maiores do mineral, mas seguras”, conta a nutricionista Helen Hermana Miranda Hermsdorff, professora da UFV e uma das coordenadoras do projeto Castanhas Brasileiras, que tem pesquisado as propriedades de variedades nativas do país.

Dentre os mecanismos envolvidos destaca-se a função antioxidante. “Em processos inflamatórios também ocorre um maior estresse oxidativo”, diz a professora. Assim, a atuação contra as moléculas conhecidas como radicais livres é muito oportuna.

Outros achados da pesquisa apontam para a saúde do intestino. “Exames mostraram benefícios na integridade intestinal”, revela Hermsdorff. Isso ajuda a brecar a passagem de substâncias nocivas para a circulação.

Combater inflamações é fundamental para reduzir risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e problemas nas articulações, como a artrite.

Entusiasta da valorização de ingredientes nacionais, a nutricionista Giuliana Modenezi, do Espaço Einstein Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein, enfatiza a importância de ter as castanhas como aliadas dentro do tratamento da obesidade.

“O estudo reforça o papel da alimentação balanceada, com espaço privilegiado para itens in natura”, avalia. Merece destaque a melhora dos parâmetros inflamatórios, sem a necessidade de se ingerir cápsulas com suplementação, até porque o excesso de selênio pode ser tóxico. Extrapolar nas doses desencadeia diarreia, dor de cabeça, entre outros sintomas.

A riqueza da castanha

Ainda que o teor do mineral possa variar de acordo com o local e o tipo de solo, dificilmente haverá algum perigo de toxicidade a partir do consumo equilibrado do alimento. Aliás, basta uma ou duas unidades para atingir as recomendações diárias do micronutriente.

Embora o selênio seja a estrela, a castanha-do-pará reúne vitaminas, sobretudo a E, sem contar fibras e outros minerais como o magnésio, o parceiro contra o mau-humor. Cabe salientar a parcela de proteína encontrada no alimento, ajudando a incrementar o prato dos veganos.

Assim como nozes, amêndoas e avelãs, ela faz parte da família das oleaginosas e, como o nome do grupo denuncia, a castanha-do-pará concentra gorduras benéficas, entre as quais as mono e as poli-insaturadas, promotoras da saúde das artérias e que contribuem para o aumento da sensação de saciedade.

“O alimento também é importante fornecedor de energia e pode ajudar a suprir o aporte calórico em casos de pacientes com dificuldades alimentares”, comenta Giuliana Modenezi.

Aliás, para quem não quer ganhar peso, é preciso redobrar a atenção com as calorias, daí a recomendação de não extrapolar na quantidade. Ela pode ser saboreada junto de outras oleaginosas, num punhado com 30 ou 40 gramas, nos lanches da tarde.

Também fica ótima moída e salpicada em saladas de frutas ou folhas. Entra ainda nas mais diversas receitas, salgadas ou doces, de tortas, pães, sobremesas e afins. Outra sugestão é incluir no molho pesto, junto de manjericão e azeite, e despejar em massas como o espaguete. Fica ao gosto do freguês, só não pode exagerar.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Molho de tomate: aprenda a escolher as versões mais saudáveis

Na correria do dia a dia, muitas pessoas recorrem às opções industrializadas dos produtos à base desse fruto. Mas, antes de comprar, fique atento aos ingredientes

Por Thais Szegö, da Agência Einstein

Os produtos à base de tomate fazem parte da lista de compras para temperar ou dar um toque especial e cor aos pratos. Mas há também muitos benefícios para a saúde: o fruto é rico em antioxidantes, como o licopeno, que ajudam a combater a ação prejudicial dos radicais livres e proteger as células do corpo. O tomate também tem propriedades que contribuem para reduzir inflamações e prevenir várias doenças, como câncer e problemas do coração.

Quando passa por algum método de cocção, oferece ganhos ainda maiores. “Isso porque o licopeno é melhor absorvido pelo organismo quando o tomate é consumido cozido ou na forma de molho”, explica a nutricionista Serena del Favero, do Hospital Israelita Albert Einstein. Como se não bastassem todos esses predicados, os atomatados — nome dos produtos à base de tomate — podem ser pouco calóricos.

Só que, diferentemente do que acontece com outras categorias de alimentos, como sucos e cafés, esses itens não se enquadram em uma regulamentação industrial clara para sua padronização. Por isso, é preciso tomar cuidado para não cair em ciladas.

O ideal, claro, é optar pelo molho caseiro sempre que possível. Ele pode ser feito tanto a partir do vegetal fresco quanto de produtos como o tomate pelado e a passata. Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, esses itens são considerados processados. Isso significa que têm como base o alimento in natura, com adição apenas de sal ou açúcar, por exemplo. Em quantidades moderadas, podem fazer parte de uma alimentação saudável.

Não é o caso dos ultraprocessados, que costumam conter grandes quantidades de sódio, óleos e açúcar, além de corantes, aromatizantes, emulsificantes, espessantes e outros aditivos químicos. Se preferir comprar um molho pronto, leia a lista de ingredientes, já que ele pode se encaixar nessa categoria.

“Os itens de melhor qualidade, sabor e textura trazem o tomate como primeiro ingrediente e não contêm muitos nomes complexos, pois eles indicam que o atomatado contém mais substâncias químicas”, ensina Lissandra Breternitz, diretora da Tomate BR, associação que representa os processadores e utilizadores de tomate industrial no país.

Evite aqueles com selos que indicam altas adições de sódio, açúcar e gordura saturada. Também é essencial conferir a tabela nutricional. Uma boa forma de avaliar se o produto é o mais indicado é comparar as informações de marcas distintas, verificando em especial os índices de sódio, gorduras e açúcar adicionados.

No que diz respeito à embalagem, o mais importante é checar se está intacta, estocada em locais com temperatura amena e pouca luz, e se está longe do prazo de validade. A seguir, entenda as diferenças entre os produtos à base de tomate:

Tomate pelado

Nessa opção o fruto é encontrado na sua forma mais natural. É feito com o tomate higienizado e sem pele — daí o nome pelado —, que é envazado com um pouco do seu suco, sem aditivos químicos.

Extrato

Essa é uma versão mais concentrada: tem textura mais espessa, quase como uma pasta, porém sem pedaços de tomate. É feito apenas com frutos processados, ou seja, o tempero fica por conta do cozinheiro. Normalmente, é usado em quantidades menores ou pode ser um pouco diluído.

Ideal para pratos que necessitam de um sabor mais intenso, como pizzas, molho à bolonhesa e ensopados. Pode também ser utilizado com molhos para dar uma dose extra de sabor, cor e textura.

Passata

Ela é um intermediário entre o molho e o extrato. É feita com tomates frescos, sem cozimento e tem uma quantidade menor de frutos por peso em relação ao extrato. Algumas versões tradicionais são elaboradas sem pele e sem sementes, mas há opções rústicas que levam o fruto inteiro. Com a consistência de um purê, normalmente não tem temperos e a maioria dos fabricantes não adiciona sal nem açúcar.

Molhos

Os molhos são feitos com o vegetal processado e temperado. Por isso, podem ter mais sódio e outros aditivos que o tornem um ultraprocessado. O ideal é evitar seu consumo, mas quando optar por eles, prefira aqueles com lista de ingredientes mais enxuta e melhor qualidade nutricional.

 

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Magnésio: saiba por que ele não pode faltar no seu prato

Pesquisa reforça o papel do mineral na proteção cardiovascular, mas ele também coleciona evidências como aliado do bom humor e da saúde óssea. Veja as melhores fontes alimentares

Por Regina Célia Pereira, da Agência Einstein

O magnésio aparece nas castanhas, na banana, no espinafre, no feijão, entre tantos alimentos, e tem marcado presença em estudos mundo afora. Um dos mais recentes, publicado no periódico European Journal of Preventive Cardiology, comprova sua atuação em prol da saúde das artérias.

Pesquisadores da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, avaliaram dados de mais de 15 mil adultos e observaram que entre aqueles que consumiam uma dieta rica em magnésio havia menos risco para males cardiovasculares.

Embora seja um trabalho observacional, isto é, que não estabelece uma relação de causa e efeito, pela quantidade de estudos encontrados na literatura científica é impossível deixar de considerar a hipótese. Até porque o mineral tem ação antioxidante, o que ajuda a resguardar os vasos sanguíneos. Há ainda indícios de que esteja envolvido em mecanismos que favorecem o controle da pressão arterial.

“O magnésio participa de vários processos bioquímicos no nosso organismo”, comenta a nutricionista Débora Donio, da Unidade de Check-Up do Hospital Israelita Albert Einstein. Ela explica que ele atua na transmissão de impulsos nervosos e na produção de neurotransmissores do bem-estar, daí a relação com o humor e o sono.

Vale destacar também sua função no metabolismo energético e na síntese proteica, além do mecanismo de contração e relaxamento muscular, o que impacta o desempenho físico. Existem ainda evidências de que favoreça o aproveitamento da vitamina D. Não bastasse, o mineral coopera para a mineralização óssea.

Suplementar: sim ou não?

São diversos atributos e, diante de tanta divulgação, muita gente lança mão de suplementos por conta própria — o que, segundo os especialistas ouvidos pela Agência Einstein, pode ser perigoso. “Há uma crença de que, por tratar-se de um nutriente e ser atrelado a algo ‘natural’, não traz malefícios, mas o exagero pode desencadear problemas renais, entre outros danos”, avisa a nutricionista Daniela Boulos, da Unidade de Check-Up do Hospital Israelita Albert Einstein. Existem, inclusive, riscos de interações medicamentosas.

Algumas pessoas podem, sim, precisar suplementar. Mas cada situação deve ser avaliada minuciosamente, por meio de exames clínicos e de laboratório. “Atletas de alta performance, que tendem a apresentar perdas de minerais pelo suor, são candidatos”, comenta Débora Donio.

Idosos, sobretudo os que portam dificuldades alimentares e distúrbios intestinais, também costumam necessitar, assim como pacientes que fazem uso de determinados medicamentos para tratar problemas de estômago.

“A deficiência desencadeia alguns sintomas, mas, muitas vezes, os sinais podem vir de outras carências nutricionais, contribuindo para confusões”, diz Boulos. Indisposição, problemas na memória e cansaço são exemplos.

Fontes de magnésio

Recomenda-se consumir entre 300 e 400 mg por dia do mineral, meta que pode ser batida com um cardápio recheado de castanhas, legumes, verduras, frutas e feijões. Confira alguns bons fornecedores, segundo a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos da Universidade de São Paulo (USP):

  • Castanha-do-pará (punhado de 30g) = 97 mg
  • Castanha-de-caju (punhado de 30g) = 87 mg
  • Semente de gergelim (colher sopa15g) = 54 mg
  • Amendoim (punhado de 30g) = 47 mg
  • Feijão carioca cozido (concha 80g) = 36 mg
  • Banana prata (unidade 80g) = 23 mg
  • Leite (copo 240 ml) = 23 mg
  • Aveia (colher sopa 15g) = 17 mg
  • Grão-de-bico cozido (colher servir 45g) = 16,7 mg
  • Avocado (colher sopa 45 g) = 13 mg
  • Couve crua (colher sopa 22g) = 9,4 mg
  • Lentilha cozida (colher servir 35g) = 8,9 mg
  • Espinafre cozido (colher sopa 25g) = 8 mg

Fonte: Agência Einstein

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