SENTENÇA

Economia

Justiça decreta falência da Oi após dez anos de crise

A Oi, uma das maiores operadoras de telecomunicações do país, teve sua falência decretada nesta segunda-feira, dia 10, pela 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).

A decisão marca o fim de um ciclo de quase uma década em recuperação judicial, iniciado em 2016.

Segundo a sentença da juíza Simone Gastesi Chevrand, a empresa apresenta insolvência técnica e patrimonial, com dívida de cerca de R$ 1,7 bilhão e receita mensal em torno de R$ 200 milhões. O patrimônio foi classificado como “esvaziado”.

Na decisão, a magistrada afirmou que “a Oi é tecnicamente falida” e que não há mais viabilidade econômica para o cumprimento das obrigações com os credores.

Com isso, o processo de recuperação judicial foi convertido em falência, determinando a liquidação ordenada dos ativos para tentar garantir o pagamento das dívidas.

As atividades da empresa continuarão temporariamente, até que outras operadoras assumam os serviços essenciais e a manutenção das redes, garantindo continuidade de telefonia e internet em todo o país.

A decisão também abrange as controladas Portugal Telecom International Finance (PTIF) e Oi Brasil Holdings Coöperatief U.A..
Todas as ações e execuções judiciais contra o grupo foram suspensas.

Os credores deverão convocar uma assembleia para acompanhar o processo de liquidação, que será conduzido pelo escritório Preserva-Ação, já responsável pela administração judicial.

O tribunal confirmou que a própria empresa e o interventor haviam reconhecido a impossibilidade de pagar as dívidas e o descumprimentofalência do plano de recuperação.

A juíza determinou ainda o bloqueio de recursos da V.tal, empresa de infraestrutura controlada pelo BTG Pactual e parceira da Oi.
Segundo o despacho, parte do fluxo de caixa da operadora estava sendo comprometido por transferências indevidas.

Também foram tornados indisponíveis os valores de venda de ativos, como a rede de fibra óptica e a operação móvel — vendidas para Claro, TIM e Vivo.

Em sua decisão, Simone Chevrand criticou a condução da companhia nos últimos anos, afirmando que houve uma “liquidação sistêmica” que esvaziou a Oi quase por completo.
O Ministério Público e a Justiça ainda apontaram omissão do governo federal no acompanhamento da crise.

A Oi entrou em recuperação judicial em 2016, com R$ 65 bilhões em dívidas.
O plano foi encerrado em 2022, mas novas dificuldades financeiras fizeram a empresa retornar à Justiça em 2023, com passivo de R$ 44 bilhões.

Criada a partir da fusão de antigas operadoras estatais, a Oi chegou a ser a maior empresa de telefonia fixa do Brasil, responsável por serviços essenciais como os números 190 (Polícia), 192 (Samu) e 193 (Bombeiros).
Hoje, ainda é a única operadora presente em cerca de 7 mil localidades brasileiras.

Nos últimos anos, a companhia sobreviveu vendendo ativos e contraindo empréstimos, sem apresentar resultados operacionais sustentáveis.
Com a falência decretada, o TJ-RJ busca preservar parte do valor remanescente e garantir a continuidade dos serviços de telecomunicação no país.

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Brasil e Mundo

Juiz absolve dez réus da contaminação de cervejas Backer

© Arquivo/Agência Brasil
Decisão reconhece tragédia, mas aponta falta de provas individuais; processo segue passível de recurso
Agência Brasil

O juiz Alexandre Magno de Resende Oliveira, da 2ª Vara Criminal de Belo Horizonte, absolveu os dez réus acusados pela contaminação das cervejas Backer, tragédia que provocou dez mortes e 16 feridos graves em 2020. A sentença, que ainda cabe recurso, marca uma nova fase no caso.

A decisão encerra temporariamente um dos episódios mais graves da indústria cervejeira brasileira. A Cervejaria Três Lobos, dona da marca Backer, estava no centro das investigações. Segundo o magistrado, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) não comprovou a culpa individual dos acusados.

Os três sócios da empresa e seis técnicos da fábrica integravam a lista de denunciados. O juiz absolveu todos por falta de provas, reconhecendo os danos às vítimas, mas reforçando que o MPMG não identificou quem agiu ou se omitiu de forma criminosa.

Dois sócios demonstraram não ter poder de gestão sobre a produção. A terceira sócia comprovou que atuava apenas no setor de marketing, argumento aceito pela Justiça. Os técnicos, acusados de homicídio culposo e lesão corporal por negligência, também foram absolvidos por seguirem ordens hierárquicas.

O décimo réu, investigado por falso testemunho, foi igualmente inocentado com base no princípio da dúvida razoável.

A sentença apontou que o problema teve origem em um defeito de fabricação — um furo no tanque de resfriamento que provocou o vazamento de monoetilenoglicol e dietilenoglicol, substâncias tóxicas usadas no sistema de refrigeração.

Esses compostos, quando ingeridos, causam a síndrome nefroneural, que afeta simultaneamente rins e cérebro.

O juiz atribuiu a responsabilidade técnica ao engenheiro químico da cervejaria, já falecido, e ao gerente de Operação Industrial, que não foi denunciado pelo Ministério Público.

Mesmo com a absolvição criminal, o magistrado reforçou que a Cervejaria Três Lobos mantém obrigação civil de indenizar as vítimas e reparar os prejuízos provocados pela contaminação.

A decisão reforça a diferença entre responsabilidade penal e civil e garante que o processo de indenizações continue mesmo após o encerramento da ação criminal.

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Brasil e Mundo

Sarkozy inicia pena histórica em Paris

Nicolas Sarkozy acena para apoiadores Fotógrafo: Julien De Rosa/AFP/Getty Images

O ex-presidente foi condenado em 25 de setembro por envolvimento em financiamento eleitoral da campanha de 2007 pelo regime de Muammar Gaddafi, na Líbia. Ele nega irregularidades e afirma inocência em postagens nas redes sociais

Nicolas Sarkozy, ex-presidente da França, entrou nesta terça-feira, dia 21, na Prisão de La Santé, marcando um episódio histórico: é a primeira vez que um ex-chefe de Estado francês cumpre pena.

O político de 68 anos chegou acompanhado da esposa, Carla Bruni, acenando para apoiadores antes de entrar em um carro preto que o levou à prisão parisiense. A entrada foi cercada por equipes de TV e seguiu protocolos rigorosos de segurança.

A sentença, de cinco anos, dificilmente será cumprida integralmente. Advogados de Sarkozy já protocolaram pedido de liberação, que será analisado pelo tribunal em cerca de um mês.

Por questões de segurança, Sarkozy ficará em confinamento solitário, com acesso restrito a guardas, equipe jurídica e três visitas familiares por semana. Ele terá direito a uma hora diária de exercício ao ar livre, sozinho em pátio cercado.

Segundo seu advogado, Christophe Ingrain, Sarkozy não solicitou tratamento especial e está “firme” diante da situação. Para passar o tempo, levará O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas, e uma biografia de Jesus, além de planos para escrever um livro.

O ex-presidente foi condenado em 25 de setembro por envolvimento em financiamento eleitoral da campanha de 2007 pelo regime de Muammar Gaddafi, na Líbia. Ele nega irregularidades e afirma inocência em postagens nas redes sociais.

O tribunal rejeitou acusações de corrupção, mas considerou que Sarkozy participou de uma conspiração criminosa para obter recursos ilegais.

A prisão ocorre em meio a instabilidade política na França, com quatro governos diferentes desde as eleições antecipadas convocadas por Emmanuel Macron.

Sarkozy é lembrado por sua trajetória política: venceu a presidência em 2007 com discurso rígido sobre lei, ordem e imigração, mas perdeu popularidade nos últimos anos devido à crise econômica e desemprego crescente.

Antes da prisão, Macron se encontrou com o ex-presidente, reforçando a independência do judiciário, mas reconhecendo o respeito pessoal entre líderes.

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Brasil e Mundo

Justiça aumenta indenização que Nikolas terá de pagar a Felipe Neto

Valor passou de R$ 8 mil para R$ 12 mil
Douglas Corrêa – Repórter da Agência Brasil
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) aumentou de R$ 8 mil para R$ 12 mil o valor da indenização por danos morais que o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) terá de pagar ao influenciador digital Felipe Neto.

A desembargadora Renata Machado Cotta, da 2ª Câmara de Direito Privado do TJRJ escreveu, em sua decisão, que Nikolas fez uso, sem autorização, do nome, da voz e imagem de Felipe Neto para reprovar os posicionamentos do influenciador, afirmando que ele cancela, dezenas de pessoas e transmite ideias reprováveis a crianças.

A sentença, de primeira instância, que estabeleceu o valor em R$ 8 mil, é de novembro de 2024. No entanto, Felipe Neto recorreu, alegando que sua imagem foi usada de forma negativa, vexatória, com conteúdo veiculado nas redes sociais do réu, com a finalidade de obtenção de lucro.

Na decisão, por unanimidade, os desembargadores seguiram o voto da relatora. A desembargadora escreveu “que ambas as partes são pessoas públicas e que ostentam razoável condição financeira, considero que o valor deve ser majorado para R$ 12 mil, quantia que melhor considera a extensão da exposição a que o autor foi submetido, bem como o intuito, ainda que indireto, do réu, de obter provento próprio”.

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