DESACELERAÇÃO

Economia

Inflação acumulada dos alimentos é a menor desde setembro de 2024

© Valter Campanato/Agência Brasil
Preço da comida recua 0,98% em cinco meses
Bruno de Freitas Moura – Repórter da Agência Brasil
A prévia da inflação oficial no país mostra que, em outubro, o preço de alimentos e bebidas caiu 0,02%, em média. O resultado representa o quinto mês seguido de deflação (inflação negativa). De junho a outubro, os alimentos e bebidas ficaram 0,98% mais baratos.

Os dados foram apurados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado nesta sexta-feira, dia 24, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador apontou desaceleração para 0,18%, uma vez que tinha alcançado 0,48% em setembro.

O IBGE mostra que, de setembro de 2024 a maio de 2025, os alimentos e bebidas apresentaram nove meses seguidos de alta, influenciados por fatores como questões climáticas, que prejudicaram a safra. Desde então, sucederam-se cinco recuos:

  • Outubro: -0,02%
  • Setembro: -0,35%
  • Agosto: -0,53%
  • Julho: -0,06%
  • Junho: -0,02%

Com a sequência de quedas, o acumulado de 12 meses da inflação de alimentos marca 6,26% em outubro. Esse patamar fica acima da inflação geral apurada pelo IPCA-15 (4,94%) no período.

No entanto, é o menor desde setembro de 2024, quando registrava 5,22%. Desde então, a variação chegou a marcar 8,02% em maio de 2025. Em setembro de 2024, o acumulado era de 7,21%.

O IPCA-15 apura a variação média do custo de 377 produtos e serviços que fazem parte da cesta de compras do brasileiro que ganha até 40 salários mínimos. Os alimentos e bebidas são a parcela mais representativa dessa cesta, respondendo por 21,63% do índice.

Observando especificamente a alimentação no domicílio, que exclui gastos com lanches, refeições e cafezinho na rua, a inflação marcou -0,10% em outubro e 5,47% no acumulado de 12 meses, menor patamar desde agosto de 2024, quando ficou em 4,19%.

Alimentos em outubro

No IPCA-15 de outubro, os itens que mais pesaram para a queda dos alimentos foram:

  • Cebola (-7,65%)
  • Ovo de galinha (-3,01%)
  • Arroz (-1,37%)
  • Leite longa vida (-1%)

Cada um desses recuos representa 0,01 p.p. no índice.

Na cesta de produtos, quatro subitens tiveram quedas de preço na casa de dois dígitos:

  • Pepino: -24,43%
  • Abobrinha: -20,80%
  • Morango: -15,63%
  • Peixe castanha:  -12,68%

Apesar da variação, o peso desses itens no total do índice não supera 0,01 ponto percentual.

No intervalo de 12 meses, as maiores quedas foram da batata-inglesa (-39%), feijão preto (-32%), cebola (-27%) e pepino (-27%).

Na outra ponta, estão as altas do café moído (53%), abobrinha (43%) e pimentão (36%).

Veja o comportamento de outros itens no mês:

  • Tubérculos, raízes e legumes: -2,17%
  • Hortaliças e verduras: -1,87%
  • Cereais, leguminosas e oleaginosas: -1,24%
  • Pescados: -0,98%
  • Leites e derivados: -0,66%
  • Aves e ovos: -0,51%
  • Carnes e peixes industrializados: -0,24%
  • Carnes: -0,05%
  • Bebidas e infusões: 0,01%
  • Enlatados e conservas: 0,22%
  • Panificados: 0,23%
  • Frutas: 2,07%
  • Óleos e gorduras: 2,18%

Safra

Para o economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados, Felipe Queiroz, o resultado de outubro é bastante positivo e aponta para uma convergência rumo ao centro da meta de inflação, estipulada pelo governo em 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, até 4,5%.

Queiroz destaca o comportamento dos preços dos alimentos. “Tendo em vista a importância que a alimentação possui no orçamento familiar, especialmente das famílias de menor renda, o resultado de outubro é bastante animador por conta da queda de produtos essenciais como o arroz, o leite, os ovos e a cebola”, diz.

Para o representante da associação de supermercados do maior estado do país, que reúne mais de 4,5 mil estabelecimentos comerciais, a expectativa é que a inflação mantenha a tendência de desaceleração nos próximos meses.

“Nós temos uma safra recorde de grãos, o que deve contribuir com a queda de itens básicos da cesta dos consumidores”, cita.

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Economia

Sobretaxas derrubam em 18,5% as exportações para os EUA em agosto, aponta Monitor da Amcham

Monitor Brasil-EUA da Amcham revela desaceleração do comércio bilateral

A corrente de comércio entre Brasil e Estados Unidos totalizou US$ 56,6 bilhões entre janeiro e agosto deste ano, segundo a mais recente edição do Monitor do Comércio BR-EUA, elaborado pela Amcham Brasil. Embora o resultado acumulado continue positivo, os dados de agosto revelam uma inflexão significativa: as sobretaxas impostas pelos EUA provocaram uma queda expressiva nas exportações brasileiras e vêm contribuindo para a desaceleração das importações de produtos norte-americanos pelo Brasil.

As exportações brasileiras para os EUA somaram US$ 26,6 bilhões no acumulado do ano, crescimento de 1,6% em relação ao mesmo período de 2024 e novo recorde para o período. No entanto, agosto registrou retração de 18,5% nas vendas brasileiras para os EUA, puxada principalmente pelos produtos atingidos pelas novas tarifas.

Itens sujeitos às sobretaxas caíram 22,4% em agosto, apesar de alguns segmentos ainda manterem desempenho positivo no ano devido à antecipação de embarques. Produtos fora do escopo das novas tarifas apresentaram queda mais moderada, de 7,1% no mês e 10,3% no acumulado, influenciados sobretudo por fatores de mercado, como a menor demanda dos EUA por petróleo e derivados.

Entre os setores com desempenho negativo no acumulado estão os de óleos combustíveis de petróleo (-16,1%), celulose (-15,7%) e semiacabados de ferro e aço (-9,8%). Em contrapartida, carne bovina (+93,4%), café (+33,0%) e aeronaves (+11,2%) registraram crescimentos expressivos, demonstrando resiliência mesmo em um cenário de maior incerteza.

O impacto das sobretaxas também se manifesta do lado das importações brasileiras, especialmente em setores mais integrados com a indústria americana, como carvão mineral, essencial para a produção da siderurgia no Brasil.

No acumulado do ano, as importações brasileiras de produtos americanos somaram US$ 30 bilhões, crescimento de 11,4% em relação a 2024. No entanto, o ritmo de expansão, que superava os 18% em junho e julho, caiu para apenas 4,6% em agosto, indicando perda de dinamismo nas trocas bilaterais.

“A forte desaceleração no ritmo das importações brasileiras vindas dos EUA sinaliza um efeito indireto das tarifas, reflexo do alto grau de integração e de comércio intrafirma entre as duas maiores economias das Américas”, afirma Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil.  

Superávit dos EUA com o Brasil cresce 

Enquanto o déficit comercial norte-americano com o mundo aumentou 22,4% no acumulado do ano, alcançando US$ 809,3 bilhões, o Brasil se destacou como um dos poucos parceiros com os quais os EUA ampliaram seu superávit comercial. O also positivo dos EUA no comércio bilateral atingiu US$ 3,4 bilhões entre janeiro e agosto, o que representa uma alta de 355% em relação ao mesmo período de 2024.

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Economia

Mercado financeiro reduz previsão da inflação para 4,95%

A nova projeção do mercado para o IPCA e o PIB reflete a desaceleração de preços. Descubra por que a taxa Selic deve se manter em 15%

O cenário econômico do Brasil mostra sinais de arrefecimento, especialmente no que diz respeito à inflação. A projeção do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, acaba de ser revisada para baixo pela décima segunda vez consecutiva. De 5,05%, a estimativa para o ano de 2025 agora é de 4,95%. Essa informação foi publicada no Boletim Focus, uma pesquisa semanal realizada pelo Banco Central com as expectativas das principais instituições financeiras.

Entretanto, mesmo com a série de reduções, a nova projeção ainda se mantém acima do teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com um limite superior de 4,5%.

A fim de controlar a inflação, o Banco Central utiliza a taxa Selic como seu principal instrumento. Atualmente em 15% ao ano, a Selic é a taxa básica de juros do país, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

Recentemente, a inflação tem desacelerado, e a economia também tem mostrado sinais de retração. Por essa razão, o Copom decidiu interromper o ciclo de sete altas consecutivas na Selic. Contudo, em comunicado, a autoridade monetária não descartou a possibilidade de voltar a elevar os juros, caso seja necessário para conter a inflação.

Por consequência, quando o Banco Central aumenta a Selic, o crédito fica mais caro e a poupança se torna mais atraente. Isso ajuda a controlar o consumo e, por sua vez, a inflação. Similarmente, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia. Por outro lado, quando a Selic diminui, o crédito se torna mais barato, incentivando o consumo e a produção, o que estimula a atividade econômica.

Além da inflação e dos juros, o Boletim Focus também trouxe atualizações para o Produto Interno Bruto (PIB) e o câmbio. A estimativa para o crescimento da economia brasileira em 2025 permaneceu em 2,21%, enquanto a projeção para o PIB em 2026 é de 1,87%.

Ademais, a previsão para a cotação do dólar para o final de 2025 é de R$ 5,60. Já para o final de 2026, a expectativa é de que a moeda norte-americana fique em R$ 5,70.

Afinal, essas projeções oferecem um panorama sobre o futuro da economia, indicando que, embora os preços estejam sob maior controle, a atenção aos indicadores econômicos continua sendo fundamental para entender o rumo do país.

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