RACISMO

Esportes

Torcedores são condenados na Espanha por ataques a Vini Jr.

Getty Images – Condenados não poderão frequentar estádios pelos próximos três anos

 

Decisão histórica condena cinco agressores por crime de ódio; penas incluem multas e proibição de acesso a estádios

 

Cinco torcedores do Real Valladolid foram condenados a um ano de prisão nesta quarta-feira, dia 21, por proferir ofensas racistas contra o craque brasileiro Vinícius Jr., do Real Madrid. O caso, que chocou o mundo do futebol, remonta a uma partida da La Liga em 30 de dezembro de 2022. A decisão, anunciada pela Liga de Futebol Profissional espanhola, representa um marco importante na luta contra o racismo no esporte.

 

Embora a pena de prisão tenha sido suspensa — o que significa que os condenados não serão detidos, a menos que reincidam nos próximos três anos —, os agressores terão que pagar multas que variam entre € 1.080 e € 1.620 (aproximadamente R$ 6.879 a R$ 10.319). Além disso, e talvez o mais significativo para o universo do futebol, eles foram proibidos de frequentar estádios por três anos.

 

A Corte Provincial de Valladolid classificou os atos como crime de ódio, uma medida que a La Liga destacou como “sem precedentes” na Espanha. Até então, as decisões judiciais geralmente abordavam a conduta como um ataque à integridade moral com um fator agravante racial. Ao se referir explicitamente a crimes de ódio, a sentença reforça a mensagem de que a intolerância não tem lugar nos gramados.

 

Luta contra o Racismo

Este caso de Vinícius Jr. não é isolado. O jogador brasileiro tem sido uma voz ativa contra o racismo no futebol espanhol, sendo alvo de diversos ataques discriminatórios. Em junho do ano passado, por exemplo, três torcedores do Valencia foram condenados a oito meses de prisão por insultarem o atleta com “gritos, gestos e cantos referentes à cor de sua pele”.

Outro episódio envolveu um torcedor que cometeu abuso racial contra Vinícius e Samuel Chukwueze, do Villarreal, em dois jogos no Mallorca em 2023. Esse agressor foi considerado culpado, mas teve sua sentença de 12 meses suspensa após pedir desculpas ao atleta e participar de um treinamento antidiscriminação, sendo também banido dos estádios por três anos.

A série de condenações, embora as penas de prisão sejam suspensas na maioria dos casos, demonstra um esforço crescente das autoridades espanholas em coibir o racismo no futebol.

 

Leia mais em: https://forbes.com.br/geral/2025/05/caso-vini-jr-torcedores-sao-condenados-por-crime-de-odio-na-espanha/

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Esportes

Jogadoras acusadas de racismo seguem presas após habeas corpus negado

Players from River Plate and Gremio fight during a match for the Ladies Cup women’s soccer tournament in Sao Paulo, Brazil December 20, 2024. REUTERS/Guilherme Veiga/proibida reprodução

Atletas do River Plate foram presas em flagrante em jogo contra Grêmio

Lincoln Chaves – Repórter da EBC

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) informou, nesta terça-feira, dia 24, que foram negados os pedidos de habeas corpus para que as quatro jogadoras do River Plate, da Argentina, que foram detidas em flagrante por injúria racial na última sexta, dia 20, respondessem às acusações em liberdade. As atletas tiveram a prisão convertida em preventiva na segunda (23), após passarem por audiência de custódia no sábado (22).

A zagueira Camila Duarte, a lateral Juana Cángaro, a volante Candela Díaz e a meia Milagros Díaz estão na penitenciária do Carandiru, zona norte de São Paulo. A Agência Brasil tentou entrar em contato com a advogada Thaís Sankari, uma das representantes da defesa das jogadoras, mas não teve retorno até a publicação da reportagem.

Nos pedidos de habeas corpus, a defesa justificou que as atletas estão “sofrendo ilegal constrangimento por parte do Juiz de Direito do Plantão Judiciário da Comarca de São Paulo”. A defesa sustentou ainda que mantê-las detidas, sob alegação de que não possuem residência no país, não teria “fundamentação idônea”, pois o River se comprometeu a apresentá-las à Justiça brasileira sempre que fosse determinado.

Nas argumentações contrárias aos pedidos de habeas corpus, os relatores Alberto Anderson Filho e Hermann Herschander entendem que a prisão preventiva é justa pela “gravidade concreta da conduta” e necessária para “evitar novos crimes”. Eles também avaliam como insuficiente o compromisso assumido pelo clube argentino, “que não tem qualquer poder sobre o direito de ir e vir de seus empregados”.

A detenção foi consequência de uma confusão generalizada no gramado do Estádio do Canindé, em São Paulo, durante jogo entre River e Grêmio, na última sexta (20) à noite, pela Ladies Cup, torneio que encerrou a temporada 2024 do futebol feminino no Brasil. As argentinas saíram na frente e sofreram o empate aos 37 minutos do primeiro tempo.

Em meio à comemoração, houve uma discussão. Neste momento, Candela Díaz foi flagrada realizando gestos simulando os de um macaco para um gandula – segundo a defesa, ele teria, anteriormente, gesticulado com a mão nos órgãos genitais e provocado uma “atitude de revide”. Em seguida, segundo os autos, Candela, Milagros Díaz, Camila Duarte e Juana Cángaro teriam ofendido o gandula com termos racistas.

As atletas gremistas reagiram à manifestação das adversárias. Conforme nota divulgada pelo clube gaúcho, elas também foram alvo de injúrias raciais por parte das argentinas.

O River teve seis jogadoras expulsas na confusão, resultando no encerramento imediato da partida, já que o time ficou com menos de sete atletas em campo. Além das quatro acusadas, também levaram cartão vermelho a goleira Lara Esponda e a volante Julieta Romero. O clube argentino se pronunciou nas redes sociais, afirmando que repudia os gestos discriminatórios e que tomará medidas disciplinares.

Com isso, o Grêmio foi decretado ganhador do jogo, classificando-se à final. Na decisão, as Gurias Gremistas superaram o Bahia nos pênaltis por 2 a 1, após empate por 1 a 1 no tempo normal, conquistando o título inédito.

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Brasil e Mundo

Casal que imitou macacos em roda de samba é investigado no Rio

© Jackeline Oliveira/Arquivo pessoal

Delegacia de Crimes Raciais diz que vai identificar e intimar autores

Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

Um casal de pessoas brancas foi filmado imitando macacos na roda de samba Pé de Teresa, na Praça Tiradentes, região central do Rio de Janeiro, na noite da última sexta-feira, dia 19. A gravação foi feita pela jornalista Jackeline Oliveira (esquerda na foto em destaque), que registrou ocorrência, junto com a produção do evento e a presidente da Comissão de Combate ao Racismo da Câmara Municipal, Monica Cunha, na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).

A Decradi confirmou em nota que o caso foi registrado, e que “testemunhas estão sendo ouvidas e diligências estão em andamento para identificar e intimar os autores para prestarem esclarecimentos na delegacia”. Como a investigação está em andamento, não serão concedidas entrevistas, informou à Agência Brasil a Secretaria de Estado de Polícia Civil.

Jackeline Oliveira expressou toda a sua indignação pelo que presenciou na roda de samba, da qual participavam cerca de 60 pessoas. Para ela, não foi um deboche ou brincadeira o que aconteceu. “Eles estavam fazendo gestos para diminuir as pessoas pretas de modo geral. Eram atos discriminatórios”. Por isso, a primeira coisa que ela falou na delegacia é que aquilo não era uma dança, uma brincadeira. Eram atos discriminatórios para diminuir as pessoas pretas que estavam ali, a cultura das pessoas pretas”, disse à Agência Brasil.

Acrescentou ter ficado envergonhada, constrangida. “Quando o racismo atravessa a gente enquanto corpo preto, ainda mais quando ele não é direto, porque a gente pode responder, discutir, brigar, chamar a polícia, parte para cima, quando é necessário. Mas quando o racismo não é direto, a gente fica quase inerte, como eu e quase 60 pessoas ficamos ali, vendo aquelas duas pessoas”.

Jackeline decidiu gravar a cena para ter provas. Ela postou nas redes sociais e não esperava a reação tão grande. “Isso não pode ser só uma postagem. Tem que virar denúncia. Esses caras têm que pegar pelo que fizeram. Essa denúncia tem que ser uma forma de inibir outras pessoas de cometerem crime de racismo”, decidiu.

A produção do evento postou o vídeo em rede social, classificando a cena de “inaceitável”.

A produção do evento postou o vídeo em rede social, classificando a cena de “inaceitável”.

 

Para Jackeline Oliveira, as pessoas se sentem à vontade para fazer atos semelhantes pela impunidade do Poder Judiciário. “É uma luta para ser aceito como crime de racismo dentro da delegacia quando você vai ser ouvido. Mas, quando chega no Judiciário, o processo para e a pessoa é inocentada. É invalidado todo um sentimento de constrangimento, porque se perde tempo na delegacia. Então, se amanhã chegar ao Tribunal de Justiça, eu quero que essas pessoas sejam condenadas e paguem pelo crime de racismo, que é inafiançável. E não é à toa. Foram 400 anos de escravidão. As pessoas se sentem à vontade para cometer crimes de racismo”.

O racismo é um problema mundial. “Não é problema do Rio de Janeiro e do Brasil. Mas o cara é brasileiro, mora no Rio e não se sentiu nem um pouco constrangido em fazer aquilo. Nâo ficou com medo de fazer. Isso me assusta”, afirmou Jackeline. A partir de que momento as pessoas se sentiram tão confortáveis em infringir a lei em praça pública, com mais de 300 pessoas em volta?, indagou. “O meu sentimento é de indignação. Eu espero que a polícia faça o trabalho dela. Eles (os policiais) têm que investigar e achar essas pessoas, responsabilizar e fazer com que elas paguem pelo que fizeram”.

Racismo

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado no dia 18 deste mês, os casos de racismo aumentaram 127,6% no Brasil em 2023, em comparação ao ano anterior, com destaque para os estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro.

Em entrevista à Agência Brasil nesta segunda-feira (22), o doutor em ética e filosofia política pela Universidade Federal de São Paulo e professor da Casa do Saber, Douglas Rodrigues Barros, analisou que houve uma certa construção ideológica de que o Brasil seria o paraíso das raças, a chamada democracia racial. “Isso estava ligado a um certo ideário de construção da racialidade brasileira, que seria a civilização do entroncamento das três raças. A grande questão é que esse ideário vai ruindo ao longo do tempo e sob ele a gente vê as marcas da exclusão racial que constitui as nossas cidades e os espaços de administração da vida pública, que são todos marcados pela racialidade. Os espaços de poder são todos marcados pela estrutura racial, pela exclusão”, avalia.

De acordo com o professor da Casa do Saber, momentos de crise, econômica, social, espiritual o racismo ganha mais espaço. “Ele é acionado como um dispositivo no qual a culpa dos males sociais é do racializado e da racializada. Se o Brasil não é um país desenvolvido é porque há muitos negros, há muitos racializados. E sempre a resposta mais fácil para os problemas mais complexos da sociedade é a raça. É você colocar a culpa nos outros. Daí, essas manifestações de ódio racial, como nesse caso específico do casal imitando macacos, que se orienta por essa hecatombe social que se vive hoje, essa regressão social, econômica e espiritual. O racismo cresce quando a crise aumenta”, reforçou.

Douglas Barros considerou “absolutamente correta” a atitude da jornalista Jackeline Oliveira de denunciar o caso à Decradi, tendo em vista que o racismo deve ser combatido todos os dias. “Inclusive porque essa produção de ódio que se faz sob a ideia de que é só uma brincadeira não é algo inédito na nossa história. Eu diria até que as grandes catástrofes do século 20 se iniciaram com a vaga noção de que era só uma brincadeira, uma idiotice. Devemos estar sempre vigilantes para combater esse tipo de ação”, sinalizou o professor.

Movimento

Ao receber o vídeo de Jackeline, o produtor e músico da roda de samba Pé de Teresa, Wanderso Luna, registrou ocorrência conjunta com a jornalista na Decradi para que não se repitam atos como aquele de racismo. “Não tem razão de ser. É só vontade de ser racista”. Wanderso Luna informou à Agência Brasil que o pessoal do evento está se organizando e pretende fazer campanha para conscientização nas rodas de samba contra o racismo.

Na opinião dele, o primeiro ato seria retirar da Praça Tiradentes a estátua do Imperador Dom Pedro I, “porque o racismo é fruto de mais de 350 anos de escravidão e temos lá o maior símbolo, o imperador, dizendo que as pessoas podem ser racistas”.

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RMC

Americana inicia série de palestras sobre letramento racial

Palestras e apresentações teatrais sobre letramento racial começam na segunda-feira em Americana

Começa na próxima segunda-feira, dia 27, a série de palestras sobre letramento racial, “Racismo é um Projeto”, com as atrizes Adriana Brasil e Karoline Leão. A ação também conta com apresentação teatral sobre o tema. O evento é uma realização da Prefeitura de Americana, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo, viabilizado com recursos da Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar nº 195/2022).

A primeira atividade será realizada às 18h30 na sede do Projeto Força e Fé, na Rua dos Colibris, 670, Jardim dos Lírios. A apresentação terá tradução simultânea para Libras.

“Racismo é um Projeto” traz para a pauta quatro pilares que são a base do racismo no Brasil: escravidão, eugenia, democracia racial e sistema midiático, bem como a desconstrução e descolonização de conceitos.

“A atividade une conhecimento e entretenimento, onde a palestra se funde com a magia do teatro, proporcionando uma abordagem inovadora, envolvente e aprofundada sobre a sociedade. A palestra aborda o letramento racial, que traz consciência para compreender, analisar e interpretar criticamente questões relacionadas à raça, etnia e diversidade cultural do nosso País”, destaca Adriana Brasil.

A palestra é aberta com uma apresentação teatral, com a peça “Eu, Você, Nossas Cores, Nossa Voz”. É a história de duas mulheres marcadas pela história de luta e suor que se unem para trabalhar juntas, compartilhando momentos, vivências e memórias.

Dandara e Yalodê, além de serem amigas de longa data, são irmãs em uma batalha por um mundo mais justo e igualitário.

“A Lei Paulo Gustavo está cumprindo seu papel de fomentar a cultura nas mais diversas linguagens, promovendo acessibilidade e inclusão a cada ação”, destaca a secretária de Cultura e Turismo, Marcia Gonzaga Faria.

Agenda

As atividades serão realizadas em outros dez locais em diferentes datas. A próxima delas será no dia 3 de junho na Escola Estadual Professora Delmira de Oliveira Lopes, na Rua dos Narcisos, 130, Vila Mathiensen, às 8h.

No dia 21 de junho é a vez da Escola Estadual São Vicente de Paulo, na Rua Dom Barreto, 1001, Jardim Paraíso, às 9h30.

Outro local definido é a Casa de Dom Bosco, no dia 8 de agosto, às 16h30, na Rua dos Colibris, 235, Vila Mathiensen.

Na APAM (Associação de Promoção e Assistência de Americana), o evento será no dia 27 de agosto, em três sessões: 9h, 14h e 15h30. O endereço é Rua dos Apeninos, 219, Jardim Alvorada. As demais datas das apresentações ainda serão definidas.

 

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