Idosos

Saúde

Sonolência diurna pode sinalizar risco de perda cognitiva em idosos

Distúrbios como apneia podem estar por trás do problema; sono de boa qualidade é essencial para a consolidação da memória

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

Idosos que apresentam sonolência diurna têm maior risco de desenvolver uma síndrome associada à demência, sugere um novo estudo publicado no periódico Neurology, liderado por pesquisadores da Universidade de Tours, na França.

Segundo o artigo, há evidências de que distúrbios do sono estão relacionados com maior risco de declínio cognitivo. No entanto, ainda não se sabe se dormir mal também teria relação com uma síndrome que antecede a demência e que envolve queixas cognitivas e alterações motoras, como redução da velocidade da marcha.

Para investigar essa associação, os pesquisadores acompanharam, durante três anos, 445 voluntários com mais de 65 anos e sem demência. Logo no início, todos responderam a questionários para avaliar queixas cognitivas e a qualidade do sono, incluindo perguntas sobre episódios de acordar no meio da noite, demora para adormecer, sonolência ao dirigir ou em atividades sociais, além de disposição para atividades diárias. A velocidade da caminhada foi avaliada anualmente em testes de esteira.

Ao fim do acompanhamento, os resultados mostraram que 35,5% dos que apresentavam sonolência diurna excessiva desenvolveram sintomas da síndrome, contra apenas 6,7% dos demais. Embora a pesquisa não aponte uma relação de causa e efeito, o risco de desenvolver os sintomas de perda cognitiva foi três vezes maior naqueles que dormem mal, conclui o estudo.

“A consolidação da memória se dá durante o sono e, para que isso ocorra, dormir bem é essencial”, explica o neurologista Ivan Okamoto, do Hospital Israelita Albert Einstein. “A sonolência diurna pode sinalizar que a pessoa não está tendo um sono noturno de qualidade e provavelmente não tem a arquitetura de sono adequada. Portanto, é um sinal de alerta, algo que deve ser investigado.”

Distúrbios como apneia e fatores como estresse e luto podem estar por trás do problema. Para os autores, os resultados reforçam a necessidade de procurar ajuda diante de sinais de sono de má qualidade para prevenir perda cognitiva no futuro.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Intervenção autoguiada pode reduzir uso de remédio para dormir entre idosos

Pesquisa analisou impacto da técnica de mediação comportamental em pessoas com mais de 65 anos que sofrem com insônia e faziam uso de sedativos

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

A insônia é uma condição frequentemente subestimada, mas bastante comum, em pessoas idosas, já que com o envelhecimento ocorrem mudanças no padrão do sono. Não há dados oficiais, mas estima-se que transtornos do sono afetem cerca de 50% dos idosos, e dentro desse grupo, a insônia se destaca com uma prevalência entre 20% e 40%. Muitos recorrem a medicamentos sedativos para dormir, o que pode gerar dependência e piorar a qualidade de vida, aumentando risco de quedas, por exemplo.

Mas, segundo um estudo publicado em setembro no JAMA Psychiatry, intervenções autoguiadas de terapia cognitivo-comportamental podem ajudar a reduzir o uso de medicamentos e a melhorar a qualidade do sono em idosos com insônia, tornando-se uma alternativa eficiente e de baixo custo para o manejo do problema.

A intervenção autoguiada é um modelo de mediação comportamental aplicado em uma situação específica, como a insônia, sem a participação ativa de um profissional de saúde. O indivíduo recebe materiais por escrito ou por vídeo com orientações sobre como manejar determinada questão. A ideia é que ele siga as instruções e consiga, sozinho, diminuir o uso de medicações.

“Além de estimular a independência do paciente, a técnica é vantajosa principalmente porque desonera o sistema de saúde. A proposta é muito positiva porque demonstra a força de vontade da própria pessoa em querer melhorar”, analisa a neurologista Letícia Soster, do Grupo Médico Assistencial do Sono do Hospital Israelita Albert Einstein.

Como foi feito o estudo

Pesquisadores da Austrália e do Canadá avaliaram o impacto da intervenção autoguiada em 565 pessoas com mais de 65 anos que sofriam de insônia e utilizavam alguma medicação para dormir. Elas foram divididas em três grupos: dois deles receberam cartilhas diferentes com orientações sobre mudança de comportamento e um manteve o tratamento usual, sem nenhuma intervenção. Após receber o material, os voluntários foram acompanhados por seis meses.

Os idosos do primeiro grupo receberam uma carta de apresentação e livros com os títulos Como parar de usar pílulas para dormir e Como recuperar seu sono, além de um site com informações complementares. Já os participantes do segundo grupo receberam livros intitulados Você pode estar em risco e Como ter uma boa noite de sono sem medicação.

Todos faziam uso de alguma medicação para dormir: zopiclona era o medicamento mais utilizado (71,3%), seguido por lorazepam (12,3%), clonazepam (6,2%), oxazepam (5,8%), temazepam (4,1%) e zolpidem (4,1%). A coleta de dados foi realizada em duas entrevistas telefônicas (ao início do estudo e após seis meses) com duração de 60 a 90 minutos cada.

Ao final da investigação, os pesquisadores perceberam que os grupos que receberam a intervenção autoguiada conseguiram suspender o uso de medicamentos ou reduzir a dose. Além disso, os resultados mostram que houve redução da insônia (diminuição do tempo para adormecer), aumento no tempo total e na eficiência do sono e menos sonolência diurna.

Na avaliação de Soster, esses achados reforçam o potencial benéfico da intervenção autoguiada ao demonstrar o quanto as mudanças de comportamento durante o dia e antes de dormir são importantes. “Se a pessoa conseguiu diminuir o uso de remédio, isso mostra que aquele não era um problema puramente químico, mas sim de base comportamental”, avalia.

Segundo a neurologista, o tratamento primário e padrão ouro para insônia deve ser a terapia cognitivo comportamental; o medicamento é um suporte, usado somente quando necessário.

O uso de sedativos deve ser evitado porque, muitas vezes, eles têm um efeito residual, ou seja, continuam agindo no dia seguinte. É comum que a pessoa use esse medicamento para dormir e no dia seguinte continue letárgica, com um pouco de sono e o raciocínio mais devagar. “Esse é um efeito colateral comum. Uma vez que você diminui o remédio, ou eventualmente consegue parar de usá-lo, esses efeitos diurnos deixam de existir”, avisa Soster.

Abstinência

Durante o estudo, 33% dos participantes que interromperam o uso das medicações apresentaram sintomas de abstinência por um período de cerca de quatro semanas – a insônia foi o mais comum, afetando 29,4% dos voluntários, seguida da ansiedade.

Segundo Soster, esse é um problema comum quando se interrompe o uso crônico de medicamentos sedativos, porque o cérebro estava habituado a funcionar somente com aquela determinada molécula.

Apesar disso, é possível reduzir o uso com segurança, por meio de orientações como reduzir a velocidade de retirada, alternar as doses e associar o uso de medicamentos com outros mecanismos de ação. “Existem várias estratégias para o manejo da retirada do medicamento, mas a melhor sempre será a orientação comportamental e o suporte. Nunca recomendamos que a interrupção do uso seja feita de forma abrupta”, orienta.

Um problema multifatorial

Com o avançar da idade, a capacidade de dormir e de permanecer dormindo sofre modificações. Uma delas é que o gasto de energia diminui, de modo que a pessoa não vai tão cansada para a cama. Outra mudança é a menor produção de melatonina no idoso, o que faz a sincronização do claro e escuro do ambiente depender de mais sinalizadores.

Um terceiro ponto é que, muitas vezes, os idosos não fazem atividades regulares (não têm hora para dormir e acordar, por exemplo) e isso vai quebrando o ciclo padrão de sono. Ademais, pessoas idosas com frequência precisam acordar várias vezes durante a noite para urinar. E há ainda o fator psíquico, causado, por exemplo, pela perda de pessoas próximas nessa fase da vida.

Fonte: Agência Einstein 

 

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Saúde

10 cuidados com a saúde que toda pessoa idosa deveria ter

Além de boa alimentação e hidratação, é importante ter uma vida ativa e acompanhamento com geriatra; saiba como incluir todos os cuidados na rotina

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

O envelhecimento é um fenômeno mundial: em aproximadamente três décadas, o número de pessoas idosas será equivalente ao de crianças no mundo todo, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a pirâmide etária já começou a inverter: em 2022, pela primeira vez, os idosos deixaram de ser a menor fatia da população – agora, representam 15,8% dos brasileiros, superando os jovens entre 15 e 24 anos (14,7%).

Nos próximos 20 anos, o IBGE projeta que as pessoas com mais de 60 anos serão quase um terço dos brasileiros (28%) e passarão a representar a maior fatia populacional. Se pensarmos nos próximos 50 anos, o Brasil terá um percentual de 37,8% de idosos – ou um a cada três brasileiros.

Diante desse cenário, é cada vez mais importante a busca pelo envelhecimento saudável e por mais qualidade de vida. A seguir, conheça 10 cuidados com a saúde que toda pessoa idosa deveria ter:

  1. Ter uma alimentação equilibrada

Uma dieta equilibrada é essencial para o envelhecimento saudável. A alimentação da pessoa idosa deve ser variada, priorizando ingredientes in natura (verduras, legumes, feijão, arroz, raízes, ovos e carnes) ou minimamente processados. Essas pessoas devem consumir o mínimo possível de ultraprocessados, aqueles produtos com adição de açúcar, gordura, corantes e conservantes.

“Quando comprar alimentos industrializados, a recomendação é sempre preferir aqueles com menos itens nas listas de ingredientes”, orienta a nutricionista Mariana Staut Zukeran, doutora em ciências e especialista em gerontologia, que coordena a Pós-Graduação de Nutrição em Gerontologia da Faculdade Einstein. Ao olhar o rótulo, lembre-se de que os componentes aparecem em ordem de maior para menor quantidade. Isso significa que se “açúcar” é o primeiro da lista, por exemplo, ele é o principal ingrediente daquele produto.

Nessa fase da vida, a ingestão proteica também deve receber mais atenção. Isso porque, com o envelhecimento, ocorre um prejuízo na manutenção e formação de massa muscular. “A recomendação de consumo de proteínas é maior para pessoas idosas, sendo que a individualização deve ser feita pelo profissional que a acompanha”, frisa Zukeran.

Também é preciso estar atento a possíveis casos de déficit nutricional. Vários fatores podem impactar no apetite das pessoas idosas — como doenças, medicamentos, sensação de solidão e até mesmo as alterações de paladar e olfato que ocorrem durante o envelhecimento.

Daí porque é importante prestar atenção a possíveis alterações no padrão alimentar. “Alguns fatores são importantes para esse monitoramento, como a autopercepção do apetite, o sabor da comida, a quantidade de garfadas ou colheradas antes da finalização da refeição e a quantidade de refeições ingeridas por dia”, explica a nutricionista. “As alterações de consumo alimentar e perda de peso são indicadores importantes para a procura de nutricionista especialista na área.”

  1. Manter-se hidratado

A ingestão adequada de água é essencial para o funcionamento do nosso organismo. O consumo insuficiente de líquidos por pessoas idosas pode levar a quadros de desidratação, além de aumentar o risco de infecções urinárias, insuficiência renal, constipação, confusão e delírio. O Ministério da Saúde recomenda a ingestão de pelo menos 2 litros (seis a oito copos) de água por dia, preferencialmente no intervalo das refeições.

Mas diversos fatores podem impedir que essa meta seja atingida pelos idosos. Entre eles, doenças crônicas, demências, dificuldades motoras ou de comunicação e incontinência urinária. Há também alterações fisiológicas decorrentes do envelhecimento que podem afetar a percepção de sede.

“As pessoas idosas perdem mais água corporal antes de sentirem sede. Então, em climas de temperatura elevada como os que estamos vivendo, o cuidado com essa população deve ser maior. O ideal é que a pessoa idosa não espere a sensação de sede para beber água e seja estimulada ao longo de todo o dia para se manter hidratada”, alerta Mariana Zukeran.

  1. Fazer atividade física regularmente

Primeiro, é preciso entender a diferença entre atividade física e exercício. A atividade física engloba qualquer movimento corporal que resulta em gasto de energia – isso inclui caminhar, subir escadas e realizar tarefas domésticas, por exemplo. Já o exercício físico é algo específico, planejado, estruturado e repetitivo, com o objetivo de melhorar ou manter a aptidão física. Em geral, é realizado em sessões determinadas, com foco em força, resistência, flexibilidade ou saúde cardiovascular.

“O ideal para o idoso é unir tanto a atividade física quanto o exercício regular”, observa a profissional de educação física Larissa Fidelis da Silva, especialista em fisiologia do exercício e treinamento resistido para idosos do Espaço Einstein Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Segundo Silva, manter-se fisicamente ativa tem vários benefícios para a pessoa idosa:

  • Proporciona aumento de massa muscular, força e potência;
  • Melhora a composição corporal e reduz a gordura visceral;
  • Diminui os marcadores de estresse oxidativo;
  • Previne doenças crônicas, como diabetes e hipertensão;
  • Promove bem-estar, reduzindo a ansiedade e a depressão;
  • Ajuda a preservar a função cognitiva e a memória;
  • Preserva a autonomia nas atividades diárias;
  • Aumenta a interação social.

As diretrizes da OMS recomendam que as pessoas realizem entre 150 e 300 minutos semanais de atividade física aeróbica de intensidade moderada ou, pelo menos, de 75 a 150 minutos semanais de atividade aeróbica de intensidade vigorosa. Para os idosos não é diferente.

“A recomendação é fazer pelo menos dois dias de atividades de fortalecimento muscular de intensidade moderada ou maior que envolvam os principais grupos musculares e, no mínimo, três dias de atividades multicomponentes, com a associação de várias modalidades de exercícios físicos, sendo aeróbicos, flexibilidade, força, coordenação motora, agilidade e equilíbrio”, sugere Silva.

As quedas são uma preocupação significativa para os id

  1. Evitar quedas

osos e podem ter consequências graves, como fraturas, hospitalização e perda de independência. Entre as causas do maior risco de cair nessa idade estão as alterações física decorrentes da perda de força muscular, equilíbrio e coordenação; condições de saúde que afetem a mobilidade e a visão; e uso de medicações, já que alguns remédios podem causar tontura.

“Além das questões físicas após uma queda, também temos que levar em consideração o impacto psicológico que pode interferir na vida do idoso”, destaca Silva. O medo de cair novamente pode levar ao isolamento e à redução da atividade física, criando um ciclo prejudicial.

Uma das formas de prevenir quedas é a realização de exercícios de força e equilíbrio, além de manter um ambiente seguro em casa, livre de obstáculos, com tapetes antiderrapantes e boa iluminação. “Com a supervisão profissional, é possível identificar riscos individuais e ajustar os treinos, garantindo segurança. Mas é igualmente importante estar em dia com as consultas médicas para revisar regularmente a medicação, realizar exames de visão e gerenciar fatores de risco”, lembra a profissional de educação física.

  1. Manter consultas e exames médicos em dia

Nem todo mundo envelhece da mesma forma. Por isso, toda recomendação de exames e consultas deve ser individualizada, levando em consideração a saúde geral do paciente. “Isso se mostra claro após uma avaliação geriátrica, que consegue definir quem é essa pessoa idosa em diversos aspectos de saúde e sociais para que a gente possa delinear a melhor forma de cuidar”, afirma o geriatra Leonardo Oliva, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

Uma dica para quem está entrando na “terceira idade” é passar por uma consulta no mínimo uma vez por ano. “É nessa consulta clínica que o indivíduo deve conversar com o médico e expor possíveis queixas, além de ser indagado sobre problemas relacionados a cognição, humor, atividade física, alimentação, sono, memória e hábitos de vida”, explica Oliva.

Além do encontro com o médico, também podem ser indicados exames laboratoriais ou de imagem que possam trazer informações importantes sobre a saúde daquele indivíduo. Exames como colonoscopia, mamografia e outros de prevenção oncológica também podem ser considerados. “Mas é importante reforçar que uma boa avaliação clínica vai definir quais exames são necessários para aquela pessoa idosa e com qual periodicidade devem ser feitos”, pondera o geriatra.

  1. Atenção com o uso de medicações

Os efeitos adversos de medicações podem afetar mais a população idosa, principalmente aqueles de saúde mais frágil. Nessa idade, as pessoas podem ter mais de uma doença crônica, o que aumenta os riscos da interação medicamentosa.

Daí porque é muito importante o acompanhamento de um médico geriatra, que poderá fazer uma avaliação otimizada das medicações: se elas estão sendo usadas da forma correta, na dose certa, se o objetivo foi alcançado e se não há interação entre elas. “Nossa intenção é deixar o tratamento o mais seguro e otimizado possível, incluindo a desprescrição de alguns medicamentos, o que não é infrequente na geriatria”, relata Leonardo Oliva.

  1. Manter atividade social

Quando se fala em saúde da pessoa idosa, é preciso pensar além do tratamento de doenças. Estimular a participação em atividades sociais é essencial para o bem-estar emocional e físico, além de melhorar a autoestima e a sensação de pertencimento. Estudos mostram que idosos que se envolvem em atividades sociais regularmente tendem a ter uma saúde mental mais robusta e uma maior longevidade.

Esses compromissos podem incluir desde encontros informais até eventos planejados, como festas, aulas de costura e bordado, sessões de cinema e caminhadas em grupo. “Não há dúvidas sobre a importância da realização de atividades em grupo. Vimos a importância da socialização durante a pandemia, quando presenciamos o adoecimento muito grande da população idosa devido ao isolamento social”, observa o geriatra.

  1. Cuidar da saúde mental

Muitas vezes, saúde mental da pessoa idosa pode ser negligenciada no atendimento médico – seja porque o paciente não se sente confortável em falar sobre ela, seja porque o profissional também não se aprofunda nessas questões. Mas a própria OMS diz: “Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a mera ausência de doença ou enfermidade.”

A saúde mental engloba tanto aspectos de cognição/memória quantos os de ansiedade/depressão. Quando se avalia a cognição e a memória de uma pessoa idosa, é preciso buscar entender se ela apresenta algum tipo de problema nesse sentido, já que o principal fator de risco para o surgimento de demências é a idade.

“Mas não pode haver o preconceito de que envelhecer significa ter déficit cognitivo e esquecimento. Muitas pessoas envelhecem com pleno funcionamento mental e com a cognição preservada”, pontua Oliva. Nem por isso, contudo, devemos achar que o esquecimento é algo normal. “É preciso investigar as causas e propor o tratamento adequado, se for o caso”, diz o médico.

Quando se avalia a existência de ansiedade e depressão, que são situações bastante comuns na terceira idade, é preciso redobrar a atenção. “São transtornos que envolvem perda de qualidade de vida e os tratamentos medicamentosos existentes são eficazes, precisam ser propostos e acompanhados de perto para que a gente possa melhorar a saúde da pessoa idosa da forma mais global possível”, avalia o médico.

  1. Manter a caderneta de vacinação em dia

A vacinação de pessoas com mais de 60 anos é muito importante pelo fato de que as doenças infecciosas costumam ser mais graves nessa faixa etária, assim como a mortalidade em decorrência dessas condições. “É sabido que a nossa expectativa de vida aumentou nos últimos anos. As vacinas não só previnem a doença e seus desfechos, mas também permitem que os anos a mais que ganhamos com o aumento da expectativa de vida sejam com qualidade de vida”, destaca a infectologista Isabella Ballalai, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

O Ministério da Saúde disponibiliza alguns imunizantes de rotina para essa faixa etária dentro do Programa Nacional de Imunizações (PNI). São eles: a vacina contra influenza (gripe), que deve ser tomada anualmente; dupla bacteriana (difteria e tétano); hepatite B; febre amarela (para quem estiver em situação de risco) e Covid-19.

A SBIm e a SBGG têm um calendário específico de vacinação recomendado para pessoas com mais de 60 anos. “Infelizmente, muitas dessas vacinas não estão ainda disponíveis no calendário do Sistema Único de Saúde (SUS), via Programa Nacional de Imunizações (PNI)”, lamenta Ballalai. Entre elas está a tríplice bacteriana, que protege contra difteria, tétano e coqueluche. “Vivemos um surto recente de coqueluche e a doença é mais grave em pessoas com mais de 60 anos”, alerta Ballalai.

  1. Atenção também à saúde da boca

Com todos os cuidados de prevenção e promoção de saúde bucal, as pessoas idosas estão envelhecendo com mais dentes. Por isso, é essencial manter os cuidados com a saúde bucal diariamente, de forma adequada e adaptada às possíveis limitações que surgem com o avançar da idade.

“Muitos problemas bucais podem acontecer ou exacerbar nessa fase de vida, como doença periodontal, xerostomia, que pode ser acompanhada por redução do fluxo salivar e sua capacidade protetora, lesões de cáries e infecções oportunistas”, explica a cirurgiã-dentista Letícia Bezinelli, coordenadora da graduação de Odontologia e responsável pelo serviço de odontologia hospitalar do Hospital Israelita Albert Einstein.

A saúde da boca também está diretamente relacionada com a saúde geral e sistêmica. Segundo Bezinelli, vários estudos têm demonstrado a associação entre doença periodontal e diabetes, cardiopatias e demências. “Portanto, cuidar da saúde bucal do idoso é cuidar da saúde como um todo”, diz.

No caso de quem usa prótese dentária, a higienização do aparelho deve ser realizada de duas a três vezes ao dia, com escova extramacia e pasta não abrasiva ou sabão neutro, para evitar ranhuras na sua superfície. Outras opções são solução de hipoclorito de sódio 2% ou pastilhas específicas. “É necessário também fazer a higiene da cavidade oral sem a prótese, passando levemente a escova dental extramacia na língua, no palato, na gengiva e nas bochechas, para remover resíduos alimentares, placa bacteriana e biofilme”, explica Henriques.

Após 60 anos, as idas ao dentista devem ficar mais frequentes, a cada quatro ou seis meses, para que seja feita uma avaliação periódica. É importante lembrar que as medicações de uso contínuo e as doenças sistêmicas devem ser sempre informadas ao profissional dentista para que o tratamento seja completo e adequado para cada paciente.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Prática de ioga pode estimular a memória de idosos 

Um estudo dos Estados Unidos mostra que a meditação com a combinação de posturas, respiração e mantras reduz o estresse e promove o estímulo cerebral 

 

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

A prática de uma modalidade de ioga chamada kundalini – que combina posturas, exercícios de respiração, mantras e meditação – pode trazer benefícios para a memória de idosos, mostra um novo estudo publicado na Nature, feito por cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.

Para chegar a essa conclusão, os autores compararam os efeitos desse estilo de ioga com técnicas de treinamento de memória em 79 mulheres na pós-menopausa. Todas eram portadoras de condições cardiovasculares, como infarto, diabetes, hipertensão (conhecidos fatores de risco para a demência), e haviam reportado problemas de memória e declínio cognitivo.

As voluntárias foram divididas em dois grupos, sendo que 40 foram encaminhadas para a chamada kundalini ioga. Elas tiveram uma aula semanal com um instrutor e orientações gravadas para praticar todos os dias sozinhas. As demais tiveram um treinamento de estímulo da memória que consistia em tarefas diárias com técnicas de associação verbal, estratégias organizacionais, como categorizar itens de uma lista, e dicas de associação visual para lembrar faces e nomes, entre outras.

Antes de começar o programa, as pacientes foram submetidas a testes de cognição e memória. Depois, foram avaliadas ao final de 12 semanas e após seis meses. Os pesquisadores também colheram amostras de sangue para dosar as substâncias inflamatórias associadas ao declínio cognitivo.

Todas apresentaram ganhos na memória e nenhuma teve declínio cognitivo. No entanto, o grupo que praticou a ioga também teve melhoras nas taxas de marcadores inflamatórios e, após seis meses, reportou menos queixas nos lapsos de memória do que as demais mulheres.

Para Maria Ester Azevedo Massola, coordenadora da Equipe de Medicina Integrativa do Hospital Israelita Albert Einstein, a prática de ioga exerce efeitos positivos na memória por diversos mecanismos neurobiológicos e fisiológicos. “Um dos motivos é a redução do estresse. Ao promover o relaxamento, a prática reduz a produção de substâncias inflamatórias desencadeadas pelo estresse”, explica a especialista, que ressalta que a inflamação crônica está associada a condições neurodegenerativas, como o Alzheimer.

A prática também promove o estímulo cognitivo, já que as posturas testam a coordenação, o equilíbrio e a concentração. “Esses desafios podem estimular o cérebro e promover a plasticidade cerebral, contribuindo para a melhoria da memória e outras funções cognitivas”, diz Massola. A especialista lembra que esses benefícios também podem ser obtidos com outros tipos de ioga, como o hatha ioga, que é a mais comum no Brasil.

“Esses achados sugerem que a ioga pode ser uma intervenção valiosa, não invasiva e não medicamentosa, eficiente em termos de custo para promover a saúde cerebral e cognitiva em idosos. A prática regular pode oferecer benefícios físicos e mentais, ajudando a manter a função cognitiva e a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem”, diz a especialista do Einstein.

Cuidados antes de começar 

Especialmente os mais velhos devem observar alguns cuidados e precauções para garantir uma prática segura. São elas:

– Consulte um profissional de saúde antes de iniciar qualquer programa de exercícios, especialmente se tiver condições médicas preexistentes, lesões, limitações físicas ou se estiver tomando medicamentos;

– Escolha o tipo de ioga adequado para você. Há diferentes estilos e alguns podem ser mais intensos do que outros. Para iniciantes e idosos, é recomendável começar com estilos mais suaves e acessíveis, como hatha ioga e ioga restaurativa;

– Comunique-se com o instrutor: ao participar das aulas, certifique-se de informá-lo sobre quaisquer condições médicas, lesões ou preocupação que você tenha para que ele possa adaptar as posturas e os exercícios a suas necessidades e limitações;

– Respeite seus limites, não force o corpo além do que é confortável. Preste atenção nas sensações de dor, desconforto e tensão e ajuste as posturas conforme o necessário. Lembre-se que o objetivo é promover o relaxamento e o bem-estar. Não é para sentir dor;

– Use o equipamento adequado: certifique-se de usar roupas confortáveis, bem como o tapete antiderrapante, para garantir a estabilidade e a segurança ao executar as posturas.

A prática não é indicada para todos 

Embora seja considerada segura para a maioria das pessoas, em alguns casos a prática de ioga não é recomendada. Por exemplo:

  • Lesões agudas ou recentes
  • Problemas cardíacos não controlados
  • Pressão alta não controlada
  • Glaucoma não controlado
  • Labirintite
  • Problemas graves nas articulações

É essencial discutir quaisquer preocupações de saúde com um profissional de saúde antes de iniciar a prática de ioga e seguir as orientações do instrutor durante a aula, para evitar lesões e complicações.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

A saúde bucal influencia o bem-estar emocional de idosos, mostra estudo 

 

Além do status nutricional, a qualidade de vida e conexões sociais também  são afetadas pelas condições da boca; a visita ao dentista deve ser recorrente

 

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

A saúde bucal afeta o estado nutricional e o bem-estar geral dos idosos, segundo um novo estudo japonês, conduzido por cientistas da Universidade Okayama. Os pesquisadores ressaltam que uma boca saudável não significa apenas que ela esteja livre de doenças, mas que cause impacto também na saúde física e emocional dos mais velhos.

Segundo o estudo, a saúde oral tem um papel essencial no tipo de comida que a pessoa pode ingerir. Além da associação com o status nutricional, os autores observaram que, quanto pior a condição da boca, menor o bem-estar psicológico e até mesmo os relacionamentos.

“A má saúde bucal não apenas traz implicações na saúde em geral, mas também na estética facial, na sociabilidade, na ingestão de proteínas e nutrientes necessários para o fortalecimento do organismo. E o bem-estar está completamente associado a esses fatores”, diz a cirurgiã dentista Letícia Bezinelli, coordenadora da graduação de odontologia, responsável pelo serviço de odontologia hospitalar do Hospital Israelita Albert Einstein.

Os autores do estudo fizeram uma ampla avaliação de 218 voluntários, todos acima de 60 anos. Além dos dados sobre a condição nutricional e o histórico médico, os pacientes preencheram um questionário sobre bem-estar, qualidade de vida e conexões sociais. Depois, a saúde da boca foi examinada de forma completa – e não apenas levando em conta a ausência de doenças. Eles pesquisaram características como número de dentes, força mastigatória, pressão exercida pela língua, carga de bactérias, habilidade de mastigação e deglutição, hidratação oral e habilidade de fala.

A falta de cuidado ao longo da vida pode levar ao surgimento de cáries e da doença periodontal. Os dois problemas podem ocasionar a perda dos dentes, o que nos idosos é especialmente debilitante. Além disso, com a idade, é comum haver a redução na produção de saliva, o que causa o ressecamento da boca (xerostomia). Segundo Bezinelli, isso compromete a proteção dos dentes e da mucosa oral, facilitando a multiplicação de bactérias e a formação de cáries, inflamações e lesões.

Os mais velhos também podem desenvolver uma retração na gengiva, que deixa a raiz dos dentes exposta, além de alterações no paladar – que afeta a qualidade de vida e a própria nutrição e até pode causar o câncer bucal.
Boa saúde bucal e visita ao dentista 

Para minimizar o risco desses problemas aparecerem, é preciso manter uma ótima higiene bucal, usar produtos de hidratação bucal e labial e cremes dentais de preferência sem lauril-sulfato de sódio – trata-se de um componente que pode causar a ardência nos mais velhos. Também é preciso cuidar muito da hidratação e manter uma alimentação saudável.

Segundo a cirurgiã dentista, as visitas periódicas ao dentista são essenciais tanto para prevenir doenças e evitar complicações quanto para detectar condições que possam comprometer a mastigação e a deglutição.

Já quando a pessoa deixa de comer por alterações no paladar, é preciso o apoio de uma equipe multiprofissional, capaz de avaliar a cavidade oral, além de dar orientação nutricional e médica para a reposição de nutrientes.

Os idosos também são muito suscetíveis à manifestação de infecções oportunistas causadas por fungos, bactérias e vírus, que podem aparecer como placas, úlceras e abcessos. “Alguns problemas odontológicos podem até levar a doenças como a pneumonia. Há pacientes com pneumonias de repetição que não conseguem se curar porque não eliminaram os focos de infecção na boca”, explica Bezinelli.

 

O impacto da vida moderna 

Alguns hábitos da vida moderna podem provocar o envelhecimento precoce dos dentes. Um deles é o abuso de refrigerantes, por exemplo, que são carregados de açúcar e produtos químicos prejudiciais. O bruxismo, muito associado ao estresse, provoca o desgaste dos dentes, fraturas, trincas e até a perda deles. Ele pode ser tratado com uso de placas, restaurações e ajustes de oclusão, além de controle da tensão.

O consumo de cigarros – tanto os convencionais quanto os eletrônicos –, além de causar danos à saúde em geral, aumenta o risco de inflamação gengival e doença periodontal. Tudo isso pode fazer com que o usuário perca dentes ainda jovem e ganhe um aspecto envelhecido.

Fonte: Agência Einstein

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