EMERGÊNCIA CLIMÁTICA

Brasil e Mundo

“Estamos a caminho de um suicídio planetário”, diz climatologista

O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Carlos Nobre, durante assinatura de protocolo de cooperação na área de desastres ambientais (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Para Carlos Nobre, propostas apresentadas até agora são insuficientes

Fabíola Sinimbú – Enviada especial*

O climatologista Carlos Nobre, referência mundial sobre o tema, considera insuficientes as propostas apresentadas até agora pelos países na 29ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), que está sendo realizada em Baku, no Azerbaijão.

Segundo Nobre, as partes do Acordo de Paris ainda não foram capazes de avançar na meta de reduzir as emissões do planeta de gases de efeito estufa em 43% até a COP28 e, se fossem capazes, essa estratégia não seria mais eficiente para manter o aumento da temperatura planetária em 1,5 grau Celsius (ºC) acima do período pré-industrial. “Nós já estamos há 16 meses com a temperatura elevada em 1,5 grau. Existe enorme risco de ela não baixar mais. A partir de agora, se ficar três anos com 1,5 grau, a temperatura não baixa mais”, afirma.

Alcançar os 43% já é desafio para um mundo que continua a ver as emissões de gases de efeito estufa crescerem e que ainda depende de combustíveis fósseis, principais vilões do problema, explica o cientista. “Se a gente seguir com essa prática, reduzir em 43%.as emissões agora até 2030 e zerar as emissões líquidas, só em 2050 poderemos chegar até 2,5 graus”, diz.

A maior parte dos líderes signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, no entanto, não acompanha a urgência. Há poucos meses do fim do prazo de atualização de metas, em fevereiro de 2025, poucos países renovaram as ambições.

O Brasil, como próximo país-sede da conferência em 2025, foi um dos poucos a atualizar a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês), baixando a meta de emissões de gases do efeito estufa nos próximos 11 anos. Os números foram apresentados na última sexta-feira (8), último dia útil antes da abertura das negociações em Baku, onde o vice-presidente Geraldo Alckmin apresentará a proposta brasileira.

“Essa COP29 tem que ser desafiadora. Ela não pode ser igual à COP28. Tem que começar realmente a debater o risco de termos um planeta chegando até a 2,5 graus em 2050. Estamos a caminho de um suicídio planetário se não superacelerarmos a redução das emissões”, reforça Nobre.

Além de reduzir gradualmente os problemas, o climatologista lembra que os países precisam também se preparar para o que não terá mais retorno. “Explodiram os eventos extremos em quase todo o mundo e, mesmo em países desenvolvidos, esses eventos extremos são graves. Veja os furacões cada vez mais fortes pegando os Estados Unidos, o México. O furação Leme, antes do Milton, matou mais de 200 nos Estados Unidos. Esse, em Valência, nas Espanha, não foi furacão. Isso é um evento extremo de chuva, quase 500 milímetros de chuva em seis horas, mataram mais centenas”, diz.

Para Carlos Nobre a adaptação de países mais pobres, portanto mais vulneráveis, é tema que não poderá ficar de fora das negociações globais de líderes.

Embora as políticas públicas e o alto financiamento das ações sejam iniciativas ao alcance das decisões globais, o climatologista lembra que todos podem contribuir, já que o avanço tecnológico tem viabilizado cada vez mais o consumo consciente.

“No Brasil, 75% das emissões foram o desmatamento da Amazônia e do Cerrado. Outros 25% foram emissões da agropecuária, principalmente da pecuária. Já há mercados frigoríficos que vendem a carne da pecuária sustentável, da pecuária com muito mais baixa emissão. Aí o preço dessa carne é igual, porque a pecuária regenerativa, ela é mais lucrativa, mais produtiva, então não tem variação de preço”, explica.

Além da carne, a energia solar tem se mostrado mais barata que a termoelétrica, assim como os carros elétricos também se mostram menos caros, quando o combustível fóssil entra na conta, explica Nobre. “Nós temos realmente que assumir a nossa liderança, porque em sociedades como a nossa, democrática, com toda liberdade, comprar um carro elétrico economicamente faz todo sentido. Comprar a carne da pecuária sustentável, com baixas emissões, faz todo sentido, e o preço é o mesmo”, conclui.

*A repórter viajou a convite do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

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Brasil e Mundo

La Niña deve ter intensidade fraca este ano, diz climatologista

© Paulo Pinto/Agencia Brasil

Fenômeno provoca chuva no Nordeste e seca no Sul

Ana Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil

Queda de temperatura e chuva melhora a qualidade do ar na cidade – Foto: Paulo Pinto/Agencia Brasil

O fenômeno La Niña, se as tendências dos modelos de previsão estiverem corretas, provavelmente será fraco e talvez não se sinta os efeitos costumeiros, segundo a climatologista Francis Lacerda, do Instituto Agronômico de Pernambuco, em entrevista ao programa Natureza Viva, da Rádio Nacional da Amazônia.

O La Niña é marcado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico.

De acordo com Francis, o La Niña provoca chuva no Nordeste do Brasil, e gera seca na Região Sul, em boa parte do Centro-Oeste e no Sudeste.

A climatologista explica que o fenômeno iniciou há dois meses o processo de resfriamento, porém em velocidade mais lenta que o habitual.

“O que a gente tem observado e os modelos de previsão do mundo inteiro indicam é que o La Niña este ano está atrasado, já era para estar um pouco mais avançado no tempo e a previsão é que seja uma La Niña fraca”, disse.

De acordo com Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a probabilidade do La Niña nos meses de outubro-novembro-dezembro aumenta para 60%.

Para o mês de outubro, a previsão do Inmet é quantidade de chuvas acima da média em grande parte da Região Sul, Mato Grosso do Sul, São Paulo e sul do Rio de Janeiro e de Minas Gerais e deve haver volta gradual das chuvas para a parte central do país na segunda quinzena.

Mudanças climáticas

A climatologista destacou a questão das mudanças climáticas, que foi abordada na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) na última semana, principalmente no discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defendeu o multilateralismo como caminho para superação da urgência climática.

Para Francis Lacerda, as ações para minimizar os impactos do descontrole climático, como a redução das emissões, ainda enfrentam resistência de setores econômicos para serem colocadas em prática, como o agronegócio, ainda “pautado em cima da produção em larga escala e da produção de bovinos e carne que é exportada”.  “A energia e a água são convertidas nessas commodities e a gente aqui padecendo de ações para que esse setor de commodities e do agronegócio cresça em detrimento do nosso bioma e do descontrole total do clima”, ressalta.

Outro ponto citado pela climatologista é a possibilidade de a Amazônia chegar ao ponto de não retorno (estágio em que determinado processo se torna irreversível, por exemplo, o desmatamento) o que trará, conforme Francis Lacerda, graves consequências ao país. Ela defende que é preciso parar de considerar o bioma “um pasto gigante” para criação de gado e plantação de soja.

Quanto aos incêndios florestais, ocorridos em diversas regiões do país, a climatologista disse que a maioria deve ter intenção criminosa com intuito de queimar áreas de proteção ambiental.

Um monitoramento, a partir de imagens de satélite e alertas de fogo, mostra que 99% das queimadas no Brasil têm ação humana, principalmente na Amazônia, Cerrado e Pantanal.

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Brasil e Mundo

Ato em SP conclama para medidas de mitigação da emergência climática

A capital amanheceu coberta de fumaça causada pelo incêndio no Parque Nacional de Brasília Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Tema do evento foi: esse calor não é normal

Letycia Bond – Repórter da Agência Brasil*

Movimentos sociais e entidades realizam hoje (22), na capital paulista, a Marcha por Justiça Climática, que teve como tema: Esse calor não é normal. O protesto é uma das 13 mobilizações pelo país que iniciaram nesta sexta-feira (20), terminarão em outubro e que têm à frente nomes como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Fórum Popular da Natureza, o Greenpeace Brasil, Coalizão pelo Clima SP e o Jovens pelo Clima.

No estado de São Paulo, as cidades com atos são: Piracaia, Campinas, Bauru, Ribeirão Preto, Limeira, Piracicaba, Sorocaba e São Sebastião, onde moradores da Vila Sahy conceberam uma intervenção artística e fizeram uma caminhada. Estas três últimas também optaram por fazer o protesto hoje.

Além desses municípios, São Roque, que fica a uma hora da capital, tem uma manifestação marcada para o dia 4 de outubro. As reivindicações são comuns ainda a cinco outras capitais: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Florianópolis, Brasília e Curitiba.

Em São Paulo capital, o ato deste domingo tem como ponto de partida o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). Manifestantes já estão em frente ao museu, erguendo faixas e cartazes com frases como “Pelo fim do martírio guarani”, “Quem banca a extinção?”, “Picanha de terra grilada com certificado de exploração”;

Eles usaram máscaras com feições de animais, confeccionadas no ateliê do coletivo de artistas andinas Cholitas da Babilônia. Entre as palavras de ordem, “Esse calor não é normal, capitalismo é só desastre ambiental” e “O capital tem que morrer, contra as queimadas, não tem planeta B”, em meio a alusões ao Rio Grande do Sul, que recentemente foi destruído por inundações, e Brumadinho (MG), conhecida pela tragédia com o rompimento de barragem da mineradora Vale.

“A gente veio pedir ajuda não só para a gente, mas para os não indígenas, que também estão sofrendo”, declara Alice Jaxuka, da comunidade guarani mbya da Terra Indígena Jaraguá. “Fico emocionada, porque vejo muitas pessoas em necessidade.”

Queimadas

Os manifestantes também destacaram os incêndios florestais recentes, que têm contribuído para a emissão de gases de efeito estufa. Os movimentos sociais pedem a punição de quem está por trás dos incêndios provocados intencionalmente.

Outro recorte relacionado à intensificação de eventos climáticos é a crise hídrica no Norte, em que comunidades sofrem diante da seca de rios, a exemplo do rio Madeira, que já afeta até mesmo indígenas, como os karipuna de Rondônia, que também têm adoecido por conta da fumaça inalada.

O grupo também decidiu ir às ruas para cobrar de autoridades governamentais diversas medidas. Os manifestantes reclamam ações de fortalecimento institucional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Pautas

As organizações que articularam o protesto enfatizam que se trata de uma marcha anticapitalista e que se opõe ao agronegócio – e, nesse caso, suscitam, inclusive, críticas ao consumo de carne como hábito de alto custo social – e à mineração, realçando o rastro de destruição deixado por tais atividades econômicas em todos os biomas. Ao mesmo tempo, saem em defesa dos povos indígenas, comunidades tradicionais e outros grupos minoritários e do modelo que fomenta a agricultura familiar, que absorve 67% da mão de obra do campo.

Os organizadores fazem o alerta de que as populações negra, periférica e pobre, as mulheres e a comunidade LGBTQIA+ estão sujeitas a uma vulnerabilidade maior. Nesse contexto, pedem mais agilidade no processo de demarcação de terras indígenas e no de titulação de territórios quilombolas.

Uma das preocupações é em relação à construção da Ferrogrão, ferrovia que impactaria a vida de 2,6 mil pessoas, entre indígenas, pequenos agricultores e ribeirinhos, além da pavimentação da BR-319. O protesto também serve de alerta para outro empreendimento: a perfuração marítima na bacia da Foz do Rio Amazonas, entre o Pará e o Amapá.

Eleições

A emergência climática também aparece como uma das principais bandeiras de candidatos nas eleições municipais deste ano. A organização Nossas (https://nossas.org) e o Instituto Clima de Eleição lançaram o site Vote Pelo Clima (https://votepeloclima.org/), apoiado por uma rede de 72 organizações.

Para o Observatório do Clima, o Brasil deveria cortar, até 2035, pelo menos 92% do volume de gases de efeito estufa emitido em 2005. Naquele ano, o país lançou na atmosfera 2.440 milhões de toneladas de gás carbônico. Caso siga a recomendação da entidade, teria de limitar a emissão a 200 milhões de toneladas líquidas.

Uma das oportunidades que o Brasil terá para firmar seu protagonismo na agenda e reiterar seu compromisso é a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém, em novembro de 2025. De acordo a Fundação Getulio Vargas (FGV), a estimativa é de que a conferência reúna mais de 40 mil visitantes durante os principais dias de programação.

O governo federal abriu um período para receber sugestões de propostas para o Plano Clima, que deverá conter diretrizes para o Brasil até 2035, tendo como referência os preceitos do  Acordo de Paris. Ao todo, 1.290 propostas foram enviadas.

* Com informação da Secretaria de Comunicação Social (Secom), da Presidência da República.

 

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Brasil e Mundo

Crianças e adolescentes sofrem com mudanças climáticas, alerta Unicef

População enfrenta forte onda de calor no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Perigos afetam segurança alimentar e hídrica, diz especialista

Agência Brasil

Com apenas duas semanas para as eleições municipais – e em meio a calor e fumaça –, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alerta em novo levantamento divulgado nesta segunda-feira, dia 23, para a importância de novos prefeitos e prefeitas investirem em medidas voltadas à resiliência climática e à garantia dos direitos de crianças e adolescentes. No Brasil, 33 milhões de menores enfrentam pelo menos o dobro de dias quentes a cada ano, em comparação a seus avós.

Utilizando como base uma comparação entre as médias dos anos 1970 e de 2020-2024, a análise mostra a velocidade e a escala com que os dias extremamente quentes estão aumentando. Esses dias são aqueles em que se registram temperaturas acima de 35ºCelsius (ºC). No Brasil, a média de dias extremamente quentes passou de 4,9 ao ano na década de 1970 para 26,6 na década de 2020. A análise aponta, também, para o aumento das ondas de calor. Nesse caso, trata-se de períodos de 3 dias ou mais em que a temperatura máxima está mais de 10% maior do que a média local.

As crianças e os adolescentes são os que sentem, por mais tempo e com maior intensidade, impactos de ondas de calor, enchentes, secas, fumaças e outros eventos climáticos extremos. O estresse térmico no corpo, causado pela exposição ao calor extremo, ameaça a saúde e o bem-estar de crianças e mulheres grávidas. Níveis excessivos de estresse térmico, também, contribuem para a desnutrição infantil e doenças não transmissíveis que tornam as crianças mais vulneráveis a infecções que se espalham em altas temperaturas, como malária e dengue.

“Os perigos relacionados ao clima para a saúde infantil são multiplicados pela maneira como afetam a segurança alimentar e hídrica, a exposição à contaminação do ar, do solo, e da água, e a infraestrutura, pois interrompem os serviços para crianças, incluindo educação, e impulsionam deslocamentos. Além disso, esses impactos são mais graves a depender das vulnerabilidades e desigualdades enfrentadas pelas crianças, de acordo com sua situação socioeconômica, gênero, raça, estado de saúde e local em que vive”, explica Danilo Moura, Especialista em Mudanças Climáticas do Unicef no Brasil.

Diante desse cenário, o órgão pede que candidatos e candidatas às prefeituras se comprometam a preparar as cidades para enfrentar e lidar com as mudanças climáticas, com foco especial nas necessidades e vulnerabilidades de meninas e meninos.

“Isso inclui implementar ações para enfrentar as mudanças climáticas e adaptar serviços públicos, infraestrutura e comunidades para resistirem a seus efeitos, inclusive a eventos climáticos extremos, priorizando as necessidades e vulnerabilidades específicas de meninas e meninos. Uma ação importante é incorporar o Protocolo Nacional para Proteção Integral de Crianças e Adolescentes em Situação de Desastres aos planos do município”, aponta Danilo.

O tema é uma das cinco prioridades propostas pelo Unicef na agenda Cidade de Direitos – Cinco prioridades para crianças e adolescentes nas Eleições 2024, voltada a candidatos e candidatas de todo o país.

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RMC

Reunião Plenária do Consórcio PCJ vai debater situação hídrica da região

Em meio a ocorrência do “La Niña” rios apresentam queda nas vazões.  Hidrológo e professor da Unicamp, Antônio Carlos Zuffo, irá apresentar seus estudos sobre eventos extremos e seus impactos às Bacias PCJ

As vazões dos rios nas Bacias PCJ estão em média 36% abaixo do normal para o período. O tempo seco, reflexo da transição do fenômeno climático “El Niño” para o “La Niña”, tem também impactado nas precipitações de chuva na região. Diante desse cenário, o Consórcio PCJ convidou o hidrólogo e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Antônio Carlos Zuffo, para apresentar seus estudos e cenários para os próximos meses, que segundo ele, deve apresentar uma estiagem mais longa nesse ano. A apresentação acontecerá durante a Reunião Plenária do Consórcio PCJ, que acontecerá no dia 26 de setembro, no NOHotel, em Americana (SP), a partir das 9h.

Recentemente, em entrevista ao Portal Água (www.agua.org.br), o site do Consórcio PCJ, Zuffo analisou o comportamento climático atual, no qual atenta que as vazões dos rios devem seguir abaixo da média até o início de dezembro. Na entrevista, ele alertou que “as cidades que não possuem reservatórios municipais ou não são abastecidas com mananciais regulados pelas vazões do Sistema Cantareira vão sofrer mais com a estiagem prolongada nesse ano”.

Em sua apresentação para a Reunião Plenária, o pesquisador e professor vai apresentar cenários sobre a disponibilidade hídrica nas Bacias PCJ. O objetivo é munir os municípios e empresas associados de informações para planos de ação e contingenciamento, em caso de agravamento das condições climáticas.

Reunião Plenária reconhecerá os municípios com gestão sustentável da água

Em comemoração aos 35 anos do Consórcio PCJ, será entregue o troféu “Gestão Sustentável da Água”, em reconhecimento às prefeituras associadas pelo seu trabalho junto ao Consórcio PCJ de apoio na busca pela sustentabilidade hídrica local.

Atualmente, a entidade é composta por 41 municípios que mantêm as atividades de preservação e manutenção das Bacias PCJ: Artur Nogueira, Amparo, Analândia, Atibaia, Bragança Paulista, Bom Jesus dos Perdões, Capivari, Camanducaia, Campinas, Cosmópolis, Cordeirópolis, Corumbataí, Hortolândia, Extrema, Holambra, Irecemápolis, Indaiatuba, Ipeúna, Itatiba, Itupeva, Jaguariúna, Limeira, Louveira, Monte Mor, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Piracaia, Piracicaba, Rafard, Rio Claro, Rio das Pedras, Saltinho, Santa Gertrudes, Santo Antônio de Posse, Santa Bárbara d’Oeste, Valinhos, Vargem, Vinhedo.

O Consórcio PCJ solicita que os municípios se articulem e enviem ao menos um representante oficial, o próprio prefeito ou alguém indicado por ele, para receber a premiação. Mais infor

Entrega do livro que celebra os 30 anos do Programa de Proteção aos Mananciais

Durante a reunião, serão distribuídos exemplares do livro “Três Décadas de Conservação das Matas Ciliares nas Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí”, que celebra os 30 anos de atuação do Programa de Proteção aos Mananciais do Consórcio PCJ. A publicação narra toda a história da iniciativa, os resultados e os desafios futuros, além de contar com a colaboração de textos de importantes nomes para o Programa, como a proprietária da primeira área atendida pelo Programa, Maria Christina Pacheco, e o engenheiro, Carlos Alberto Schincariol, entre outros.

Serviço:

Evento: 95ª Reunião Ordinária do Consórcio PCJ

Local: Nohotel Premium, localizado na R. Ítalo Boscheiro, 555, Americana (SP)

Data e Horário: 26/09/2024, às 9h

Confirmação de Presenças: https://forms.gle/RWSQcJoXxJcTTb6u6

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Brasil e Mundo

Governo de SP aplica mais de R$ 25 milhões em multas na Operação SP sem Fogo

Governo de São Paulo intensificou combate ao fogo. Foto: Divulgação/Governo de SP

Polícia Militar Ambiental e Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística intensificam combate a incêndios, monitoramento e prisões

Agência SP

A Operação São Paulo sem Fogo, do Governo do Estado, já aplicou mais de R$ 25 milhões em multas para crimes relacionados a queimadas criminosas desde janeiro até 16 setembro deste ano. Ao todo, 23 pessoas foram detidas por suspeita de envolvimento em ações de início intencional de fogo.

O monitoramento e a fiscalização são trabalhos conjuntos de diversos órgãos do governo, entre eles a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil) e a Polícia Militar Ambiental. No ano passado, por exemplo, a secretaria fez a doação de 61 viaturas para a Polícia Ambiental, um investimento de quase R$ 18 milhões que permitiu ampliar as ações de prevenção e repressão.

Atualmente, a Polícia Ambiental conta com 1.866 PMs e 933 viaturas empregadas nas ações de fiscalização e combate. Cada ponto de queimada identificado pelos satélites de monitoramento é vistoriado detalhadamente, para que os responsáveis sejam devidamente identificados e punidos. Os procedimentos de controle incluem o acesso aos telefones das brigadas mais próximas e o suporte da Polícia Militar Ambiental nas vistorias preventivas, garantindo uma resposta rápida e eficiente.

Entre janeiro e 16 de setembro de 2024, foram atendidas 2.392 ocorrências e vistoriados 2.159 focos de incêndio em vegetação em todo o Estado de São Paulo. Nesse período, foram lavrados 420 autos de infração ambiental, abrangendo mais de 107 mil hectares de áreas afetadas, o equivalente a 115 mil campos de futebol.

Além das ações da Polícia Ambiental, a Fundação Florestal (FF), responsável pelas Unidades de Conservação do Estado, também intensificou as ações nas últimas semanas. Como forma de prevenção, desde o dia 1º de setembro estão fechados 81 Parques Estaduais para proteger os visitantes e a população do entorno destas localidades. A FF ampliou o número de bombeiros civis em quase 80% neste mês para combater as chamas, passando de 57 para 102 profissionais. A estrutura da FF conta ainda com mais de 200 brigadistas e 70 vigilantes.

Os equipamentos que são usados por esses profissionais são: caminhões-pipa, tratores, carretas-tanque, picapes 4×4, kit motobomba com tanque rígido, quadriciclos, sopradores, atomizador costal, roçadeiras, motosserras, bomba costal e abafadores. Além disso, só neste ano, a fundação realizou mais de 1.600 km de aceiros, faixa de terra livre de vegetação que é criada para impedir a propagação de incêndios. 80 animais silvestres foram resgatados, 44 mortos e 36 estão em tratamento. A área queimada nas Unidades de Conservação é de cerca de 700 hectares, o que corresponde a apenas 0,07% da área total protegida de mais de um milhão de hectares.

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Brasil e Mundo

Cerrado: desmatamento emite 135 milhões de toneladas de CO2 desde 2023

© Adriano Gambarini/WWF Brasil/Divulgação

Levantamento é do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia

Por Letycia Bond – Repórter da Agência Brasil – São Paulo

O desmatamento no Cerrado gerou a emissão de mais de 135 milhões de toneladas de CO2, de janeiro de 2023 a julho de 2024. O volume que corresponde a 1,5 vezes o total produzido pela indústria brasileira a cada ano.

Levantamento foi feito pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e divulgado hoje (18). Os dados foram obtidos através do SAD Cerrado (Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado), que utiliza satélites ópticos do sensor Sentinel-2, da Agência Espacial Europeia e compara imagens de áreas com um intervalo mínimo de seis meses, a fim de observar se houve derrubada de árvores.

Segundo maior bioma do país e altamente diverso, o bioma é formado por três tipos de vegetação: a savânica, que predomina e foi a mais destruída no período, a florestal e a campestre.

As formações savânicas do Cerrado, que compõem 62% da vegetação do bioma, responderam por 88 milhões de toneladas de CO2 (65%) emitidas no intervalo analisado. As queimadas de formações florestais geraram quase 37 milhões de toneladas, enquanto a destruição das formações campestres, que ocupam 6% da área do bioma, resultou na emissão de cerca de 10 milhões de toneladas.

Mais uma vez, o Ipam evidenciou a catástrofe que o desmatamento na região apelidada de Matopiba – que compreende os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia –  tem representado para o bioma. Os casos de incêndio nessas unidades federativas são o motivo da distribuição de 108 milhões de toneladas de gás carbônico, espalhadas na atmosfera.

O volume corresponde a 80% do total registrado no bioma e à metade do dispersado pelo setor de transportes, de acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).

Na lista da Matopiba, o estado com o maior volume de dióxido de carbono liberado foi Tocantins, com mais de 39 milhões de toneladas. No total, 273 mil hectares foram desmatados, e, tanto em 2023 como em 2024, a unidade federativa liderou o ranking de emissões provenientes da derrubada de formações savânicas e florestais, que acabaram representando, juntas, 98% do total do estado.

Em segundo lugar, aparece o Maranhão, com 35 milhões de toneladas de dióxido de carbono expelidas e 301 mil hectares de vegetação nativa devastada. Conforme salienta o Ipam, o estado também lidera as emissões originadas pelo desmatamento de formações campestres (6 milhões de toneladas).

Dentro da sigla que compreende os quatro estados, estão Bahia, em terceira posição na lista, com 24 milhões de toneladas, e Piauí, por último, com 11 milhões.

A relação de estados que abrangem o bioma segue com Minas Gerais (6,9 milhões), Mato Grosso (6 milhões), Goiás (5,7 milhões), Mato Grosso do Sul (3,2 milhões), Pará (1,9 milhões), Rondônia (220 mil), Distrito Federal (81 mil) e São Paulo (2 mil). No Paraná, nada foi detectado no período.

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Brasil e Mundo

Chefes dos Três Poderes discutem aumento de penas a crimes ambientais

© Ricardo Stuckert/PR

Lula, Pacheco e Lira dizem concordar que incêndios são criminosos

Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil – Brasília

Os presidentes da República, Luiz Inácio Lula da Silva; do Senado, Rodrigo Pacheco; e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, disseram concordar que a onda de incêndios florestais que afeta o país tem origem criminosa. Em reunião nesta terça-feira (17) entre os chefes dos Três Poderes para discutir medidas para enfrentar a crise climática, eles falaram sobre um eventual aumento de penas para os criminosos.

“Não se pode pode acusar, mas que há suspeita [de crime], há”, declarou Lula no encontro. “O dado concreto é que, para mim, parece muita anormalidade.” O presidente da República disse considerar estranhas as convocações para o ato promovido na Avenida Paulista em Sete de Setembro com a frase “Vai pegar fogo”.

Pacheco disse acreditar haver uma coordenação entre os incêndios. “É muito evidente que, diante desse contexto, a quantidade de focos [de incêndios], há, sim, uma orquestração, mais ou menos organizada, que pretende incendiar o Brasil”, declarou. Lira considera que há uma influência criminosa na onda de incêndios. “Estamos enfrentando um problema iminente de organizações criminosas, inclusive no atear fogo”, afirmou.

Aumento de penas

O aumento de penas para crimes ambientais também foi tema da reunião. O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, disse estar discutindo com a Advocacia-Geral da União (AGU) uma proposta para aumentar as penas para incêndios florestais, atualmente com punições mais brandas que as de um incêndio comum.

“No incêndio normal, a penalidade é de três a seis anos e, no incêndio florestal, um crime ambiental, é de dois a quatro anos. Então o que se vai buscar é pelo menos igualar”, explicou.

Também presente ao encontro, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, defendeu que o Congresso discuta o aumento de penas para crimes ambientais. “No incêndio normal, a penalidade é de três a seis anos e no incêndio florestal, um crime ambiental, é de dois a quatro anos. Então, o que se vai buscar é pelo menos igualar”, disse.

Congresso

O presidente do Senado disse ser possível um eventual “aprimoramento legislativo” da Lei 9.605, que trata dos crimes contra a fauna e a flora, e do Código Penal, mas recomendou equilíbrio nas discussões para evitar “populismo legislativo”. Segundo Rodrigo Pacheco, a legislação atual já estabelece agravantes e permite combinar penas.

“Nós reputamos que o problema nesse instante não é legislativo. Nem de uma fragilidade de combinação de penas, porque tipos penais há, penas combinadas também há”, afirmou. Pacheco, no entanto, ponderou que o Senado pode debater os crimes previstos em lei para identificar as possibilidades de elevar a pena. “Uma coisa é ter fogo em um hectare, outra coisa é ter fogo alastrado por um parque florestal que atinge vilas, comunidades”, comentou.

Dizendo haver vontade política na Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Arthur Lira, pediu que medidas que precisem de votação no Congresso não sejam confundidas com questões ideológicas. “Não faltará vontade política da Câmara, mas alguns temas acho que têm que vir bem explicados, para que não tenha reação adversa a uma tratativa que fuja de alguns pensamentos mais ou menos ideológicos com relação ao cerne da questão”, disse.

Mobilização de juízes

O presidente do STF afirmou ter pedido uma mobilização nacional de juízes de todo o país, diante da gravidade da situação atual. Ele disse ter recomendado aos magistrados que deem prioridade à tramitação de inquéritos e ações relacionadas a infrações ambientais. A recomendação, explicou, vale para ações criminais e civis e deverá adiantar medidas cautelares, como operações de busca e apreensão e prisões preventivas.

Barroso também afirmou que as Defesas Civis estaduais devem receber as multas pecuniárias em ações coletivas. O pedido vale para dinheiro que esteja depositado em contas do Poder Judiciário.

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RMC

Resiliência e enfrentamento à estiagem são temas de webinário dos Comitês PCJ

Evento será no dia 26 de setembro, das 9h às 12h, no canal de YouTube da Agência das Bacias PCJ

“Resiliência e enfrentamento à estiagem nas Bacias PCJ” é o tema do webinário que será promovido pela Câmara Técnica de Planejamento (CT-PL) dos Comitês PCJ no dia 26, das 9h às 12h. A transmissão será pelo canal de YouTube da Agência das Bacias PCJ, no link https://bit.ly/WebinárioEstiagemBaciasPCJ. Não é necessário fazer inscrição antecipadamente. Estão confirmadas as presenças de representantes das Secretarias do Estado de São Paulo de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) e de Agricultura e Abastecimento (SAA) como palestrantes. (ver programação abaixo)

O evento busca promover uma discussão sobre as ações necessárias para o enfrentamento à estiagem prolongada nas Bacias PCJ, explorando estratégias que minimizem os riscos de disponibilidade hídrica. Além disso, como o webinário visa promover a sustentabilidade dos recursos hídricos e segurança hídrica da região, serão abordadas medidas de mitigação para reduzir os impactos e o papel das respostas emergenciais frente a este fenômeno climático.

O secretário-executivo dos Comitês PCJ, Denis Herisson Silva ressaltou a importância e a finalidade do evento. “Estamos enfrentando um momento de estiagem prolongada, na qual o Rio Piracicaba está com uma vazão abaixo da média histórica. Há previsão de um atraso no começo da época das chuvas que, aliado ao aumento da temperatura, torna nossos mananciais ainda mais escassos, comprometendo a segurança hídrica.  Assim, os Comitês PCJ por meio da CT-PL, chamam os representantes de duas importantes secretarias de governo do Estado ligadas ao tema, bem como a Agência PCJ, para apresentar planos, programas e políticas para garantir maior resiliência da população das Bacias PCJ no enfrentamento a estes eventos climáticos extremos”, declarou.

Para o coordenador da Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico (CT-MH) dos Comitês PCJ, Alexandre Vilella, é fundamental discutir as ações integradas e de adaptação as mudanças climáticas para unir esforços para enfrentamento da severa estiagem de 2024 e próximos anos.

“O conjunto de precipitações abaixo da média histórica, baixa umidade relativa do ar, altas temperaturas, demandas e desafios ligados a qualidade das águas, trazem de um cenário de grande complexidade para todos os usuários nas Bacias PCJ, seja para os 3,5 milhões de habitantes que se abastecem diretamente do sistema Cantareira, assim como, aos demais 57 municípios que possuem outros mananciais como córregos, barramentos municipais, águas subterrâneas e outras concepções. O momento é de atenção, uma vez que, as previsões climatológicas indicam um ligeiro atraso do início do período chuvoso, assim como, o cenário para 2025 dependerá e muito do comportamento das precipitações e usos ao longo do verão 2024/2025”, comentou.

O diretor-presidente da Agência PCJ, Sergio Razera, destacou que o evento é uma oportunidade para discutir e buscar soluções. “As estiagens aqui nas Bacias PCJ não são nenhuma novidade. O problema é que, a cada ano que passa, elas são mais profundas, mais longas, e isso obviamente numa região que já tem grandes problemas com quantidade e qualidade das águas nos deixam cada vez mais preocupados e em busca de soluções que possam ser realizadas no curto, no médio e no longo prazo. Então, o evento é uma oportunidade de a gente discutir e se aprofundar nessas soluções que podem aliviar, que podem minimizar e criar a resiliência, criar então a nossa estratégia para suportar cada vez mais essas estiagens que se aprofundam ano a ano”, comentou.

MONITORAMENTO

Nos Comitês PCJ é a CT-MH – composta por mais 180 membros de diversos setores usuários, governamentais e sociedade civil -, que monitora diariamente as condições das captações. No período seco, entre junho e novembro, a CT-MH também é responsável por deliberar sobre as vazões a serem descarregadas do Sistema Cantareira para as Bacias PCJ. Os dados de chuva/nível/vazões em tempo real em mais de 50 trechos de rio podem ser acessados através do link: https://bit.ly/SiteSAISP.

Os dados de armazenamento do Sistema Cantareira podem ser acessados aqui: https://mananciais.sabesp.com.br/Situacao. Os dados da rede automática de monitoramento da qualidade da CETESB ficam neste endereço: https://simqua.cetesb.sp.gov.br/

SERVIÇO

Webinário dos Comitês PCJ: “Resiliência e enfrentamento à estiagem nas Bacias PCJ”

DATA: 26.09.2024 (Quinta-feira)

HORÁRIO: Das 9h às 12h

LOCAL: Transmissão pelo canal da Agência das Bacias PCJ no YouTube: https://bit.ly/WebinárioEstiagemBaciasPCJ

REALIZAÇÃO: Comitês PCJ

ORGANIZAÇÃO: Câmara Técnica de Planejamento (CT-PL)

APOIO: Agência das Bacias PCJ

DÚVIDAS: Secretaria Executiva dos Comitês PCJ (se.pcj@comites.baciaspcj.org.br)

INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA: comunicapcj@agencia.baciaspcj.org.br

PROGRAMAÇÃO

9h – Abertura

Denis Herisson da Silva – Secretário-executivo do CBH-PCJ e do PCJ FEDERAL

9h10 – Introdução ao tema

9h30 – Palestra 1: Plano Estadual de resiliência à estiagem do Governo do Estado de São Paulo

Dante Ragazzi Pauli – Representante da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (SEMIL)

10h – Palestra 2: Ações da SAA na mitigação dos impactos da estiagem sobre a agricultura

Júlio Cesar Thoaldo Romeiro – Assistente Agropecuário da CATI da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA)

10h30 – Palestra 3: Panorama sobre a estiagem nas Bacias PCJ 2024

Alexandre Luis Almeida Vilella – Coordenador da Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico dos Comitês PCJ

Karoline de Goes Dantas – Assessora Técnica da Sala de Situação PCJ/DAEE

11h – Palestra 4: Editais abertos para o financiamento de ações em Saneamento Básico, no contexto da estiagem

Diogo Bernardo Pedrozo – Coordenador de Projetos da Agência das Bacias PCJ

11h20 – Interação / Mesa de discussão

Secretaria Executiva dos Comitês PCJ

11h40 – Encerramento

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RMC

Radar meteorológico chega à Unicamp para monitorar eventos extremos na RMC

Fotos: Antonio Scarpinetti Antoninho Perri Felipe Bezerra Bruno Kabke Bainy (Cepagri) Lúcio Camargo

Aparelho de alta precisão será instalado no Cepagri e deve operar experimentalmente em dezembro, reforçando a prevenção de desastres climáticos na região de Campinas

Fonte: Jornal da Unicamp

Desembarcou na manhã do último dia 13, no aeroporto de Viracopos, em Campinas, vindo dos Estados Unidos, o radar meteorológico capaz de fazer a detecção de eventos climáticos extremos, exclusivo para a Região Metropolitana de Campinas (RMC).

Assim que for liberada pelas autoridades alfandegárias, a antena de três toneladas e meia será instalada numa torre de 10 metros de altura já construída em área do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp. A expectativa é que o aparelho comece a operar em caráter experimental em dezembro deste ano.

O radar integrará o Centro Regional de Meteorologia da RMC, que terá a missão de monitorar a formação de eventos meteorológicos extremos, gerar alertas em tempo integral e manter o funcionamento da Rede de Alerta de Desastres. O Centro será integrado aos sistemas estadual e federal de monitoramento meteorológico.

Radar meteorológico chega na Unicamp

O reitor da Unicamp Antonio José de Almeida Meirelles lembrou que o radar é uma cooperação da Universidade com o Conselho de Desenvolvimento da RMC e com a Agência Metropolitana de Campinas (Agemcamp) – órgão que reúne os 20 municípios da Região Metropolitana.

“Futuramente, este equipamento permitirá colaborarmos para mitigar o impacto das mudanças climáticas em nossa área, minimizando os prejuízos que eventos extremos podem causar à população e ao espaço em que vivemos”, disse o reitor. “Também possibilitará formar pessoas e desenvolver conhecimento associado a estas mudanças em nossa região”, acrescentou.

Meirelles adverte que instalar o equipamento é somente a primeira etapa de um longo caminho até a funcionalidade plena do Centro. Por exemplo, ajustes técnicos e operacionais internos e de comunicação com as defesas civis e com as prefeituras ainda serão necessários. “Haverá muito trabalho a ser feito para atingir a plena capacidade de servir à população da nossa região,” afirmou.

O reitor da Unicamp Antoinio Meirelles: servir a população da região

O radar foi adquirido pela Agemcamp com recursos do Fundo de Desenvolvimento Metropolitano (Fundocamp), em parceria com a Unicamp. O custo total do equipamento foi de US$ 865,4 mil (equivalente a aproximadamente R$ 4,8 milhões).

“Essa conquista é fruto de um esforço conjunto, resultado de uma demanda importante que discutimos em diversas reuniões do nosso Conselho”, disse o presidente do Conselho de Desenvolvimento da RMC e prefeito de Jaguariúna, Gustavo Reis.

“A instalação deste equipamento na Unicamp representa um avanço significativo para nossa região. O radar meteorológico trará mais precisão e rapidez nas previsões climáticas, o que é crucial para a segurança da nossa população e para a proteção das nossas cidades”, acrescentou Reis.

Eventos extremos

Segundo a meteorologista Ana Ávila, que desde 2017 trabalha no projeto, esse radar é o único sensor que permite prever eventos severos. “O aparelho consegue identificar fenômenos como microexplosões ou tornados com alta precisão, além de definir a velocidade em que os deslocamentos estão ocorrendo”, conta.

“Dada a rapidez com que os eventos extremos se formam, eles são de difícil previsibilidade em qualquer lugar do mundo, entretanto, o mapeamento das áreas atingidas com rapidez e segurança já torna o sistema um grande avanço para a região”, acrescenta a meteorologista.

O radar, do tipo banda X, possui alta precisão num raio de 60 km de extensão, podendo se estender por até 100 km a partir do ponto de sua instalação. Com isso, fará a cobertura para além da RMC. As varreduras serão programadas a cada 5 a 10 minutos.

O aparelho funciona como uma “antena parabólica”, fazendo varreduras horizontais, a 360° graus, em diferentes elevações, gerando uma amostragem para um volume da atmosfera a cada período.

Assim, o equipamento fará a estimativa de chuva em uma determinada área ou bacia com precisão. A previsão de precipitações fortes com algumas horas de antecedência pode balizar medidas de prevenção e enfrentamento e, assim, reduzir de forma significativa os danos sobre regiões suscetíveis a inundações abruptas.

No sentido horário, pesquisadores do Cepagri, David Lapola (coordenador associado), Ana Ávila (meteorologista), Priscila Coltrin (coordenadora) e Bruno Bainy (meteorologista):  único sensor que permite prever eventos severos

Para o meteorologista do Cepagri Bruno Kabke Bainy, um dos diferenciais do radar é a capacidade de dupla polarização – inexistente nos radares que cobrem a região. A dupla polarização, explica Bainy, permite uma melhor classificação dos “hidrometeoros”, as partículas que formam as nuvens – como gotas de chuva, gelo, neve, água super-resfriada, etc. Permite, ainda, diferenciar melhor alvos meteorológicos (ou seja, nuvens) de alvos não-meteorológicos, como nuvens de fumaça, poeira em suspensão, bandos de aves e insetos etc.

“Essa tecnologia também proporciona mais variáveis para serem analisadas em casos de tempestades, que permitem um melhor detalhamento de seus impactos”, continua o meteorologista.

“Com a chegada do radar e, especialmente com a consolidação do Centro Regional de Meteorologia da RMC, o Cepagri terá um recurso importantíssimo para o monitoramento das condições atmosféricas, que permitirá identificar com maior precisão, em tempo real, a formação ou aproximação de tempestades sobre a região de Campinas, e, dessa forma, conhecer suas características, impactos esperados e ter maior precisão sobre o horário e as áreas que deverão ser afetadas”, afirma Bainy.

O coordenador associado do Cepagri David Lapola diz que esse tipo de equipamento “é indispensável em qualquer estratégia bem formulada para enfrentamento de desastres naturais, principalmente aqueles relacionados a chuvas extremas”. Lapola lembrou que, nas últimas semanas, o estado do Rio Grande do Sul – que foi atingido pelas mais severas inundações de sua história – recebeu um equipamento semelhante. “Ter um equipamento deste na região nos leva a um novo patamar em termos de prevenção”, concluiu.

Um sistema de suporte à decisão

O objetivo do Centro Regional de Meteorologia da RMC é criar um sistema de suporte à decisão – para subsidiar ações da Defesa Civil, para a prestação de serviços e para a pesquisa e o ensino.

O Centro divulgará, por exemplo, relatórios com previsão de inundação para diversos segmentos. Além disso, emitirá boletins agrometeorológicos com mapeamento de culturas e balanço hídrico por localização geográfica, em espaços de um mês, a cada 10 dias ou sob demanda.

Ainda fornecerá previsões meteorológicas e aconselhamento agrícola para as culturas da região e prestará serviços de aconselhamento de irrigação e de agricultura de precisão. Poderá, ainda, fazer a previsão de tempo para a aviação em escalas de minutos a hora.

“Essa forma de centro regional é a mais indicada. Já temos centros em Santa Catarina ou no Paraná, mas o modelo adotado aqui é bastante inovador, já que reúne a academia – que irá propor ações nas áreas de ensino, pesquisa e extensão – ao lado da Defesa Civil e dos municípios”, diz Ávila.

O Centro estará vinculado à Unicamp, junto aos seus institutos e centros de estudos, permitindo a criação de cursos interdisciplinares de pós-graduação, envolvendo todos os aspectos relacionados aos eventos meteorológicos extremos – econômico, social e ambiental.

Com a instalação do Centro Regional de Meteorologia da RMC será possível divulgar relatórios com previsão de inundação para diversos segmentos

Com a instalação do Centro Regional de Meteorologia da RMC será possível divulgar relatórios com previsão de inundação para diversos segmentos

Agricultura

Para a coordenadora do Cepagri, Priscila Coltri, o radar meteorológico trará inúmeras vantagens para as pesquisas agrícolas, como melhorar a precisão e a eficiência das análises meteorológicas aplicadas à agricultura em escala de tempo curto, resultando em aprimoramento na resiliência climática das culturas agrícolas e no apoio a decisões relacionadas à agricultura de precisão.

“Um primeiro ponto importante para a agricultura é o monitoramento em tempo real. Em conjunto com dados do satélite GOES, que o Cepagri já tem, o monitoramento em tempo real auxilia as ações de curto prazo nas áreas agrícolas”, explica Coltri.

Segundo a coordenadora, a partir do conhecimento da quantidade de chuvas e de tempestades, em uma escala espacial adequada, é possível prever condições meteorológicas que afetam diretamente o setor agrícola, como períodos de seca ou excesso de chuvas. “Esse monitoramento permitiria, por exemplo, que os agricultores fizessem uso mais consciente dos sistemas de irrigação, evitando desperdício de água e custos elevados”, argumenta.

“Além disso, o radar permite melhorar as pesquisas relacionadas a microclimas da Região Metropolitana de Campinas. Temos muitas áreas agrícolas importantes nessa região, especialmente com fruticultura”, lembra.

Coltri afirma, ainda, que o radar poderá colaborar para as pesquisas relacionadas à análise de dados e à inteligência artificial. “O radar gerará um importante volume de dados, e, para transformá-los em informações úteis para a sociedade e para o agricultor, será necessária a cooperação da ciência de dados e da inteligência artificial”, finaliza.

Transição

O documento que baseou a criação do Centro informa que o estado de São Paulo está localizado em região climática de transição entre os climas tropicais e subtropicais, o que o coloca entre as regiões de ocorrência de tempo severo na América do Sul.

A definição de um evento meteorológico severo caracteriza-se pela formação de tempestade capaz de gerar tornado, com ventos intensos em superfície atingindo velocidade que pode superar 90 km/h e a formação de granizo com diâmetro igual ou maior que 1,9 cm. Esse fenômeno foi registrado em Indaiatuba – um dos municípios da RMC – em 2005, por exemplo.

Em 2016, Campinas foi atingida por uma microexplosão. Este fenômeno é descrito como uma forte coluna densa de ar frio que desce em direção ao solo e, ao colidir, induz a uma forte explosão de ventos divergentes com velocidade que pode atingir mais de 100km/h.

Agemcamp

Desde 2012, a RMC conta com o projeto denominado Plataforma para Redução de Riscos de Desastres. Elaborado pela Câmara Temática da Defesa Civil e aprovado pelo Conselho de Desenvolvimento da RMC, o projeto trata da gestão de risco e do gerenciamento de desastres a partir de quatro pilares: a prevenção, a preparação dos municípios para lidar com os riscos, a resposta diante dos episódios e a recuperação após os desastres.

Em 2017, a Câmara Temática de Defesa Civil consolidou uma política pública desenvolvendo questões de resiliência que resultaram na elaboração do Projeto “Centro Regional de Meteorologia da RMC” – cuja primeira fase passou pela aquisição do radar.

“A chegada do equipamento Radar Meteorológico é um marco a ser consolidado frente aos compromissos de políticas públicas assumidos perante as demandas metropolitanas. Para tanto, foi fundamental a integração do sistema metropolitano da RMC – o Conselho de Desenvolvimento, o Fundo de Desenvolvimento Metropolitano, a Agemcamp, a Unicamp, a Casa Militar e a Defesa Civil do Estado de São Paulo”, disse o diretor executivo da Agemcamp, Eliziário Ferreira Barbosa.

Desenvolvimento de projetos acadêmicos

A ex-coordenadora da Cocen Ana Carolina Maciel: importância estratégica

A ex-coordenadora da Cocen Ana Carolina Maciel: importância estratégica

Ana Carolina de Moura Delfim Maciel, que por dois mandatos consecutivos foi a coordenadora dos Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa da Unicamp, lembrou que as tratativas para viabilização e aquisição do radar tiveram início em 2017.

“Nessa época, já tínhamos em mente a importância estratégica de obtermos uma previsão de eventos climáticos mais refinada, que pudesse atender às necessidades de Campinas, bem como de toda região metropolitana. Além disso, pelo fato de o radar estar situado numa universidade de excelência em pesquisa, ele poderia ser um instrumento importante para o desenvolvimento de projetos acadêmicos baseados em seus dados e suas previsões”, contou Maciel.

“Estamos felizes em saber que poderemos subsidiar a sociedade – e a ciência brasileira – com uma interpretação de dados altamente qualificada, captada por esse radar altamente tecnológico. A Cocen [Coordenadoria dos Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa], mais uma vez, expande os muros da universidade e dialoga com os anseios e as necessidades da população”, avalia.

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