Valinhos
Morre em Valinhos, aos 54 anos, a médica cubana Yamina Garcia Valdespin

Voluntária humanitária da ACOVIDAS e mãe de duas filhas, Yamina foi diagnosticada com câncer pela segunda vez, mas manteve a fé e a dedicação aos imigrantes e refugiados, deixando um legado de força e esperança na cidade
A cidade de Valinhos se despede, com profundo pesar, da médica cubana Yamina Garcia Valdespin, que faleceu nesta terça-feira, dia 18, aos 54 anos de idade, após uma longa e corajosa batalha contra um câncer. Ela deixa duas filhas, Susan e Sayli, e um exemplo inesquecível de resiliência e dedicação humanitária.
Yamina, cuja história de vida e superação foi tema de uma reportagem especial da Folha de Valinhos em dezembro de 2022, era a personificação da mulher guerreira. Após anos de trabalho na Venezuela, ela chegou ao Brasil em junho de 2019, fugindo da crise política e econômica, na busca por uma vida mais digna e segura para ela e suas filhas.

A luta pessoal e o sonho profissional
O caminho de Yamina no Brasil foi marcado por desafios que ela enfrentou com “fé inabalável”, como costumava dizer. O primeiro deles foi a separação das filhas devido à emigração, um hiato que perdurou por mais de dois anos até que a família pudesse se reunir em Valinhos. O segundo, e talvez o mais doloroso, foi a luta contra o câncer, diagnosticado pela segunda vez em 2021.
Apesar da doença, Yamina mantinha aceso o grande sonho profissional: exercer a Medicina no Brasil, uma nação pela qual nutria profunda gratidão.
“Não tenho meu CRM para exercer minha profissão e esse é um dos meus objetivos, cuidar da saúde do povo brasileiro,” afirmou ela em 2022, enquanto se preparava para o Revalida, o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos. Infelizmente, o agravamento de sua condição de saúde impediu-a de realizar a prova, que aconteceu no mês de outubro.
Incansável na ajuda humanitária
Embora não pudesse exercer sua profissão formalmente, Yamina transformou sua vocação em serviço voluntário. Ela atuava como voluntária de Ajuda Humanitária na ACOVIDAS – Entidade que Acolhe Imigrantes e Refugiados em Valinhos, onde era descrita como “incansável” pelo diretor, Cesar Braghetto.

Na ACOVIDAS, Yamina não apenas encontrou acolhimento – que ela descrevia como de uma “qualidade humana” que superou suas expectativas –, mas também retribuiu, dedicando-se a dar cursos de terapia para outros imigrantes e refugiados. O seu desejo de retribuir a acolhida que recebeu era um motor em sua vida.
“Minhas filhas e eu nos sentimos amparados em todos os sentidos e queremos poder retribuir tudo que essa Nação fez por nós,” finalizou ela na entrevista de 2022.
Yamina Garcia Valdespin deixa sua marca na comunidade de Valinhos, especialmente entre os imigrantes e refugiados que encontraram nela não só uma terapeuta, mas um farol de esperança e coragem. A sua vida foi uma demonstração de que mesmo em meio à dor e aos maiores obstáculos, o espírito de serviço e o amor pela família e pelo próximo permanecem como o maior legado
VELÓRIO
O velório de Yamina acontece nesta quarta-feira, dia 19, a partir das 11 horas no Velório do Cemitério São João Batista, e seu sepultamento está marcado para as 15 horas.


