NOVO MODELO

Brasil e Mundo

Contran aprova resolução que retira exigência de autoescola para CNH

© Marcello Casal JrAgência Brasil
Custo para tirar o documento poderá cair em 80%
Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil
O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) aprovou, nesta segunda-feira, dia º, a resolução que muda o processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A principal mudança é o fim da obrigatoriedade de frequentar aulas de autoescola na preparação para os exames teórico e prático dos departamentos de Trânsito (Detrans).

Com isso, o custo para tirar o documento, que hoje chega a R$ 5 mil, poderá cair em 80%. 

Após passar por consulta pública, o texto proposto pelo Ministério dos Transportes foi aprovado por unanimidade pelo Contran e entrará em vigor assim que for publicada no Diário Oficial da União.

De acordo com a pasta, o objetivo das mudanças é modernizar o processo de obtenção da CNH e tornar o documento mais acessível e barato para a população, especialmente nas categorias A (motocicletas) e B (veículos de passeio). Segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito, 20 milhões de brasileiros já dirigem sem habilitação e mais 30 milhões têm idade para ter a CNH mas não possuem o documento.

Além de tornar o trânsito mais seguro, o ministro dos Transportes, Renan Filho, argumenta que a proposta também busca promover a inclusão produtiva.

 “O Brasil tem milhões de pessoas que querem dirigir, mas não conseguem pagar. Baratear e desburocratizar a obtenção da CNH é uma política pública de inclusão produtiva, porque habilitação significa trabalho, renda e autonomia. Estamos modernizando o sistema, ampliando o acesso e mantendo toda a segurança necessária”, afirmou, em comunicado.

A resolução prevê que o candidato possa escolher diferentes formas de se preparar para os exames teórico e prático, que continuarão obrigatórios para a emissão da CNH. Ainda segundo Renan Filho, são esses exames que atestam se o condutor está devidamente capacitado para dirigir.

“O novo modelo segue padrões internacionais adotados por países como Estados Unidos, Reino Unido e Canadá, onde o foco é a avaliação, não a quantidade de aulas”, explicou.

O que muda

A abertura do processo para tirar a CNH poderá ser feita diretamente pelo site do Ministério dos Transportes ou por meio da Carteira Digital de Trânsito (CDT). O cidadão ainda precisará comparecer presencialmente a etapas como coleta biométrica e exame médico.

A resolução prevê curso teórico gratuito e digital. O ministério disponibilizará o conteúdo online sem custos para o candidato mas, quem preferir, poderá estudar presencialmente em autoescolas ou instituições credenciadas.

Também haverá flexibilização das aulas práticas e abertura para instrutores credenciados pelos Detrans, aumentando as opções para o cidadão. O novo modelo retira a exigência de 20 horas-aula práticas. Agora, a carga horária mínima será de duas horas.

O candidato poderá escolher como fará sua preparação: contratando um centro de formação de condutores tradicional ou um instrutor autônomo. Nenhum profissional poderá atuar sem credenciamento oficial: todos passarão por fiscalização pelos órgãos estaduais, deverão cumprir requisitos padronizados nacionalmente e serão identificados digitalmente na CDT.

O texto também prevê a facilitação dos processos de obtenção da CNH para as categorias C (veículos de carga, como caminhões), D (transporte de passageiros, como ônibus) e E (carretas e veículos articulados) permitindo mais opções de formação, com o objetivo de tornar o processo mais ágil e menos burocrático.

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Economia

OCDE elogia reforma tributária e prevê economia mais competitiva no Brasil

© REUTERS/Charles Platiau/Direitos Reservados

A reforma tributária brasileira deve tornar o país mais competitivo e atrativo para investimentos, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O estudo internacional, divulgado nesta segunda-feira, dia 10, reconhece o novo modelo de tributação sobre o consumo como um avanço histórico na simplificação de impostos.

De acordo com o relatório The Reform of Brazil’s Consumption Tax System (A Reforma Brasileira do Sistema Tributário sobre o Consumo), o novo sistema criará um ambiente econômico mais justo, transparente e previsível — fatores essenciais para o crescimento sustentável.

A principal mudança é a criação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) moderno, que substituirá cinco tributos atualmente em vigor nos âmbitos federal, estadual e municipal.
O modelo será dual, composto por um IVA federal e outro estadual/municipal, ambos com as mesmas regras e bases de cálculo.

Segundo o relatório, essa padronização reduz a complexidade e elimina distorções que há décadas dificultam o ambiente de negócios no Brasil.

“Essa reforma representa grande promessa para um ambiente econômico mais competitivo e favorável aos investidores”, diz o documento da OCDE.

Um dos pontos mais elogiados pela organização é a uniformidade na base de cálculo entre as esferas de governo.
Nem o governo federal nem os estados e municípios poderão alterar individualmente as regras ou criar exceções, o que deve aumentar a segurança jurídica para empresas e consumidores.

O relatório aponta que essa unificação tem potencial para simplificar o sistema atual e reduzir custos operacionais, além de garantir maior transparência nas arrecadações.

A OCDE também alerta que o sucesso da reforma dependerá da coordenação entre as instâncias administrativas.
Será essencial que estados e municípios adotem interpretações padronizadas das normas, evitando que cada ente federativo crie regulações próprias — prática comum no modelo atual.

“Permitir que cada um dos 27 estados e 5.570 municípios emita regulamentos e interpretações individuais prejudicaria o objetivo da reforma”, destaca o texto.

Com a implementação do IVA dual e a simplificação de processos, a reforma é considerada pela OCDE um marco na modernização do sistema tributário brasileiro.

Especialistas apontam que o novo modelo deve estimular investimentos, reduzir litígios e impulsionar o crescimento econômico nos próximos anos.

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Brasil e Mundo

Governo oferecerá cursos gratuitos para obtenção de CNH

© Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Um novo mercado será formado para os instrutores, diz ministro
Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil

O governo federal anunciou mudanças que prometem simplificar e baratear a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A novidade vai além da redução do número de aulas práticas e inclui cursos gratuitos, que poderão ser oferecidos online ou em escolas públicas.

A ideia é tirar a obrigatoriedade de aulas exclusivamente em autoescolas, permitindo que o aluno contrate instrutores certificados diretamente. O credenciamento será feito pelo Ministério dos Transportes ou pelos Detrans estaduais.

O ministro Renan Filho detalhou as propostas durante o programa Bom Dia, Ministro, da EBC, nesta quarta-feira, dia 29, e reforçou que a expectativa é que as novas regras comecem ainda este ano, por meio de resolução do Contran, após audiências públicas abertas até 2 de novembro.

Segundo o ministério, algumas regiões do país chegam a cobrar R$ 5 mil pelo processo de habilitação, que pode durar até 9 meses. “Custa mais do que três salários mínimos. É um modelo impeditivo que leva as pessoas para a ilegalidade”, afirmou Renan Filho.

Levantamentos indicam que 54% dos CPFs que adquiriram motocicletas não têm habilitação. Em alguns estados, o índice chega a 70%. O ministro estima que 20 milhões de brasileiros dirigem sem CNH, destacando a urgência da mudança.

Como funcionará o novo modelo

Atualmente, quem deseja habilitar-se para carro e moto precisa cumprir:

  • 45 horas-aulas teóricas

  • 20 horas práticas para moto

  • 20 horas práticas para carro

Ou seja, 85 horas de aulas, além da prova escrita. O governo quer flexibilizar isso, permitindo que o cidadão escolha o instrutor, inclusive usando seu próprio veículo, desde que identificado com adesivos ou ímãs.

Outra possibilidade é oferecer cursos em escolas públicas, preparando jovens para a prova de legislação, direção defensiva, cidadania e meio ambiente. “Por que as escolas não preparam o cidadão para tirar CNH? Elas poderiam preparar também”, disse o ministro.

Renan Filho garantiu que as autoescolas não acabarão, mas perderão a obrigatoriedade de fornecer aulas práticas. Isso permitirá maior competição e deve reduzir os preços. Muitos instrutores são favoráveis à mudança, já que poderão negociar diretamente com os alunos.

O ministério estima que cerca de 200 mil instrutores poderão atuar com a nova legislação, número que pode crescer com novos credenciamentos. “Se mais gente vai tirar CNH, mais instrutores serão necessários. Essa mudança cria um novo mercado”, explicou o ministro.

O governo ainda discute se haverá mínimo de horas obrigatórias de aula prática, enquanto as audiências públicas continuam abertas até 2 de novembro. A expectativa é que o modelo simplificado torne o processo mais rápido, barato e acessível para milhões de brasileiros.

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