REVISÃO

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Corte Constitucional da Itália marca audiência para julgar a constitucionalidade da nova lei de cidadania

Em primeira instância, juiz do Tribunal de Turim acatou a arguição de inconstitucionalidade num processo de reconhecimento da cidadania italiana. O magistrado submeteu o processo ao órgão máximo da justiça italiana, que pode pedir a revisão ou até mesmo revogar a nova lei, promulgada em Maio/25

O dia 11 de Março de 2026 marca um novo capítulo para os ítalo–descendentes que buscam pelo legítimo direito ao reconhecimento da cidadania italiana iure sanguinis (por direito de sangue). Nessa data, a Corte Constitucional, órgão máximo da justiça italiana, marcou uma audiência pública para a análise da polêmica nova lei 74/2025, promulgada em Maio de 2025, que limitou o direito ao reconhecimento da cidadania a filhos e netos de cidadãos italianos, dentre outras restrições. Até então, não havia limite geracional, sendo necessária apenas a comprovação documental do vínculo com um ancestral italiano.

Ao completar um mês de vigência, a nova lei da Cidadania Italiana, já era questionada em 1ª instância. O juiz Fabrizio Alessandria, do Tribunal de Turim, acatou os argumentos dos advogados de um ítalo-descendente, considerando legítima a arguição de inconstitucionalidade. Assim, suspendeu o processo e o submeteu para a apreciação da Corte Constitucional, que pode pedir a revisão ou até mesmo determinar a revogação da nova legislação, pela não conformidade com princípios constitucionais.

“Acreditamos que a ordem jurídica será restabelecida, com o respeito aos direitos fundamentais dos descendentes e a declaração de inconstitucionalidade das disposições da nova lei”, ressalta o jurista italiano David Manzini, um dos maiores especialistas do tema, em atividade no Brasil. CEO e fundador da Nostrali Cidadania Italiana, ele já assessorou mais de 30 mil ítalo–descencendes na obtenção de sua cidadania.

 Direito originário é imprescritível e transmissível sem limites de geração

Manzini aponta que a nova lei revoga direitos fundamentais, infringindo artigos da Constituição da Itália, reforçando assim a tese de inconstitucionalidade.

“A cidadania italiana não é uma concessão gentil do Estado. É um direito originário, fundamental, imprescritível e transmissível sem limites de geração”, enfatiza o jurista. Para o especialista, o novo texto contraria até mesmo artigos de tratados internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e a Convenção Europeia dos Direitos Humanos (CEDH) e fere a lei Geral da Itália, preliminar ao Código Civil Italiano.

Principais inconstitucionalidades da nova lei

A seguir, o jurista David Manzini descreve os pontos mais controversos da nova legislação, que deverão ser analisados pela Corte constitucional.

– O artigo 77 Constituição italiana prevê que um Decreto-Lei só pode ser adotado em casos extraordinários de urgência, o que não existia nessa matéria. Dessa forma, lançar mão desse dispositivo legal se mostrou desproporcional, em contraste com os princípios fundamentais da Constituição.

– A nova lei também viola o artigo 97 da Constituição italiana, relativo ao princípio da confiança legítima do cidadão em relação à administração pública. Além dos efeitos retroativos, a nova norma prejudica cidadãos que já haviam iniciado o procedimento, reunido documentos e formado uma expectativa legítima do reconhecimento de sua cidadania, com base na legislação e numa jurisprudência já consolidada.

– A nova norma contrasta os artigos 2, 3 e 22 da Constituição italiana, porque gera situações irrazoáveis dentro de uma mesma família. Dois irmãos com o mesmo ascendente italiano, por exemplo, podem se encontrar em condições completamente diferentes, com um deles obtendo a cidadania e outro não, apenas por causa de um prazo introduzido de forma arbitrária pelo legislador. Isso fere a unidade familiar, o princípio de igualdade e o direito à identidade pessoal.

– A lei também limitou o acesso à tutela jurisdicional, em contrates com os artigos 24 e 3 da Constituição, que garante a todos o direito de recorrer ao juiz para ver reconhecidos os próprios direitos subjetivos. Ao impor prazos e restrições, o legislador acaba reduzindo de forma injustificada a possibilidade de fazer valer um direito que a Constituição já considera plenamente tutelado.

– A norma introduz um prazo não razoável para apresentação dos pedidos de reconhecimento cidadania. Um prazo tão restrito torna praticamente impossível que milhões de descendentes exerçam um direito que antes era reconhecido sem limitações temporais. Isso também viola o princípio de razoabilidade que deve sempre orientar a atividade legislativa.

O que pode acontecer após o julgamento

– Adequação legislativa

Caso a Corte Constitucional reconheça a inconstitucionalidade da norma, poderá instar o Parlamento e o Governo a promoverem a revisão ou até mesmo a revogação da legislação vigente. Dessa forma, ela seria readequada aos preceitos constitucionais, especialmente no que tange à irretroatividade da lei e ao princípio da continuidade do status civitatis.

– Efeito vinculante e criação de precedente

A decisão da Corte terá efeito vinculante erga omnes, consolidando um precedente que deverá ser seguido por todos os tribunais ordinários e administrativos em processos futuros. Isso poderá impactar diretamente os ítalo-descendentes que tiveram seus pedidos protocolados ou planejados após a entrada em vigor da nova norma.

– Repercussão internacional

– Considerando a dimensão da diáspora italiana, sobretudo em países como Brasil e Argentina, que concentram a maior comunidade de ítalo-descendentes do mundo, uma eventual declaração de inconstitucionalidade poderá restaurar o acesso à cidadania iure sanguinis a milhões de descendentes.

Tendência é que seja declarada a inconstitucionalidade

David Manzini se demonstra otimista com o julgamento na Corte Constitucional.

“Confiamos firmemente nas cortes superiores da Itália”, afirma o jurista. Ele ressalta que, especialistas em direito público italiano, que hoje integram o corpo jurídico da Nostrali na Itália, sustentam que a nova lei foi introduzida por medida provisória de forma injustificada, sem a observância do devido processo legislativo e com efeitos retroativos indevidos, sobre um direito fundamental. “Por essa razão, compreendemos que a tendência é de que a nova norma seja declarada inconstitucional”, enfatiza Manzini.

O especialista orienta que os ítalo-descendentes que ainda não buscaram pelo reconhecimento da dupla cidadania comecem o quanto antes. “Quanto mais cedo o processo é iniciado, menores tendem a ser os impactos de possíveis novas alterações legislativas, burocráticas ou financeiras”, finaliza o jurista.

Serviço

Nostrali Cidadania Italiana

(54) 3533–4740

@nostralicidadaniaitaliana

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Economia

EUA devem reduzir tarifas sobre café e Brasil será o maior beneficiado

O presidente americano Donald Trump anunciou que os Estados Unidos vão reduzir tarifas sobre importações de café, medida que pode favorecer diretamente o Brasil, maior exportador mundial do grão. A declaração foi feita à emissora Fox News, sem detalhes sobre prazos ou percentuais de corte.

Os Estados Unidos consomem cerca de 25 milhões de sacas de café por ano, das quais 7,5 a 8 milhões têm origem brasileira, segundo a analista de agronegócios Renata Marconato, da MB Agro. O país é líder na produção de café arábica, com 40 a 45 milhões de sacas por safra.

Outros produtores importantes são Colômbia, Indonésia, Etiópia e Honduras, mas em volumes bem menores — entre 6 e 13 milhões de sacas. Até agora, o café brasileiro enfrentava um tarifaço de 50%, que reduzia sua competitividade no mercado americano.

A revisão tarifária ocorre após encontros recentes entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. O primeiro, em outubro, na Malásia, destravou as negociações bilaterais, embora não tenha eliminado as tarifas de imediato.

Fontes ligadas ao governo brasileiro informam que o país pediu a retirada de sobretaxas para café, carnes, pescados e frutas, argumentando que esses produtos não competem com a produção americana.

Por não haver cultivo expressivo de café nos EUA, o grão é considerado o item com maior flexibilidade para isenção, segundo o secretário de Comércio americano Howard Lutnick. As plantações locais, concentradas no Havaí e em Porto Rico, suprem menos de 1% do consumo interno.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Pavel Cardoso, o café foi inicialmente incluído no tarifaço por motivos estratégicos. “A pressão econômica já não se justifica. O Brasil responde por 34% das vendas ao país e 76% dos americanos consomem café diariamente”, afirmou.

O café movimenta cerca de US$ 343 bilhões ao ano, o equivalente a 1,2% do PIB americano, segundo dados do setor. Para cada dólar importado, outros US$ 43 circulam na economia dos EUA em atividades ligadas ao consumo do produto.

Cardoso avalia que a redução das tarifas pode ser anunciada oficialmente nas próximas semanas. “É uma expectativa positiva. O café brasileiro tem peso cultural e econômico forte nos Estados Unidos”, afirmou.

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Saúde

Estudo internacional descarta ligação entre paracetamol e autismo em bebês

Sete das nove revisões já publicadas haviam aconselhado prudência na interpretação dos resultados, destacando possíveis vieses e falhas metodológicas

Uma nova revisão científica publicada pela revista The BMJ concluiu que não há evidência robusta de que o uso de paracetamol durante a gravidez cause autismo ou TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) em crianças.

A pesquisa, conduzida por cientistas do Reino Unido, Austrália e Espanha, revisou nove estudos anteriores e apontou que as associações encontradas eram fracas ou inconsistentes, muitas vezes sem levar em conta fatores genéticos e de estilo de vida das famílias.

A publicação surge após declarações do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em setembro, que associaram o paracetamol ao autismo infantil e pediram que gestantes evitassem o medicamento — uma afirmação sem base científica, segundo especialistas.

Os pesquisadores afirmam que a confiança nas conclusões dos estudos anteriores é “baixa a criticamente baixa”, o que significa que os dados não são fortes o suficiente para estabelecer uma relação causal.

Segundo a professora Shakila Thangaratinam, da Universidade de Liverpool, o objetivo da nova análise foi “entender a qualidade real das evidências e ajudar médicos e gestantes a tomarem decisões com base em ciência, não em medo”.

Sete das nove revisões já publicadas haviam aconselhado prudência na interpretação dos resultados, destacando possíveis vieses e falhas metodológicas.

A revisão da BMJ sugere que, nos poucos estudos que ajustaram os resultados para fatores genéticos, emocionais e ambientais, a associação entre o uso de paracetamol e autismo desapareceu ou caiu drasticamente.

Esses fatores incluem saúde mental dos pais, histórico familiar, nutrição e exposição ambiental, variáveis que podem influenciar o neurodesenvolvimento das crianças.

O paracetamol — conhecido nos Estados Unidos como acetaminofeno e vendido sob marcas como Tylenol — continua sendo um dos poucos analgésicos recomendados para gestantes no tratamento de dor e febre.

Mesmo assim, a FDA, agência reguladora norte-americana, orientou que rótulos tragam menção a estudos em andamento, ainda que as evidências atuais não confirmem risco real.

Os autores da revisão defendem novos estudos controlados que considerem fatores biológicos e sociais para melhorar a compreensão sobre o tema.

Thangaratinam alerta que decisões de saúde pública baseadas em evidências inconclusivas podem gerar pânico desnecessário e prejudicar o cuidado com gestantes.

“Há um fosso de gênero na ciência. Precisamos investir mais em pesquisas que priorizem a saúde das mulheres, especialmente durante a gravidez”, afirma a pesquisadora.

Até o momento, a comunidade científica internacional e as principais agências de saúde — incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS) — consideram o paracetamol seguro quando usado nas doses recomendadas.

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Economia

Haddad anuncia cortes de gastos no novo projeto para Orçamento 2026

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta terça-feira, dia 28, que as medidas de revisão de gastos públicos serão incorporadas a um projeto relatado pelo deputado Juscelino Filho (União Brasil-MA). O texto, que institui o Rearp, concentra a parte “menos controversa” do pacote fiscal que o governo pretende aprovar ainda neste ano.

Segundo Haddad, a limitação de despesas e revisão de cadastros sociais representam cerca de 60% do esforço necessário para fechar o Orçamento de 2026. “Essa parte dá conforto para fechar o orçamento com tranquilidade, como fizemos nos últimos dois anos”, afirmou.

Principais medidas de economia

Entre os ajustes que serão incorporados ao projeto, destacam-se:

  • Pé-de-Meia: gastos do programa para estudantes do ensino médio passam a contar para o piso constitucional de educação, reduzindo despesas em R$ 4,8 bilhões em 2026.

  • Perícia médica digital (Atestmed): limite de 30 dias no benefício por incapacidade temporária, gerando R$ 1,2 bilhão em 2025 e R$ 2,6 bilhões em 2026.

  • Seguro-defeso: vinculação ao Orçamento e homologação de registros por prefeituras, com economia de até R$ 1,7 bilhão.

  • Compensação previdenciária: teto para repasses da União a estados e municípios, reduzindo gastos em R$ 1,5 bilhão por ano.

Do lado da arrecadação, o governo busca restrições a compensações tributárias de PIS e Cofins sem relação direta com a atividade das empresas, com previsão de receita adicional de R$ 10 bilhões por ano.

O presidente da Câmara, Hugo Motta, pretende colocar o projeto em votação ainda nesta semana. Haddad destacou que isso é essencial para dar previsibilidade ao Orçamento de 2026.

Após a aprovação dos cortes, o governo deve retomar a discussão sobre tributação de fintechs, apostas online e rendimentos de LCI/LCA, buscando equilibrar receitas e despesas.

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RMC

Audiência Pública em Vinhedo revisa Plano Municipal de Saneamento Básico

O objetivo principal desta audiência é garantir a transparência e a participação popular no processo de atualização do Plano de Saneamento Básico. A contribuição da sociedade civil é fundamental para construir soluções que melhorem os serviços essenciais no município

A Prefeitura de Vinhedo convoca a população para um evento crucial: a Audiência Pública sobre a revisão do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB). O encontro acontece nesta quarta-feira, 15 de outubro, das 18h30 às 20h30, na Câmara Municipal.

A revisão do PMSB é vital para a qualidade de vida em Vinhedo. O plano orienta todas as políticas públicas municipais relacionadas ao abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, drenagem urbana e manejo de resíduos sólidos.

O objetivo principal desta audiência é garantir a transparência e a participação popular no processo de atualização do Plano de Saneamento Básico. A contribuição da sociedade civil é fundamental para construir soluções que melhorem os serviços essenciais no município.

Participar significa influenciar diretamente a gestão dos recursos hídricos e a infraestrutura de saneamento de Vinhedo, alinhando-a às diretrizes federais da Lei nº 11.445/2007.

O encontro presencial na Câmara Municipal (Avenida 2 de Abril, nº 78, Centro) oferece a oportunidade de manifestação direta. Os participantes podem se inscrever para o uso da palavra por até 20 minutos após a abertura do evento. Cada inscrito terá até três minutos para expor suas sugestões.

Atenção: Se você não puder comparecer, ainda é possível enviar contribuições de forma eletrônica ou presencial (via formulário no local) até o dia 16 de outubro.

O link para envio eletrônico é: https://abre.ai/revisaoplanodesaneamento

Para embasar as discussões, a equipe técnica elaborou o Relatório Síntese (Produto 7). A Prefeitura disponibilizou este documento para consulta e download.

Você pode acessá-lo diretamente na página oficial da Revisão do Plano, no endereço: https://abre.ai/produto07relatoriosintese

As propostas enviadas serão analisadas pela equipe técnica e os cidadãos receberão as respostas por e-mail em até 15 dias corridos após a audiência. A Prefeitura reforça a importância de toda a sociedade, incluindo entidades de classe e ONGs, neste processo.

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