Valinhos

“Estou tendo pela oposição um jogo político que é prejudicial à cidade”, diz Clayton

 

Em meio a um 2015 com uma grave crise econômica que sufocou 12 prefeituras da Região Metropolitana de Campinas (RMC), Valinhos conseguiu se destacar com a chegada de mais de R$ 1 bilhão de investimentos de empresas já instaladas e outras que optaram por vir a Valinhos. O prefeito Clayton Machado (PSDB) disse à Folha de Valinhos avaliou a aposta neste mercado de negócios, disse que está buscando recursos do governo federal para shows na Festa do Figo, criticou as atitudes da oposição na Câmara Municipal e que a zona azul em 2016 sofrerá mudanças.

Folha de Valinhos: Qual é o balanço que o senhor faz de 2015?

 
Clayton Machado: O balanço é positivo, superou as expectativas e vamos fechando o ano com ganho em várias áreas, principalmente no atrativo de novos negócios e empresas na cidade. Um ano em que várias cidades tiveram que amargar perdas de investimentos na área privada, Valinhos é a cidade que mais abriu portas de emprego no estado de São Paulo (saldo de novembro divulgado pelo Caged. Veja mais na página 4). Isso se dá em função de um trabalho que nós realizamos durante todo o ano, em especial à classe empresarial. Valinhos perdeu nos últimos 10 anos cerca de 200 empresas, então nós fizemos um trabalho para recuperar estas empresas, não perder as que estão no município e ficarmos de olho no mercado para novos negócios.
 
Qual a importância da aproximação da Investe São Paulo na atração de novas empresas?
 
Muito importante porque a Investe São Paulo tem uma estrutura para orientar os empresários, que querem segurança. Ele não vai para uma cidade investir recursos se ele não estiver seguro disso. A Investe São Paulo intermediou entre o município e o Estado, que ajudou algumas empresas na questão de impostos, legislação e incentivos. Esta parceria entre a Investe São Paulo e o município foi fundamental, até para apresentar novos investidores. No caso da Bionovis, que foi uma das empresas grandes que se instalou e está em fase de implantação, estava praticamente fechada com o estado do Rio de Janeiro e desistiu com a intenção de vir para Valinhos.
 
Uma das obras que o senhor pegou em andamento é a escola dos Cocais. Como está o andamento desta unidade?
 
Pouquíssimas obras estão em fase de acabamento – a escola dos Cocais é uma, o Centro Comunitário do Jardim Palmares é uma outra obra que estava paralisada. A escola dos Cocais já está pronta por dentro, toda a parte de acabamento interno está concluída. O que está faltando é apenas a parte externa. Nós deixamos a escola dos Cocais para o final porque nós reformamos mais de 12 escolas municipais. Priorizamos alguns prédios que já estavam há muitos anos necessitando de reformas e deixamos a escola dos Cocais para 2016. Nós não temos, hoje, alunos fora da sala de aula por falta de vagas. A escola dos Cocais será concluída em 2016 para funcionar em 2017.
 
Qual é a perspectiva do projeto Minha Casa, Minha Vida sair do papel em 2016?
 
Depende muito mais do governo federal do que do município. Todas as etapas que estão sob a responsabilidade do município foram concluídas. Entregamos todo o processo aprovado em todas as instâncias. É um projeto social importante para o município. Eu lamento a interferência política que retardou a finalização do projeto. Quando nós entregamos o projeto em Brasília na Caixa Econômica, o governo federal já havia desacelerado o programa por falta de recursos, então nós perdermos o time. Enquanto existia recurso, nós estávamos discutindo por causa de demanda da justiça por denúncias de oposição. Não é que Valinhos ficou fora, não houve liberação. Em função disso, Valinhos e centenas de municípios ficaram fora do programa. A nossa dificuldade é não haver área pública em condições de ofertar o projeto. Mas estou na expectativa de que em 2016 inicie a construção de algumas unidades.
 
Como está a saúde financeira da Prefeitura?
 
Considero estável. É só olhar ao nosso redor e ver que antes municípios que estavam bem e equilibrados financeiramente e sem dívidas estão fechando no vermelho. O caso de Valinhos já é antigo, com dívidas com mais de 20 anos. Nós já assumimos o município com restos a pagar com mais de R$ 48 milhões. Agora, no meio do caminho, nós tivemos o problema da crise econômica nacional que está obrigando os cidadãos a buscarem serviços públicos. Há uma demanda crescente de serviços na saúde e educação. Quando o cidadão é forçado a rever o orçamento familiar em função de perda de emprego ou acúmulo de dívidas, as pessoas, automaticamente, migram para os serviços públicos. Tira o filho da escola particular e põe na pública, para de pagar o plano de saúde e vai para o SUS. Quem paga essa conta é o município. Enquanto os governos, de uma maneira geral, tanto estadual quanto federal também tiveram cortes, o município se vê obrigado a se ajustar dentro da realidade. Não houve acréscimo das dívidas, estamos mantendo estabilizado. O sonho era pagar todas as dívidas, mas em função disso tivemos que renegociar alguns valores por mais que conseguimos enxugar alguns gastos, mas o tamanho da crise é quase impossível de equacionar a dívida apenas cortando gastos, senão vai afetar a sociedade ao extremo. A nossa satisfação é conseguir manter um equilíbrio em não deixar o município entrar em um ritmo que gere prejuízo ao servidor e à população.
 
Estamos a poucas semanas da Festa da Figo. Qual é a sua projeção?
 
A Festa do Figo está correndo normalmente dentro da programação. Estou buscando para a Festa do Figo recurso do governo federal para a execução dos shows. Nós tivemos um posicionamento a cerca do Carnaval. Eu não proibi o Carnaval, só falei que não dá para colocar dinheiro público. Se as escolas quisessem realizar o Carnaval com a iniciativa privada, tranquilamente. Agora, colocar dinheiro público em festa em época de crise, tem de ter muita responsabilidade. A Festa do Figo é a maior festa do município. Ela vai acontecer dentro das possibilidade que temos de recursos, não vamos tirar dinheiro da saúde, educação e serviços básicos para fazer festa. A Festa do Figo neste ano está sendo feita com mais equilíbrio orçamentário. Estamos em vias de receber recurso do governo federal. Ainda estamos aguardando a finalização do processo.
 
Qual é a previsão de quando pode sair a resposta do governo federal?
 
Até a semana que vem o processo deve ser finalizado.
 
O senhor foi vereador por 20 anos e conhece a estrutura. Como avalia o trabalho da Câmara?
 
Não tenho o que me queixar da base de apoio do governo, os vereadores foram muito prestativos, responsáveis. Com exceção de um projeto que faltou um voto para ser aprovado, que é o cemitério, todos os outros foram aprovados. Não posso me queixar da Câmara. Agora, da oposição, pelo tempo que fiquei na Câmara, nenhum prefeito teve tamanha oposição por parte de alguns vereadores. Sempre houve oposição isolada com um vereador e outro. Estou tendo pela base de oposição um jogo político que eu considero prejudicial à cidade. Fazer oposição simplesmente por ser oposição não é saudável para o município.
 
Qual é a sua expectativa para 2016?
 
Eu sou muito otimista com o país. O Brasil é um país que se recupera rápido. Tivemos outros momentos que a economia se recuperou, temos um potencial extraordinário de desenvolvimento. Agora, a nossa vantagem é estarmos em uma região próspera que sempre cresceu e despontou no cenário nacional. Acredito que Valinhos é a bola da vez no desenvolvimento. Algumas cidades do entorno de Campinas já cresceram em anos anteriores e Valinhos perdeu a oportunidade em 2008 e 2009, quando a economia estava em uma crescente. O governo passado apostou muito no mercado imobiliário, nós agora estamos apostando no atrativo de negócios e empresas. O mercado imobiliário é importante e não pode ser deixado de lado, mas, hoje, é o mercado empresarial. Eu acredito muito em 2016, nós temos muito a que comemorar, virão muitos negócios para a cidade e com a expansão do Anel Viário e Viracopos, toda esta região é muito visada para investimentos. Nós vamos continuar apostando neste mercado porque é a única maneira que o município tem de voltar a conquistar melhores condições. Não tem outra saída para o município a não ser alavancar orçamentos, e não é aumentando impostos, é investir em novos negócios, melhorar o comércio. Nós vamos ter em 2016 a implantação da zona azul mais eficiente para modernizar o centro da cidade, incentivar o comércio local.
 
Qual será a novidade na zona azul?
 
Abrir bolsões de estacionamento porque uma das queixas do comércio central é não ter vagas de estacionamento. Proporcionar um estacionamento rotativo mais eficiente, controlado e informatizado. A rodoviária está em processo de estudos, lançam0s uma PMI (Procedimento de Manifestação de Interesse) que vai ser finalizada no começo do ano.
 
 
O bolsão é em frente ao Museu Municipal?
 
É um deles.

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