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Saúde

Como o estresse crônico afeta o corpo? Levantamento aponta impactos na dor, sono e foco

Tratar o estresse crônico é fundamental para evitar o desenvolvimento de doenças físicas e mentais, incluindo insônia, depressão, ansiedade e dores persistentes, preservando a saúde integral e a qualidade de vida

Pensando pragmaticamente, o estresse, em si, não é um grande vilão. Sim, esta questão pode parecer um tanto controversa, mas, na realidade, não é bem assim. Isso porque, em doses moderadas, o estresse nada mais é do que uma resposta natural do corpo a situações em que acabamos ficando em alerta por uma série de motivos.

Em tarefas pontuais, pode até ajudar no desempenho, como escapar de situações perigosas. Todavia, quando se torna constante, o que compreendemos enquanto estresse crônico, pode acabar desencadeando uma série de disfunções, tanto na esfera física quanto cognitiva. Neste caso, deixou de ser uma resposta simplesmente natural e momentânea.

Um estudo realizado por pesquisadoras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), publicado no periódico Healthcare, revelou a complexa relação entre estresse crônico, burnout, má qualidade do sono e dor musculoesquelética entre profissionais da saúde. Metodologicamente, o estudo baseou-se no acompanhamento de 125 trabalhadores vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS), durante um ano.

A pesquisa conseguiu demonstrar a partir do estudo de caso que o estresse contínuo interfere significativamente na saúde mental e física das pessoas, aumentando o número de regiões do corpo com dor, além de afetar diariamente, também, a atenção e o desempenho cognitivo em muitas atividades.

Um dado preocupante levantado pelas pesquisadoras da UFSCar é que 74% dos participantes apresentam péssima qualidade de sono em picos de estresse. Este quadro pode explicar, como indicam os cientistas, parte da dor sentida por esses trabalhadores, visto que noites mal dormidas acabam comprometendo os mecanismos naturais de recuperação do organismo humano, além de aumentar a sensibilidade à dor.

De acordo com a Associação Americana de Psicologia (APA), quando o nosso corpo encontra-se em estado de estresse, os músculos ficam tensos como uma forma de proteger-se contra lesões e dores. Nos casos em que a tensão ocorre por um período longo, podem se desencadear reações como dor de cabeça e dor na parte inferior das costas e nas extremidades superiores.

Nesse sentido, a partir de uma análise de mediação, tipo de metodologia estatística que busca traçar paralelos entre a forma como diferentes fatores influenciam um resultado, a má qualidade do sono atua como elo entre o estresse e a dor multirregional.

Quer dizer, portanto, que os trabalhadores que atuam sob forte estresse ou em situações de burnout possuem tendência a dormir mal. Isso, por sua vez, contribui diretamente para o agravamento das dores físicas.

Existem estratégias para mitigar os efeitos do estresse crônico?

As pesquisadoras da UFSCar destacam que a reestruturação das condições de trabalho é um passo essencial, com ênfase na adequação das demandas físicas e emocionais ao tempo e às capacidades de cada profissional.

No que diz respeito aos recursos terapêuticos disponíveis, a Pregabalina 150mg é um exemplo de medicamento comumente indicado em casos de dor neuropática e distúrbios ligados ao estresse crônico. De fato, o seu uso é comum em pacientes que apresentam algum tipo de dor persistente, insônia e até mesmo déficit de concentração.

Uma das formas de diminuir o estresse está, também, na prática de exercícios físicos e na meditação, como algumas pesquisas sugerem. No fim, o estresse crônico é reflexo de uma sociedade que está cada vez mais aprofundada no trabalho constante e nas redes sociais. Em casos deste tipo, o ideal é buscar ajuda médica e psicológica com um profissional da área qualificado para lidar com este tipo de situação.

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