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Agência de energia atômica defende solução negociada de Israel e Irã

Diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, em Tóquio. 04/07/2023 Eugene Hoshiko/Pool via REUTERS

Rafael Grossi diz que agência de energia monitora a situação de perto

Cristina Indio do Brasil – Repórter da Agência Brasil

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, defendeu o caminho negociado entre Israel e Irã para a solução do conflito. Israel bombardeou na madrugada desta sexta-feira (13) várias instalações militares e nucleares do Irã.

“Apesar das atuais ações militares e do aumento das tensões, está claro que o único caminho sustentável a seguir – para o Irã, para Israel, para toda a região e para a comunidade internacional – é aquele baseado no diálogo e na diplomacia para garantir paz, estabilidade e cooperação”, defendeu.

Em declaração ao Conselho de Diretores sobre a situação no Irã, Grossi afirmou que o desenvolvimento do conflito dos dois países é profundamente preocupante.

“Tenho afirmado repetidamente que instalações nucleares jamais devem ser atacadas, independentemente do contexto ou das circunstâncias, pois isso pode prejudicar tanto as pessoas quanto o meio ambiente. Tais ataques têm sérias implicações para a segurança, a proteção e as salvaguardas nucleares, bem como para a paz e a segurança, regionais e internacionais”, alertou.

O diretor-geral da AIEA disse que está em contato com as autoridades iranianas de segurança nuclear para verificar a situação das instalações nucleares relevantes e avaliar quaisquer impactos mais amplos na segurança e proteção nuclear.

 “Atualmente, as autoridades iranianas competentes confirmaram que a unidade de enriquecimento de Natanz foi afetada e que não há níveis elevados de radiação. Elas também relataram que, até o momento, as unidades de Esfahan e Fordow não foram afetadas”, informou.

O diretor-geral lembrou que a AIEA já emitiu numerosas resoluções da Conferência Geral sobre o tema dos ataques militares contra instalações nucleares, em particular, as que dispõem, entre outros, que “qualquer ataque armado e ameaça contra instalações nucleares destinadas a fins pacíficos constitui uma violação dos princípios da Carta das Nações Unidas, do direito internacional e do Estatuto da Agência”.

Grossi apontou ainda que a AIEA tem consistentemente alertado que “os ataques armados às instalações nucleares podem resultar em libertações radioativas com consequências graves dentro e para além das fronteiras do Estado que foi atacado”.

“Como diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, e em consonância com os objetivos da AIEA previstos no Estatuto da AIEA, apelo a todas as partes para que exerçam a máxima contenção para evitar uma nova escalada. Reitero que qualquer ação militar que coloque em risco a segurança das instalações nucleares corre o risco de graves consequências para o povo do Irã, da região e de outras partes”, alertou.

Grossi lembrou que, na quinta-feira (12), além de adotar importante resolução sobre as obrigações de salvaguardas do Irã, uma resolução do Conselho de Governadores reforçou seu apoio a uma solução diplomática para os problemas impostos pelo programa nuclear iraniano.

O diretor disse que a AIEA continua monitorando a situação de perto, está pronta para fornecer assistência técnica e permanece comprometida com seu mandato de segurança, proteção e salvaguardas nucleares em todas as circunstâncias.

Grossi informou que indicou às autoridades envolvidas na questão, sua “disposição de viajar o mais breve possível para avaliar a situação e garantir a segurança e a não proliferação no Irã”.

“Também entrei em contato com nossos inspetores no Irã e em Israel. A segurança de nossa equipe é de suma importância. Todas as medidas necessárias estão sendo tomadas para garantir que eles não sejam prejudicados”, ressaltou.

Grossi lembra que, como instituição técnica internacional, a Agência Internacional de Energia Atômica tem a função de supervisionar o uso pacífico da energia nuclear e permanece como único e vital fórum para o diálogo, especialmente neste momento.

“De acordo com seu Estatuto e mandato de longa data, a AIEA fornece a estrutura e a plataforma natural onde os fatos prevalecem sobre a retórica e onde o engajamento pode substituir a escalada. Reafirmo a prontidão da Agência em facilitar discussões técnicas e apoiar esforços que promovam transparência, segurança, proteção e resolução pacífica de questões nucleares no Irã”, disse no comunicado.

ONU

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, condenou os ataques de Israel ao Irã e pediu “máxima contenção” aos dois lados. A declaração foi divulgada em comunicado divulgado no site do organismo internacional .

Guterres manifestou “preocupação particular com os ataques israelenses a instalações nucleares iranianas no contexto das negociações entre o Irã e os Estados Unidos sobre o status do programa nuclear iraniano”.

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Rússia mantém retaliação contra Ucrânia com grande ataque aéreo

Ataque com mísseis na cidade ucraniana de Sumy deixa mais de 30 mortos, em 13 de abril de 2025. – Serviço de Emergências da Ucrânia / AFP

Moscou intensificou ataques contra a Ucrânia como uma resposta a operações de Kiev em território russo na semana passada

De acordo com o órgão ucraniano, foram lançados 479 drones de ataque do tipo Shahed, juntamente com simuladores de drones, e 20 mísseis diferentes. As Forças Armadas Ucranianas afirmaram que 479 alvos foram neutralizados, com 17 mísseis e 277 drones abatidos, e outros 187 drones e dois mísseis Kh-22 que teriam sido perdidos.

Segundo relatos da Força Aérea da Ucrânia, foram atingidas as regiões de Kiev, Vinnitsa, Dnipropetrovsk, Donetsk, Zaporizhzhya, Zhytomyr, Kirovograd, Poltava, Rivne, Sumy, Kharkiv, Khmelnytsky e Chernigov.

O ataque desta segunda-feira foi considerado como um dos maiores por parte da Rússia em todo o conflito iniciado em 2022. O maior havia anteriormente sido o de 1º de junho, quando o exército russo lançou um ataque com 479 drones e mísseis.

No mesmo dia, o Serviço de Segurança da Ucrânia realizou a “Operação Teia de Aranha”, atingindo bases militares aéreas russas. O Ministério da Defesa russo, por sua vez, confirmou o lançamento de um ataque a um aeródromo das Forças Armadas Ucranianas, afirmando que a ação foi uma resposta ao que Moscou classificou como “ataques terroristas do regime de Kiev”, se referindo à operação ucraniana na semana passada.

De acordo com a pasta, a Rússia tinha como alvo uma base aérea de aviação tática das Forças Armadas Ucranianas perto de Dubno, na região de Rivne.

“Este é um dos ataques retaliatórios aos ataques terroristas realizados pelo regime de Kiev contra aeródromos militares russos;
as Forças Armadas também atacaram empresas produtoras de armas e equipamentos militares, oficinas de montagem de drones de ataque e armazéns das Forças Armadas Ucranianas. O objetivo dos ataques foi alcançado, todos os objetos designados foram atingidos”, afirmou a pasta.

Retaliação a operações em território russo

A intensificação dos ataques russos é resposta às operações ucranianas em território russo da semana passada, que aconteceram antes na véspera da segunda rodada de negociações entre Moscou e Kiev, realizada em Istambul, na Turquia.

Foram dois ataques diferentes realizados no mesmo dia, no domingo, 1º de junho. Um deles foi uma explosão de duas pontes nas regiões russas de Bryansk e Kursk. Uma delas caiu em cima de um trem de passageiros e outra levou ao descarrilamento de outro trem. Pelo menos sete pessoas morreram e mais de 120 ficaram feridas. Moscou classificou a ação como “um ataque terrorista do regime de Kiev”.

Já a operação em bases militares aéreas russas foi mais marcante do ponto de vista estratégico, atingindo vários aeródromos militares e danificando mais de 40 aeronaves. Não é a primeira vez que Kiev consegue atingir bases aéreas russas, mas a particularidade da operação Teia de Aranha foi ter sido planejada e executada de dentro do território russo, chegando a atingir regiões tão distantes, como a Sibéria, pela primeira vez em toda a guerra.

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Governo brasileiro pede libertação de ativistas detidos em Gaza

Embarcação Madeleine, da Coalizão Flotilha da Liberdade. Foto: gazafreedomflotilla/Instagram

Barco com ativistas se dirigia a Gaza para ajuda humanitária

Fabíola Sinimbú – Repórter da Agência Brasil
O Ministério das Relações Exteriores publicou nota na manhã desta segunda-feira, dia 9, após Israel interceptar o navio Madleen de ajuda humanitária que se dirigia a Gaza, neste domingo (8), e deter 12 ativistas, dentre eles o brasileiro Thiago Ávila.

“Ao recordar o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais, O Brasil insta o governo israelense a libertar os tripulantes detidos”, destaca o comunicado.

A nota brasileira reforça ainda “a necessidade de que Israel remova imediatamente todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em território palestino, de acordo com suas obrigações como potência ocupante.”

A embarcação, que tinha como objetivo estabelecer um canal de acesso para transporte de alimentos e medicamentos à Faixa de Gaza, pertence ao movimento Freedom Flotilla Coalition que atua em ações humanitárias internacionais e promove uma campanha para acabar com o bloqueio ilegal israelense de Gaza.

Nascido no Distrito Federal, o ambientalista Thiago Ávila é coordenador da Freedom Flotilla Coalition. Além do brasileiro, estava na embarcação de ajuda humanitária a ativista sueca Greta Thunberg e outros dez ativistas.

A interceptação ocorreu logo após o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, declarar que havia instruído seu Exército a não permitir que a embarcação chegasse a Gaza. Na declaração, ele também informou que a tribulação seria escoltada e em seguida deportada.

De acordo com a nota do Itamaraty, as embaixadas da região estão sob alerta para prestar a assistência consular caso necessário, de acordo com a Convenção de Viena sobre Relações Consulares e os direitos internacionais.

Brasília (DF), 07/06/2025 - Thiago Ávila, da Coalizão Flotilha da Liberdade. Foto: thiagoavilabrasil/Instagram

Thiago Ávila, da Coalizão Flotilha da Liberdade. Foto: thiagoavilabrasil/Instagram

 

Brasília (DF), 07/06/2025 - Ativista Greta Thunberg na embarcação Madeleine, da Coalizão Flotilha da Liberdade. Foto: Chris Kebbon/Divulgação
A ativista sueca Greta Thunberg participa da missão, por Chris Kebbon/Divulgação

 

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Em trégua, EUA e China reduziram tarifas por 90 dias

Fim de semana de trégua na guerra tarifária. Após uma série de reuniões em Genebra, na Suíça, nos Estados Unidos e na China, as duas maiores economias do planeta, concordaram em reduzir as tarifas durante os próximos 90 dias. Os EUA reduzirão as tarifas sobre produtos chineses de 145% para 30% e a China reduzirá as tarifas sobre as importações dos EUA de 125% para 10%. “Queremos um comércio mais equilibrado e penso que ambos os lados estão empenhados em conseguir isso”, disse Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA. Na declaração que a China divulgou com os EUA simultaneamente, o Ministério do Comércio acrescentou que “as consultas contínuas ajudam a resolver questões que preocupam ambos os lados nos domínios econômico e comercial”. O governo de Donald Trump sofreu enorme pressão interna para alcançar um acordo com Pequim, incluindo os executivos das gigantes Walmart e Target sobre o risco de haver prateleiras vazias em suas lojas. Apesar das declarações cada vez mais hostis antes das negociações, ambas as vezes enfatizaram uma atmosfera cooperativa das reuniões. (Tempos Financeiros)

Com o anúncio , o mercado de contratos futuros dos Estados Unidos começou a semana em forte alta, com o Dow Jones Futuro subindo 2,03%, o S&P 500 Futuro com ganhos de 2,61% e o Nasdaq Futuro, por refletir o setor de tecnologia, muito afetado pelas tarifas, valorizando 3,51%. Já o índice de Xangai fechou em alta de 0,82%, enquanto Hong Kong avançou 2,98%. Na Europa , com exceção do FTSE 100, do Reino Unido, que ronda a estabilidade, o cenário é semelhante ao da Ásia. O DAX (Alemanha) chegou a subir 1,5%, mas perdeu um pouco o ímpeto para 0,51% e o FTSE MIB (Itália) atingiu nível mais alto desde 2007, após desempenho positivo de mais de 2%. (InfoMoney e Reuters)

Enquanto isso, nesta semana Xi Jinping recebe em Pequim o presidente Lula e outras autoridades da América Latina e do Caribe para reforçar a parceria da China com os países da região, tanto comercial quanto geopolítica, como contrapeso aos EUA. No ano passado, o comércio entre China e América Latina atingiu quase US$ 519 bilhões, perto do dobro do valor de uma década atrás. Mas há uma disputa de preços entre esses países também. Lula vem aumentando as tarifas sobre ferro, aço e cabos de fibra ótica e os países da América Latina estão “extremamente preocupados” com o fato dos exportadores chineses, excluídos do mercado dos EUA, desviarem produtos baratos para lá. Agora, um dos efeitos da guerra tarifária foi os beneficiários dos produtores brasileiros na venda de carne. Frigoríficos americanos estocam carne brasileira, evitando o aumento de preços com o tarifaço, e o Brasil também se tornou uma fonte de carne magra para a China. Como resultado, os preços do produto brasileiro aumentaram cerca de 20% desde o início de abril. (New York Times)

Donald Trump, por sua vez, inicia amanhã sua primeira turnê nesse segundo mandato e Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes, todos ricos em energia, tentam transformar sua influência sobre o presidente americano em ganhos tangíveis. E Trump não se estranha com isso. Confirmou neste domingo que o Departamento de Defesa planeja aceitar um jato Boeing 747-8 para substituir a Força Aérea Um, conforme havia antecipado a CNN . Numa publicação no Truth Social, sua rede social, Trump disse que o jato, avaliado em US$ 400 milhões, seria usado temporariamente “numa transação muito pública e transparente”. Uma autoridade do Catar disse que o avião está sendo apresentado tecnicamente pelo Ministério da Defesa do Catar ao Pentágono, descrevendo-o mais como uma transação entre governos do que como uma transação pessoal. Mas, além das questões éticas, o “presente” representa um pesadelo do ponto de vista de segurança, segundo fontes do Serviço Secreto. (CNN)

Em outra postagem , Trump disse que deve anunciar hoje uma ordem executiva para que haja uma redução nos custos dos medicamentos prescritos nos EUA, determinando que os americanos não paguem mais do que as pessoas nos países, que têm acesso a preços mais baixos. Mesmo sem maiores detalhes, as ações de fabricantes de medicamentos na Europa e na Ásia despencaram . Na Europa, a fabricante de medicamentos contra a obesidade Novo Nordisk A/S caiu até 8,6% no início do pregão, uma das quedas mais acentuadas no índice Stoxx 600 Health Care. A francesa Sanofi SA caiu até 6,4% e a AstraZeneca Plc caiu até 5,8%. (Bloomberg)

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Brasil e Mundo

Otan reforça compromisso com a defesa da Polônia e promete resposta ‘arrasadora’ à Rússia

Representantes de países da Otan, março de 2025 (Foto: Nato/Flickr/divulgação)

Aliança fortalece seu compromisso com a defesa dos membros em meio às incertezas em torno do apoio militar norte-americano

Fonte: A Referência

A segurança da Polônia e do território da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) foi o tema central das declarações do secretário-geral da aliança, Mark Rutte, durante uma coletiva de imprensa em Varsóvia nesta semana. Ao lado do primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, o chefe da aliança enfatizou que qualquer ataque aos aliados será respondido com força máxima. As informações são do site Politico.

“Quando se trata da defesa da Polônia e da defesa geral do território da Otan, se alguém calcular errado e pensar que pode atacar a Polônia ou qualquer outro aliado, será recebido com toda a força desta aliança feroz”, declarou Rutte.

O secretário-geral destacou ainda que a reação da Otan seria devastadora, enviando um recado direto ao presidente da Rússia. “Isso precisa estar claro para Vladimir Vladimirovich Putin e para qualquer outro que queira nos atacar”, disse.

Representantes de países da Otan, março de 2025 (Foto: Nato/Flickr/divulgação)

A visita de Rutte à capital polonesa ocorre em um momento de preocupação crescente quanto ao comprometimento dos EUA com a Otan, especialmente devido às declarações críticas do presidente Donald Trump e de seus principais assessores sobre a Europa.

Apesar disso, Rutte insistiu que aliança transatlântica entre os EUA e a Europa permanece sólida. “A relação transatlântica é o pilar da nossa aliança e isso não está mudando”, garantiu o secretário-geral.

Tusk, por sua vez, destacou a importância da Otan para a segurança da Polônia e lembrou o princípio de defesa coletiva da aliança, previsto no Artigo 5, segundo o qual todos os membros devem responder militarmente caso um deles seja atacado. “É muito importante para nós o compromisso de que a Otan defenderá a Polônia em qualquer situação crítica”, afirmou o primeiro-ministro.

Defesas fortalecidas

Embora conte com a Otan, a Polônia também tratou de reforça suas próprias defesas com o projeto East Shield, um conjunto de fortificações na fronteira com a Rússia e Belarus, avaliado em 2,3 bilhões de euros e apoiado pela União Europeia (UE). Segundo Tusk, “a Polônia está assumindo total responsabilidade por proteger sua fronteira leste, que é também a fronteira da União Europeia”.

Apesar do reforço militar, a Polônia vem manifestando preocupação com as negociações de paz entre Ucrânia e Rússia conduzidas pelos EUA, sobre as quais Tusk admite que “só podemos influenciar de forma limitada, para dizer o mínimo”.

O primeiro-ministro polonês destacou que o fim da guerra precisa atender às exigências ucranianas. “Ninguém quer paz mais do que nós, mas somente uma paz justa nos dará uma sensação de segurança. É uma condição para a segurança da Polônia, da Europa e da Otan”, concluiu Tusk.

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EUA declara embaixador da África do Sul persona non grata

Ebrahim Rasool criticou o discurso de Trump de vitimização dos brancos

Agência Brasil*

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, declarou nessa sexta-feira (14) que Ebrahim Rasool, embaixador da África do Sul nos país, é persona non grata, chamando o enviado de “político que faz ataques raciais” e que odeia os Estados Unidos e o presidente Donald Trump.

“O embaixador da África do Sul nos Estados Unidos não é mais bem-vindo em nosso grande país”, disse Rubio em uma publicação na plataforma de mídia social X. “Não temos nada a discutir com ele e, portanto, ele é considerado PERSONA NON GRATA”, disse Rubio.

Rasool havia participado de um evento online no qual criticou a administração Trump, acusando o presidente norte-americano de adotar discursos próprios do supremacismo branco e criar uma narrativa onde os brancos são as vítimas em seu país.

Em nota, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, classificou como “lamentável” a decisão do governo norte-americano e afirmou que continuará trabalhando por uma boa relação entre os dois países.

“A Presidência insta todas as partes interessadas relevantes e impactadas a manterem o decoro diplomático estabelecido em seu envolvimento com o assunto. A África do Sul continua comprometida em construir um relacionamento mutuamente benéfico com os Estados Unidos da América”.

Distanciamento

Os laços entre os Estados Unidos e a África do Sul se deterioraram desde que Trump cortou a ajuda financeira dos EUA ao país, citando a desaprovação de sua política fundiária e a denúncia de genocídio apresentada pelo país africano contra Israel na Corte Internacional de Justiça. Israel é um aliado do governo norte-americano.

Trump disse, sem citar provas, que “a África do Sul está confiscando terras” e que “certas classes de pessoas” estão sendo tratadas “muito mal”. O bilionário Elon Musk, nascido na África do Sul e integrante do governo Trump, disse que os sul-africanos brancos têm sido vítimas de “leis racistas de propriedade”.

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, sancionou um projeto de lei em janeiro com o objetivo de possibilitar a expropriação de terras pelo Estado, sob argumento de interesse público; em alg

O objetivo da medida seria corrigir a política de desapropriação de terras da população negra ocorrida ainda na época do apartheid, regime de segregação racial ocorrido entre 1948 e 1994. Mais de 30 anos após o fim desse regime, a maioria das terras do país ainda pertence a uma minoria branca.

Ramaphosa defendeu a política e disse que o governo não havia confiscado nenhuma terra. Segundo ele, a política tinha como objetivo nivelar as disparidades raciais na propriedade de terras na nação de maioria negra.

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Diversas embaixadas, dentre elas a do Brasil, são atacadas no Congo

Diversas representações diplomáticas estrangeiras foram atacadas na capital da República Democrática do Congo (RDC), Kinshasa – REUTERS/Jean Bizimana

Segundo o Itamaraty, funcionários estão bem

Pedro Peduzzi* – Repórter da Agência Brasil

Diversas representações diplomáticas estrangeiras – dentre elas a Embaixada do Brasil – foram atacadas na capital da República Democrática do Congo (RDC), Kinshasa.

Em nota divulgada na noite dessa terça-feirA, dia 28, o Itamaraty manifestou “grave preocupação” com os ataques e informou que os funcionários da embaixada brasileira estão bem.

Na nota, a diplomacia brasileira cita o “princípio básico da inviolabilidade das missões diplomáticas e a obrigação ativa de o país anfitrião garantir proteção ao pessoal da missão e a suas instalações”.

Na sequência, reitera confiança de que o governo congolês se empenhará para controlar a situação.

Segundo o Itamaraty, a bandeira brasileira foi retirada e levada pela multidão, durante o ataque à representação diplomática.

Em outra nota, publicada mais cedo, o governo brasileiro já havia manifestado preocupação com o recrudescimento da violência no leste da RDC, principalmente na cidade de Goma, e com os ataques registrados naquele país contra tropas de missão da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, que teriam resultado na morte de 13 de seus integrantes.

A nota lembra que o Brasil é contribuinte tradicional da missão que, atualmente, conta com a participação de 22 militares.

Entenda

De acordo com a imprensa internacional, integrantes do grupo M23 tomaram controle do aeroporto da maior cidade do país, Goma, após a captura da cidade “em uma ofensiva que deixou corpos espalhados pelas ruas”. Goma fica no extremo leste do país, na divisa com Ruanda, e a mais de 2 mil quilômetros de distância da capital Kinshsa, localizada no extremo oeste do país.

A situação atual é apontada como a maior escalada desde 2012, neste conflito que já dura três décadas, em meio a disputas pelo controle dos recursos minerais do país. Além de ser rica em ouro, a região possui minerais essenciais para a produção de celulares e baterias para veículos elétricos.

Em setembro de 2024, uma missão das Nações Unidas (ONU) naquele país informou que o comércio de minerais na área de Rubaya representa mais de 15% do fornecimento global de tântalo, considerado um mineral crítico pelos Estados Unidos e pela União Europeia.

ONU

Diante da situação no país, o Conselho de Segurança da ONU divulgou, no início da semana, uma nota na qual pede o fim da ofensiva do M23 no Congo. Segundo a ONU, o grupo seria financiado pelo governo de Ruanda, o que, até o momento, ainda não foi confirmado – nem negado – pelo país vizinho.

A ONU ressalta que o M23 estaria “violando cessar-fogo definido em processo de paz”, e que deveria “reverter a expansão territorial dos últimos dias”. Ainda segundo as Nações Unidas, o grupo armado teria tomado o controle de outras duas cidades congolesas: Masisi em 4 de janeiro e Sake no dia 23.

A nota reafirma “apoio inabalável” à negociação em curso entre a RDC e Ruanda liderada pelo mediador designado pela União Africana, o presidente de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço.

“Para o Conselho, esses avanços representam uma grave violação do cessar-fogo e minam os esforços para alcançar uma solução política pacífica e duradoura para o conflito por meio do processo de Luanda [capital da Angola]”, afirmou a ONU ao manifestar “apoio inabalável” à mediação liderada por Angola por uma solução política entre Congo e Ruanda.

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Último adeus à Jimmy Carter terá seis dias de homenagens nos Estados Unidos

Os visitantes da Smithsonian National Portrait Gallery observam um retrato de Norman Rockwell do ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter no Salão Oval da Casa Branca, em 30 de dezembro de 2024. ROBERTO SCHMIDT / AFP

AFPPlains (USA) – Alex WROBLEWSKI com Chris LEFKOW e Antoine BOYER em Washington

Os Estados Unidos se despedirão do ex-presidente Jimmy Carter neste sábado, dia 4, com seis dias de cerimônias fúnebres, terminando com um funeral de Estado em Washington e o sepultamento em seu estado natal, a Geórgia.

As bandeiras estão hasteadas a meio mastro em todo o país desde que Carter morreu em 29 de dezembro, aos 100 anos de idade, em Plains, no estado da Geórgia (sul).

O ex-presidente deixou uma marca indelével na América Latina: denunciou os abusos das ditaduras militares no Cone Sul, retirou o apoio ao regime de Anastasio Somoza na Nicarágua e se comprometeu a devolver o Canal do Panamá aos panamenhos, algo que ele descreveria como sua “batalha política mais difícil”.

Também chegou a um acordo com o regime de Fidel Castro em Cuba para reabrir as sedes diplomáticas na forma de uma seção de interesses.

De Plains ao Capitólio

As homenagens de Estado ao democrata começam oficialmente neste sábado, quando agentes do Serviço Secreto, a agência encarregada de proteger figuras políticas, levam o caixão até um carro fúnebre para um passeio por Plains.

O cortejo fará uma pausa na fazenda de amendoim da família. O sino tocará 39 vezes para homenagear o 39º chefe de estado dos EUA.

Em seguida, a comitiva seguirá para Atlanta para uma breve parada no Capitólio da Geórgia, onde Carter atuou como senador local antes de se tornar governador do estado. Será observado um momento de silêncio.

De lá, o carro fúnebre seguirá para o Carter Center, fundação criada em 1982 pelo ex-presidente e sua esposa Rosalynn, especializada em prevenção de conflitos, defesa da democracia e questões de saúde pública.

Seu caixão permanecerá na fundação das 19h00 de sábado (21h00 em Brasília) até as 6h00 (08h00 em Brasília) de terça-feira para permitir que os habitantes locais se despeçam dele.

Na manhã de terça-feira, será levado da Geórgia para a Base Conjunta Andrews, nos arredores de Washington, em uma aeronave da Força Aérea americana chamada “Special Air Mission 39”.

Posteriormente, um cortejo fúnebre transportará o corpo do ex-presidente para o Memorial da Marinha dos EUA. Carter se formou na Academia Naval americana em 1946 e serviu em submarinos.

O caixão puxado por cavalos chegará ao Capitólio, sede do Congresso na capital. Ele será colocado na Rotunda, uma sala sob a cúpula do Capitólio, para uma cerimônia com a presença de parlamentares.

Cidadãos poderão prestar suas homenagens das 19h à meia-noite de terça-feira e das 7h de quarta-feira às 7h de quinta-feira.

Ele será o 13º ex-presidente a ser exibido no Capitólio. Abraham Lincoln, assassinado em 1865, foi o primeiro.

Biden e Trump no funeral

Um funeral de estado será realizado na quinta-feira na catedral, onde os ex-presidentes Dwight D. Eisenhower, Ronald Reagan, Gerald Ford e George H.W. Bush receberam suas últimas despedidas antes dele.

Todos os quatro ex-presidentes vivos, Bill Clinton, George W. Bush, Barack Obama e Donald Trump, devem comparecer.

O presidente democrata em fim de mandato, Joe Biden, fará o discurso fúnebre.

Por sua decisão, será um dia de luto nacional e os escritórios do governo federal serão fechados.

Biden também ordenou que as bandeiras sejam hasteadas a meio mastro por 30 dias, como de costume, o que significa que permanecerão desta forma durante a posse de Trump, em 20 de janeiro, o que enfureceu o presidente eleito republicano.

“Nenhum americano pode ficar feliz” por ter as bandeiras a meio mastro durante a posse, disse ele em sua rede Truth Social.

Após uma cerimônia religiosa, o corpo de Carter será levado para a Geórgia, onde será realizado um funeral particular na Igreja Batista de Plains, onde ele dava aulas de catecismo.

Uma carreata final por sua cidade natal levará seus restos mortais ao local onde será sepultado ao lado de Rosalynn, que morreu em 2023 aos 96 anos de idade e com quem ele foi casado por 77 anos.

Aviões da Marinha dos EUA sobrevoarão a cidade em sua homenagem.

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Explosão em Las Vegas e atentado em New Orleans

Fonte: thenews.cc

Um primeiro dia assustador nos Estados Unidos. Por volta do meio-dia na cidade de Las Vegas (horário local), um homem estacionou um Cybertruck da Tesla no saguão de um dos hotéis de Trump e se auto-detonou.

Além do motorista, que morreu, 7 pessoas que estavam nos entornos ficaram feridas e foram encaminhadas ao hospital.

Um pouco mais ao centro do país, na cidade de New Orleans, um motorista avançou com sua caminhonete em uma multidão que comemorava o ano novo em um ponto badalado da cidade.

Em seguida, o terrorista abriu fogo, matando 10 pessoas e ferindo pelo menos mais de 35. O FBI identificou o terrorista como Shamsud Din Jabbar, que carregava uma bandeira do Estado Islâmico.

Jabbar, natural do Texas com descendência islâmica, trabalhou no setor de tecnologia do Exército Americano de 2015 até 2020 e passou por duas Big Fours depois disso — EY e Deloitte.

Na noite de ontem, Joe Biden se manifestou sobre os atentados e disse que a polícia procura ligações entre os dois casos. Trump ainda não emitiu nenhum posicionamento.

Especialistas indicam que os danos causados pela explosão foram “contidos” pela força do Cybertruck — o mesmo que dizer que, se fosse um carro comum, o estrago teria sido maior.

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Brasil e Mundo

Corpos carbonizados correspondem a menores desaparecidos após ação militar no Equador

Policiais montam guarda enquanto pessoas se manifestam contra o desaparecimento de quatro menores em frente ao tribunal em Guayaquil, Equador, em 31 de dezembro de 2024. Marcos PIN / AFP

AFPGuayaquil (ECU)

Os cadáveres encontrados carbonizados próximos a uma base militar no sudoeste do Equador são dos quatro menores que desapareceram após serem detidos por soldados há três semanas, informou o Ministério Público nesta terça-feira (31), pouco depois de um tribunal ordenar prisão preventiva para 16 militares.

“Os resultados das perícias de genética forense confirmam que os 4 corpos encontrados em #Taura correspondem aos 3 adolescentes e uma criança desaparecidos após uma operação militar em 8 de dezembro”, informou o órgão na rede social X.

Saúl Arboleda, Steven Medina e os irmãos Josué e Ismael Arroyo, com idades entre 11 e 15 anos, foram detidos nessa data por uma patrulha composta por 16 militares no bairro de Las Malvinas, no sul de Guayaquil. Essa é uma das cidades mais afetadas pela violência do narcotráfico, onde o governo mantém militares patrulhando as ruas.

Em 24 de dezembro, após a justiça civil determinar que houve um “desaparecimento forçado” dos adolescentes, quatro corpos queimados foram encontrados em uma área de manguezais próxima à base da Força Aérea Equatoriana (FAE) em Taura, nos arredores de Guayaquil, à qual pertencia a patrulha.

Os cadáveres estavam “destruídos e incinerados”, segundo Billy Navarrete, diretor executivo do Comitê de Defesa dos Direitos Humanos de Guayaquil.

Nesta terça-feira, minutos antes da confirmação da identidade dos corpos, um tribunal penal da mesma cidade ordenou prisão preventiva para os 16 membros da FAE.

“Com base nos elementos de convicção apresentados pela #FiscalíaEc, o juiz do caso decretou prisão preventiva para os 16 militares”, afirmou o Ministério Público no X.

Desaparecimento forçado

“Lamentamos profundamente” a confirmação de que os corpos são de adolescentes, o fato “deixa todo o país de luto”, afirmou o Ministério da Defesa em um comunicado em nome do governo.

“Reafirmamos o nosso compromisso com a verdade, para que este caso seja conduzido com total transparência até que sejam encontrados os responsáveis por este assassinato”, acrescenta o texto.

O MP acusou o grupo de soldados, que já estava sob custódia militar em um quartel, pelo crime de desaparecimento forçado, punido com até 26 anos de prisão.

Navarrete, que acompanha as famílias das vítimas, disse à AFP que “ao sair da audiência de formulação de acusações […] o promotor responsável pelo caso informou ter recebido dados oficiais da Criminalística indicando que os corpos, que estavam sendo submetidos a exames dactiloscópico, antropológico e de DNA, correspondiam aos jovens desaparecidos”.

“Isso significa que há um novo processo pelas mortes que, digamos, se soma ao dos desaparecimentos”, acrescentou o ativista, destacando que “esse novo agravante, que é a morte, será incorporado”.

Quanto ao local onde os militares deverão cumprir prisão preventiva, Navarrete afirmou que os acusados ficaram sob responsabilidade do órgão estatal que administra as penitenciárias civis (SNAI). “Devem ingressar no sistema regular de privação de liberdade, pois os quartéis não cumprem esse papel”, apontou.

“Noboa assassino”

Os militares alegaram que, após prenderem os menores por um suposto roubo, eles foram liberados em boas condições.

Para exigir justiça pelo destino dos adolescentes, que haviam saído de casa para jogar futebol, dezenas de familiares, vizinhos e ativistas realizaram um protesto nesta terça-feira em frente ao tribunal que decretou a prisão dos militares.

Os manifestantes gritavam palavras de ordem e exibiam cartazes com frases como “queremos eles vivos já”.

Uma mulher exibiu um boneco de papelão representando o presidente Daniel Noboa, com marcas de mãos ensanguentadas no rosto, que foi queimado. “Noboa assassino”, dizia outro cartaz.

O comandante da FAE, Celiano Cevallos, afirmou na segunda-feira à comissão parlamentar da Infância, em Quito, que “o pessoal militar teria agido […] diante de um suposto crime flagrante”, referindo-se a um alegado roubo detectado pela patrulha. “Não foi autorizada nenhuma operação”, acrescentou.

Organismos da ONU e da OEA, assim como ONGs internacionais, expressaram preocupação com o caso.

Cerca de 40 organizações sociais responsabilizaram Noboa pelas “graves violações aos direitos humanos” registradas em 2024, no contexto de sua luta contra o crime organizado, que levou o país a ser declarado em conflito armado interno no início do ano, com a mobilização de militares nas ruas.

Na semana passada, em uma entrevista a uma rádio, Noboa pediu que as buscas fossem intensificadas e expressou sua intenção de que os menores fossem declarados “heróis nacionais”.

O Congresso, de maioria opositora, declarou três dias de luto institucional e exortou o governo e a justiça a “aplicar todo o peso da lei” no caso, que mancha a imagem de Noboa às vésperas de sua campanha para reeleição nas eleições de fevereiro.

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