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Saúde

Em um ano, casos de coqueluche crescem mais de 13 vezes no Brasil

Alta aconteceu em 2024 em comparação com o ano anterior; entre as possíveis explicações está a cobertura vacinal ainda insuficiente

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

No ano passado, o Brasil registrou um aumento preocupante nos casos de coqueluche, também conhecida como “tosse comprida”, entre crianças menores de 5 anos. Dados divulgados no início de outubro pelo Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), da Fiocruz e da Unifase, apontam que em 2024 foram notificados 2.152 casos da doença no país, número 13,5 vezes maior em relação a 2023, quando houve 159 registros. Até agosto de 2025, já foram confirmados 1.148 diagnósticos.

Entre as hospitalizações, o documento aponta que foram registradas 1.330 internações em 2024, contra 420 em 2023 – o triplo. Até agosto deste ano já foram 577 internações. Segundo a Fiocruz, as taxas de incidência mais altas da doença em 2024 foram registradas no Paraná (443,9 casos por 100 mil crianças), no Distrito Federal (247,1) e em Santa Catarina (175,9), números muito acima da média nacional, que ficou em 95 casos por 100 mil crianças. Somente Acre, Espírito Santo e Amapá não notificaram nenhum caso.

O Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde registrou 10 óbitos por coqueluche em menores de 4 anos entre 2019 e 2023. Somente em 2024, esse número subiu para 14 mortes.

Por que isso preocupa?

A coqueluche é causada pela bactéria Bordetella pertussis e é transmitida por meio de gotículas quando a pessoa infectada tosse, espirra ou fala perto de alguém suscetível. A doença apresenta três fases: a catarral, com sintomas leves, semelhantes aos de um resfriado; a paroxística, marcada por episódios intensos de tosse, vômitos e dificuldade respiratória; e a fase de recuperação, quando as crises começam a diminuir. Sem tratamento, a doença pode levar a complicações graves e à morte, especialmente em bebês ainda sem esquema vacinal completo.

O aumento dos casos de coqueluche contrasta com a cobertura vacinal ainda insuficiente e desigual. Embora a vacinação DTP (tríplice bacteriana, que protege contra difteria, tétano e coqueluche) tenha avançado de 87,6% em 2023 para 90,2% em 2024, ainda não atingiu a meta nacional de 95%. Isso mostra que, apesar da recuperação, ainda há uma margem capaz de favorecer a circulação da doença, especialmente entre bebês mais novos.

Para a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Einstein Hospital Israelita, a alta nos números reflete uma combinação de fatores: ciclos naturais da doença que ocorrem a cada três a cinco anos, falhas na vacinação, atrasos nos reforços e baixa adesão à vacina dTpa (acelular) durante a gestação.

“A coqueluche possui tratamento com uso de antibióticos e pode ser prevenida por meio das vacinas. É uma doença que preocupa, pois se não tratada pode resultar em complicações e óbitos, principalmente em bebês e crianças ainda sem esquema vacinal completo. As complicações em pessoas vacinadas são menos graves”, afirma Gouveia.

Imunização durante o pré-natal

A vacinação de gestantes é essencial para proteger os bebês nos primeiros meses de vida. “Uma dose aplicada a partir da 20ª semana de gestação confere imunidade passiva de cerca de 87% ao bebê”, ressalta a infectologista. Caso a gestante não receba a vacina nesse período, é importante que se imunize o quanto antes no período pós-parto, em no máximo 45 dias. Além disso, a vacinação de profissionais de saúde envolvidos nos cuidados do parto e de pessoas que vão conviver com o bebê também contribui para reduzir riscos.

A vacina contra a coqueluche não confere imunidade permanente e precisa ser reaplicada, conforme o Programa Nacional de Imunizações (PNI). Para crianças, o esquema básico inclui três doses nos primeiros seis meses de vida (aos 2, 4 e 6 meses), com reforços aos 15 meses e aos 4 anos. Adultos também devem receber doses de reforço a cada 10 anos, ou durante a gestação, para proteger o recém-nascido.

Além da vacinação, medidas simples podem ajudar a prevenir a disseminação da doença. Evitar contato próximo com pessoas com sintomas respiratórios, utilizar máscara cirúrgica em situações de maior exposição, higienizar as mãos regularmente e praticar a “tosse ou espirro com etiqueta” (ou seja, utilizar um papel descartável e higienizar as mãos após tossir) são estratégias eficazes.

A conscientização dos pais sobre os sinais da doença (tosse intensa, vômito, dificuldade respiratória e, em bebês, apneia) é fundamental para buscar atendimento médico precoce. “O diagnóstico correto também é auxílio de barreira da disseminação de doenças transmissíveis entre a população, já que um doente com coqueluche sem tratamento pode transmitir a doenças para, em média, 12 a 17 pessoas”, observa Emy Gouveia.

O Observa Infância destaca que o monitoramento e a divulgação de dados sobre doenças preveníveis por vacinação são essenciais para orientar políticas públicas e campanhas de imunização. Para os especialistas, proteger os bebês, principalmente nos primeiros meses de vida, continua sendo a prioridade. A vacina permanece como a principal ferramenta para evitar que a coqueluche volte a se tornar uma ameaça grave à saúde infantil.

Fonte: Agência Einstein

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Economia

Consumo em supermercados cresceu 4% em julho, aponta Abras

© Valter Campanato/Agência Brasil
Crescimento reflete a melhora da renda e do mercado de trabalho
Bruno Bocchini – Repórter da Agência Brasil
O consumo nos lares brasileiros nos supermercados registrou alta de 4% em julho na comparação com o mesmo mês de 2024, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), divulgado nesta quinta-feira, dia 21.

Em relação a junho, o crescimento do consumo foi de 2,4%, enquanto no acumulado do ano até julho, o indicador apresentou elevação de 2,6%.

Os dados foram deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“O crescimento interanual de 4% reflete um movimento sustentado pela melhora da renda e do mercado de trabalho. No recorte mensal, julho costuma apresentar retração por causa das férias escolares, quando muitas famílias optam por consumir fora de casa. Este ano, esse efeito foi menos intenso, tanto em relação a junho quanto ao mesmo período de 2024”, explicou o vice-presidente da Abras, Marcio Milan.

Segundo a entidade, a elevação do consumo em julho está atrelada a indicadores do mercado de trabalho, como a melhoria da renda e a taxa de desemprego, que recuou para 5,8% no trimestre encerrado em junho, o menor nível desde 2012, contra 6,9% no mesmo período de 2024.

Bolsa Família

O levantamento da Abras mostra que a diminuição das pessoas beneficiadas pelo Bolsa Família em julho, em razão do aumento da renda familiar e da queda do desemprego, não causou retração do consumo das famílias. Em julho, quase 1 milhão de famílias deixaram de receber o benefício. Foram destinados R$ 13,16 bilhões a 19,6 milhões de beneficiários, contra R$ 14,2 bilhões pagos a 20,83 milhões em julho de 2024.

“O menor volume de recursos destinados ao programa de transferência de renda indica que as famílias que passaram a se sustentar apenas com a renda do trabalho mantiveram a autonomia financeira e ainda fortaleceram o seu poder de compra no varejo alimentar”, destacou Milan.

Preços

A cesta de 12 produtos básicos da Abras recuou 0,44% em julho, em comparação a junho. O preço médio nacional caiu de R$ 353,42 em junho para R$ 351,88, em julho. No mês, seis itens registraram retração: arroz (2,89%), feijão (2,29%), café torrado e moído (1,01%), queijo muçarela (0,91%), macarrão sêmola de espaguete (0,59%) e farinha de trigo (0,37%).

Quatro produtos apresentaram quedas residuais: carne bovina (0,06%), farinha de mandioca (0,01%), margarina cremosa (0,06%) e leite longa vida (0,11%). Os únicos aumentos foram observados no açúcar refinado (0,63%) e no óleo de soja (0,46%).

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Economia

Bitcoin quebra recorde e ultrapassa US$ 111 Mil

Esse avanço tem sido impulsionado principalmente pela demanda de investidores institucionais, que estão aumentando sua exposição ao ativo por meio de fundos negociados em bolsa (ETFs) e balanços corporativos

O Bitcoin (BTC) alcançou uma nova máxima histórica na madrugada desta quinta-feira, dia 22, atingindo a marca de US$ 111.878 nas negociações asiáticas, de acordo com dados da CoinGecko. Embora tenha recuado ligeiramente para cerca de US$ 110.400, o novo recorde, estabelecido poucas horas após romper o preço anterior, destaca o momento de alta da criptomoeda.

Esse avanço tem sido impulsionado principalmente pela demanda de investidores institucionais, que estão aumentando sua exposição ao ativo por meio de fundos negociados em bolsa (ETFs) e balanços corporativos. Rony Szuster, Head de Research do MB, explica que “esse rompimento reflete uma base de investidores mais experiente, o aumento da liquidez global e a maior presença de instituições no mercado”, diferenciando este rali dos anteriores. Somente em maio, os ETFs de Bitcoin nos EUA registraram uma entrada líquida de US$ 3,6 bilhões, consolidando a tendência de valorização.

O movimento de alta coincide com o Pizza Day, uma data que celebra a primeira transação de Bitcoin no mundo real, quando um programador pagou 10 mil unidades de BTC por duas pizzas – um valor que hoje ultrapassaria R$ 6 bilhões. Além disso, a aproximação do ex-presidente americano Donald Trump com entusiastas do setor, em meio a regulamentações mais favoráveis à indústria, também está no radar do mercado.

Quais as Próximas Metas para o Bitcoin?

Analistas técnicos como Rodrigo Paz, do InfoMoney, apontam que o rompimento da máxima anterior em US$ 109.350 transformou esse nível em um suporte imediato para o curto prazo. Acima do preço atual, a região de US$ 110.470 atua como resistência, com o próximo alvo técnico relevante em US$ 112.540. Caso a alta continue, projeções mais ambiciosas miram as zonas de US$ 133.100 e US$ 134.460.

A gestora 21Shares estima que o Bitcoin pode chegar a US$ 138.500 até o final de 2025, considerando a escassez de oferta (já que os ETFs consomem mais Bitcoin do que é minerado diariamente), a retomada da liquidez global e o crescimento da adoção institucional. A decisão do JPMorgan Chase de oferecer acesso ao BTC a seus clientes nos EUA é vista como um sinal de legitimação do ativo pelo sistema financeiro tradicional.

Sebastián Serrano, CEO da Ripio, projeta um alvo ainda mais alto. Ele acredita que o BTC pode superar os US$ 140 mil ainda este ano, com potencial para atingir entre US$ 200 mil e US$ 250 mil até o fim do ciclo atual, impulsionado pela forte expansão institucional.

Fonte: InfoMoney

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Economia

Dólar sobe para R$ 5,61 e fecha no maior valor em um mês

Notas de cem dólares dos EUA – REUTERS/Lee Jae-Won/Proibida reprodução

Bolsa cai 0,28% e recua 1,37% na semana

Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil*

Em um dia de tensão no mercado financeiro, o dólar superou a barreira de R$ 5,60 e fechou no maior valor em um mês. A bolsa de valores reverteu a alta da quinta-feira, dia 10, e acumula recuo de mais de 1% na semana.

O dólar comercial encerrou esta sexta-feira (11) vendido a R$ 5,615, com alta de R$ 0,027 (+0,5%). A cotação chegou a iniciar em baixa, mas passou a subir após uma entrevista em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a possibilidade de elevar a faixa de isenção do Imposto de Renda para além de R$ 5 mil em troca da taxação dos super-ricos.

Na máxima do dia, por volta das 10h55, a moeda norte-americana chegou a R$ 5,65. A divisa está na maior cotação desde 12 de setembro. Na semana, o dólar acumula alta de 0,36%.

No mercado de ações, o dia também foi tenso. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 129.992 pontos, com recuo de 0,28%. O indicador chegou a cair 0,78% pouco antes das 11h, mas o ritmo de queda diminuiu porque as ações de mineradores subiram com a expectativa de anúncios de estímulos econômicos pelo governo chinês, grande consumidor de metais brasileiros. Na semana, o Ibovespa caiu 1,37%.

Tanto o dólar como a bolsa foram na contramão do mercado financeiro internacional. O dólar caiu perante as principais moedas de países emergentes, e a bolsa norte-americana subiu, após a divulgação de que a inflação ao produtor nos Estados Unidos ficou estável em setembro, abaixo do previsto.

No entanto, as declarações do presidente Lula sobre a tabela de isenção do Imposto de Renda foram mal recebidas. Embora o presidente tenha dito que a elevação da faixa de isenção seria bancada com a taxação de super-ricos, em linha com o que ocorre em diversos países, os investidores manifestaram desconfiança da capacidade de o Congresso aprovar um aumento de tributos para fornecer recursos para cumprir a promessa de campanha do governo.

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Economia

Dólar sobe para R$ 5,58 e fecha semestre com alta de 15,15%

© Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Bolsa cai 0,32%, mas encerra mês com ganho de 1,49%

Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil* – Brasília

Em mais um dia de nervosismo no mercado doméstico e internacional, o dólar encostou em R$ 5,60 e chegou ao maior valor em dois anos e meio. A bolsa de valores teve pequena queda, mas conseguiu fechar o mês com ganhos.

O dólar comercial encerrou esta sexta-feira, dia 28, vendido a R$ 5,588, com alta de R$ 0,081 (+1,46%). A cotação chegou a operar em baixa nos primeiros minutos de negociação, mas disparou ainda na primeira hora de funcionamento do mercado. Na máxima do dia, por volta das 15h45, chegou a R$ 5,59.

A moeda norte-americana está no maior valor desde 10 de janeiro de 2022, quando tinha fechado em R$ 5,67. A divisa subiu 6,47% apenas em junho e 15,15% no primeiro semestre. O euro comercial fechou em R$ 5,98 e aproxima-se dos R$ 6 pela primeira vez desde fevereiro de 2022.

O mercado de ações teve um dia de ajuste. Após dois dias seguidos de alta, o índice Ibovespa, da B3, fechou aos 123.911 pontos, com queda de 0,32%. Apesar do recuo de hoje, o indicador subiu 1,49% no mês. Em 2024, a bolsa recua 7,65%.

Fatores internos e externos tumultuaram o mercado nesta sexta-feira. Nos Estados Unidos, a divulgação de que a inflação ao consumidor desacelerou em maio animou o mercado no início do dia, mas as taxas dos títulos do Tesouro norte-americano voltaram a subir após o índice de confiança ao consumidor cair menos que o esperado. Juros altos em economias avançadas pressionam o dólar em países emergentes, como o Brasil.

Os principais fatores, no entanto, que influenciaram o mercado financeiro nesta sexta-feira foram externos. Tradicionalmente, o último dia útil do semestre é marcado pela forte demanda de dólares por multinacionais que remetem os lucros ao exterior.

Além disso, os investidores receberam mal uma entrevista em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva considerou absurda a Taxa Selic de 10,5% ao ano. O déficit primário de R$ 63,9 bilhões do setor público em maio também repercutiu mal. O resultado negativo foi impulsionado pela antecipação do décimo terceiro da Previdência Social.

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