INTERNACIONAL

Brasil e Mundo

Tribunal sul-coreano emite ordem de prisão para presidente destituído

Uma apoiadora do presidente deposto da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, segura uma placa com sua imagem durante um comício próximo à residência presidencial em 31 de dezembro de 2024, em Seul. Jung Yeon-Je / AFP

AFPSeul (KOR) – Hieun SHIN e Cat BARTON

Um tribunal sul-coreano emitiu, nesta terça-feira, dia 31, uma ordem de prisão para o presidente destituído, Yoon Suk Yeol, para que os investigadores possam interrogá-lo sobre sua tentativa de impor a lei marcial em 3 de dezembro.

“As ordens de busca e prisão contra o presidente Yoon Suk Yeol (…) foram emitidas esta manhã”, diz um comunicado do órgão que investiga a declaração fracassada desta medida excepcional.

O painel investigativo solicitou a ordem de prisão depois de ter convocado Yoon três vezes, sem sucesso, para depor no caso.

A equipe jurídica do presidente descreveu a ordem de prisão como “ilegal e inválida” e apresentou recurso para anulá-la.

É a primeira vez na história da Coreia do Sul que um presidente em exercício, embora suspenso do cargo, é alvo de uma ordem de prisão.

Yoon mergulhou o país em uma grave crise política ao declarar repentinamente a lei marcial na noite de 3 de dezembro e enviar o exército à Assembleia Nacional para cumprir a sua aplicação.

O presidente impôs a medida usando como justificativa as supostas ameaças das “forças comunistas da Coreia do Norte” e de “elementos anti-estatais” no país.

No entanto, com milhares de manifestantes nas ruas, os deputados da oposição conseguiram entrar na câmara e fazer valer a sua maioria para votar contra a lei e forçar o presidente a recuar.

“Impeachment inválido”

A Assembleia Nacional aprovou o impeachment de Yoon em 14 de dezembro, mas deve ser ratificado pela Corte Constitucional, que tem até meados de junho para tomar uma decisão.

O líder conservador também enfrenta acusações criminais por insurreição, um crime que na Coreia do Sul pode ser punível com prisão perpétua ou pena capital.

Uma multidão se reuniu em frente à casa do presidente para apoiá-lo. “Lei marcial legal! Impeachment inválido”, gritavam com cartazes e bandeiras sul-coreanas.

Em um relatório de dez páginas, consultado pela AFP, os investigadores salientam que Yoon, de 64 anos, autorizou os militares a disparar caso fosse necessário para tomar a Assembleia Nacional durante a aplicação da lei marcial.

O advogado do presidente garantiu à AFP que este relatório é “um relato parcial que não corresponde a circunstâncias objetivas ou ao bom senso”.

Incerteza sobre sua aplicação

O presidente, que foi um promotor popular na Coreia do Sul, ignorou três intimações para ser interrogado sobre os fatos, o que levou os investigadores a solicitar uma ordem de prisão.

A ordem só foi aprovada 33 horas depois, o que, segundo a imprensa local, é o tempo mais longo para este procedimento, sinal de que houve debate entre os magistrados encarregados de analisar o caso.

Não está claro, entretanto, se os investigadores e a polícia conseguirão executá-la. A ordem é válida até segunda-feira, disse um agente do gabinete de investigação de corrupção.

Até agora, o serviço de segurança de Yoon impediu a busca nos gabinetes presidenciais em três ocasiões.

A polícia enviou tropas adicionais ao redor de sua residência no centro de Seul, onde eclodiram confrontos durante a noite entre detratores e apoiadores do presidente.

A mídia local estima que uma prisão imediata é improvável e considera que os investigadores tentarão coordenar o procedimento com os serviços de segurança de Yoon.

Tecnicamente, qualquer pessoa que obstruir a execução desta ordem poderá ser presa.

Os investigadores revistaram os escritórios do comando de contra-inteligência do exército nesta terça-feira e indiciaram dois altos comandantes por acusações que, segundo eles, estavam relacionadas com insurreição e abuso de autoridade.

O substituto de Yoon, o primeiro-ministro Han Duck-soo, também sofreu impeachment pelo Parlamento em 27 de dezembro por não ter assinado projetos de lei para investigar seu antecessor.

O ministro das Finanças, Choi Sang-mok, assumiu como novo chefe de Estado interino do país, mas foi imediatamente surpreendido pela queda do avião da Jeju Air no domingo; 179 pessoas morreram no desastre.

Choi nomeou, nesta terça-feira, dois novos juízes para a Corte Constitucional, que julgará o impeachment de Yoon, atendendo a uma exigência da oposição.

COMPARTILHE NAS REDES

Brasil e Mundo

Ondas intensas atingem costas do Peru e do Equador

Grandes ondas atingem a cidade de Lobitos, província peruana de Talara, em 27 de dezembro de 2024. Nicolas LANDA TAMI / AFP

AFPLima (PER)

Ondas de até quatro metros atingiram no sábado, dia 28, as costas do Peru e do Equador e causaram o fechamento da maioria dos portos peruanos no oceano Pacífico, a morte de uma pessoa na cidade equatoriana de Manta e danos a pescadores e moradores da região, relataram as autoridades.

O fenômeno afetou dezenas de embarcações de pesca artesanal e comércios próximos à costa peruana. Também fez com que os ribeirinhos fugissem das inundações de calçadões e praças, segundo imagens veiculadas na mídia e nas redes sociais peruanas.

“As ondas são muito fortes, todos nós, pescadores, não podemos sair para o mar. O que vivemos desde ontem é algo impressionante”, disse à AFP Juan Oré, 60 anos, pescador artesanal do porto de Callao.

No Peru, 91 portos, de um total de 121, foram fechados até 1º de janeiro de 2025, indicou o Centro de Operações de Emergência Nacional (Coen) em sua conta na rede X.

De acordo com o alerta emitido na sexta-feira por esta instituição, o fenômeno começou em 25 de dezembro e deverá afetar zonas do litoral norte, centro e sul do país.

No Equador, o corpo de bombeiros da cidade de Manta informou uma morte na região de Barbasquillo. A Secretaria Nacional de Gestão de Riscos ordenou o fechamento preventivo das praias desta cidade, no sudoeste do Equador, informou em comunicado publicado no X.

COMPARTILHE NAS REDES

Brasil e Mundo

Acidente de avião na Coreia do Sul deixa 179 mortos e dois sobreviventes

Bombeiros e equipes de resgate trabalham perto dos destroços do avião Boeing 737-800 da empresa sul-coreana Jeju Air que caiu no Aeroporto Internacional de Muan, cerca de 288 quilômetros a sudoeste de Seul, em 29 de dezembro de 2024. JUNG YEON-JE / AFP

AFPMuan (KOR) – Kang Jin-kyu

Um avião da companhia aérea Jeju Air, que voava com 181 pessoas a bordo da Tailândia para a Coreia do Sul, bateu em um muro neste domingo, dia 29, ao pousar na cidade sul-coreana de Muan e pegou fogo, deixando apenas dois sobreviventes.

As autoridades apontaram uma colisão com um pássaro como a causa provável do acidente, o pior desastre aéreo já ocorrido na Coreia do Sul.

“Os passageiros foram ejetados do avião após colidirem com o muro, deixando poucas chances de sobrevivência”, explicou um bombeiro aos familiares das vítimas.

O avião, que fazia a cobertura do voo JJA-2216 entre a capital tailandesa, Bangcoc, e Muan, no sudoeste da Coreia do Sul, “foi quase completamente destruído e é difícil identificar” os corpos, acrescentou o responsável.

“Dos 179 mortos, 65 foram identificados”, explicaram os bombeiros sul-coreanos, especificando que os testes de DNA continuam.

Das 181 pessoas a bordo, 175 eram passageiros e seis faziam parte da tripulação, sendo que apenas duas puderam ser resgatadas com vida do avião em chamas.

O Ministério dos Territórios indicou que a torre de controle avisou à tripulação que havia ocorrido uma colisão com aves. O piloto emitiu uma mensagem de alerta (‘Mayday’), pouco antes de o avião cair ao pousar.

“Presume-se que a causa do acidente tenha sido uma colisão com pássaros, combinada com condições climáticas adversas”, disse Lee Jeong-hyun, chefe dos bombeiros de Muan, uma cidade a cerca de 290 quilômetros ao sul de Seul.

“No entanto, a causa exata será anunciada após uma investigação conjunta”, acrescentou.

O vice-ministro dos Transportes, Joo Jong-Wan, anunciou a descoberta das duas “caixas-pretas, do gravador de voz da cabine e do gravador de dados de voo”.

“Minha irmã foi para o céu”

O acidente ocorreu neste domingo às 09h03 no horário local (21h03 de sábado, no horário de Brasília).

A rede de televisão local MBC mostrou imagens do pouso do avião da Jeju Air, um Boeing 737-8AS, de acordo com o Flight Radar, com fumaça saindo de seus motores antes de ser engolido pelas chamas ao colidir com o muro.

“Quando acordei, eles já tinham me resgatado”, disse aos médicos um dos dois sobreviventes, um comissário de bordo de 33 anos que sofre de múltiplas fraturas.

O outro membro da tripulação que sobreviveu é uma mulher de 25 anos, ferida no tornozelo e na cabeça, informou a agência de notícias Yonhap.

Um fotógrafo da AFP viu várias ambulâncias e dezenas de bombeiros trabalhando no local. Restos de assentos e malas cobriam parcialmente o asfalto.

No terminal, parentes e amigos enlutados aguardavam informações sobre seus entes queridos, aos prantos. Nas telas, que geralmente informam sobre saídas e chegadas de voos, apareciam os nomes, datas de nascimento e nacionalidade das vítimas.

“Eu tinha um filho a bordo daquele avião”, disse um idoso à AFP.

“Minha irmã mais nova foi para o céu hoje”, disse uma mulher de 65 anos, que forneceu apenas o sobrenome, Jo.

Todos os passageiros eram coreanos, exceto dois tailandeses, segundo as autoridades.

O chefe de Estado interino, Choi Sang-mok, nomeado na sexta-feira em um país abalado por uma grave crise política, presidiu uma reunião governamental de emergência e visitou Muan à tarde.

A fabricante do avião, Boeing, indicou que está em contato com a Jeju Air e “disposta” a prestar apoio.

A Jeju Air, uma companhia aérea sul-coreana de baixo custo criada em 2005, apresentou suas “sinceras desculpas”.

Oração do papa

O papa Francisco afirmou que rezou neste domingo pelas vítimas.

“Meus pensamentos estão com as muitas famílias na Coreia do Sul que hoje estão de luto pelo dramático acidente de avião. Uno-me em oração aos sobreviventes e aos mortos”, disse o papa após o Angelus.

Líderes mundiais, entre eles da China, União Europeia, Alemanha e Irã, também enviaram mensagens de condolências.

Acidentes de avião são muito raros na Coreia do Sul. O mais mortal até agora no país foi o de um Boeing 767 da Air China vindo de Pequim, que caiu em uma colina perto do aeroporto de Busan-Gimhae em 15 de abril de 2002, deixando 129 mortos.

Os choques com pássaros durante o voo são um perigo real, principalmente quando se trata de aviões com reatores, pois a potência de seus motores pode diminuir rapidamente, ou até mesmo parar por completo.

Em 2009, um Airbus A320 da US Airways teve que fazer um pouso de emergência no rio Hudson, em Nova York, depois que seus dois reatores pararam após aspirar pássaros. O acidente, conhecido como “Milagre do Hudson”, não deixou nenhum morto.

COMPARTILHE NAS REDES

Brasil e Mundo

Crise política afeta economia da Coreia do Sul

Protesto contra o ex-presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol em Seul em 21 de dezembro de 2024. Jung Yeon-je / AFP

AFPSeul (KOR) – Roland DE COURSON

O caos político no qual se encontra a Coreia do Sul após a efêmera instauração de uma lei marcial e a destituição do presidente e de seu substituto provocou a desvalorização de sua moeda e pode enfraquecer a economia nacional a longo prazo.

O won, que caiu para o seu nível mais baixo desde 2009 na sexta-feira, dia 27, vem se desvalorizando desde que o ex-presidente Yoon Suk Yeol chocou o país ao tentar decretar lei marcial no início de dezembro.

De acordo com números divulgados no mesmo dia pelo Banco da Coreia, o banco central do país, o nível de confiança das empresas e dos consumidores despencou em dezembro, atingindo os níveis mais baixos desde a pandemia de covid-19.

Na madrugada de 4 de dezembro, Yoon Suk Yeol declarou a lei marcial, algo que não ocorria desde 1980, e enviou o exército ao Parlamento, antes de recuar devido à pressão dos deputados e de milhares de manifestantes pró-democracia.

O Parlamento destituiu Yoon em 14 de dezembro e, também na sexta-feira, destituiu seu substituto interino, o primeiro-ministro Han Duck-soo, acusado de participar da insurreição. Com isso, o país ficou sob os cuidados do ministro das Finanças, Choi Sang-mok.

Em sua primeira declaração, ele se comprometeu a reduzir a tensão política. “O governo dedicará todos os seus esforços para superar este período turbulento”, disse.

Indefinição em torno da Corte Constitucional

A Corte Constitucional deve se pronunciar sobre a validade da destituição do presidente em um prazo de seis meses. O problema é que, atualmente, o tribunal está com três juízes a menos, que se aposentaram e não foram substituídos. E embora o tribunal superior possa funcionar com os seis juízes atuais, um único voto dissidente significaria o retorno de Yoon à presidência.

A oposição queria que Han aprovasse mais três nomeações para a Corte Constitucional, o que ele se recusou a fazer, deixando a situação empacada.

“Embora enfrentemos desafios inesperados, estamos convencidos de que nossa economia, robusta e resiliente, se estabilizará rapidamente”, garantiu na sexta-feira o novo presidente interino.

Choi Sang-mok, de 61 anos, passa a acumular três cargos: presidente interino, primeiro-ministro interino e ministro das Finanças. Ele também herda um orçamento para 2025 com um corte de 4,1 trilhões de wons (cerca de R$ 17 bilhões).

“A crise política se desenvolve em um contexto econômico difícil”, explicou Gareth Leather, da Capital Economics, uma empresa de pesquisa econômica independente, em uma nota de análise.

“O PIB cresceu apenas 0,1% no terceiro trimestre em comparação com o trimestre anterior, e não se espera que cresça mais de 2% neste ano”, impactado pela desaceleração da demanda mundial de semicondutores.

Resistência ao caos

“A longo prazo, a polarização política e a incerteza podem frear os investimentos na Coreia”, acrescentou Leather, lembrando o caso da Tailândia, um país ultrapolarizado cuja economia está estagnada desde o golpe de Estado de 2014.

No entanto, a maioria dos especialistas insiste que a economia sul-coreana tem resistido ao caos até agora. A atividade econômica continua como se nada tivesse acontecido, e todas as manifestações anti ou pró-Yoon ocorreram de forma pacífica.

O Banco da Coreia prometeu, em 4 de dezembro, injetar liquidez suficiente para estabilizar os mercados. O índice Kospi da Bolsa de Seul teve perdas limitadas de 3,8% desde 3 de dezembro.

“Os investidores não devem se preocupar com a estabilidade a longo prazo”, afirmou à AFP Park Sang-in, professor de Economia da Universidade Nacional de Seul.

“Comparado com os Estados Unidos de Trump, acho que na Coreia do Sul temos uma situação muito mais estável e madura”, acrescentou.

COMPARTILHE NAS REDES

Economia

China abre investigação sobre importação de carne bovina

Carne fresca,Açougues, Frigoríficos, alimento© Marcello Casal JrAgência Brasil

Apuração deverá durar oito meses

Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil

A China abriu investigação sobre a importação de carne bovina pelo país no período de 2019 ao primeiro semestre de 2024. A apuração para fins de aplicação de salvaguardas, termo técnico que envolve a proteção de setores estratégicos, foi anunciada nessa sexta-feira, dia 28, e abrange todos os países exportadores para o país asiático, incluindo o Brasil.

A investigação deverá durar oito meses e será feita a pedido de produtores chineses, sob a alegação de que o aumento das importações teria causado danos à produção local.

Em nota, o governo brasileiro informou que, em princípio, os chineses não adotaram qualquer medida preliminar, permanecendo a tarifa vigente de 12% que a China aplica sobre as importações de carne bovina.

A China é o principal destino das exportações brasileiras de carne bovina. Em 2024, foram exportados mais de 1 milhão de toneladas para o país asiático, um aumento de 12,7% em relação a 2023.

O governo brasileiro diz que, em conjunto com os exportadores nacionais, buscará demonstrar que a carne brasileira exportada não causa “qualquer prejuízo” à indústria chinesa, sendo um fator de complementariedade da produção local.

“O governo brasileiro reafirma seu compromisso em defender os interesses do agronegócio brasileiro, respeitando as decisões soberanas do nosso principal parceiro comercial, sempre buscando o diálogo construtivo em busca de soluções mutuamente benéficas”, diz a nota conjunta dos ministérios da Agricultura e Pecuária, do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e das Relações Exteriores do Brasil.

Em comunicado, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) afirmou que segue comprometida em cooperar com as autoridades chinesas e brasileiras, fornecendo esclarecimentos e participando ativamente do processo de investigação, por “soluções que atendam aos interesses de ambas as nações”. Reafirmou ainda que a carne bovina brasileira exportada para a China é de alta qualidade e segue rigorosos padrões de sanidade e segurança.

COMPARTILHE NAS REDES

Brasil e Mundo

Oposição sul-coreana apresenta moção de impeachment do presidente interino

O primeiro-ministro da Coreia do Sul e presidente interino, Han Duck-soo. – / YONHAP

AFPSeul (KOR) – Kang Jin-kyu e Hieun SHIN

A oposição sul-coreana anunciou nesta quinta-feira, dia 26, que apresentou uma moção para o impeachment do presidente interino Han Duck-soo, depois que ele se negou a designar os juízes da Corte Constitucional para concluir o processo contra seu antecessor.

A Coreia do Sul entrou em uma grave crise política quando o presidente Yoon Suk Yeol, afastado do cargo, declarou lei marcial em 3 de dezembro.

O Parlamentou aprovou o impeachment do presidente conservador em 14 de dezembro, mas para ratificar a decisão é necessária uma sentença da Corte Constitucional.

O tribunal, no entanto, está sem três juízes de nove. Embora possa funcionar com seis magistrados, se apenas um deles votar contra a destituição, Yoon retornaria ao cargo.

A oposição deseja que Han aprove a nomeação de três juízes, o que ele se negou a fazer até o momento, bloqueando o processo de destituição de Yoon.

Por este motivo, o opositor Partido Democrático afirma que o presidente interino também deve ser afastado.

“Apresentamos a moção”, declarou o deputado Park Sung-joon na Assembleia Nacional. “Vamos submetê-la à votação amanhã” (sexta-feira).

A recusa de Han “demonstra que não tem a vontade nem a qualificação para defender a Constituição”, afirmou Park Chan-dae, líder do Partido Democrático.

O primeiro-ministro do país e presidente interino, de 75 anos, defende a necessidade de um acordo bipartidário para as nomeações.

“O princípio consistente consagrado em nossa Constituição e nossas leis é abster-se de exercer importantes poderes presidenciais exclusivos, incluindo nomeações para instituições constitucionais”, argumentou Han.

Se a oposição conseguir aprovar a moção contra Han na sexta-feira, esta seria a primeira vez que a democracia sul-coreana destituiria um presidente interino.

Violação dos deveres

Na moção para o impeachment, a oposição acusa Han de violar seus deveres como presidente interino.

Os opositores citam a recusa do presidente a nomear formalmente os juízes e a promulgar duas leis especiais para investigar a efêmera imposição da lei marcial por Yoon e as suspeitas de corrupção que envolvem a esposa do presidente afastado, Kim Keon Hee.

Han está “evitando intencionalmente a investigação especial dos envolvidos na insurreição e expressou claramente sua intenção de rejeitar as nomeações de três juízes da Corte Constitucional”, afirma a moção.

Se a oposição concretizar seu objetivo na sexta-feira, a Coreia do Sul terá o segundo afastamento de um chefe de Estado em menos de duas semanas.

Yoon também enfrenta acusações criminais de insurreição por sua declaração de lei marcial, o que pode resultar em pena de prisão perpétua ou até mesmo pena de morte.

Nesta quinta-feira, Yoon foi intimado pela terceira vez a comparecer a um interrogatório, no dia 29, depois que rejeitou uma intimação para o dia de Natal.

COMPARTILHE NAS REDES

Brasil e Mundo

Zelenskiy questiona interesse do Brasil em buscar paz na Ucrânia

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, durante discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, EUA – Reuters/Mike Segar/Proibida reprodução

Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022

Michelle Nichols* – Repórter da Reuters

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, questionou nesta quarta-feira o “verdadeiro interesse” de Brasil e China em acabar com a guerra entre seu país e a Rússia, dizendo à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que os países “não vão impulsionar seu poder às custas da Ucrânia”.

A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022. Nove meses depois, Zelenskiy anunciou um plano de paz de 10 pontos para pôr um fim ao conflito com base na Carta da ONU e no direito internacional. Moscou rejeitou o plano.

“A fórmula de paz já existe há dois anos, e talvez alguém queira um Prêmio Nobel para sua biografia política, para uma trégua congelada, em vez de paz real, mas os únicos prêmios que Putin lhe dará em troca são mais sofrimento e desastres”, disse Zelenskiy à organização de 193 membros, referindo-se ao presidente russo, Vladimir Putin.

“Quando alguns propõem alternativas, planos de acordo sem convicção, os chamados conjuntos de princípios, isso não apenas ignora os interesses e o sofrimento dos ucranianos… não apenas ignora a realidade, mas também dá a Putin o espaço político para continuar a guerra.”

A China e o Brasil têm tentado convencer outros países em desenvolvimento a aderir ao plano de paz de seis pontos que os dois países apresentaram em maio.

A proposta pede uma conferência internacional de paz “realizada em um momento apropriado, que seja reconhecida tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia, com participação igualitária de todas as partes relevantes, além de uma discussão justa de todos os planos de paz.”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o plano quando discursou na Assembleia Geral da ONU na terça-feira.

“Quando a dupla sino-brasileira tenta se transformar em um coro de vozes — com alguém na Europa, com alguém na África — dizendo algo alternativo a uma paz plena e justa, surge a pergunta: qual é o verdadeiro interesse?”, disse Zelenskiy.

Questionado em entrevista coletiva nesta quarta a respeito da fala de Zelenskiy, Lula afirmou que o líder ucraniano disse apenas o óbvio dentro de sua obrigação como presidente, mas que ainda assim ele não está conseguindo alcançar a paz, o que destacou ser a única maneira de garantir a sobrevivência da Ucrânia e da Rússia.

“Eles não precisam aceitar a proposta da China e do Brasil, por que não tem proposta, tem uma tese de que é importante começar a conversar”, disse Lula.

“Ele (Zelesnkiy), se fosse esperto, diria que a solução é diplomática, não é militar. Isso depende da capacidade de sentar e conversar, de ouvir o contrário e tentar chegar no acordo, para que o povo ucraniano tenha sossego na vida.”

O presidente ucraniano pretende apresentar um “plano de vitória” ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante uma visita à Casa Branca na quinta-feira.

COMPARTILHE NAS REDES

Brasil e Mundo

EUA e 10 países latinos rejeitam decisão de tribunal venezuelano

© REUTERS/Fausto Torrealba/Proibida reprodução

Tribunal Supremo ratificou resultado que deu vitória a Maduro

Por Pedro Rafael Vilela – Repórter da Agência Brasil – Brasília

Um dia após Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela ratificar a vitória do presidente Nicolás Maduro, nas eleições de 28 de julho, uma carta conjunta assinada por Estados Unidos e outros 10 países latino-americanos rechaçou a decisão do tribunal, que dá a última palavra em matéria judicial no país. Além dos norte-americanos, a carta divulgada nesta sexta-feira, dia 23, é assinada por Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai.

“Nossos países já haviam manifestado o desconhecimento da validade da declaração do CNE [Conselho Nacional Eleitoral], logo que se impediu o acesso aos representantes da oposição à contagem oficial, a não publicação das atas e a posterior negativa de se realizar uma auditoria imparcial e independente de todas elas. A Missão Internacional Independente de Determinação dos Acontecimentos sobre a República Bolivariana da Venezuela alertou sobre a falta de independência e imparcialidade de ambas as instituições, tanto o CNE como o TSJ. Os países que subscrevem reiteram que somente uma auditoria imparcial e independente dos votos, que avalia todas as atas, permitirá garantir o respeito à vontade popular soberana e a democracia na Venezuela”, diz um trecho da carta conjunta.

Pressão internacional

Em outra declaração, o porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Vedant Patel, reforçou a contestação do resultado eleitoral, que deu a Maduro um terceiro mandato que vai até 2031.

“A avaliação de ontem [quinta-feira] dos resultados eleitorais venezuelanos pelo Supremo Tribunal de Justiça controlado por Maduro não tem credibilidade. As planilhas de votação a nível distrital, publicamente disponíveis e verificadas de forma independente, mostram que a maioria dos eleitores venezuelanos escolheu Edmundo Gonzalez”, afirmou.

Até o momento, os órgãos oficiais da Venezuela, como o CNE e o TSJ, ainda não apresentaram os dados por mesa de votação. A oposição garante que tem as atas que dão a vitória ao opositor Edmundo González. Por causa disso, também nesta sexta-feira, o Ministério Público do país abriu investigação contra os responsáveis por publicar na internet as supostas atas da oposição, acusando-os de falsificação de documento, usurpação de competências do Poder Eleitoral e “conspiração”. O procurador-geral da República, Tarek William Saab, anunciou que intimaria, “nas próximas horas”, o ex-candidato presidencial Edmundo González para prestar depoimento.

A líder oposicionista Maria Corina Machado, aliada de Edmundo González, celebrou a publicação da carta-conjunta dos 11 países do continente e falou sobre o isolamento do regime de Maduro. “O mundo democrático alinha-se com o povo da Venezuela e respeita a nossa Soberania Popular. A esta altura, ninguém compra a manobra grosseira do TSJ para esconder a ata que demonstra a vitória esmagadora do Edmundo González. Portanto, mais uma vez, o regime errou: o que o TSJ decidiu foi a sua cumplicidade com a fraude da CNE. Longe de “encerrar o caso”, aceleraram o processo que isola e afunda Maduro ainda mais a cada dia. Ficou claro que eles não ousaram agir e publicar a ata!”, afirmou.

Edmundo González também publicou uma carta aberta, em que se diz vencedor e pede que os países sigam pressionando as autoridades venezuelanas.  “Solicito que as nações do mundo se mantenham firmes na defesa da nossa democracia e continuem exigindo aos órgãos de Estado transparência em seus atos e respeito aos resultados eleitorais. A paz está em jogo em nosso país”.

Até o momento, o governo do Brasil ainda não se pronunciou sobre a decisão do TSJ venezuelano. A expectativa é que a posição seja formalizada em declaração conjunta com a Colômbia. Os dois países têm atuado de forma conjunta para mediar uma solução para a crise política.

O presidente do México, Andrés Manuel Lopez Obrador, disse nesta sexta-feira que seu governo aguardará a publicação das atas eleitorais, com informações desagregadas sobre os resultados por mesa de votação. “Vamos esperar, porque ontem o Tribunal sustentou que o presidente Maduro ganhou a eleição, ao mesmo tempo que recomenda que dê conhecimento às atas. Creio que há uma data para a resolução, então vamos esperar”, afirmou durante sua conferência de imprensa matinal desta sexta-feira, na Cidade do México.

A Secretaria Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) voltou a criticar a declaração de vitória de Maduro confirmada pelo TSJ da Venezuela. “Esta Secretaria Geral reitera que o CNE proclamou Maduro [reeleito] de maneira apressada, com base em um boletim parcial emitido de forma oral, com números que evidenciavam impossibilidades matemáticas”.

Na Europa, o alto representante da União Europeia para Assuntos Exteriores, Josep Borrell, reiterou a cobrança pelas atas eleitorais. “É preciso provar esse resultado eleitoral. Até agora não vimos nenhuma prova e, enquanto não virmos um resultado que seja verificável, não vamos reconhecer [a vitória]”.

Venezuela rebate

O chanceler da Venezuela, Yván Gil, em nome do governo bolivariano, publicou um comunicado oficial rechaçando “energicamente” a carta conjunta dos 11 países.

“Venezuela exige absoluto respeito à sua soberania e independência, conquistas após intensas lutas contra os mais hostis impérios que se empenham em pôr as mãos em recursos naturais que não lhes pertencem, e tentar impor hoje, outra vez, uma política de mudança de regime típica dos golpes de Estado que o império estadunidense, por mais de 100 anos, promoveu na América Latina e Caribe”, diz o comunicado.

Ainda segundo o chanceler, os países que contestam o resultado eleitoral são cúmplices da violência que tem ocorrido no país.

COMPARTILHE NAS REDES

Brasil e Mundo

Eleições na França: vitória surpreendente para aliança de esquerda mantém a extrema direita de Le Pen longe do poder

© Yara Nardi/Reuters/Proibida a Reprodução

Rally Nacional de Marine Le Pen cai para terceiro lugar apesar do forte desempenho no primeiro turno da votação

Uma aliança de esquerda se tornou a maior força no parlamento francês depois que a votação tática conteve a extrema direita, mas a forma do futuro governo permaneceu incerta depois que nenhum grupo obteve maioria absoluta.

O resultado surpreendente para a Nova Frente Popular de esquerda – que ganhou 182 assentos, seguida pela aliança centrista Together do presidente Emmanuel Macron com 163 e a extrema direita em terceiro com 143 assentos – mostrou a força da votação tática contra o Rally Nacional (RN) de Marine Le Pen. A extrema direita e seus aliados haviam forjado uma liderança dominante no primeiro turno, mas foram finalmente contidos pela votação tática massiva para impedi-los de ganhar assentos suficientes para formar um governo.

Embora a aliança de esquerda tenha conquistado a maioria dos assentos, faltavam mais de 100 assentos para a maioria absoluta. Em meio a uma alta participação estimada em cerca de 67%, nenhum grupo obteve a maioria absoluta de 289 assentos e a capacidade de formar um governo. O parlamento provavelmente seria dividido em três blocos: a esquerda, os centristas e a extrema direita.

A França agora entra em um período de incerteza sem precedentes sobre a forma de seu futuro governo e seu provável primeiro-ministro. Macron prometeu permanecer como presidente, mas não falou publicamente na noite de domingo, pedindo em particular, após a divulgação das pesquisas de boca de urna, que as pessoas fossem “prudentes” até que os resultados finais fossem claros na manhã de segunda-feira.

Agora, pode levar semanas para estabelecer um governo e não estava claro que forma esse governo poderia tomar, já que os Jogos Olímpicos devem começar em Paris em menos de três semanas.

O primeiro-ministro, Gabriel Attal, anunciou que entregaria sua renúncia ao presidente Macron na manhã de segunda-feira. Mas ele também disse que poderia permanecer no cargo por um curto prazo, se necessário, enquanto um novo governo era formado.

“Esta noite, uma nova era começa”, disse ele, acrescentando que o destino da França seria definido “mais do que nunca no parlamento”.

Attal disse: “Sei que, à luz dos resultados desta noite, muitos franceses sentem incerteza sobre o futuro porque nenhuma maioria surgiu. Nosso país está em uma situação política sem precedentes e está se preparando para receber o mundo [nas Olimpíadas] em algumas semanas. Permanecerei em meu papel enquanto o dever exigir.”

A disputa por posição no novo parlamento começou imediatamente. Jean-Luc Mélenchon, líder do partido de esquerda La France Insoumise, disse: “O presidente deve convidar a Nova Frente Popular [aliança de esquerda] para governar.” O ministro do interior de saída, Gérald Darmanin, disse: “Observo que hoje ninguém pode dizer que ganhou esta eleição legislativa, especialmente o Sr. Mélenchon.”

Raphaël Glucksmann, da Place Publique e do Partido Socialista, parte da aliança de esquerda, disse: “Estamos na frente, mas estamos em um parlamento dividido… então teremos que agir como adultos. Teremos que conversar, discutir, dialogar.”

Apesar de ficar em terceiro, os resultados foram históricos para o RN – representando sua maior pontuação em uma eleição parlamentar, e um aumento das 88 cadeiras que tinha quando o parlamento foi dissolvido no mês passado. Mas foi muito menor do que o partido esperava depois de liderar a votação no primeiro turno na semana passada.

Jordan Bardella, o presidente do RN, disse que os partidos que se uniram para deter a extrema direita eram uma “aliança vergonhosa”. Le Pen, que pretende concorrer à presidência pela extrema direita em 2027, disse que a ascensão da extrema direita ao poder continuaria. Ela disse: “A maré está subindo. Não subiu o suficiente desta vez, mas continua subindo e nossa vitória foi simplesmente adiada.”

Mais de 200 candidatos da esquerda e do centro se retiraram do segundo turno na semana passada para evitar a divisão dos votos contra o RN. Esses partidos pediram aos eleitores que escolhessem qualquer candidato contra o RN, em uma tentativa de impedir que a extrema direita ganhasse a maioria absoluta e formasse um governo.

O partido, que foi fundado como Front National por Jean-Marie Le Pen em 1972 , foi apresentado pela esquerda e pelos centristas como um perigo para a democracia que promovia visões racistas, antissemitas e antimuçulmanas. Brice Tinturier, diretor geral da Ipsos, disse que os resultados mostraram que a maioria dos eleitores franceses ainda via a RN como perigosa.

Clémence Guetté, que foi reeleita pelo partido de esquerda La France Insoumise, disse que a pontuação menor do que a esperada para o RN mostrou que “este não é um país racista e a França não quer ser dividida”.

No domingo, o primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez saudou a “rejeição da extrema direita” pela França. Ele saudou o resultado chocante junto com a eleição geral do Reino Unido desta semana, onde o Partido Trabalhista de centro-esquerda obteve uma vitória esmagadora, dizendo que ambos os países “disseram SIM ao progresso e ao progresso social e NÃO ao retrocesso em direitos e liberdades”.

O senador norte-americano Bernie Sanders também parabenizou a esquerda francesa por “enfrentar o extremismo de direita e vencer”.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, parabenizou o NFP, tuitando que estava “muito feliz” com a “demonstração de grandeza e maturidade” que viu forças políticas de esquerda e centro se unirem para impedir a eleição da extrema direita.

Ele escreveu: “Este resultado, assim como a vitória do Partido Trabalhista no Reino Unido, reforça a importância do diálogo entre segmentos progressistas em defesa da democracia e da justiça social. Eles devem servir de inspiração para a América do Sul.”

Lula tem um relacionamento pessoal com Mélenchon, que o visitou enquanto ele estava preso por corrupção em 2019 , em um caso que ele disse ter motivação política e onde sua condenação foi posteriormente anulada.

Quando as projeções de votação foram anunciadas, houve abraços, gritos de alegria e lágrimas de alívio no encontro da esquerda em Paris.

A Place de la République no centro de Paris estava cheia de multidões e uma atmosfera de festa, com apoiadores de esquerda tocando tambores, acendendo sinalizadores e gritando “Nós vencemos! Nós vencemos!”

“Estou aliviada. Como franco-marroquina, médica, ativista ecologista, o que a extrema direita estava propondo fazer como governo era loucura”, disse Hafsah Hachad, de 34 anos.

Macron chocou seu próprio governo e partido ao convocar eleições antecipadas em 9 de junho, depois que seus centristas foram derrotados pela extrema direita nas eleições europeias.

COMPARTILHE NAS REDES

Brasil e Mundo

Comunidade internacional, sociedade civil e governo boliviano barram tentativa de golpe

Tropas do Exército da Bolívia em tentativa fracassada de golpe de Estado – Foto: Reuters

Lula reafirma o compromisso com o povo e a democracia do país vizinho. Presidente Luis Arce troca comando militar e população ocupa centro do poder na Bolivia

Fonte: Agência Gov

Durou poucas horas a mobilização militar golpista de um setor das Forças Armadas da Bolívia que tentou acuar o governo do presidente Luis Arce. Depois de algumas horas de tensão, com tentativa de invasão do palácio presidencial por grupos armados liderados pelo general José Zuñiga, o jogo virou na política e nas ruas. Arce resistiu à ação golpista na entrada da sede do governo e determinou a destituição do comandante do Exército. Ainda neste quarta-feira, dia 26, deu posse a novos membros do Alto Comando Militar e nomeou Jose Wilson Sanchez Velásquez como o novo comandante-geral, no lugar de Zuñiga.

Ao tomar posse, Velásquez ordenou a retirada das tropas das ruas. “Na condição de comandante-geral do Exército, ordeno que todos os militares que se encontrem nas ruas devem retornar a suas unidades”, disse. Do lado de fora, as praça central no entorno da sede do governo começou a ser tomada por populares e integrantes de movimentos sociais, que completaram a ordem de expelir os insurgentes do local.

Em pronunciamento na Casa Grande del Pueblo, a residência presidencial boliviana, o presidente Arce criticou os militares que participaram da tentativa de golpe. “Deploramos atitudes de maus militares que, lamentavelmente, repetem a história recente do país, tratando fazer um golpe de Estado quando o povo boliviano sempre foi um povo democrático.”

Ele agradeceu ao povo boliviano pelo apoio nas redes sociais, a todos os países que estão se pronunciando em favor da democracia boliviana e também à polícia do país. “Chamamos o povo boliviano a mobilizar-se e manter a calma. Todos os bolivianos juntos vamos derrotar qualquer tentativa de golpe”.

Os militares “rebeldes” não tiveram apoio interno da sociedade, nem da oposição política ao MAS, tampouco da comunidade internacional. Zuñiga foi preso no início da noite.

Insurgência militar

As Forças Armadas bolivianas tomaram a praça central de La Paz e um veículo blindado invadiu a entrada do palácio presidencial, enquanto o presidente Luis Arce denunciava um golpe contra o governo e pedia apoio internacional.

Soldados fortemente armados e veículos blindados foram vistos se reunindo na praça central, Plaza Murillo, liderados por Zuñiga.

Zuñiga disse recentemente que se Evo Morales, ex-presidente do país e que planeja concorrer nas eleições de 2025, retornar como presidente do país, irá bloqueá-lo, o que levou Arce a tirá-lo do comando do Exército. Embora pertençam ao mesmo partido, o MAS, Evo e Arce estão rompidos. Evo foi a primeira liderança boliviana a denunciar a movimentação golpista e a convocar e resistência dos movimento sociais.

Apelo à democracia

Durante à tarde, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou preocupação com a situação na Bolívia. “Reafirmamos nosso compromisso com o povo e com a democracia no país irmão”, afirmou Lula. A mensagem foi divulgada poucas horas depois de o presidente boliviano, Luis Arce, e o ex-presidente Evo Morales, alertarem uma mobilização militar suspeita no centro da capital La Paz.

A sede do governo havia sido cercada e golpistas tentaram ocupar o palácio presidencial. Em pronunciamento, Arce determinou a demissão do comandante do Exército, Juan José Zuñiga, líder assumido da ação golpista. Zuñiga foi afastado na semana após se tornar suspeito de articular a ação militar, depois de ser acusado de corrupção.

O novo comandante indicado por Arce, segundo a Reuters, ordenou que os soldados voltassem aos quartéis.

“A posição do Brasil é clara. Sou um amante da democracia e quero que ela prevaleça em toda a América Latina. Condenamos qualquer forma de golpe de estado na Bolívia e reafirmamos nosso compromisso com o povo e a democracia no país irmão”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma rede social.

Em nota, o Itamaraty reiterou apoio e solidariedade ao presidente Luis Arce:

“O Governo brasileiro condena nos mais firmes termos a tentativa de golpe de estado em curso na Bolívia, que envolve mobilização irregular de tropas do Exército, em clara ameaça ao Estado democrático de Direito no país.

“O Governo brasileiro manifesta seu apoio e solidariedade ao Presidente Luis Arce e ao Governo e povo bolivianos. Nesse contexto, estará em interlocução permanente com as autoridades legítimas bolivianas e com os Governos dos demais países da América do Sul no sentido de rechaçar essa grave violação da ordem constitucional na Bolívia e reafirmar seu compromisso com a plena vigência da democracia na região. Esses fatos são incompatíveis com os compromissos da Bolívia perante o Mercosul, sob a égide do Protocolo de Ushuaia.”

O Itamaraty, por meio de suas repartições consulares na Bolívia, permanece atento à situação dos brasileiros no país.

Em caso de emergência, os nacionais podem contatar os telefones de plantão do setor consular da Embaixada em La Paz (+591 7061-2897), dos Consulados-Gerais em Cochabamba (+591 7593-8885) e em Santa Cruz de la Sierra (+591 7 856 4465) e dos Consulados em Cobija (+591 7291-6683), Guayaramerin (+591 7218 3344) e Puerto Quijarro (+591 7732-1334).

O plantão consular do Itamaraty permanece disponível no número +55 61 98260-0610 (inclusive WhatsApp).

Com informações de Agência Brasil, Reuters e Ministério das Relações Exteriores (MRE)

COMPARTILHE NAS REDES