MEIO AMBIENTE

Brasil e Mundo

Justiça torna Carrefour réu por vazamento de óleo diesel em Santos

Caso ocorreu em 2021 e atingiu praias e animais aquáticos
Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil

A Justiça Federal tornou réu o grupo varejista Carrefour por crimes ambientais causados pelo vazamento de óleo diesel aditivado em Santos, no litoral paulista. 

O evento ocorreu na madrugada do dia 4 de maio de 2021, quando dois mil litros de óleo diesel aditivado vazaram de um sistema de geradores de uma das lojas do Carrefour e foram parar em galerias pluviais, atingindo diversas praias de Santos e causando a morte de animais aquáticos.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), autor da ação contra o Carrefour, o crime ambiental ainda provocou distúrbios respiratórios em moradores das proximidades devido ao forte cheiro.

O vazamento foi provocado pelo rompimento de uma braçadeira enferrujada, desgastada por falta de manutenção, informou o órgão.

Para o MPF, a empresa foi omissa na adoção de medidas preventivas e também nas providências emergenciais necessárias para evitar que o produto se espalhasse.

“A conduta esperada da ré seria efetuar o monitoramento do local, a manutenção e a substituição periódica preventiva da braçadeira e da tubulação, em vez de manter a braçadeira enferrujada. Também era conduta esperada comunicar o vazamento do óleo imediatamente ao Poder Público, em vez de, para evitar que fosse identificada como a causadora da poluição, ocultar o fato e limpar o local, destinando o óleo para o ralo que drenava para a galeria e ao escoamento das águas pluviais que deságuam no mar”, apontou o procurador da República Antonio José Donizetti Molina Daloia.

Caso seja condenada, explicou o Ministério Público Federal (MPF), a empresa poderá ter que pagar multas, custear programas e projetos ambientais e o estabelecimento poderá ser interditado.

Procurado pela Agência Brasil, o Grupo Carrefour Brasil informou que não se manifesta sobre processos judiciais em andamento.

COMPARTILHE NAS REDES

Valinhos

Com destaque em arborização urbana, Prefeitura incentiva conservação e manutenção ambiental em Valinhos

Pesquisa do IBGE coloca Valinhos em 4º lugar na RMC com 92,74% dos domicílios com árvores no entorno, levando a prefeitura a autorizar remoções apenas com análise técnica e replantio de espécies adequadas

Valinhos foi destaque em arborização urbana nas recentes pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) –  Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios – que aponta que 92,74% dos domicílios possuem árvores no seu entorno. Para garantir a conservação e a manutenção ambiental, a Secretaria do Verde e da Agricultura da Prefeitura de Valinhos só autoriza a remoção de árvores após análise técnica, garantindo o replantio compensatório de espécies adequadas.

No levantamento de dados do IBGE, a cidade ficou em 4º lugar no ranking na Região Metropolitana de Campinas (RMC). Dos 92,74% dos domicílios apontados equivale a 49.824 residências de um total de 53.724.

“Valinhos é hoje uma cidade preocupada com o meio ambiente e seus impactos, principalmente na qualidade de vida da população”, analisou o secretário do Verde e da Agricultura, André Reis. Segundo ele, a pesquisa vai ao encontro de uma das metas da Pasta recém-criada pelo prefeito Franklin Duarte de Lima, que é a preservação aliada às preocupações ambientais e humanas.

Plantio de espécies adequadas

No balanço do mês de março deste ano, o Departamento de Meio Ambiente da Secretaria do Verde recebeu 25 pedidos de remoção de árvores, em áreas particulares, no calçamento e poda. “Para que ocorra a remoção são avaliados o estado fitossanitário (saúde), risco de queda, finalidade do pedido, altura, porte e localização da árvore”, enumerou o diretor do Meio Ambiente Theophilo Olyntho de Arruda Neto.

A análise do pedido é feita pela equipe técnica, composta por engenheiros agrônomos e biólogos. Em média, levam sete dias para sua análise, dependendo da documentação entregue e da complexidade do caso. As autorizações têm validade de um ano para a efetiva remoção.

Outra preocupação é incentivar o plantio adequado. Conforme o diretor, as espécies mais indicadas para as calçadas são a carobinha, quaresmeira, manacá, jequitibá rosa, pitangueira. “O prazo para execução de plantio compensatório são de três meses a partir da emissão da autorização de remoção, com acompanhamento do plantio durante dois anos de forma semestral, gerando quatro laudos”, detalhou o diretor.

Em áreas públicas, o serviço é executado pela Secretaria de Serviços Públicos. Já para a remoção em áreas particulares fica a cargo do proprietário, após liberação.

Pesquisa revela maior percentual de domicílios na cidade com árvores no entorno

Os dados foram divulgou no último dia 17 pelo Censo Demográfico 2022: Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios. Dentre os dados divulgados estão: Arborização, Via pavimentada, Bueiro ou boca de lobo, Iluminação pública, Ponto de ônibus ou van, Circulação de ônibus e caminhões na via, Via sinalizada para bicicletas, Calçada ou passeio, Obstáculo na calçada e Rampa para cadeirantes.

Entre as 20 cidades da região, apenas outras quatro possuem índice acima dos 90%. O destaque ficou com Santa Bárbara D’Oeste (94,86%), Nova Odessa (93,97%), Holambra (93,56%) e Indaiatuba (90,06%). O percentual de Valinhos também é maior do que o registrado no Estado (74,93%), no Brasil (66,56%) e em todas as capitais nacionais.

De acordo com o secretário André Reis, a arborização urbana proporciona um ambiente mais puro e equilibrado, sendo fundamental para a sobrevivência de várias espécies vegetais e animais, assim como também impacta o homem em sua saúde física e mental.

COMPARTILHE NAS REDES

RMC

Caminhada “Farmácia na Floresta” apresenta ervas medicinas da Mata de Santa Genebra

Crédito: Fernanda Sunega

 

Alunos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp farão identificação e recomendação do preparo e uso seguro e eficaz de plantas medicinais

 

Interessados em desfrutar de uma caminhada pela mata e ainda aprender sobre plantas medicinais estão convidados para a “Farmácia na Floresta”, que acontecerá na ARIE Mata Santa Genebra no dia 25 de abril, próxima sexta-feira, das 9h às 10h45. A atividade é aberta a todos e não é necessário fazer inscrição, basta chegar com dez minutos de antecedência na Mata, localizada na rua Mata Atlântica, 447, Bosque de Barão, Campinas. No encontro, será apresentada a utilização do guaco (Mikania glomerata) que pode auxiliar no tratamento de problemas respiratórios.

No local, alunos da graduação e pós-graduação da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp farão apresentação sobre a planta medicinal com foco na correta identificação das espécies e recomendações da preparação para o uso seguro e eficaz. A atividade é uma parceria entre a Fundação José Pedro de Oliveira (FJPO), que administra a Mata de Santa Genebra, e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp.

Cristiano Krepsky, biólogo da Mata, destaca que a FJPO tem buscado promover atividades que integram a conservação da floresta com a saúde da comunidade.”O Farmácia na Floresta é uma atividade que faz parte da abordagem que busca sensibilizar a comunidade para essa relação direta que existe entre a saúde da natureza e a saúde das pessoas”, afirma o biólogo.

Após o bate-papo, os participantes poderão ainda realizar uma caminhada leve pela floresta. Dúvidas podem ser encaminhadas para contato.fundacao@fjposantagenebra.sp.gov.br

 

Sobre a ARIE Mata de Santa Genebra

A Mata de Santa Genebra ocupa uma área de 251,77 hectares, o equivalente a 300 campos de futebol, é o maior fragmento florestal da Região Metropolitana de Campinas e abriga uma grande diversidade de animais.

A Mata de Santa Genebra é uma Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE). Sua gestão é compartilhada entre a Fundação José Pedro de Oliveira e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICM-Bio).

Somente do grupo de vertebrados são 365 espécies, sendo 38 de répteis, 20 de anfíbios, 247 de aves, 56 de mamíferos e 4 de peixes. Quanto aos invertebrados (insetos, moluscos, aracnídeos, etc.) não há um valor definido, o grupo de invertebrados mais conhecido de Mata é o das borboletas, com 700 espécies identificadas.

Dentre os animais já identificados na Mata há alguns que estão na lista de espécies ameaçadas, como a onça-parda (Puma concolor), o gato-do-mato-do-sul (leopardos guttulus) e a jaguatirica (Leopardus pardalis).

Outras espécies, como o bugio-ruivo (Alouatta guariba), o macaco-prego (Sapajus nigritus) e diversas aves estão na lista de quase ameaçadas.

 

 

SERVIÇO

Visitas à Mata de Santa Genebra

Visita autoguiada

Recomendada para visitas individuais ou em pequenos grupos. Visitantes caminham sem o acompanhamento de um condutor por roteiros pré-determinados. É possível realizar caminhas curtas de 900m metros até 2 km.

Para consultar as datas e horários disponíveis e realizar sua inscrição acesse:

https://www.fjposantagenebra.sp.gov.br/visita-autoguiada

 

Visita em grupo

Para contato com os condutores autorizados acesse https://www.fjposantagenebra.sp.gov.br/visita-monitorada-para-grupos

 

Escolas públicas e entidades Filantrópicas

As vagas são limitadas e abertura da agenda ocorre nos meses de fevereiro e julho. Mais informações e inscrições acesse

https://www.fjposantagenebra.sp.gov.br/escolas-publicas-e-entidades-filantropicas

 

Eventos e atividades culturais

Agenda nas redes sociais:

fjposantagenebra.sp.gov.br

facebook.com/matadesantagenebra

http://instagram.com/matasantagenebra/

 

Telefone de contato: (19) 3749-7200

Endereço: rua Mata Atlântica, 447 – Bosque de Barão Geraldo

Campinas – SP

COMPARTILHE NAS REDES

Valinhos

Valinhos se destaca em arborização urbana na RMC, aponta Censo 2022

Pesquisa do IBGE revela que mais de 92% dos domicílios de Valinhos possuem árvores no entorno, colocando a cidade em quarto lugar na região metropolitana

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – divulgou no último dia 17, o resultado do Censo Demográfico 2022: Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios. Dentre os dados divulgados estão: Arborização, Via pavimentada, Bueiro ou boca de lobo, Iluminação pública, Ponto de ônibus ou van, Circulação de ônibus e caminhões na via, Via sinalizada para bicicletas, Calçada ou passeio, Obstáculo na calçada e Rampa para cadeirantes.

Valinhos se destacou no quesito arborização urbana, sendo a quarta cidade da Região Metropolitana de Campinas – RMC – com o maior percentual de domicílios com árvores no entorno.

De acordo com o Censo, 92,74% dos domicílios particulares e ocupados em Valinhos tinham ao menos uma árvore no entorno na época da pesquisa. Isso equivale a 49.824 domicílios de um total de 53.724.

Entre as 20 cidades da RMC, apenas outras quatro possuem índice acima dos 90%. O destaque ficou com Santa Bárbara D’Oeste (94,86%), Nova Odessa (93,97%), Holambra (93,56%) e Indaiatuba (90,06%). O percentual de Valinhos também é maior do que o registrado no Estado (74,93%), no Brasil (66,56%) e em todas as capitais nacionais.

A arborização urbana é uma das metas da Secretaria do Verde e da Agricultura criada pelo prefeito Franklin (PL) em janeiro deste ano.

A arborização urbana proporciona um ambiente mais puro e equilibrado. Por isso, ela é fundamental para a sobrevivência de várias espécies vegetais e animais; e, também, para que o homem tenha uma saúde física e psicológica mais saudável.

Para que haja equilíbrio ambiental e uma sadia qualidade de vida nas cidades, é essencial que as pessoas apoiem e contribuam para a arborização urbana.

A presença de árvores proporciona diversos benefícios para uma boa qualidade ambiental e de saúde das pessoas:

oferecem sombreamento para pessoas, edificações e veículos, e consequente melhoria da temperatura ambiente, reduzindo a temperatura e o abafamento (em especial nas cidades grandes onde o concreto das ruas esquenta demais com o calor do sol);

aumentam e controlam a umidade do ar por meio da evapotranspiração;

ajudam a reduzir o consumo de energia com aparelhos de ar condicionado, pois refrescam o ambiente naturalmente;

amortecem ruídos e barulhos, diminuindo a poluição sonora;

direcionam o vento e protegem contra ventanias;

diminuem pragas e agentes vetores de doenças, pois as árvores servem de abrigo para a avifauna e a entomofauna urbana, o que proporciona uma grande variedade de espécies no local, e contribui para o equilíbrio da cadeia alimentar;

reduzem o impacto da água das chuvas e seu escorrimento superficial;

melhoram as condições de permeabilidade do solo, o que diminui a formação de poças e a ocorrência de alagamentos e enchentes (salientando que a árvore deve ser plantada num espaço adequado para ela, o “espaço árvore” ou em uma “calçada ecológica”);

protegem o solo da erosão e os rios, córregos e lagos de assoreamento;

evitam o carreamento de partículas para os cursos d’água;

protegem inclusive o asfalto do impacto das águas das chuvas e dos raios solares, permitindo uma maior durabilidade dele e menos gastos com manutenção;

fornecem frutas, sementes, folhas e flores, que perfumam, colorem e alimentam as pessoas e os bichos;

ajudam no combate ao aquecimento global e às mudanças climáticas, capturando CO2 da atmosfera;

promovem ambientes acolhedores e ar limpo para a prática de esportes e lazer ao ar livre;

promovem a valorização financeira de imóveis em ruas bem arborizadas.

Melhoram a saúde física e mental das pessoas, pois o contato com a natureza promove a queda da ansiedade e do estresse.

 

Confira outros dados da pesquisa Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios do IBGE

Característica                                    Possui(%)

Arborização                                      92,74

Bueiros ou bocas de lobo            83,55%

Via pavimentada                             96,60

Via sinalizada para bicicletas       1,81

Iluminação pública                          98,99

Rampa para Cadeirante               5,34%

Calçada ou passeio                         92,97%

Obstáculos na Calçada                  62,68%

COMPARTILHE NAS REDES

RMC

Viveiro Municipal de Campinas tem cerca de 250 mil mudas de árvores e 80 mil flores e plantas ornamentais

Crédito: Carlos Bassan

 

Plantas abastecem os 25 parques e bosques de Campinas, as praças, canteiros, jardins e agora também as microflorestas

 

A Prefeitura de Campinas mantém um viveiro, dividido em setores de árvores e flores, o Viveiro Municipal Engenheiro Otávio Tisseli Filho, no Parque Xangrilá. As mudas cultivadas no Viveiro são plantadas em praças, parques, canteiros, jardins e agora as microflorestas urbanas da cidade. A gestão do Viveiro Municipal é do Departamento de Parques e Jardins (DPJ), da Secretaria de Serviços Públicos. Saiba mais:

Desde quando Campinas tem o Viveiro Municipal?

O Viveiro Municipal Engenheiro Otávio Tisseli Filho funciona desde 2013. É dividido em dois setores, em dois terrenos: um para cultivo de mudas de árvores e outro de flores e plantas ornamentais.

 

Onde fica o Viveiro Municipal?

O viveiro fica na rua Argeu Pires Neto, s/n°, no Parque Xangrilá. Para chegar ao local, é preciso pegar a rodovia Adhemar de Barros (SP-340) no sentido Campinas-Jaguariúna e acessar a última saída antes do pedágio.

 

 

Quem cuida das plantas do Viveiro Municipal?

A gestão do Viveiro Municipal é do Departamento de Parques e Jardins, da Secretaria Municipal de Serviços Públicos. No setor de flores, o cultivo é feito por funcionários e cerca de 30 alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Campinas, que atuam como estagiários de jardinagem; e no de árvores trabalham funcionários da Prefeitura e reeducandos – detentos do regime semiaberto -, em convênio com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária.

 

Para onde vão as plantas cultivadas no Viveiro?

As mudas de árvores e as flores cultivadas no Viveiro abastecem os 25 parques e bosques, as praças, os canteiros e os jardins da cidade. Atualmente, as mudas de árvores também são usadas para a composição das microflorestas que estão sendo implantadas na cidade.

No setor de flores, estagiários da Apae ajudam no cultivo

 

Qual a quantidade e as espécies de árvores e flores cultivadas no Viveiro?

No setor de árvores há cerca de 250 mil mudas, de 30 espécies como quaresmeiras; pitangueiras, ipês branco, roxo, amarelo e rosa, aldrago, entre tantas outras. Para o cultivo de mudas de árvores no Viveiro é utilizado o adubo orgânico produzido na Usina Verde de Compostagem, que fica dentro da Fazenda Santa Elisa, também de gestão da Secretaria de Serviços Públicos.

No setor de flores são cultivadas cerca de 80 mil exemplares de flores e plantas ornamentais. Há cinco espécies de flores – sálvias, vincas, tagetes, petúnias e celósia plumosa anã -, e 30 de ornamentais, como primavera, jasmim-manga, lírio-amarelo, lantana, murta-de-cheiro, alamanda-amarela, entre outras. Espécies ornamentais sem flores são as dracenas verdes, amarelas e tricolor; barba-de-serpente; cruzia; agaves-americana, verde e azul; entre outras.

Algumas das palmeiras do Viveiro são imperial, jerivá, triangular, areca-bambu; washingtônia, entre outras.

 

Os cidadãos podem pedir mudas de árvores e de flores no Viveiro?

Os cidadãos podem pedir apenas mudas de árvores. O limite é de seis por pessoa.

 

Informações no Viveiro: (19) 3257-1474.

COMPARTILHE NAS REDES

Brasil e Mundo

Pesquisador da Amazônia, brasileiro conquista Nobel do meio ambiente

Professor e antropólogo Eduardo Brondízio. Foto: Unicamp/Divulgação© Unicamp/Divulgação

Eduardo Brondízio divide o prêmio com a argentina Sandra Díaz

Guilherme Jeronymo – Repórter da Agência Brasil

O  antropólogo e professor Eduardo Brondízio, que leciona a disciplina de antropologia ambiental na Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, e é associado no Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade da  Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),  receberá o Prêmio Tyler 2025, um mais importantes na área ambiental, em nível mundial, conhecido como o Nobel do meio ambiente. A honraria será compartilhada com a ecologista argentina Sandra Díaz.

Brondízio realiza pesquisas sobre a Amazônia há 35 anos e atua como uma voz internacional sobre a importância da valorização das comunidades ribeirinhas e dos povos tradicionais na conservação ambiental e nas políticas de sustentabilidade. Díaz e Brondízio são reconhecidos ainda pela sua atuação na promoção de políticas e ações que integrem a justiça socioambiental.

A cerimônia de premiação está marcada para o dia 10 de abril de 2025, em Los Angeles. O brasileiro e a argentina são os primeiros sul-americanos reconhecidos com o prêmio.

Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, Eduardo Brondízio destaca a importância da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) para a definição de ações concretas para a redução de emissões de gases de efeito estufa. O encontro será realizado em novembro, em Belém.

“As últimas duas COPs não deram o avanço esperado, e os impactos climáticos estão ficando mais aparentes e inegáveis. Internacionalmente, há uma expectativa muito grande nessa COP em poder gerar um acordo mais efetivo para mudar o cenário atual de emissões de gases de efeito estufa, mas, também, de constituir um plano mais amplo para investimentos em adaptações às mudanças climáticas, priorizando as populações mais afetadas”, disse.

 

Leia a seguir a íntegra da entrevista:

Agência Brasil: Professor, quais os aspectos de sua pesquisa que têm maior relação com a premiação recente no Prêmio Tyler?

Eduardo Brondízio: Por um lado, a interação entre desenvolvimento regional, mercados e mudanças ambientais e comunidades rurais na Amazônia, focado em respostas das ações coletivas e locais e como elas influenciam a realidade regional, incluindo a urbanização regional, e, por outro lado, abordo esses temas em nível global – como as mudanças globais afetam a qualidade de vida de sociedades humanas, a contribuição de populações indígenas e rurais para produção de alimentos e a conservação da biodiversidade a urbanização no sul global.

Agência Brasil: Quais os aspectos mais importantes, hoje, desta relação entre comunidades e a Amazônia?

Brondízio: Por exemplo, como as comunidades rurais e indígenas trazem soluções para conciliar conservação e desenvolvimento econômico. Também procuro entender como as pressões de expansão agrícola, urbanização e mudanças ambientais afetam essas populações, e como influenciam as migrações dessas populações rural e indígena para as cidades,  como isso transforma as cidades, e a relação entre cidade, pessoas e ambiente.

Agência Brasil: Este ano é importante para essa temática, com discussões como as da COP30, não?

Brondízio: Este ano, a COP30 é um tema catalisador a dois níveis. Global, no sentido de que as últimas duas COPs não deram o avanço esperado, e os impactos climáticos estão ficando mais aparentes e inegáveis. Internacionalmente, há uma expectativa muito grande nessa COP em poder gerar um acordo mais efetivo para mudar o cenário atual de emissões de gases de efeito estufa, mas, também, de constituir um plano mais amplo para investimentos em adaptações às mudanças climáticas, priorizando as populações mais afetadas.

Também é um momento de fragmentação na cooperação internacional, então há expectativa de oferecer um espaço para buscar convergências entre vários setores da sociedade em torno de ações mais concretas. Há um outro nível onde a COP30 já vem tendo um papel catalisador, o da Amazônia e do Brasil. Existe esperança de mobilizar energia, colaborações e financiamento para reverter o quadro de deterioração social e ambiental da região. Os problemas ambientais e sociais da Amazônia oferecem um espelho da situação global onde mudanças climáticas, degradação da biodiversidade e desigualdades sociais se autorreforçam.

Agência Brasil: Por que esse momento é importante para a Amazônia?

Brondízio: A Amazônia, o Brasil e países vizinhos foram palco de avanços importantes nos últimos 30 anos, como a criação de áreas protegidas, demarcação de terras indígenas e criação de áreas de uso sustentável, que englobam, no Brasil, cerca de 45% da região. Esse avanço conseguiu garantir direitos para as comunidades e tem sido fundamental em bloquear, pelo menos parcialmente, a expansão do desmatamento e das queimadas. Um outro avanço importante nesse período foi o da expansão e as inovações da sociobioeconomia, que vêm garantindo ganhos ambientais e a valorização do conhecimento local e da biodiversidade. Essa é uma economia gigante, apesar de invisível, que vem das populações, das florestas e rios da região.

Agência Brasil: E qual o contexto em que esses avanços ocorrem?

Brondízio: Esses grandes avanços vêm acontecendo lado a lado com a transformação da região pela expansão do desmatamento, mineração, infraestrutura e urbanização. Progressivamente, essas transformações estão criando uma sinuca para áreas indígenas e protegidas. Hoje, a expansão desordenada dessas atividades, além da expansão do crime organizado, representa uma ameaça à sustentabilidade desses territórios. As áreas que são protegidas estão sitiadas e viraram “ilhas”. São efetivos para garantir governança ambiental dentro dos seus limites, mas não para impedir os impactos do que vem de fora. É uma prioridade hoje salvaguardar esses territórios e dar condições às comunidades de avançar nos ganhos da sociobioeconomia.

Outro elemento é a urbanização da região, só na Amazônia legal são 770 cidades. Anteriormente desarticuladas e pouco conectadas fisicamente, hoje as conexões interurbanas estão criando uma grade que irá definir a governança ambiental do território pelas próximas décadas. Hoje, as realidades urbana, rural e indígena se entrelaçam na região. Boa parte das áreas urbanas da Amazônia é das mais precárias do Brasil e também está sofrendo com as questões climáticas como seca, inundação e temperaturas extremas com muita intensidade, além de altos níveis de poluição de mercúrio, pesticidas e poluição do ar.

Agência Brasil: Quais as condições destas cidades hoje, principalmente das capitais?

Brondízio: Os dados do IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], de 2022, mostram, por exemplo, que as ocupações subnormais dominam nas principais capitais da Amazônia, chegando a mais de 55% das ocupações em Belém e Manaus. Isso não pode ser esquecido, pois a maior parte da população da Amazônia Brasileira, quase 80%, vive nessas áreas. Além disso, as áreas urbanas têm influência direta nas áreas rurais e indígenas e na saúde da floresta e dos rios da região. A precariedade das áreas urbanas e rurais vem levando a um crescimento acelerado das economias ilegais e do crime organizado na região. Alem da violência urbana na região, alta em relação ao resto do Brasil, cenário que tem colocado uma pressão enorme nas comunidades indígenas e rurais, além de estar aliciando jovens para a economia ilegal e para o crime organizado, ambos cada vez mais próximos do tráfico internacional de drogas.

Agência Brasil: Nesse contexto, qual a importância do surgimento de lideranças jovens na região?

Brondízio: É muito grande. Os avanços na proteção e sociobioeconomia na Amazônia vêm da luta de uma geração de líderes que enfrentou esses desafios dos anos 1970 a 1990, conseguindo oferecer um modelo de governança territorial e alternativas econômicas baseadas na biodiversidade regional. A geração nova precisa carregar essas vitórias para a frente. É muito gratificante ver uma nova geração de jovens indígenas e rurais continuando esses avanços e buscando novas alternativas e narrativas para o futuro da região compatíveis com seus valores culturais, mas também integradas e tendo acesso a serviços e oportunidades para melhorar as condições de vida onde vivem.

A tendência global e nacional nos últimos 50 anos vem sendo de uma diminuição da população rural e indígena muito forte, e isso é resultado de uma série de pressões sociais, econômicas e ambientais. A falta de priorização de investimentos nessas áreas, falta de opções econômicas e de acesso a serviços e oportunidades de educação desincentivam a vitalidade de comunidades rurais e indígenas. Essas condições também levam muitos jovens a serem empregados nas economias ilegais e no crime organizado. Em áreas onde oportunidades estão presentes, a gente vê essas lideranças se engajando nas discussões nacionais e internacionais, tendo protagonismo em acordos nacionais e internacionais de biodiversidade e clima e também trazendo novas visões e resposta para demandas atuais.

Temos visto a constituição de redes de jovens da região. Porém, para manter os jovens em suas comunidades é fundamental assegurar a viabilidade econômica da sociobioeconomia, dar acesso à educação compatível às realidades locais e também acesso às tecnologias de comunicação. Por fim, essa questão passa pela valorização social e cultural do papel dessas comunidades na economia, conservação e enfrentamento dos problemas sociais da região. Aquele jovem que vê a sociedade valorizar as populações da Amazônia e seus papéis no desenvolvimento sustentável regional fica orgulhoso das suas contribuições e digno do seu papel no futuro da região. Precisamos valorizá-los, eles são o futuro da Amazônia.

COMPARTILHE NAS REDES

Brasil e Mundo

Construções em cidades brasileiras crescem mais que a população

© Paulo Pinto/Agência Brasil
Constatação é de um estudo publicado pela WRI Brasil
Fabíola Sinimbú – Repórter da Agência Brasil

O volume de imóveis nas cidades do país está crescendo mais que a própria população. A constatação é de um estudo publicado, nessa quarta-feira, dia 26, pela WRI Brasil. A pesquisa inédita traz dados sobre a evolução da forma urbana de todo o país entre os anos de 1993 e 2020.

Segundo o gerente de desenvolvimento Urbano da WRI, Henrique Evers, o estudo permite ir além da identificação do crescimento das áreas urbanas, alcançando também o entendimento de como cada cidade cresceu a partir do cruzamento de dados demográficos, de uso do solo e de mapeamento do volume das formas urbanas.

“A gente a partir desses dados conseguiu categorizar alguns tipos de cidade. Cidades que apresentaram, nesses 30 anos, um crescimento horizontal mais intenso, que a gente chama de cidades em processo de espraiamento intenso. Cidades que ainda tiveram um processo de espraiamento horizontal, mas um pouco mais melhorado. Cidades que estão estáveis e cidades com uma verticalização”, explica.

O estudo considera pequenas cidades as que concentram menos de 500 mil habitantes (143, ou 77% do total), médias aquelas que contabilizam entre 500 mil e 1 milhão de habitantes (totalizando 20 concentrações, 11% do total) e grandes as que contam com mais de 1 milhão de habitantes (22 concentrações, 12% do total).

A partir dessas categorias, os pesquisadores concluíram que as grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre são as que mais cresceram na forma vertical, ocupando menos espaço e concentrando pessoas e oferta de serviços. “Cidades mais compactas facilitam o acesso da população às oportunidades urbanas e podem oferecer padrões de mobilidade mais eficientes, reduzindo o consumo de energia e a emissão de poluentes”, afirma Evers.

Por outro lado, também foram as metrópoles que mais cresceram em volume construído e em ritmo diferente do crescimento demográfico. “As grandes cidades estão num processo de estagnação populacional, em alguns casos até redução. Porém, isso não impediu que as cidades continuassem crescendo na sua forma construída, principalmente verticalmente”, diz o pesquisador.

Especulação imobiliária

Setor da construção civil é um dos maiores produtores de resíduos
Setor da construção civil – Reprodução/ TV Brasil

Além da acomodação otimizada da população, o estudo aponta que o avanço no volume de construções em descompasso com o avanço demográfico também pode ser justificado pela financeirização do espaço urbano, levando à construção de edificações que permanecem vazias para especulação imobiliária.

“O nosso intuito com esse trabalho é oferecer esses dados, essa série temporal de quase 30 anos, para permitir que novos estudos procurem olhar mais para a relação de causalidade e possam estabelecer quais foram, talvez, os direcionadores principais desse fenômeno”, afirma o pesquisador Guilherme Iablonovski, cientista de dados na Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Os dados indicaram ainda que nas cidades médias e pequenas o comportamento foi diferente com crescimento predominantemente de forma horizontal. São cidades como Campo Grande, Cuiabá, Natal, Manaus, Palmas e Teresina onde a urbanização ocorreu de forma mais dispersa.

De acordo com os pesquisadores, com a compreensão da forma como os centros urbanos brasileiros crescem é possível pensar políticas urbanas que otimizem a ocupação das cidades permitindo um acesso adequado à terra, oportunidades, serviços públicos e moradia, consumindo o mínimo de recursos necessários, causando menos impacto ambiental e climático.

“Existe uma relação direta sobre a dinâmica de expansão urbana e as questões climáticas, tanto na agenda de mitigação, de reduzir as emissões dos gases do efeito estufa, quanto na agenda de adaptação para cidades mais eficientes”, conclui Evers.

COMPARTILHE NAS REDES

Brasil e Mundo

Falta de saneamento provocou mais de 340 mil internações em 2024

© Arquivo/Fernando Frazão/Agência Brasil
Crianças e idosos são os grupos mais hospitalizados
Tâmara Freire – Repórter da Agência Brasil
O Brasil registrou mais de 344 mil internações por doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado em 2024, sendo que 168,7 mil estão relacionadas a alguma infecção propagada por um inseto-vetor, principalmente a dengue.

Em segundo lugar, vêm as doenças de transmissão feco-oral (transmitidas peles fezes de um indivíduo infectado), como as gastroenterites causadas por vírus, bactérias ou parasitas, com 163,8 mil casos.

Os dados são de pesquisa divulgada pelo Instituto Trata Brasil, nesta quarta-feira (19), antecipando o Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março.

Apesar do grande número absoluto – que representa quase 950 internações por dia – desde 2008, os registros têm caído, em média, 3,6% ao ano.

Situação nas regiões

A situação em algumas regiões é mais preocupante. No ano passado, a incidência de internações na Região Centro-Oeste foi a maior do Brasil – 25,5 – por causa do surto de dengue. Já a Região Norte registrou 14,5 internações a cada dez mil habitantes por doenças de transmissão feco-oral, o dobro da taxa brasileira.

Os estados em pior situação foram o Amapá, com incidência de 24,6 internações e Rondônia, com 22,2 internações por dez mil habitantes.

A Região Nordeste registrou uma taxa geral próxima da média brasileira, mas também se destacou negativamente na análise de transmissões feco-orais. Além da região ter a segunda maior taxa de incidência do país, com 12,6 internações a cada dez mil habitantes, no estado do Maranhão, essa taxa chegou a 42,5, seis vezes mais do que a média brasileira.

Apesar de não ser a única causa, essas doenças estão bastante relacionadas à falta de saneamento, já que são resultado da infecção por vírus, bactérias ou parasitas eliminados nas fezes de uma pessoa doente, e que são transmitidas para outras pessoas principalmente pelo consumo de água e alimentos contaminados e pela falta de higienização das mãos.

As doenças transmitidas por insetos também têm relação com o saneamento, porque o acúmulo de lixo favorece a proliferação desses animais.

Dia Mundial da Água - Torneira; Água Potável; Fonte de Água; Copo de Água; Água LImpa. Foto: Tom/Pixabay
Foto: Tom/Pixabay

Mais afetados

Por causa disso, o Instituto Trata Brasil ressalta que elas afetam com maior intensidade as populações de menor status socioeconômico.

Em 2024, 64,8% do total de internações foram de pessoas pretas ou pardas. Apesar dos indígenas responderem por apenas 0,8% do total, a incidência entre eles ficou em 27,4 casos a cada dez mil habitantes.

As crianças e os idosos são os que costumam adoecer com mais gravidade, necessitando de internação. Entre as pessoas hospitalizadas em 2024, cerca de 70 mil eram crianças de até 4 anos, ou 20% do total. Nessa faixa etária, a incidência foi de 53,7 casos a casa dez mil pessoas, três vezes mais do que a média de todas as idades.

Já entre as pessoas com mais de 60 anos, a incidência foi 23,6, com cerca de 80 mil internações, ou 23,5% do total.

Instituto Trata Brasil estima que o avanço da oferta de água tratada e da coleta e tratamento de esgoto pode reduzir em quase 70% a taxa de internações do país e promover uma economia de R$ 43,9 milhões por ano.

Mortalidade

O estudo também analisa a mortalidade associada a essas doenças, em comparação com dados de 2023. Neste ano, foram registradas 11.544 óbitos por doenças relacionadas ao saneamento ambiental, a maioria – 5.673 casos – por infecções feco-oral, e outras 5.394 causadas por doenças transmitidas por insetos.

Os óbitos caíram entre 2008 e 2023 no país. No entanto, na maior parte dos municípios brasileiros, esse indicador ficou estagnado e em 1.748 cidades, a taxa de mortalidade cresceu neste período.

As mortes, em 2023, foram bastante superiores entre os idosos, com 8830 ocorrências, ou 76% do total. Já o recorte por etnia mostra que a taxa de óbitos entre os indígenas foi quatro vezes superior à da população em geral, apesar da quantidade absoluta de casos ser bem menor do que entre as pessoas brancas ou negras.

COMPARTILHE NAS REDES

Brasil e Mundo

COP: Azerbaijão e Brasil defendem US$ 1,3 tri contra mudanças do clima

© Bruno Peres/Agência Brasil
Embaixador considera que houve grande sucesso na COP29
Luiz Cláudio Ferreira – Repórter da Agência Brasil
País anfitrião da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, o Azerbaijão defende com o Brasil o pedido de um acordo de US$ 1,3 trilhão por ano até 2035 em apoio a países em desenvolvimento na luta contra a crise do clima. 

Em entrevista à Agência Brasil, durante visita a Brasília, o embaixador Elchin Amirbayov, conselheiro do presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, disse que os dois países concordaram em desenvolver um caminho de Baku, sede da COP29 em 2024, para Belém, que será sede da COP30 em 2025, a fim de buscar um financiamento global.

“Nós entendemos que é um objetivo muito ambicioso, mas se todos os investidores se unirem a esses esforços e se eles são guiados pela vontade política, eu acho que nós vamos conseguir alcançar esse objetivo”, afirmou o embaixador do Azerbaijão.

 

Consenso e dificuldade

Ele entende que um aprendizado da COP-29 para ser transmitido ao Brasil, na COP-30, é o da promoção de transparência e inclusão entre os países diante das dificuldades de consensos. “Nós identificamos a diferença entre as partes e encontramos soluções para alcançar o consenso histórico sobre o financiamento do clima, que não foi uma tarefa fácil”.

Elchin Amirbayov considera que a maior dificuldade das COPs, no geral, é que os líderes cumpram o que prometem na cúpula e, de fato, voltem para os seus países (com essa decisão prática). O diplomata entende que houve um grande sucesso da COP 29 e que existe intercâmbio dos aprendizados com o presidente da Conferência no Brasil, André Corrêa do Lago. “Os nossos países têm trabalhado de uma forma muito próxima no que diz respeito às mudanças climáticas”, disse Amirbayov.

Para o conselheiro presidencial, o principal objetivo do país, que fica na região do Cáucaso, entre Europa e Ásia, é garantir que o legado de Baku seja “abraçado” pela presidência brasileira.  “O resultado mais importante da COP-29 em Baku foi que alcançamos o consenso em relação ao financiamento de US$ 300 bilhões por ano de financiamento da crise climática”.

 

Parcerias

Além de tratar sobre os preparativos da conferência do clima, o embaixador também explicou que o país tem buscado parcerias estratégicas com o Brasil.

“O Azerbaijão considera o Brasil como uma das peças-chave nas relações com a América Latina. E nós pensamos que há muitas oportunidades para melhorar ou fortalecer a nossa cooperação econômica e de interesse bilateral”. 

Ele contextualizou que as relações diplomáticas com o Brasil foram estabelecidas há 32 anos e sempre houve uma relação política “muito boa” entre os países.

O embaixador considera que há convergência de interesses nos campos da agricultura, da aviação civil, das tecnologias, da educação e também da energia. “Temos grupos trabalhando nessas parcerias em diferentes ministérios”.

O representante do Azerbaijão ainda acrescentou que a sua visita também era importante para informar as autoridades brasileiras sobre os encaminhamentos do acordo de paz assinado com a Armênia após quase quatro décadas de conflitos, que foi selado nesta terça (18).

COMPARTILHE NAS REDES

Brasil e Mundo

Irlanda anuncia doação de R$ 91 milhões ao Fundo Amazônia

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, se encontrou, em São Paulo, com a embaixadora da Irlanda no Brasil, Fiona Flood, e com o ministro dos Transportes irlandês, Seán Canney – Foto: Rogério Cassimiro/MMA

 

Mecanismo de financiamento ambiental tem em sua carteira 123 projetos apoiados, no valor total de R$ 3,1 bilhões, sendo mais de R$ 200 milhões somente em 2024

A Irlanda anunciou, nesta quarta-feira, dia 12, que doará 15 milhões de euros (o equivalente a cerca de R$ 91 milhões) ao Fundo Amazônia nos próximos três anos. O anúncio ocorreu em São Paulo, durante reunião entre a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e o ministro dos Transportes irlandês, Seán Canney. Ao efetivar a contribuição, a Irlanda se juntará ao grupo de países doadores, que passará a ter oito membros.

De acordo com a ministra Marina Silva, o Fundo Amazônia é referência em mecanismos financeiros voltados ao enfrentamento do desmatamento e da mudança do clima. “É um fundo de recursos não retornáveis, com ações nas agendas de combate à criminalidade e investimento em pesquisa e projetos inovadores de desenvolvimento. Tudo isso faz a diferença, porque o que nós queremos é um novo ciclo de prosperidade, sobretudo no contexto de agravamento da mudança do clima”, destacou.

A ministra afirmou ainda que a adesão da Irlanda ao Fundo Amazônia reforça o reconhecimento internacional dos esforços do Brasil na área ambiental. “O importante apoio da Irlanda representa um reconhecimento dos bons resultados alcançados pelo Brasil no combate ao desmatamento, e permitirá ao país avançar ainda mais nesta agenda e no enfrentamento à mudança do clima”, complementou.

MUDANÇA DO CLIMA — Em um ano considerado decisivo para as ações de combate à mudança do clima no Brasil, com a realização da COP30, que acontece em novembro em Belém (PA), a adesão da Irlanda reforça a estratégia brasileira com a retomada do Fundo Amazônia, após a recomposição de seu Comitê Orientador pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva já no primeiro dia do atual governo. Apenas em 2024, foram internalizados no Fundo Amazônia cerca de R$1 bilhão em doações contratadas em 2023 e 2024, de seis diferentes países.

“A doação da Irlanda ao Fundo Amazônia é um reconhecimento internacional da efetividade do Brasil no combate ao desmatamento e na promoção do desenvolvimento sustentável”, avaliou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. “Esse importante aporte reforça nossa capacidade de financiar iniciativas que protegem a floresta, fortalecem comunidades e impulsionam a bioeconomia. O BNDES, como gestor do fundo, continuará trabalhando para ampliar os impactos positivos dessa iniciativa e atrair novos parceiros comprometidos com a preservação ambiental e o enfrentamento da crise climática”, pontuou.

FUNDO AMAZÔNIA — Gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil (BNDES) sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o Fundo é a maior iniciativa mundial para a redução de emissões por desmatamento e degradação florestal (REDD+) e um dos principais instrumentos de execução da política ambiental e climática brasileira.

O mecanismo de financiamento ambiental tem como objetivo arrecadar doações para investimentos não reembolsáveis em iniciativas voltadas à prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, além de promover a conservação e o uso sustentável da Amazônia Legal. Também apoia o desenvolvimento de sistemas de monitoramento e controle do desmatamento em outras regiões do Brasil e em países tropicais.

O Fundo Amazônia tem em sua carteira 123 projetos apoiados, no valor total de R$3,1 bilhões, sendo mais de R$200 milhões somente em 2024. Sete países já realizaram doações ao Fundo: Noruega, Alemanha, EUA, Reino Unido, Dinamarca, Suíça e Japão, além da Petrobras, superando R$4,5 bilhões em contribuições ao longo dos 16 anos de atuação. A Irlanda se juntará ao grupo.

 

COMPARTILHE NAS REDES