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Incêndio em complexo residencial de Hong Kong já é o mais mortal

As autoridades afirmam que a principal suspeita é a combustão de andaimes de bambu e redes de proteção de obra instalados nos prédios

O incêndio que atingiu o complexo residencial Wang Fuk Court, em Hong Kong, tornou-se a tragédia mais grave registrada na região em décadas. As autoridades confirmaram 65 mortes até esta quinta-feira, dia 27.

A dimensão do desastre supera um episódio semelhante de 1996, quando 41 pessoas morreram em Kowloon.

As equipes de resgate atuam em condições extremas. Mesmo com o avanço no combate às chamas, a busca por vítimas continua em meio à fumaça densa, ruínas e altas temperaturas.

O incêndio começou na quarta-feira, dia 26, e já dura mais de 24 horas. Segundo o governo local, as chamas foram totalmente extintas em quatro edifícios e estão sob controle em outros três.

O chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, informou que 279 moradores seguem desaparecidos. Ainda não se sabe quantos podem estar presos nos escombros ou quantos conseguiram fugir.

De acordo com o vice-diretor do Corpo de Bombeiros, Wong Ka Wing, as equipes “sobem andar por andar, realizando buscas minuciosas e tentando resgatar pessoas o mais rápido possível”.

Um bombeiro está entre as vítimas fatais. Há ainda 70 feridos e mais de 900 moradores foram resgatados e levados a abrigos temporários.

Apesar de estarem seguros, muitos sobreviventes permanecem apreensivos.
Lawrence Lee contou que perdeu contato com a esposa durante a fuga:

“Assim que ela saiu do apartamento, o corredor estava tomado pela fumaça. Ela teve de voltar.”

Outro casal, Winter e Sandy Chung, relatou que viu faíscas enquanto escapava.
“Não consegui dormir a noite toda”, disse Winter.

As autoridades afirmam que a principal suspeita é a combustão de andaimes de bambu e redes de proteção de obra instalados nos prédios.

Além disso, técnicos identificaram problemas graves:

  • materiais das fachadas que não atendiam ao padrão de resistência ao fogo;

  • presença de isopor — altamente inflamável — nas janelas de cada andar da torre não atingida.

O complexo, formado por oito edifícios e habitado por milhares de pessoas, teve apenas uma torre poupada pelas chamas.

A polícia de Hong Kong prendeu dois diretores e um consultor de engenharia ligados à construtora responsável pelas reformas no conjunto.
A superintendente sênior Eileen Chung afirmou que há “motivos para acreditar que houve extrema negligência”.

O nome da empresa não foi divulgado, mas buscas foram feitas no escritório da Prestige Construction & Engineering Company, responsável pelas obras no Wang Fuk Court, segundo a Associated Press.
A polícia apreendeu caixas de documentos para investigação.

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