EMERGÊNCIA CLIMÁTICA

Brasil e Mundo

Atletas pedem que COI se preocupe com questões climáticas

REUTERS/Denis Balibouse© DENIS BALIBOUSE

Documento reúne 406 assinaturas, sendo 11 delas de brasileiros

Agência Brasil*

Uma carta assinada por 406 atletas olímpicos de 89 países, incluindo 11 brasileiros, foi endereçada nesta sexta-feira (14) aos sete candidatos à presidência do Comitê Olímpico Internacional (COPI), ocupado atualmente pelo alemão Thomas Bach. Eles apelam ao futuro dirigente que priorize as questões climáticas no próximo mandato e nos anos seguintes. As eleições ocorrerão entre os próximos dias 18 de 21 de março, na Grécia.

O documento, assinado por 65 campeões olímpicos, alerta para os fenômenos climáticos, como os incêndios que devastaram Los Angeles (Estados Unidos) em janeiro, cidade-sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2028.

Os brasileiros que assinaram a carta são a velejadora Martine Grael, bicampeã olímpica, a judoca Ketleyn Quadros; Edson Bindilatti, do bobsleignh; e oito jogadoras do rugny sevens (Haline Leme, Marcelle Cruz, Marina Fioravanti, Rafaela Zanellato, Raquel Cristina, Thalita da Silva e Yasmim Soares). Entre os estrangeiros estão a nadadora Emma McKeon, a mais condecorada da Austrália, e o levantador de peso Cyrille Tchatchet, que representou a equipe de refugiados nos Jogos de Tóquio.

“Para o novo presidente, pedimos que nos próximos anos e durante sua presidência uma questão esteja acima de todas as outras: o cuidado com nosso planeta”, diz um trecho da carta. “O aumento das temperaturas e as condições climáticas extremas já estão interrompendo os cronogramas das competições, colocando em risco locais icônicos e afetando a saúde dos atletas e torcedores”.

O documento solicita uma reunião antecipada dos atletas com o presidente eleito para tratar das preocupações ambientais e do fortalecimento dos compromissos já existentes do COI com a redução das emissões de carbono. Entre eles, estão a redução de 50% nas emissões de carbono até 2030.

Atual embaixadora de sustentabilidade do COI e uma das idealizadoras da carta, a velejadora britânica Hannah Mills ressaltou a questão climática demanda urgência.

“Não sei se já vimos tantos atletas de todo o mundo falarem em uma só voz”, disse Mills, vezes campeã olímpica. “Os terríveis incêndios florestais de Los Angeles não poderiam ter sido mais claros: o momento é agora para definir um rumo para um futuro seguro e brilhante”.

Entre os candidatos apontados como favoritos na sucessão de Thomas Bach na presidência do COI estão David Lappartient (presidente da União do Ciclismo Internacional), Morinari Watanabe (diretor da Federação Internacional de Ginástica) e Johan Eliasch (presidente da Federação Internaciional de Esqui).

Íntegra da carta

Prezados candidatos,

Na próxima semana, um de vocês será eleito como o próximo Presidente do COI. Ao novo presidente, pedimos que nos próximos anos e durante sua gestão uma questão esteja acima de todas as outras: o cuidado com o nosso planeta.

O aumento das temperaturas e as condições climáticas extremas já estão prejudicando os cronogramas das competições, colocando em risco as arenas icônicas e afetando a saúde dos atletas e torcedores.

Os incêndios florestais devastadores deste ano em Los Angeles – cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2028 – são um lembrete claro da necessidade de ações corajosas. O calor extremo está levantando preocupações reais sobre a possibilidade da realização segura dos Jogos de Verão nos próximos anos, e os Jogos de Inverno estão se tornando mais difíceis de organizar, já que as condições confiáveis de neve e gelo diminuem a cada ano.

Essa não é mais uma ameaça distante, mas sim um perigo real e crescente para os esportes que amamos e para os países que fazem parte da nossa família olímpica.

Como novo presidente, você tem a oportunidade preciosa de desenvolver uma liderança sustentável no COI, mantendo vivo o espírito dos Jogos e garantindo que o esporte permaneça acessível e seguro para as gerações futuras. Isso inclui:

1.Reforçar os compromissos para reduzir rapidamente as emissões de carbono;

2.Defender práticas sustentáveis nas cidades-sede;

3.Estabelecer um padrão com relação a patrocínios altamente poluentes;

4.Usar a plataforma do COI para defender ações ambientais mais amplas.

Ficaríamos gratos pela oportunidade de nos reunirmos com você em um momento inicial de seu mandato para discutir esses compromissos para os próximos anos. Nunca o lema olímpico, “Mais rápido, mais alto, mais forte – juntos”, foi tão essencial.

Pedimos que, nos próximos anos, o seu comando seja feito por meio de ações que garantam que os Jogos continuem sendo uma fonte de união e que, ao mesmo tempo, protejam o futuro do esporte.

Atenciosamente,

Mais de 400 atletas olímpicos de verão e inverno de 89 países e 51 esportes

* Com informações da Reuters

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Brasil e Mundo

Após enchentes, Serra Gaúcha pode levar 40 anos para recuperar o solo

Destruição –  O rio Taquari subiu 24 metros nos últimos dias causando destruição na Cidades de Lajeado. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Estudo mostra perda de mais de 85% do estoque de carbono na região

Luiz Cláudio Ferreira – Repórter da Agência Brasil

Por causa das enchentes de abril e maio do ano passado, a Serra Gaúcha perdeu mais de 85% do estoque de carbono no solo de pomares da região. A reposição desse importante nutriente pode demorar de 14 a 40 anos.

As informações são resultados de um estudo divulgado pelo professor de agronomia Gustavo Brunetto, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no seminário RS Resiliência e Sustentabilidade, realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), nesta sexta-feira, dia 14.  O evento discutiu temas relativos aos impactos da enchente do ano passado, aspectos das mudanças climáticas e alternativas de soluções para encarar o cenário preocupante.

No caso do solo, o professor Gustavo Brunetto explicou que as inundações devem comprometer o trabalho do produtor rural para que busque fertilidade nas plantações. Ele contextualizou que as cidades da Serra Gaúcha ficaram entre as regiões mais afetadas pela chuva em curto espaço de tempo.

“Isso estimulou o escoamento da água na superfície, a transferência de solo de partes mais altas para partes mais baixas e, com isso, nós tivemos importantes consequências e danos”.

Ele explicou que o primeiro dano foi a perda de solo, especialmente da camada superficial, já que nem toda a água conseguiu infiltrar.

“Por isso, nós tivemos perda de nutrientes que normalmente estão no solo e que são fontes para as plantas, para que elas consigam crescer, produzir e ter um produto de qualidade”.

Parte da matéria orgânica e dos nutrientes foram para partes baixas do relevo e também, em alguns casos, em águas superficiais.

“No futuro, isso poderá gerar contaminação da água. Esse dano ocorreu em virtude do excesso de precipitação. Tivemos perda de solo em áreas não cultivadas e também em áreas cultivadas”.

 

Riscos

Ele avaliou, pelo estudo feito na cidade de Bento Gonçalves, por exemplo, que houve também a diminuição dos teores de fósforo nas áreas de  deslizamento.

“Se as áreas que foram degradadas pelo excesso de chuva forem incorporadas novamente à agricultura, o produtor vai ter que comprar mais fertilizante. Com isso ele vai ter um aumento, provavelmente, do seu custo na propriedade”.

A perda de fósforo, como observou Brunetto, pode gerar a contaminação da água. “Nós tivemos uma perda da matéria orgânica do solo. Com isso nós perdemos uma fonte importante que vai disponibilizar nutrientes para as plantas”.

Soluções

O professor da UFSM identifica que, para repor nutrientes, é necessário conhecimento e investimento. Ele disse que são necessárias estratégias para que, no futuro, quando isso acontecer novamente, haja possibilidade de minimizar esse problema. Inclusive, ele aponta ser necessário haver o nivelamento do solo para que o produtor consiga novamente cultivar a sua área.

O pesquisador reitera que o caminho é utilizar técnicas reconhecidas e aceitas na área da agronomia, como a calagem (prática para corrigir a acidez, neutralizar o alumínio e fornecer cálcio e magnésio) e adubação.

“É preciso executarmos o uso de plantas de cobertura que podem ser utilizadas”

Ele defendeu práticas de manejo chamadas de conservacionistas. Além do uso de plantas de cobertura, uso de terraços em áreas, por exemplo, de culturas frutíferas perenes. “É uma forma de reter a água, estimular a infiltração da água, diminuir a perda de água e de solo

Eldorado do Sul (RS), 22/05/2024 – CHUVAS-RS - DESTRUIÇÃO - Conforme as águas vão baixando, moradores de Eldorado do Sul tendo contato com os estragos causados pelas enchentes. - Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Eldorado do Sul (RS), 22/05/2024 – CHUVAS-RS – DESTRUIÇÃO – Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Impacto social

Além do diagnóstico sobre o solo, o evento apontou outros impactos, como o social. O professor de economia Gibran Teixeira, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), explicou que as enchentes no Estado deixaram um desastre que requer políticas públicas diante das perdas de postos de trabalho e queda de arrecadação.

Para se ter uma ideia, ele exemplificou que, nos municípios com apenas 10% da população afetada,  houve uma perda de quatro empregos a cada mil habitantes, além de queda salarial e de assistência de saúde.

“Quanto maior for a exposição do município à área de inundação, mais há perdas de emprego formal, queda na arrecadação municipal, aumento de casos de leptospirose, redução de visitas e toda assistência básica em saúde”, diz o professor. 

Nas cidades com maior nível de exposição (com mais de 50% da população afetada), houve o maior volume de queda de empregos formal, de admissões, e, por consequência, maior diminuição de ICMS.

“Paralisou praticamente a economia do estado e principalmente esses municípios que tiveram um maior nível de exposição à inundação”, ressaltou.

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Brasil e Mundo

Apenas dez países entregaram metas climáticas; prazo termina segunda

Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima – COP28. Foto: Ralf Vetterle/Pixabay

Último dia para nações apresentarem compromissos é segunda-feira (10)
Fabíola Sinimbú – Repórter da Agência Brasil

A nove meses da realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, o prazo estabelecido no Acordo de Paris para entrega da terceira geração de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) terminará na segunda-feira (10). Dos 197 países que fazem parte do tratado, apenas dez atualizaram suas ambições para redução de gases do efeito estufa.

Este ano, o Acordo de Paris, o maior tratado global firmado por líderes para evitar a piora dos impactos climáticos e limitar o aquecimento global em 1,5 grau Celsius (ºC), completa dez anos, mas as nações têm falhado nessa ambição. Até 2035, para estabilizar os termômetros nesse nível, acima da temperatura pré-industrial, será necessário reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 57%, aponta o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

Em janeiro, ao apresentar as prioridades das Nações Unidas para o ano de 2025, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que os países devem centrar esforços para criar planos capazes de reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 60% até 2035, com claras metas de diminuição da produção e consumo de combustíveis fósseis. Ele destacou ainda o trabalho para impulsionar as ações, “em estreita colaboração com o anfitrião da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP30, o presidente Lula do Brasil.”

Compromissos

O Brasil responde atualmente por 2,45% das emissões globais, de acordo com o relatório de 2024 do Banco de Dados de Emissões para Pesquisa Atmosférica Global (Edgar, na sigla em inglês) e foi o segundo país a atualizar a NDC, depois apenas dos Emirados Árabes Unidos.

Na nova ambição, estabeleceu uma faixa de redução das emissões entre 59% a 67%, para 2035, na comparação com 2005. O corte levará o país a uma emissão líquida anual de 850 milhões de toneladas a 1,05 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente (CO2e), unidade utilizada para medir as emissões de gases do efeito estufa em relação ao seu potencial de aquecimento do planeta.

No caso dos Emirados Árabes Unidos, que representam atualmente 0,51% (Edgar) das emissões globais, a redução foi menos ambiciosa, com uma meta de corte em 47% para 2035, em comparação com 2019, o que levaria o país a um volume anual de o 103,5 milhões de toneladas de CO2e.

O terceiro país a entregar a NDC foi os Estados Unidos, ainda em 2024, antes mesmo de anunciar a saída do Acordo de Paris. A contribuição apresentada foi coerente com o segundo maior emissor de gases do efeito estufa do planeta, que hoje representa 11,25% (Edgar) das emissões globais. A ambição é pela redução na faixa de 61% a 66% para 2035, em comparação com as medições de 2005.

O Uruguai, que representa apenas 0,08% das emissões globais, encerrou as entregas de NDCs no ano de 2024, com o compromisso de limitar as emissões de gases do efeito estufa a partir de medição dos níveis absolutos de dióxido carbônico (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), que representam 99,3% das emissões no país. Para 2035, o país estabeleceu os limites de emissões de CO2 em até 9,6 milhões de toneladas, de CH4 em 818 mil toneladas e de N2O em até 32 mil toneladas; além de limitar em 30% o consumo de hidrofluorcarbonetos – gases sintéticos presentes em aerossóis e usados em sistemas de refrigeração, na comparação com níveis de 2022.

O país também apontou o avanço adicional que é possível ser alcançado com a disponibilidade de condições que vão além do que o Uruguai dispõe, como financiamento internacional. Nesse caso, as metas condicionadas acresceriam aos limites reduções de CO2 em mais 960 mil toneladas, de CH4 em mais 61 mil toneladas e de N2O em mais 2 mil toneladas; a limitação do consumo de hidrofluorcarbonetos chegaria a 35%.

2025

Nos dois primeiros meses deste ano, mais seis países apresentaram suas metas: Suíça, Reino Unido, Nova Zelândia, Andorra, Equador e Santa Lúcia , que respondem juntos por apenas 1,1% das emissões globais. Enquanto a Suíça, com 0,08% das emissões globais, apontou para uma redução de 65%, o Reino Unido – que responde por 0,72% – foi além e assumiu o compromisso de mitigar 81% das emissões, até 2035. Ambos usam como parâmetro comparativo as emissões em 1990.

A Nova Zelândia, responsável por 0,16% dos gases na atmosfera, apontou para uma faixa entre 51% e 55% de redução das emissões, para 2035, na comparação com 2005. Diferente dos demais países que já chegaram à terceira geração de NDC, essa foi a segunda atualização de ambição tanto para o país da Oceania, quanto para a Suíça, que haviam apresentado suas primeiras versões respectivamente em 2021 e 2017.

Andorra entregou a terceira geração da NDC também dentro do prazo e, apesar de ser um local com baixíssimas emissões que nem chegam a representar um percentual (370 mil toneladas de CO2e em 2005), pretende reduzir suas emissões a 137 mil toneladas de CO2e, em 2035, o que representa um compromisso de mitigar 63%.

Assim como em Andorra, os gases de efeito estufa gerados em Santa Lúcia não chegam a representar um percentual nas emissões globais, mas o país insular também atualizou a NDC em sua terceira versão ampliando a ambição de 14,7% para 22% para os setores energético e de transporte, até 2035, tendo como base as medições de 2010.O país também estabeleceu uma meta condicionada que poderia elevar esse percentual a 32%, caso haja disponibilidade de recursos para geração de energia geotérmica.

O país qualificou ainda sua NDC com a ampliação de sua capacidade de captação dos gases do efeito estufa, que deverá atingir 251 mil toneladas de CO2e por ano, até 2035, permitindo a retirada de mais 10% dos gases já emitidos para a atmosfera.

O Equador usou o ano de 2010 como referência para apontar uma redução de 7% para as emissões em 2035, o que equivale a 8,8 milhões de toneladas de CO2e. O país, que atualmente representa 0,14% das emissões globais, adicionou ainda uma meta condicionada de alcançar até 8%, o que equivaleria a 10,6 milhões de toneladas de CO2e.

Os dez países, que juntos representam 15,3% das emissões globais, reafirmaram o compromisso net zero para 2050, o que significaria alcançar a neutralidade entre as emissões e a remoção de gases da atmosfera, por meio de medidas de compensação como restauração de vegetação nativa e o próprio mercado de carbono.

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Brasil e Mundo

SP instala Conselho de Mudanças Climáticas para fortalecer resiliência das cidades

Além de ações de mitigação e adaptação climática, como o desassoriamento do Rio Preto, em Peruíbe, Governo de SP investe em governança com conselho. Sérgio Barzaghi/ Governo do Estado de SP

Também foram anunciadas medidas de estímulo ao reflorestamento, geração de energia solar e integração de dados para pronta resposta a eventos climáticos

Agência SP

O governador Tarcísio de Freitas anunciou nesta quarta-feira, dia 22, no Palácio dos Bandeirantes, a instalação do Conselho Estadual de Mudanças Climáticas (CEMC), que vai acompanhar e monitorar a implementação da estratégia do estado na prevenção e enfrentamento a eventos climáticos extremos. Com o CEMC, que tem composição tripartite, com representantes do governo estadual, dos municípios e da sociedade civil, São Paulo sai na frente na criação de uma governança robusta para o enfrentamento às mudanças do clima.

“No que diz respeito à mitigação de efeitos e à adaptação climática, nós temos uma série de ações que estão em curso e agora vamos avançar na questão governança, que é muito importante, com o conselho e com a participação dos municípios, do estado e da sociedade civil, que está representada por meio de entidades super relevantes e pela Academia. Tenho certeza que a gente vai dar passos importantes na questão da sustentabilidade para aproveitar as oportunidades que estão aí”, afirmou o governador.

A cerimônia contou com a presença dos secretários estaduais Natália Resende (Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística); Coronel PM Henguel Ricardo Pereira (Casa Militar e Defesa Civil); Arthur Lima (Casa Civil); Eleuses Paiva (Saúde); Vahan Agopyan (Ciência, Tecnologia e Inovação) e Coronel Helena (Esportes), além da procuradora geral do estado, Inês Coimbra; do presidente do Conselho de Administração da EMAE, Nelson Tanure, e do economista Marcos Troyjo, acadêmico da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

O Conselho terá a missão de acompanhar e monitorar a implementação da estratégia climática do estado. A prioridade é reduzir as emissões de gases de efeito estufa e tornar as cidades paulistas mais resilientes a desastres provocados por grandes inundações, deslizamentos, incêndios florestais e estiagem prolongada, entre outros. As secretarias da Casa Civil e de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística lideram a iniciativa.

De caráter consultivo, o Conselho é composto por 18 membros, divididos entre governo, sociedade civil e municípios. Entre os membros do governo fazem parte as secretarias de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, da Casa Civil, de Desenvolvimento Econômico, de Ciência, Tecnologia e Informação, de Agricultura e Abastecimento e Transportes Metropolitanos, da Saúde e a Defesa Civil do Estado de São Paulo.

Já entre os municípios estão as regiões metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista e a Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente (Anamma). Representando a sociedade civil, foram convidadas organizações socioambientais com atuação na área de mudanças climáticas, universidades públicas paulistas e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

“Este conselho está sendo instalado hoje com o objetivo de promover uma governança mais integrada e representativa. Com uma atuação coordenada, haverá uma articulação entre os setores estratégicos para a resiliência climática e economia de baixo carbono, como restauração ecológica, segurança alimentar, resiliência hídrica, gestão de resíduos e saneamento e mercado de carbono”, comentou a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende.

Mais avanços

Durante o evento, também foi anunciado um chamamento público da Fundação Florestal para selecionar projetos de coleta de sementes de espécies nativas nas Unidades de Conservação estaduais. A iniciativa faz parte da estratégia do Governo de São Paulo para promover a recuperação florestal no estado utilizando vegetação nativa, inclusive espécies ameaçadas de extinção. Um catálogo de 200 espécies de árvores nativas das unidades de conservação estará disponível no site da Fundação, para direcionar o trabalho dos interessados na coleta de sementes.

Outro anúncio, que promete acelerar a expansão da energia solar no estado, foi que a CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) passará a dispensar o licenciamento ambiental para implementação de sistemas de geração de energia fotovoltaica de uso próprio, com capacidade instalada de até 5MW, para atividades já licenciadas.

Centro Paulista de Radares e Alertas Meteorológicos

Outro anúncio foi a instituição do Centro Paulista de Radares e Alertas Meteorológicos (CePRAM), que coloca a tecnologia e a modernização a serviço da proteção de vidas, por meio da integração dos radares e equipamentos disponíveis. O CePRAM funcionará sob a gestão da Defesa Civil estadual e contará com profissionais especializados como meteorologistas, hidrólogos e geólogos. A iniciativa integra o programa SP Sempre Alerta.

Atualmente, o estado conta com sete radares meteorológicos, dois deles adquiridos recentemente – o de Ilhabela, que contou com investimento de R$ 10 milhões, e outro instalado em Campinas, adquirido por cerca de R$ 4 milhões. Dos sete radares disponíveis, um é gerido pela SP Águas, dois são geridos pela USP, três pela Unesp e um pela Unicamp.

O CePRAM permitirá a integração de todos os equipamentos e, com isso, as informações e dados produzidos por eles estarão disponíveis em um único lugar, permitindo uma cobertura meteorológica de todo o território paulista. A inovação visa aprimorar a capacidade de prever eventos extremos e melhorar a emissão de alertas à população.

O novo Centro vai funcionar sob a gestão da Defesa Civil estadual e contará com apoio de profissionais dos institutos paulistas, como geólogos, hidrólogos e meteorologistas. Eles se somarão à equipe que já integra o Centro de Gerenciamento de Emergências da Defesa Civil (CGE). Com o incremento, o Estado de SP ganhará maior capacidade técnica para emissão de boletins meteorológicos e, consequentemente, alertas mais precisos durante a ocorrência de eventos extremos, como chuvas fortes, vendavais ou quedas de granizo.

“Temos trabalhado muito para integrar ações e usar a tecnologia para a proteção das pessoas. O CePRAM vai unir informações de agricultura, meio ambiente e sociedade civil. Também estamos trazendo mais profissionais para entendermos essa nova realidade e, a partir daí, aplicar em novas políticas públicas”, disse o coronel PM Henguel Pereira, coordenador estadual da Defesa Civil.

Iniciativa privada

A participação da iniciativa privada no esforço de prevenção e combate às mudanças climáticas tem sido estimulada pelo Governo de São Paulo, e, nesse sentido, a EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A) lançou durante o evento o projeto “EMAE 100 anos do Reservatório Billings”, que prevê a plantação de mais de 100 mil mudas de árvores nativas nas margens do Rio Pinheiros e em regiões selecionadas do Reservatório Billings.

Com a medida, será criado um novo corredor ecológico para a capital e Região Metropolitana, incluindo os municípios de São Bernardo do Campo, Santo André, Diadema, Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires em cerca de 100 km lineares. A ação faz parte das comemorações dos 100 anos do Reservatório Billings.

Política Estadual de Mudanças Climáticas

A Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC) é dividida nas frentes de mitigação e adaptação. O eixo de mitigação abrange o Plano de Ação Climática 2050 (PAC 2050), com trajetória de descarbonização em até 25 anos. Já o pilar de adaptação abarca o Plano Estadual de Adaptação e Resiliência Climática (PEARC), instrumento que organiza e orienta as medidas e ações de adaptação aos efeitos das mudanças climáticas no estado de São Paulo. Ambos os planos fazem parte do leque de ações orientadas pelo Conselho Estadual de Mudanças Climáticas (CEMC).

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Brasil e Mundo

“Estamos a caminho de um suicídio planetário”, diz climatologista

O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Carlos Nobre, durante assinatura de protocolo de cooperação na área de desastres ambientais (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Para Carlos Nobre, propostas apresentadas até agora são insuficientes

Fabíola Sinimbú – Enviada especial*

O climatologista Carlos Nobre, referência mundial sobre o tema, considera insuficientes as propostas apresentadas até agora pelos países na 29ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), que está sendo realizada em Baku, no Azerbaijão.

Segundo Nobre, as partes do Acordo de Paris ainda não foram capazes de avançar na meta de reduzir as emissões do planeta de gases de efeito estufa em 43% até a COP28 e, se fossem capazes, essa estratégia não seria mais eficiente para manter o aumento da temperatura planetária em 1,5 grau Celsius (ºC) acima do período pré-industrial. “Nós já estamos há 16 meses com a temperatura elevada em 1,5 grau. Existe enorme risco de ela não baixar mais. A partir de agora, se ficar três anos com 1,5 grau, a temperatura não baixa mais”, afirma.

Alcançar os 43% já é desafio para um mundo que continua a ver as emissões de gases de efeito estufa crescerem e que ainda depende de combustíveis fósseis, principais vilões do problema, explica o cientista. “Se a gente seguir com essa prática, reduzir em 43%.as emissões agora até 2030 e zerar as emissões líquidas, só em 2050 poderemos chegar até 2,5 graus”, diz.

A maior parte dos líderes signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, no entanto, não acompanha a urgência. Há poucos meses do fim do prazo de atualização de metas, em fevereiro de 2025, poucos países renovaram as ambições.

O Brasil, como próximo país-sede da conferência em 2025, foi um dos poucos a atualizar a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês), baixando a meta de emissões de gases do efeito estufa nos próximos 11 anos. Os números foram apresentados na última sexta-feira (8), último dia útil antes da abertura das negociações em Baku, onde o vice-presidente Geraldo Alckmin apresentará a proposta brasileira.

“Essa COP29 tem que ser desafiadora. Ela não pode ser igual à COP28. Tem que começar realmente a debater o risco de termos um planeta chegando até a 2,5 graus em 2050. Estamos a caminho de um suicídio planetário se não superacelerarmos a redução das emissões”, reforça Nobre.

Além de reduzir gradualmente os problemas, o climatologista lembra que os países precisam também se preparar para o que não terá mais retorno. “Explodiram os eventos extremos em quase todo o mundo e, mesmo em países desenvolvidos, esses eventos extremos são graves. Veja os furacões cada vez mais fortes pegando os Estados Unidos, o México. O furação Leme, antes do Milton, matou mais de 200 nos Estados Unidos. Esse, em Valência, nas Espanha, não foi furacão. Isso é um evento extremo de chuva, quase 500 milímetros de chuva em seis horas, mataram mais centenas”, diz.

Para Carlos Nobre a adaptação de países mais pobres, portanto mais vulneráveis, é tema que não poderá ficar de fora das negociações globais de líderes.

Embora as políticas públicas e o alto financiamento das ações sejam iniciativas ao alcance das decisões globais, o climatologista lembra que todos podem contribuir, já que o avanço tecnológico tem viabilizado cada vez mais o consumo consciente.

“No Brasil, 75% das emissões foram o desmatamento da Amazônia e do Cerrado. Outros 25% foram emissões da agropecuária, principalmente da pecuária. Já há mercados frigoríficos que vendem a carne da pecuária sustentável, da pecuária com muito mais baixa emissão. Aí o preço dessa carne é igual, porque a pecuária regenerativa, ela é mais lucrativa, mais produtiva, então não tem variação de preço”, explica.

Além da carne, a energia solar tem se mostrado mais barata que a termoelétrica, assim como os carros elétricos também se mostram menos caros, quando o combustível fóssil entra na conta, explica Nobre. “Nós temos realmente que assumir a nossa liderança, porque em sociedades como a nossa, democrática, com toda liberdade, comprar um carro elétrico economicamente faz todo sentido. Comprar a carne da pecuária sustentável, com baixas emissões, faz todo sentido, e o preço é o mesmo”, conclui.

*A repórter viajou a convite do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

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Brasil e Mundo

La Niña deve ter intensidade fraca este ano, diz climatologista

© Paulo Pinto/Agencia Brasil

Fenômeno provoca chuva no Nordeste e seca no Sul

Ana Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil

Queda de temperatura e chuva melhora a qualidade do ar na cidade – Foto: Paulo Pinto/Agencia Brasil

O fenômeno La Niña, se as tendências dos modelos de previsão estiverem corretas, provavelmente será fraco e talvez não se sinta os efeitos costumeiros, segundo a climatologista Francis Lacerda, do Instituto Agronômico de Pernambuco, em entrevista ao programa Natureza Viva, da Rádio Nacional da Amazônia.

O La Niña é marcado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico.

De acordo com Francis, o La Niña provoca chuva no Nordeste do Brasil, e gera seca na Região Sul, em boa parte do Centro-Oeste e no Sudeste.

A climatologista explica que o fenômeno iniciou há dois meses o processo de resfriamento, porém em velocidade mais lenta que o habitual.

“O que a gente tem observado e os modelos de previsão do mundo inteiro indicam é que o La Niña este ano está atrasado, já era para estar um pouco mais avançado no tempo e a previsão é que seja uma La Niña fraca”, disse.

De acordo com Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a probabilidade do La Niña nos meses de outubro-novembro-dezembro aumenta para 60%.

Para o mês de outubro, a previsão do Inmet é quantidade de chuvas acima da média em grande parte da Região Sul, Mato Grosso do Sul, São Paulo e sul do Rio de Janeiro e de Minas Gerais e deve haver volta gradual das chuvas para a parte central do país na segunda quinzena.

Mudanças climáticas

A climatologista destacou a questão das mudanças climáticas, que foi abordada na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) na última semana, principalmente no discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defendeu o multilateralismo como caminho para superação da urgência climática.

Para Francis Lacerda, as ações para minimizar os impactos do descontrole climático, como a redução das emissões, ainda enfrentam resistência de setores econômicos para serem colocadas em prática, como o agronegócio, ainda “pautado em cima da produção em larga escala e da produção de bovinos e carne que é exportada”.  “A energia e a água são convertidas nessas commodities e a gente aqui padecendo de ações para que esse setor de commodities e do agronegócio cresça em detrimento do nosso bioma e do descontrole total do clima”, ressalta.

Outro ponto citado pela climatologista é a possibilidade de a Amazônia chegar ao ponto de não retorno (estágio em que determinado processo se torna irreversível, por exemplo, o desmatamento) o que trará, conforme Francis Lacerda, graves consequências ao país. Ela defende que é preciso parar de considerar o bioma “um pasto gigante” para criação de gado e plantação de soja.

Quanto aos incêndios florestais, ocorridos em diversas regiões do país, a climatologista disse que a maioria deve ter intenção criminosa com intuito de queimar áreas de proteção ambiental.

Um monitoramento, a partir de imagens de satélite e alertas de fogo, mostra que 99% das queimadas no Brasil têm ação humana, principalmente na Amazônia, Cerrado e Pantanal.

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Brasil e Mundo

Ato em SP conclama para medidas de mitigação da emergência climática

A capital amanheceu coberta de fumaça causada pelo incêndio no Parque Nacional de Brasília Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Tema do evento foi: esse calor não é normal

Letycia Bond – Repórter da Agência Brasil*

Movimentos sociais e entidades realizam hoje (22), na capital paulista, a Marcha por Justiça Climática, que teve como tema: Esse calor não é normal. O protesto é uma das 13 mobilizações pelo país que iniciaram nesta sexta-feira (20), terminarão em outubro e que têm à frente nomes como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Fórum Popular da Natureza, o Greenpeace Brasil, Coalizão pelo Clima SP e o Jovens pelo Clima.

No estado de São Paulo, as cidades com atos são: Piracaia, Campinas, Bauru, Ribeirão Preto, Limeira, Piracicaba, Sorocaba e São Sebastião, onde moradores da Vila Sahy conceberam uma intervenção artística e fizeram uma caminhada. Estas três últimas também optaram por fazer o protesto hoje.

Além desses municípios, São Roque, que fica a uma hora da capital, tem uma manifestação marcada para o dia 4 de outubro. As reivindicações são comuns ainda a cinco outras capitais: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Florianópolis, Brasília e Curitiba.

Em São Paulo capital, o ato deste domingo tem como ponto de partida o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). Manifestantes já estão em frente ao museu, erguendo faixas e cartazes com frases como “Pelo fim do martírio guarani”, “Quem banca a extinção?”, “Picanha de terra grilada com certificado de exploração”;

Eles usaram máscaras com feições de animais, confeccionadas no ateliê do coletivo de artistas andinas Cholitas da Babilônia. Entre as palavras de ordem, “Esse calor não é normal, capitalismo é só desastre ambiental” e “O capital tem que morrer, contra as queimadas, não tem planeta B”, em meio a alusões ao Rio Grande do Sul, que recentemente foi destruído por inundações, e Brumadinho (MG), conhecida pela tragédia com o rompimento de barragem da mineradora Vale.

“A gente veio pedir ajuda não só para a gente, mas para os não indígenas, que também estão sofrendo”, declara Alice Jaxuka, da comunidade guarani mbya da Terra Indígena Jaraguá. “Fico emocionada, porque vejo muitas pessoas em necessidade.”

Queimadas

Os manifestantes também destacaram os incêndios florestais recentes, que têm contribuído para a emissão de gases de efeito estufa. Os movimentos sociais pedem a punição de quem está por trás dos incêndios provocados intencionalmente.

Outro recorte relacionado à intensificação de eventos climáticos é a crise hídrica no Norte, em que comunidades sofrem diante da seca de rios, a exemplo do rio Madeira, que já afeta até mesmo indígenas, como os karipuna de Rondônia, que também têm adoecido por conta da fumaça inalada.

O grupo também decidiu ir às ruas para cobrar de autoridades governamentais diversas medidas. Os manifestantes reclamam ações de fortalecimento institucional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Pautas

As organizações que articularam o protesto enfatizam que se trata de uma marcha anticapitalista e que se opõe ao agronegócio – e, nesse caso, suscitam, inclusive, críticas ao consumo de carne como hábito de alto custo social – e à mineração, realçando o rastro de destruição deixado por tais atividades econômicas em todos os biomas. Ao mesmo tempo, saem em defesa dos povos indígenas, comunidades tradicionais e outros grupos minoritários e do modelo que fomenta a agricultura familiar, que absorve 67% da mão de obra do campo.

Os organizadores fazem o alerta de que as populações negra, periférica e pobre, as mulheres e a comunidade LGBTQIA+ estão sujeitas a uma vulnerabilidade maior. Nesse contexto, pedem mais agilidade no processo de demarcação de terras indígenas e no de titulação de territórios quilombolas.

Uma das preocupações é em relação à construção da Ferrogrão, ferrovia que impactaria a vida de 2,6 mil pessoas, entre indígenas, pequenos agricultores e ribeirinhos, além da pavimentação da BR-319. O protesto também serve de alerta para outro empreendimento: a perfuração marítima na bacia da Foz do Rio Amazonas, entre o Pará e o Amapá.

Eleições

A emergência climática também aparece como uma das principais bandeiras de candidatos nas eleições municipais deste ano. A organização Nossas (https://nossas.org) e o Instituto Clima de Eleição lançaram o site Vote Pelo Clima (https://votepeloclima.org/), apoiado por uma rede de 72 organizações.

Para o Observatório do Clima, o Brasil deveria cortar, até 2035, pelo menos 92% do volume de gases de efeito estufa emitido em 2005. Naquele ano, o país lançou na atmosfera 2.440 milhões de toneladas de gás carbônico. Caso siga a recomendação da entidade, teria de limitar a emissão a 200 milhões de toneladas líquidas.

Uma das oportunidades que o Brasil terá para firmar seu protagonismo na agenda e reiterar seu compromisso é a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém, em novembro de 2025. De acordo a Fundação Getulio Vargas (FGV), a estimativa é de que a conferência reúna mais de 40 mil visitantes durante os principais dias de programação.

O governo federal abriu um período para receber sugestões de propostas para o Plano Clima, que deverá conter diretrizes para o Brasil até 2035, tendo como referência os preceitos do  Acordo de Paris. Ao todo, 1.290 propostas foram enviadas.

* Com informação da Secretaria de Comunicação Social (Secom), da Presidência da República.

 

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Brasil e Mundo

Crianças e adolescentes sofrem com mudanças climáticas, alerta Unicef

População enfrenta forte onda de calor no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Perigos afetam segurança alimentar e hídrica, diz especialista

Agência Brasil

Com apenas duas semanas para as eleições municipais – e em meio a calor e fumaça –, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alerta em novo levantamento divulgado nesta segunda-feira, dia 23, para a importância de novos prefeitos e prefeitas investirem em medidas voltadas à resiliência climática e à garantia dos direitos de crianças e adolescentes. No Brasil, 33 milhões de menores enfrentam pelo menos o dobro de dias quentes a cada ano, em comparação a seus avós.

Utilizando como base uma comparação entre as médias dos anos 1970 e de 2020-2024, a análise mostra a velocidade e a escala com que os dias extremamente quentes estão aumentando. Esses dias são aqueles em que se registram temperaturas acima de 35ºCelsius (ºC). No Brasil, a média de dias extremamente quentes passou de 4,9 ao ano na década de 1970 para 26,6 na década de 2020. A análise aponta, também, para o aumento das ondas de calor. Nesse caso, trata-se de períodos de 3 dias ou mais em que a temperatura máxima está mais de 10% maior do que a média local.

As crianças e os adolescentes são os que sentem, por mais tempo e com maior intensidade, impactos de ondas de calor, enchentes, secas, fumaças e outros eventos climáticos extremos. O estresse térmico no corpo, causado pela exposição ao calor extremo, ameaça a saúde e o bem-estar de crianças e mulheres grávidas. Níveis excessivos de estresse térmico, também, contribuem para a desnutrição infantil e doenças não transmissíveis que tornam as crianças mais vulneráveis a infecções que se espalham em altas temperaturas, como malária e dengue.

“Os perigos relacionados ao clima para a saúde infantil são multiplicados pela maneira como afetam a segurança alimentar e hídrica, a exposição à contaminação do ar, do solo, e da água, e a infraestrutura, pois interrompem os serviços para crianças, incluindo educação, e impulsionam deslocamentos. Além disso, esses impactos são mais graves a depender das vulnerabilidades e desigualdades enfrentadas pelas crianças, de acordo com sua situação socioeconômica, gênero, raça, estado de saúde e local em que vive”, explica Danilo Moura, Especialista em Mudanças Climáticas do Unicef no Brasil.

Diante desse cenário, o órgão pede que candidatos e candidatas às prefeituras se comprometam a preparar as cidades para enfrentar e lidar com as mudanças climáticas, com foco especial nas necessidades e vulnerabilidades de meninas e meninos.

“Isso inclui implementar ações para enfrentar as mudanças climáticas e adaptar serviços públicos, infraestrutura e comunidades para resistirem a seus efeitos, inclusive a eventos climáticos extremos, priorizando as necessidades e vulnerabilidades específicas de meninas e meninos. Uma ação importante é incorporar o Protocolo Nacional para Proteção Integral de Crianças e Adolescentes em Situação de Desastres aos planos do município”, aponta Danilo.

O tema é uma das cinco prioridades propostas pelo Unicef na agenda Cidade de Direitos – Cinco prioridades para crianças e adolescentes nas Eleições 2024, voltada a candidatos e candidatas de todo o país.

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RMC

Reunião Plenária do Consórcio PCJ vai debater situação hídrica da região

Em meio a ocorrência do “La Niña” rios apresentam queda nas vazões.  Hidrológo e professor da Unicamp, Antônio Carlos Zuffo, irá apresentar seus estudos sobre eventos extremos e seus impactos às Bacias PCJ

As vazões dos rios nas Bacias PCJ estão em média 36% abaixo do normal para o período. O tempo seco, reflexo da transição do fenômeno climático “El Niño” para o “La Niña”, tem também impactado nas precipitações de chuva na região. Diante desse cenário, o Consórcio PCJ convidou o hidrólogo e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Antônio Carlos Zuffo, para apresentar seus estudos e cenários para os próximos meses, que segundo ele, deve apresentar uma estiagem mais longa nesse ano. A apresentação acontecerá durante a Reunião Plenária do Consórcio PCJ, que acontecerá no dia 26 de setembro, no NOHotel, em Americana (SP), a partir das 9h.

Recentemente, em entrevista ao Portal Água (www.agua.org.br), o site do Consórcio PCJ, Zuffo analisou o comportamento climático atual, no qual atenta que as vazões dos rios devem seguir abaixo da média até o início de dezembro. Na entrevista, ele alertou que “as cidades que não possuem reservatórios municipais ou não são abastecidas com mananciais regulados pelas vazões do Sistema Cantareira vão sofrer mais com a estiagem prolongada nesse ano”.

Em sua apresentação para a Reunião Plenária, o pesquisador e professor vai apresentar cenários sobre a disponibilidade hídrica nas Bacias PCJ. O objetivo é munir os municípios e empresas associados de informações para planos de ação e contingenciamento, em caso de agravamento das condições climáticas.

Reunião Plenária reconhecerá os municípios com gestão sustentável da água

Em comemoração aos 35 anos do Consórcio PCJ, será entregue o troféu “Gestão Sustentável da Água”, em reconhecimento às prefeituras associadas pelo seu trabalho junto ao Consórcio PCJ de apoio na busca pela sustentabilidade hídrica local.

Atualmente, a entidade é composta por 41 municípios que mantêm as atividades de preservação e manutenção das Bacias PCJ: Artur Nogueira, Amparo, Analândia, Atibaia, Bragança Paulista, Bom Jesus dos Perdões, Capivari, Camanducaia, Campinas, Cosmópolis, Cordeirópolis, Corumbataí, Hortolândia, Extrema, Holambra, Irecemápolis, Indaiatuba, Ipeúna, Itatiba, Itupeva, Jaguariúna, Limeira, Louveira, Monte Mor, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Piracaia, Piracicaba, Rafard, Rio Claro, Rio das Pedras, Saltinho, Santa Gertrudes, Santo Antônio de Posse, Santa Bárbara d’Oeste, Valinhos, Vargem, Vinhedo.

O Consórcio PCJ solicita que os municípios se articulem e enviem ao menos um representante oficial, o próprio prefeito ou alguém indicado por ele, para receber a premiação. Mais infor

Entrega do livro que celebra os 30 anos do Programa de Proteção aos Mananciais

Durante a reunião, serão distribuídos exemplares do livro “Três Décadas de Conservação das Matas Ciliares nas Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí”, que celebra os 30 anos de atuação do Programa de Proteção aos Mananciais do Consórcio PCJ. A publicação narra toda a história da iniciativa, os resultados e os desafios futuros, além de contar com a colaboração de textos de importantes nomes para o Programa, como a proprietária da primeira área atendida pelo Programa, Maria Christina Pacheco, e o engenheiro, Carlos Alberto Schincariol, entre outros.

Serviço:

Evento: 95ª Reunião Ordinária do Consórcio PCJ

Local: Nohotel Premium, localizado na R. Ítalo Boscheiro, 555, Americana (SP)

Data e Horário: 26/09/2024, às 9h

Confirmação de Presenças: https://forms.gle/RWSQcJoXxJcTTb6u6

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Brasil e Mundo

Governo de SP aplica mais de R$ 25 milhões em multas na Operação SP sem Fogo

Governo de São Paulo intensificou combate ao fogo. Foto: Divulgação/Governo de SP

Polícia Militar Ambiental e Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística intensificam combate a incêndios, monitoramento e prisões

Agência SP

A Operação São Paulo sem Fogo, do Governo do Estado, já aplicou mais de R$ 25 milhões em multas para crimes relacionados a queimadas criminosas desde janeiro até 16 setembro deste ano. Ao todo, 23 pessoas foram detidas por suspeita de envolvimento em ações de início intencional de fogo.

O monitoramento e a fiscalização são trabalhos conjuntos de diversos órgãos do governo, entre eles a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil) e a Polícia Militar Ambiental. No ano passado, por exemplo, a secretaria fez a doação de 61 viaturas para a Polícia Ambiental, um investimento de quase R$ 18 milhões que permitiu ampliar as ações de prevenção e repressão.

Atualmente, a Polícia Ambiental conta com 1.866 PMs e 933 viaturas empregadas nas ações de fiscalização e combate. Cada ponto de queimada identificado pelos satélites de monitoramento é vistoriado detalhadamente, para que os responsáveis sejam devidamente identificados e punidos. Os procedimentos de controle incluem o acesso aos telefones das brigadas mais próximas e o suporte da Polícia Militar Ambiental nas vistorias preventivas, garantindo uma resposta rápida e eficiente.

Entre janeiro e 16 de setembro de 2024, foram atendidas 2.392 ocorrências e vistoriados 2.159 focos de incêndio em vegetação em todo o Estado de São Paulo. Nesse período, foram lavrados 420 autos de infração ambiental, abrangendo mais de 107 mil hectares de áreas afetadas, o equivalente a 115 mil campos de futebol.

Além das ações da Polícia Ambiental, a Fundação Florestal (FF), responsável pelas Unidades de Conservação do Estado, também intensificou as ações nas últimas semanas. Como forma de prevenção, desde o dia 1º de setembro estão fechados 81 Parques Estaduais para proteger os visitantes e a população do entorno destas localidades. A FF ampliou o número de bombeiros civis em quase 80% neste mês para combater as chamas, passando de 57 para 102 profissionais. A estrutura da FF conta ainda com mais de 200 brigadistas e 70 vigilantes.

Os equipamentos que são usados por esses profissionais são: caminhões-pipa, tratores, carretas-tanque, picapes 4×4, kit motobomba com tanque rígido, quadriciclos, sopradores, atomizador costal, roçadeiras, motosserras, bomba costal e abafadores. Além disso, só neste ano, a fundação realizou mais de 1.600 km de aceiros, faixa de terra livre de vegetação que é criada para impedir a propagação de incêndios. 80 animais silvestres foram resgatados, 44 mortos e 36 estão em tratamento. A área queimada nas Unidades de Conservação é de cerca de 700 hectares, o que corresponde a apenas 0,07% da área total protegida de mais de um milhão de hectares.

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