Economia
Mulheres empreendedoras têm 20% menos inadimplência

Cerca de 90% dos negócios femininos faturam até R$ 300 mil por ano, ante 85% entre os masculinos. Em empresas que superam R$ 1 milhão, a presença feminina cai para 2,6%, contra 4,3% dos homens
Empresas lideradas por mulheres demonstram maior equilíbrio financeiro e menor risco de inadimplência no Brasil. Um estudo inédito da Serasa Experian, divulgado nesta terça-feira, dia 11, em comemoração ao Dia do Empreendedorismo Feminino, revelou que os negócios com sócias têm 20% menos restrições ativas do que aqueles comandados por homens.
O levantamento integra a 5ª edição do Boletim Panorama PME, produzido pela datatech, e analisou 23 milhões de empresas ativas em todo o país. Além da inadimplência, o estudo comparou idade média, porte, faturamento e longevidade dos negócios conforme o gênero do sócio principal.
Segundo o boletim, 16% das empresas com sócias possuem registros de inadimplência, contra 20% entre as lideradas por homens — uma diferença de 20% menos ocorrências.
O Score PJ, que vai de 0 a 1000 e indica a reputação financeira da empresa, também apresentou resultados mais equilibrados entre mulheres. 42% dos negócios femininos estão nas faixas intermediárias (400 a 600 pontos), contra 38% dos masculinos.
Nas faixas de risco mais alto (até 300 pontos), a presença feminina é ligeiramente menor (32% contra 33%). Já nas faixas mais altas (acima de 700 pontos), os índices são semelhantes: 19% entre mulheres e 21% entre homens.
A diferença se repete no Score PF das sócias. Apenas 5% das empreendedoras estão nas faixas de maior risco (até 300 pontos), contra 6% entre os homens.
Nas faixas mais altas (acima de 700 pontos), 52% das mulheres aparecem bem avaliadas — frente a 50% dos sócios homens.
“Um bom Score reflete uma gestão financeira saudável. As mulheres têm demonstrado cuidado crescente com o controle de crédito, o que fortalece a credibilidade dos negócios”, explica Mariana Figueiredo, diretora de Produtos e Tecnologia para PMEs da Serasa Experian.
Quando o tema é longevidade, as diferenças entre gêneros praticamente desaparecem. A média do indicador é de 4,6 entre empresas com sócias e 4,8 entre as lideradas por homens, o que indica níveis semelhantes de estabilidade.
Mesmo com empresas menores e mais jovens, as empreendedoras demonstram resiliência comparável. Apenas 6% das empresas com sócias estão nas faixas de menor risco (níveis 8 a 10), ante 8% das masculinas, enquanto 25% de ambos os grupos aparecem nas faixas mais vulneráveis (1 a 3).
As mulheres empreendedoras são, em média, quatro anos mais jovens que os homens e comandam empresas até 50% menores em porte e faturamento.
Cerca de 90% dos negócios femininos faturam até R$ 300 mil por ano, ante 85% entre os masculinos. Em empresas que superam R$ 1 milhão, a presença feminina cai para 2,6%, contra 4,3% dos homens.
O retrato também mostra predominância de microempresas (58%) e forte atuação no comércio (48%), seguida pela indústria (23%). Já os homens aparecem mais concentrados em serviços especializados e construção civil.
O estudo faz parte do boletim Panorama PME, produzido trimestralmente pela Serasa Experian. A publicação reúne análises sobre emprego, crédito, inadimplência e insolvência em micro, pequenas e médias empresas.
A pesquisa utiliza dados de CNPJ e CPF dos sócios principais, cruzando informações sobre idade, faturamento, Score, longevidade e porte. O objetivo é oferecer uma visão ampla do comportamento financeiro das PMEs brasileiras e contribuir para políticas e estratégias de fomento.



