OFTALMOLOGIA

Saúde

“Trend” nas redes sociais, raspar os cílios pode causar lesões nos olhos

Tendência que viralizou entre homens expõe os olhos a riscos de inflamações, infecções e até danos permanentes à visão

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

Uma nova tendência nas redes sociais, principalmente no TikTok, mostra homens raspando completamente os cílios como um suposto símbolo de masculinidade. A prática, que ganhou repercussão em países como Estados Unidos e Reino Unido e alcançou milhares de visualizações, agora começa a circular também entre jovens brasileiros e preocupa especialistas em saúde ocular.

O ato pode parecer inofensivo, mas traz uma série de riscos. “Os cílios não estão ao redor dos olhos apenas por uma questão estética, eles exercem funções essenciais para a proteção e o bom funcionamento da superfície ocular”, ressalta o oftalmologista Lucas Zago Ribeiro, do Einstein Hospital Israelita em Goiânia.

Esses pequenos fios atuam como uma barreira física contra poeira, sujeira e micro-organismos, além de ajudarem na filtragem do ar e da radiação ultravioleta. Também são altamente sensíveis e disparam o reflexo de piscar ao detectar algo se aproximando. Eles ainda contribuem para reduzir a evaporação da lágrima e evitar o ressecamento ocular.

Ao removê-los desnecessariamente, todos esses mecanismos de proteção são comprometidos. O principal risco imediato é a lesão de estruturas delicadas, como a córnea e a borda palpebral. “O uso de lâminas ou objetos cortantes tão próximos aos olhos também pode causar ferimentos graves e dolorosos, com potencial de comprometer a visão”, alerta Zago.

Além do risco de cortes, partículas dos próprios cílios podem cair sobre a superfície ocular durante a raspagem, provocando irritação, inflamação ou infecção. A ausência prolongada dos fios também aumenta a exposição a poeira, vento e micro-organismos, favorecendo quadros de blefarite (inflamação das pálpebras), infecções recorrentes e ressecamento ocular crônico, que costuma causar sensação de areia, coceira e vermelhidão.

Cada olho tem entre 150 e 250 cílios, com crescimento médio de quatro a dez semanas após o corte. Porém, o trauma repetido pode danificar a raiz dos fios e causar falhas permanentes. “Quando há dano direto à borda palpebral, o cílio pode crescer mais fino, torto ou em menor quantidade”, avisa o oftalmologista.

Outro problema comum é o desequilíbrio das glândulas palpebrais, responsáveis pela produção da camada oleosa da lágrima e que ajudam a evitar que a lágrima evapore rápido demais. Quando a raspagem altera essa região, o olho fica mais seco e exposto, o que pode intensificar o desconforto.

Caso alguém já tenha raspado os cílios, Zago recomenda observar sinais de irritação, ardor, inchaço, dor, vermelhidão ou secreção ocular. É essencial procurar avaliação oftalmológica, já que o uso de colírios lubrificantes pode aliviar o desconforto. Somente o especialista pode identificar se há infecção ou inflamação mais grave.

Embora ainda não existam estudos específicos sobre a raspagem estética dos cílios, a literatura médica já descreve situações em que eles são removidos por indicação terapêutica, como em quadros de triquíase (crescimento invertido dos cílios) ou distiquíase (nascimento de fileiras extras). “Mesmo nesses casos, a remoção é feita sob supervisão médica e com técnicas especializadas. Fora desse contexto, o risco é desnecessário”, frisa o oftalmologista do Einstein Goiânia.

Além dos impactos físicos, o médico chama atenção para o papel das redes sociais na disseminação desse tipo de comportamento. “Influenciadores com milhões de seguidores precisam ter consciência de que suas ações têm impacto. Quando divulgam práticas sem base científica, podem induzir comportamentos perigosos, principalmente entre adolescentes que repetem o que veem por curiosidade ou estética”, alerta Lucas Zago.

Fonte: Agência Einstein

COMPARTILHE NAS REDES

Saúde

Atendimento oftalmológico de crianças no SUS retoma nível pré-pandemia

© Arquivo/Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Cuidados tinham sido “severamente” afetados no período, diz conselho

Por Paula Laboissiere – Repórter da Agência Brasil – Brasília

Após cinco anos, o atendimento oftalmológico de crianças e adolescentes na rede pública retomou os níveis registrados antes pandemia de covid-19.

Dados analisados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) indicam que, de janeiro a junho de 2024, o número de consultas oftalmológicas no Sistema Único de Saúde (SUS) para esse público superou os patamares observados no mesmo período de 2019.

Com base na série de histórica, a entidade estima que, até dezembro deste ano, o volume de consultas oftalmológicas para crianças e adolescentes supere 2,1 milhões de atendimentos, número maior do que o recorde registrado em 2019. Para o CBO, o cenário sinaliza a retomada dos cuidados com a saúde ocular na faixa pediátrica (de 0 a 19 anos), “severamente afetados pela emergência epidemiológica mundial”.

De acordo com o conselho, no primeiro semestre de 2019, o país registrou cerca de 1 milhão de atendimentos para esse grupo na rede pública. Porém, nos anos seguintes, nesse intervalo, os dados foram sempre inferiores, oscilando entre 569 mil registros, em 2020, e 961 mil, em 2023. “Com o desempenho no primeiro semestre de 2024, espera-se que o Brasil rompa o marco de cinco anos atrás e avance na produção desse serviço”.

Os dados serão apresentados durante o 68º Congresso Brasileiro de Oftalmologia, que ocorre de 4 a 7 de setembro em Brasília.

Perfil

Os números mostram que, do total de consultas oftalmológicas realizadas entre janeiro de 2014 e junho de 2024 para a população de até 19 anos, 43% foram para crianças menores de 1 ano. O percentual corresponde a 8.415.975 idas aos consultórios de oftalmologia. Já a faixa de 1 a 4 anos foi a que menos recebeu atendimento do tipo na série histórica, somando 1.564.770, cerca de 8% do total.

Alerta

O CBO alerta que a saúde ocular de crianças e adolescentes deve ser considerada prioridade entre as próprias famílias e os órgãos públicos, uma vez que problemas de visão não diagnosticados e, consequentemente, não tratados podem comprometer o processo de aprendizagem e a socialização.

Com base em parâmetros definidos pela Agência Internacional de Prevenção à Cegueira, a estimativa é que o Brasil contabilize cerca de 27 mil crianças cegas, grande parte delas por doenças oculares que poderiam ter sido evitadas ou tratadas precocemente.

De acordo com o CBO, erros de refração não corrigidos configuram a principal causa de deficiência visual entre crianças brasileiras. “Pela sua capacidade de influir no rendimento escolar e na sociabilização da criança, eles causam grande impacto econômico e social. Por isso, os especialistas entendem como fundamental a identificação e o tratamento precoce de casos de ametropia, que é a perda da nitidez da imagem na retina”.

Entenda

As ametropias englobam problemas como miopia, hipermetropia, astigmatismo ou presbiopia, que podem ser corrigidos com o uso de óculos, adaptação de lentes de contato ou cirurgia refrativa. Tais ações, segundo o CO, também são fundamentais para reduzir a incidência de ambliopia, popularmente conhecida como olho preguiçoso, entre crianças.

“A triagem oftalmológica, por possibilitar a detecção de doenças e consequentemente a prevenção da cegueira infantil, e ainda por permitir avaliar o perfil de erros refrativos na população, detém grande relevância do ponto de vista de saúde pública”, destacou a entidade.

A idade fixada como ideal para a triagem de problemas oftalmológicas é até os 6 anos, quando se completa o desenvolvimento visual.

COMPARTILHE NAS REDES

Saúde

Ministério atualiza ações para prevenção de conjuntivite neonatal

Publicado em 06/08/2024 – 13:52 Por Paula Laboissière – Repórter da Agência Brasil – Brasília

O Ministério da Saúde divulgou nesta terça-feira (6), em Brasília, nota técnica que atualiza diretrizes para a prevenção da conjuntivite neonatal, infecção ocular que acomete a conjuntiva de bebês entre 24 horas e um mês após o nascimento. Conjuntiva é a membrana que reveste a pálpebra e se retrai para cobrir a esclera (a camada fibrosa resistente e branca que cobre o olho), até a extremidade da córnea.

No documento, o ministério orienta a substituição do nitrato de prata 1% por iodopovidona a 2,5%, eritromicina 0,5% ou tetraciclina 1%, “por serem mais eficazes e causarem menos irritação aos recém-nascidos”.

“A introdução das novas substâncias tem como objetivo uma eficácia superior na prevenção da doença, já que elas são menos irritantes e proporcionam um tratamento mais confortável para os recém-nascidos”, destacou o Ministério da Saúde.

“Além disso, estudos recentes comprovam que esses agentes são mais eficazes na proteção dos bebês contra infecções oculares, que podem levar a complicações graves se não tratadas adequadamente”, acrescentou.

Entenda

De acordo com o ministério, o nitrato de prata 1% é conhecido por causar desconforto, ardor e, em alguns casos, conjuntivite química em bebês. Já a iodopovidona a 2,5% não apresenta problemas de conservação e tem custo acessível, oferecendo “prevenção segura e eficiente”.

A doença

De acordo com o ministério, a conjuntivite neonatal é considerada causa significativa de cegueira infantil, sobretudo, em países de baixa e média renda. Frequentemente causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, que pode ser transmitida durante o parto, a doença pode levar a sérias complicações, incluindo perfuração da córnea e perda da visão, quando não tratada prontamente.

Cuidados

Após o nascimento – por parto normal ou cesárea – o recém-nascido deve passar por uma série de cuidados imediatos. Se estiver clinicamente estável, o bebê é colocado no peito da mãe para contato pele com pele, proporcionando estabilização da temperatura e da respiração, além de promover o vínculo emocional.

A prevenção ocular figura dentre esses cuidados imediatos e a atualização das diretrizes visa garantir que a prática seja feita de maneira eficaz e confortável. “A implementação das novas recomendações pelos hospitais é fundamental para minimizar riscos e melhorar o bem-estar dos recém-nascidos”, finalizou o Ministério da Saúde.

COMPARTILHE NAS REDES

Saúde

Saúde ocular: diagnóstico precoce evita desenvolvimento de problemas na visão

Envelhecimento, diabetes, traumatismos e até o uso incorreto de medicamentos são fatores de risco para doenças oculares

Celebrado em 10 de julho, o Dia Mundial da Saúde Ocular alerta para a prevenção e diagnóstico precoce das doenças oculares. Os problemas oculares podem ocorrer em todos os tipos de pessoas, sobretudo, em idosos, que devido ao processo de envelhecimento passam por alterações na visão, advindas de fatores naturais ou não. Catarata, glaucoma, retinopatia diabética e degeneração macular relacionada à idade são algumas das doenças que mais acometem a saúde ocular da população idosa.

Somente no estado, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP), foram realizados 3.964 procedimentos clínicos ambulatoriais por glaucoma em 2023. De janeiro a abril deste ano, foram 1.289 casos. Causada por uma pressão intraocular elevada, a doença pode levar a perda gradual da visão e se não tratada, pode causar cegueira.

O tratamento para o glaucoma é feito inicialmente com colírios. Entretanto, a doença não tem cura. Por isso, a importância do monitoramento para ter o diagnóstico precoce e evitar a perda total da visão. “São sinais de atenção a pressão intraocular acima de média e a alteração nos nervos ópticos, detectáveis no exame de fundo de olho. Além disso, o histórico familiar também deve ser analisado, pois em alguns casos a doença é hereditária”, explica Rodrigo Toledo Mota, oftalmologista e gerente médico do Ambulatório Médico de Especialidades (AME) Mauá.

A catarata, também comum na população acima dos 60 anos, é causada por fatores como envelhecimento do cristalino, traumatismos ou complicações por alguma doença, resultando nas vistas embaçadas ou turvas. “Alguns casos também podem ser influenciados pela diabetes ou uso de colírios com corticóide sem indicação médica”, afirma o especialista.

Na retinopatia diabética, o alto nível de açúcar no sangue altera o funcionamento dos vasos sanguíneos, danificando o fluxo de sangue para os órgãos do corpo. Já na degeneração macular, a idade é o fator de desenvolvimento da perda de visão parcial ou total em idosos.

Em todos os casos, existem medidas que podem evitar o desenvolvimento ou o agravamento dos problemas oculares como:

Consultar regularmente o oftalmologista
Realizar exames oftalmológicos de rotina ajuda a detectar precocemente problemas de visão. No caso de qualquer trauma ou alteração nas vistas, é recomendável marcar uma consulta. Para idosos, o ideal é passar por uma avaliação anualmente, ainda que não tenha sintomas.

Tenha uma alimentação balanceada
Os hábitos alimentares influenciam o funcionamento de todos os órgãos, principalmente os olhos, por isso, manter uma alimentação rica e variada em vegetais, proteínas e fibras é benéfico para todo o corpo.

Controlar doenças crônicas
Quadros de diabetes, hipertensão e demais comorbidades devem ser controladas para evitar complicações de saúde como as oculares, associadas a essas doenças.

Descansar a visão
Reduzir o cansaço visual causado por exposição a dispositivos eletrônicos ou luzes é fundamental para a saúde ocular. Além disso, é necessário fazer o uso correto dos óculos de grau e lentes de contato, quando indicadas, para evitar danos progressivos à visão.

Acesso à rede especializada

A SES destaca que as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) são a porta de entrada para iniciar o tratamento oftalmológico no Sistema Único de Saúde (SUS).

Após a primeira consulta na atenção básica, o paciente será encaminhado para os serviços especializados em oftalmologia do Estado ou do próprio município, dependendo do grau de complexidade de seu quadro clínico.

Nos Ambulatórios Médicos de Especialidades (AME), o paciente passa pelo tratamento e após esse período, caso tenha o diagnóstico que constate a irreversibilidade do quadro com baixa visão ou cegueira, o indivíduo pode ser encaminhado para a Rede Lucy Montoro Diadema, que oferece diversos atendimentos especializados em reabilitação física/motora e visual, destinados a proporcionar um cuidado integral e de qualidade aos pacientes.

Aqueles que são mais frequentemente acessados pelos pacientes da Reabilitação Visual incluem terapia ocupacional, nutrição, assistência social, orientação e mobilidade, e ortóptica.

COMPARTILHE NAS REDES

Saúde

Uso incorreto do protetor solar ao redor dos olhos pode causar conjuntivite tóxica

Quadro é causado quando ocorre uma agressão à conjuntiva, que é a membrana
que protege os olhos de agentes externos e ajuda a manter a lubrificação.

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

Quem nunca sentiu uma ardência nos olhos quando está na praia ou na piscina? Essa sensação normalmente vem acompanhada de olhos vermelhos, lacrimejamento e irritação e pode sinalizar uma conjuntivite tóxica. Esse quadro é bastante comum e ocorre quando há uma agressão direta aos olhos causada por um agente externo: pode ser um colírio de uso contínuo, o protetor solar, maquiagens e até mesmo o vapor do spray que é aplicado no cabelo.

Em linhas gerais, a conjuntivite tóxica é uma inflamação da conjuntiva – uma membrana fina e transparente que recobre a parte branca dos olhos (esclera) e que tem como função justamente proteger a superfície ocular de agentes externos e manter a lubrificação dos olhos, evitando o seu ressecamento.

“A conjuntivite tóxica é uma agressão que acontece tanto na córnea quanto na conjuntiva. Ela causa um quadro muito semelhante às conjuntivites de outras etiologias, sejam elas virais ou bacterianas. A principal diferença é que existe esse fator causal de contato de alguma substância específica no olho”, explicou o oftalmologista Adriano Biondi, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Segundo Biondi, a conjuntivite tóxica se confunde um pouco com as conjuntivites alérgicas e infecciosas causadas por vírus – ela apresenta um quadro um pouco mais irritativo, as pálpebras ficam um pouco mais inchadas, o olho fica avermelhado, com lacrimejamento aquoso que pode atrapalhar a visão e causar uma ceratite (inflamação na córnea). Ela é diferente da conjuntivite bacteriana, onde existe uma secreção purulenta mais exuberante. O médico explica que a conjuntivite tóxica não é contagiosa, já que é causada por um agente químico e não por um micro-organismo.

No verão, os casos costumam surgir mais frequentemente porque o excesso de suor acaba levando para dentro dos olhos partículas dos produtos que são utilizados no rosto (e até vapores desses produtos), especialmente os filtros solares. Um levantamento realizado pelo Instituto Penido Burnier, com base nos prontuários de 270 pacientes que apresentaram conjuntivite no verão, indicou que 20% desses casos eram de conjuntivite tóxica. Entre eles, 46% foram causados pelo contato do protetor solar nos olhos, 39% pelo bronzeador e cremes faciais, e 15% por maquiagens e cola de cílios postiços.

Mas, segundo médicos ouvidos pela Agência Einstein, não é para deixar de usar protetor solar no rosto, muito pelo contrário. A proteção solar é fundamental. A recomendação é usar o protetor de forma correta, evitando a aplicação em excesso de ao redor dos olhos para que o produto não escorra com o suor.

“Ao usar o protetor solar no rosto, espalhe adequadamente e não deixe acumular nos supercílios porque isso pode facilitar que escorra e entre em contato com os olhos. O uso de filtros solares infantis também são uma boa opção para proteção do rosto porque não possuem substâncias que causam irritação ocular. Hoje em dia também já existem filtros oftalmologicamente recomendados”, disse o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, que destaca ainda a importância de usar barreiras físicas para proteção, como usar chapéu, bandana e óculos que tenham filtro UVA e UVB nas lentes.

O diagnóstico da conjuntivite tóxica é clínico, feito com base no relato do paciente e no exame em consultório. Durante a avaliação, o médico consegue identificar características mais específicas, sem a necessidade de um exame mais específico. Uma vez diagnosticada, o tratamento é basicamente isolar o agente causador – por isso, é importante uma avaliação médica para direcionar o tratamento corretamente.

A principal recomendação é lavar o rosto abundantemente com água fria nos casos de irritação nos olhos durante os banhos de sol. Para um alívio maior, pessoas mais sensíveis podem aplicar compressas frias com água limpa, fresca, gelada – pode ser água mineral ou até mesmo soro fisiológico. Se evoluir para uma conjuntivite alérgica, é preciso tratar com medicamentos, sempre com orientação médica. “Os colírios têm venda livre, mas não devem ser usados nos olhos por conta própria. Alguns colírios possuem corticoides e o uso prolongado pode levar ao glaucoma ou catarata”, alertou Queiroz Neto.

Uso recorrente de colírios

Uma outra causa muito comum da conjuntivite tóxica é uso crônico de alguns colírios indicados para o tratamento de glaucoma – alguns deles possuem substâncias que podem se tornar irritativas devido ao uso prolongado. Se essa for a causa da conjuntivite, a recomendação é suspender o uso e substituir por outro que não cause os sintomas da doença.

“Para evitar esse tipo de reação no olho, alguns laboratórios têm criado colírios sem preservativos [as substâncias que levam à irritação] para quem precisa de uso regular e crônico, especialmente pessoas com olho seco e que usam lágrimas artificiais. Hoje há uma gama de opções de lágrimas artificiais que não carregam na composição esses preservativos e isso faz com que o uso prolongado e repetido não cause conjuntivite tóxica”, finalizou Biondi.

Fonte: Agência Einstein

COMPARTILHE NAS REDES

Saúde

Conheça as principais doenças que causam  deficiência visual ou cegueira e como evitá-las

Exames de rotina poderiam evitar a maioria dos casos; até 2050, metade da população mundial será míope.

 

Por Úrsula Neves, da Agência Einstein 

Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que a cada cinco segundos, um adulto perde a visão no mundo. A cada minuto, uma criança enfrenta o mesmo problema. No Brasil, há pelo menos um milhão de pessoas cegas, e quatro milhões têm deficiências visuais, possuindo até 30% da capacidade de visão, conforme dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. No Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual, celebrado nesta quarta-feira (13), os especialistas fazem um alerta crucial: de 60% a 80% desses casos poderiam ser evitados com diagnósticos precoces.

Atualmente, as principais causas de cegueira no mundo, segundo a Agência Internacional de Prevenção à Cegueira, são os erros de refração não corrigidos (miopia, astigmatismo, hipermetropia e presbiopia), a catarata, a degeneração macular relacionada à idade e o glaucoma. Outra causa significativa é a retinopatia diabética (lesão na retina causada pela diabetes).

“Na população infantil, a principal causa de cegueira é o erro refrativo não corrigido. Estima-se que 2% a 10% das crianças apresentam erro refrativo significativo. Outras causas de cegueira infantil são infecções congênitas [rubéola, sarampo e toxoplasmose congênita], retinopatia da prematuridade, catarata congênita e distrofias retinianas”, informa a médica oftalmologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Érika Sayuri Yasaki, especialista em retina e vítreo pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

 

Uso excessivo de telas prejudica a visão

O uso cada vez maior e mais cedo de celulares e outras telas tende a agravar o cenário. A OMS calcula que, até o ano de 2050, metade da população mundial será míope e terá dificuldade de ver à distância.

“Há uma expectativa de aumento da miopia nas próximas décadas como resultado da urbanização e mudança no estilo de vida, tais como menor tempo exposto ao ar livre e ampliação das atividades de perto, como o uso das telas. Houve ainda um crescimento da prevalência global de diabetes como resultado dos avanços da urbanização, consumo de alimentos menos nutritivos e hábitos sedentários que contribuem para a obesidade. Esse cenário favorece não somente o aumento do diabetes, mas também os casos de baixa de visão não acompanhados relacionados à diabetes, que é a retinopatia diabética”, alerta a oftalmologista.

 

Possíveis causas para o aumento dos casos evitáveis

A alta prevalência de doenças oculares no Brasil pode ser atribuída a diversos fatores, segundo especialistas ouvidos pela Agência Einstein. Entre elas, a insuficiência dos serviços de cuidados oculares frente à crescente demanda de prevenção e tratamento, o acesso restrito de atendimento oftalmológico nos postos de saúde e a ausência do uso de proteção ocular para indivíduos com atividades específicas.

Além do acesso limitado a intervenções eficazes, os oftalmologistas explicam que há uma porcentagem baixa de pessoas recebendo tratamentos adequados para condições como erro refrativo e catarata. Há, ainda, o próprio processo natural de envelhecimento da população brasileira, que também faz com que os casos de problema de visão aumentem.

“As variações geográficas e econômicas também influenciam nas causas de deficiência visual. Por fim, existem desafios específicos relacionados ao tratamento de certas enfermidades, como a necessidade de cirurgiões especializados para catarata e a facilidade de correção do erro refrativo com o uso de óculos ou lentes de contato”, destaca o médico oftalmologista Paulo Phillipe Moreira, chefe do setor de córnea nos hospitais Hospital Federal de Bonsucesso e do Hospital de Olhos de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.

 

Diagnóstico precoce é essencial 

A realização regular de exames oftalmológicos completos é essencial para a detecção precoce de doenças oculares. Esses exames devem incluir toda a avaliação clínica dos olhos, como acuidade visual, percepção de profundidade, alinhamento e movimento dos olhos, além de exame de pressão ocular e de fundo de olho.

Já para os recém-nascidos, um exame importante é o Teste do Olhinho, que deve ser feito pelo pediatra logo após o nascimento. “Essa triagem detecta possíveis alterações que possam causar obstrução no eixo visual, como catarata, glaucoma congênito, entre outros problemas”, pontua Yasaki, do Einstein.

Caso considere necessário, o pediatra irá encaminhar o bebê ao oftalmologista, que orientará os pais em relação ao tratamento adequado. As maternidades públicas e particulares são obrigadas por lei a realizar o exame até a alta do recém-nascido. Depois, os pais devem levar o bebê a consultas regulares com o oftalmologista, além do acompanhamento com o pediatra.

A recomendação geral para consultas ao oftalmologista é anual, desde a infância até a velhice. No entanto, para pessoas com sintomas visuais ou histórico familiar de alguma condição ocular específica, é aconselhável um acompanhamento mais individualizado.

“Para crianças, é recomendada a triagem visual, pelo menos, uma vez ao ano. Indivíduos com diabetes devem se submeter a um mapeamento de retina anualmente. Já pessoas com alto risco de desenvolver glaucoma, incluindo afro-americanos acima de 40 anos e adultos em geral acima de 60 anos, devem realizar esses exames, no mínimo, a cada dois anos”, orienta Moreira.

 

Importância de um desenvolvimento e estímulos visuais adequados 

É comum que as crianças atravessem uma fase de desenvolvimento visual enquanto estão aprendendo a enxergar. Durante esse período, é crucial que o cérebro receba imagens claras e focadas por igual nos dois olhos para garantir um desenvolvimento visual saudável. Se isso não ocorrer, a falta de estímulo visual apropriado pode resultar em alterações anatômicas e funcionais significativas.

“Neste sentido, é muito importante corrigir o erro refrativo com óculos, além do estrabismo com o uso de tampão (oclusor) e ainda tratar a ambliopia (chamado popularmente de “olho preguiçoso”) nas crianças o mais precocemente possível para que os danos provocados na visão não sejam irreversíveis”, esclarece a oftalmologista do Einstein.

Diversos estudos sugerem que uma maior exposição à luz natural e mais tempo gasto olhando para objetos distantes podem ser fatores-chave para a prevenção de doenças oculares, como a miopia. “A luz natural está relacionada à liberação de dopamina, substância que, na retina, contribui para o controle da miopia. Sendo assim, são recomendadas atividades ao ar livre por pelo menos três horas por dia, sobretudo para as crianças, além do controle dos minutos de tela”, orienta Yasaki.

A OMS recomenda que crianças menores de dois anos não tenham acesso a telas. Entre dois e cinco anos, o tempo máximo diário recomendado é de uma hora. Dos seis aos dez anos, o tempo máximo é de uma a duas horas por dia. Para jovens de 11 a 17 anos, o limite é de duas a três horas por dia. A orientação da OMS ressalta a importância de os pais ou responsáveis supervisionarem sempre os conteúdos que os filhos acessam.

Fonte: Agência Einstein

COMPARTILHE NAS REDES