NEGOCIAÇÕES

Brasil e Mundo

Lula conversa com Trump sobre retirada de sobretaxa

© Reuter/Yuri Gripas e Marcelo Camargo/Agência Brasil
Brasileiro diz que deseja “avançar rápido” nas negociações
Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou, nesta terça-feira, dia 2, para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e afirmou que deseja “avançar rápido” nas negociações para retirada da sobretaxa de 40% imposta pelo governo norte-americano, que ainda vigora sobre alguns produtos brasileiros.

Lula e Trump também conversaram sobre cooperação para o combate ao crime organizadoEm comunicado, o Palácio do Planalto informou que a conversa entre os líderes foi “muito produtiva” e durou 40 minutos.

No dia 20 de novembro, a Casa Branca anunciou a retirada de 238 produtos da lista do tarifaço, entre eles, café, chá, frutas tropicais e sucos de frutas, cacau e especiarias, banana, laranja, tomate e carne bovina.

De acordo com o governo, 22% das exportações brasileiras para os Estados Unidos ainda permanecem sujeitas às sobretaxas. No início da imposição das tarifas, 36% das vendas brasileiras ao mercado norte-americano estavam submetidas a alíquotas adicionais.

Na conversa com Trump, Lula indicou ter sido muito positiva a decisão do governo estadunidense, mas destacou que “ainda há outros produtos tarifados que precisam ser discutidos entre os dois países e que o Brasil deseja avançar rápido nessas negociações”.

tarifaço imposto ao Brasil faz parte da nova política da Casa Branca, inaugurada pelo presidente Donald Trump, de elevar as tarifas contra parceiros comerciais na tentativa de reverter a relativa perda de competitividade da economia dos Estados Unidos para a China nas últimas décadas.

No dia 2 de abril, Trump impôs barreiras alfandegárias a países de acordo com o tamanho do déficit que os Estados Unidos têm com cada nação. Como os EUA têm superávit com o Brasil, na ocasião, foi imposta a taxa mais baixa, de 10%. Mas, em 14 de novembro, o país norte-americano também isentou determinados produtos agrícolas brasileiros dessas tarifas recíprocas.

Já em 6 de agosto, entrou em vigor uma tarifa adicional de 40% contra o Brasil em retaliação a decisões que, segundo Trump, prejudicariam as big techs estadunidenses e em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado por liderar uma tentativa de golpe de Estado.

As decisões dos EUA, de revogar parte das tarifas, foi influenciada pelo diálogo recente entre Trump e o presidente Lula, durante encontro na Malásia, em outubro, e outros contatos telefônicos que foram seguidos de negociações entre as equipes dos dois países.

O Brasil busca avançar nas tratativas para retirar novos produtos da lista de itens tarifados. Após algum alívio para o agronegócio, o governo avalia que os produtos industriais permanecem como foco de preocupação. Parte desses segmentos, especialmente bens de maior valor agregado ou fabricados sob encomenda, têm mais dificuldade para redirecionar exportações para outros mercados.

Temas não tarifários também seguem na pauta de discussão, incluindo áreas como terras rarasbig techs, energia renovável e o Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center (Redata).

Crime organizado

Durante a conversa com Trump nesta terça-feira, o presidente Lula ainda falou sobre “a urgência” em reforçar a cooperação com os EUA para combater o crime organizado internacional. O brasileiro destacou as recentes operações realizadas no Brasil pelo governo federal para “asfixiar financeiramente” o crime organizado e identificou ramificações que operam a partir do exterior.

Recentemente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também afirmou a importância de um diálogo direto para coibir crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Segundo ele, os criminosos usam o estado de Delaware, nos Estados Unidos, como paraíso fiscal para tirar ilegalmente dinheiro do Brasil e depois trazê-lo de volta “lavado”. A última operação foi de R$ 1,2 bilhão de envio para esses fundos em Delaware.

“O presidente Trump ressaltou total disposição em trabalhar junto com o Brasil e que dará todo o apoio a iniciativas conjuntas entre os dois países para enfrentar essas organizações criminosas”, diz o comunicado do Palácio do Planalto.

“Os dois presidentes concordaram em voltar a conversar em breve sobre o andamento dessas iniciativas”, acrescenta.

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Brasil e Mundo

Lula e Macron se comprometem a mais diálogo para acordo Mercosul-UE

Em conversa por telefone, presidentes reforçam cooperação e repudiam tarifas protecionistas dos EUA contra o Brasil

Em meio à imposição de tarifas comerciais pelos Estados Unidos, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Emmanuel Macron, da França, comprometeram-se com a conclusão das negociações para a assinatura do acordo entre Mercosul e União Europeia. O compromisso foi firmado durante um telefonema nesta quarta-feira, dia 20. Inegavelmente, este acordo tem enfrentado resistências por mais de duas décadas, sobretudo por parte da França, que levanta preocupações ambientais sobre a produção agrícola e industrial.

Por outro lado, o presidente Lula defende que as objeções francesas refletem um protecionismo em relação aos seus próprios interesses agrícolas. Atualmente, o Brasil ocupa a presidência do Mercosul com o objetivo principal de finalizar o acordo com o bloco europeu.

A sinalização de Macron alinha-se aos interesses do Brasil em diversificar parcerias e ampliar acordos que fortaleçam o Sul Global. Segundo uma nota do Palácio do Planalto, “Macron e Lula comprometeram-se a ultimar o diálogo com vistas à assinatura do acordo Mercosul-União Europeia ainda neste semestre, durante a presidência brasileira do bloco”. Assim, o Brasil continuará a trabalhar para concluir novos acordos comerciais e abrir mercados para sua produção.

A conversa entre os dois líderes, que durou quase uma hora, abordou uma vasta gama de temas bilaterais e globais. Primeiramente, eles reafirmaram seu apoio ao multilateralismo e ao livre comércio. Juntamente com isso, demonstraram a intenção de promover uma maior cooperação entre nações desenvolvidas e o Sul Global, a fim de que o comércio global se baseie em regras acordadas multilateralmente.

Nesse sentido, o Mercosul, que já fechou um acordo com a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta) — composta por Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça —, também negocia com novos parceiros, como Japão, Vietnã e Indonésia. Por essa razão, Lula articula uma cúpula virtual do Brics para setembro, inclusive para discutir as recentes tarifas impostas pelos EUA.

Analistas consultados pela Agência Brasil avaliam que a medida norte-americana pode ser uma chantagem política, principalmente para atingir o Brics. Afinal, Washington enxerga o grupo de potências emergentes como uma ameaça à hegemonia do dólar nas trocas comerciais. Como resultado, em 6 de agosto, Donald Trump elevou as tarifas de importação de alguns produtos brasileiros para 50%, alegando retaliação a decisões do Brasil que, segundo ele, prejudicariam as big techs estadunidenses. Além disso, a medida foi vista como uma resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de liderar uma tentativa de golpe após as eleições de 2022.

Durante o telefonema, Lula repudiou veementemente o uso político de tarifas comerciais contra o Brasil. O presidente brasileiro também informou a Macron sobre as medidas que o governo adotou para proteger trabalhadores e empresas, e sobre o recurso que o país apresentou à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as “injustificadas tarifas” dos EUA.

COP30 e a busca pela paz

No decorrer da conversa, Macron confirmou sua participação na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que o Brasil sediará em Belém, no Pará, em novembro de 2025. Para Lula, a COP30 será “a COP da verdade”, pois ficará claro quais países realmente acreditam na ciência para enfrentar as mudanças climáticas. De acordo com o Planalto, Lula destacou a ambição das metas brasileiras e a importância de que a União Europeia apresente metas à altura do desafio.

Ademais, os dois líderes trocaram impressões sobre as negociações de paz entre Rússia e Ucrânia. Recentemente, Macron esteve na Casa Branca acompanhando o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em um encontro com Donald Trump, que pressiona por uma solução para a guerra. No telefonema, o presidente francês elogiou o papel do Grupo de Amigos da Paz, uma iniciativa liderada por Brasil e China que busca estabelecer entendimentos comuns para apoiar os esforços globais pela paz.

Finalizando a conversa, Lula demonstrou preocupação com o aumento dos gastos militares no mundo, enquanto cerca de 700 milhões de pessoas ainda sofrem com a fome. Nesse sentido, o presidente brasileiro defendeu a reforma das instituições multilaterais, com a finalidade de criar uma governança global mais representativa e democrática. O presidente também registrou que o Brasil saiu do Mapa da Fome da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), destacando, assim, a urgência de priorizar a segurança alimentar global.

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Economia

Plano de contingência sobre tarifas dos EUA já foi apresentado a Lula

© Washington Costa/MF
Segundo Haddad, o Brasil não sairá da mesa de negociações
Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta segunda-feira, dia 28, o plano de contingenciamento para ajudar empresas afetadas pela tarifa de 50% aos produtos brasileiros impostas pelos Estados Unidos, disse nesta noite o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele reiterou que o Brasil não pretende sair da mesa de negociações e continuará a dar prioridade ao diálogo para tentar reverter a medida.

Formulado pelos Ministérios da Fazenda; do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; das Relações Exteriores; e pela Casa Civil, o plano de contingência agora está sob análise de Lula, que tomará uma decisão, caso os Estados Unidos não adiem a entrada em vigor da tarifa, prevista para a próxima sexta-feira (1º).

“Nós nos debruçamos sobre isso hoje. Os cenários possíveis já são de conhecimento do presidente [Lula]. Ainda não tomamos nenhuma decisão, porque nem sabemos qual será a decisão dos Estados Unidos no dia 1º. O importante é que o presidente tem na mão os cenários todos que foram definidos pelos quatro ministérios”, declarou Haddad, que não adiantou detalhes sobre o plano de socorro.

Apesar da apresentação do plano de contingência, Haddad informou que a prioridade do governo brasileiro continua a ser o diálogo com os Estados Unidos. Mais cedo, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, informou que o governo brasileiro está tendo diálogos “com reserva” com o governo estadunidense.

“Combinamos de apresentar para ele [Lula] o plano de contingência com todas as possibilidades que estão à disposição do Brasil e dele à frente da Presidência da República. O foco continua sendo as negociações”, afirmou Haddad, em entrevista a jornalistas ao deixar o ministério na noite desta segunda.

O ministro da Fazenda afirmou que Alckmin está em “contato permanente e à disposição permanentemente” das autoridades estadunidenses. “O foco, por determinação do presidente, é negociar, tentar evitar medidas unilaterais, mas, independentemente da decisão que o governo dos Estados Unidos vai tomar, nós vamos continuar abertos à negociação”, reiterou Haddad.

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Brasil e Mundo

Ucrânia e Rússia anunciam ampla troca de prisioneiros após acordos em Istambul

Kiev e Moscou planejam a troca de 500 prisioneiros de cada lado neste fim de semana, com negociações avançando para a inclusão de civis e a recuperação de restos mortais, apesar das críticas de Zelensky às condições russas para um cessar-fogo

Ucrânia e Rússia se preparam para uma das maiores trocas de prisioneiros desde o início do conflito, com a previsão de que 500 detentos de cada lado sejam libertados já neste fim de semana. O anúncio foi feito pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, nesta quarta-feira, 4 de junho, durante uma videoconferência de imprensa na sede da OTAN, em Bruxelas, onde se reuniram ministros da Defesa dos aliados de Kiev.

O acordo preliminar, alcançado em Istambul, na Turquia, na última segunda-feira, 2 de junho, previa inicialmente a libertação de prisioneiros feridos, gravemente doentes ou com menos de 25 anos.

“Hoje, as nossas equipas realizaram consultas sobre a troca acordada. O lado russo informou-nos que está pronto para transferir 500 pessoas neste fim de semana, no sábado ou domingo, das cerca de mil que acordámos trocar, pelo que estamos prontos para trocar a quantidade correspondente”, afirmou Zelensky.

O presidente ucraniano também mencionou a possibilidade de incluir jornalistas e outros civis ucranianos mantidos em cativeiro pelas autoridades russas nas próximas trocas. Além da troca de prisioneiros, ambos os lados concordaram em restituir os restos mortais de 6.000 soldados mortos de cada lado que estão em posse do inimigo.

Histórico de Trocas e Desafios nas Negociações de Paz

Esta não é a primeira vez que as partes se sentam à mesa para discutir trocas. Em 16 de maio, também em Istambul, Rússia e Ucrânia já haviam concordado em trocar mil prisioneiros de cada lado, a maior troca até então, que foi realizada em três fases dias depois. No encontro desta segunda-feira, a delegação ucraniana também entregou à parte russa uma lista com os nomes de centenas de crianças ucranianas que teriam sido deportadas por Moscou dos territórios ocupados na Ucrânia.

Apesar do avanço nas trocas de prisioneiros, Zelensky reiterou que as negociações de paz em Istambul, no formato atual, “não fazem sentido” e defendeu a necessidade de um nível mais elevado de diálogo. “Precisamos de um cessar-fogo. Precisamos de paz real (…), de segurança real, e recomendamos utilizar todos os métodos disponíveis para alcançar”, disse.

Condições Inaceitáveis e Críticas de Zelensky

O presidente ucraniano tem sido crítico quanto à composição da delegação russa nas duas rodadas de negociação, liderada por um conselheiro presidencial júnior, considerando-a “não adequada” para decidir sobre um cessar-fogo. “Continuar com reuniões diplomáticas em Istambul a um nível que não permite resolver alguma coisa não faz sentido”, afirmou.

Zelensky reiterou seu desejo de se encontrar com os presidentes russo, Vladimir Putin, e norte-americano, Donald Trump, com a presença do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, para avançar nas conversas de paz. “Estamos prontos para tal reunião a qualquer momento”, garantiu, acrescentando que “oferecerá um cessar-fogo aos russos antes de os líderes se encontrarem”.

No entanto, o líder ucraniano alertou que as condições apresentadas pela delegação russa para um cessar-fogo são “inaceitáveis”. Na reunião de segunda-feira, Moscou teria exigido a retirada das forças ucranianas das regiões anexadas pela Rússia, a não entrada de Kiev na OTAN e limitações no tamanho do exército da Ucrânia.

“Isto é um ultimato que o lado russo nos está a dar”, denunciou Zelensky, defendendo que a Rússia deve ser forçada a aceitar a diplomacia para pôr fim à guerra. Para o presidente ucraniano, Moscou estaria tentando ganhar tempo, enquanto o exército avança na linha da frente, e estaria mantendo negociações apenas para agradar a Donald Trump, que tem buscado a interrupção dos combates.

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