DENGUE

Saúde

Dengue: saiba por que o tipo 3 é motivo de preocupação em 2025

Baixa circulação dessa cepa nos últimos anos pode deixar a população mais vulnerável à infecção neste ano, o que também tem potencial de causar quadros mais graves

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

O sorotipo 3 da dengue já responde por quase metade dos casos registrados em 2025 no Brasil. E isso vem gerando preocupação entre os especialistas pelo risco de causar mais infecções e quadros graves da doença.

Existem quatro subtipos de vírus causadores da dengue. Desde 2008, o tipo 3 circula no país em baixíssima frequência (menos de 2% dos casos). Mas essa proporção vem aumentando: em 2024, foram confirmados 116.600 casos do tipo 1, 24.300 do tipo 2 e 2.192 do 3, segundo o monitoramento do Ministério da Saúde em amostras sequenciadas. Neste ano, já foram confirmados 10 casos do sorotipo 1, 184 do sorotipo 2 e 138 do sorotipo 3. O tipo 4 é muito raro.

“A circulação é marcada por ciclos de predominância de alguns sorotipos do vírus e, quando um entra em circulação, gera uma maior imunidade específica contra ele na população. Quando a circulação de um sorotipo é baixa, o oposto ocorre, e vemos uma queda na imunidade para aquele tipo viral”, explica o virologista Anderson Brito, do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), que faz o monitoramento da circulação de diversos patógenos no país a partir de dados de laboratórios públicos e privados.

A circulação do tipo 3 preocupa porque ele praticamente não circulava há muito tempo no Brasil. “Há uma grande parcela da população que não teve contato com ele e, portanto, pode haver aumento no número de casos e também de casos graves”, diz a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Quando uma pessoa é infectada por um vírus da dengue, seu organismo desenvolve anticorpos específicos e ela fica imunizada apenas contra a cepa causadora da infecção. Se houver uma nova infecção por um tipo diferente, essa imunidade pode ter efeito contrário: em vez de barrar, facilitar a entrada do vírus no organismo, fenômeno que gera uma resposta inflamatória exagerada. Daí porque a reinfecção é um fator de risco para casos graves.

Segundo projeções do ITpS, os números da doença devem seguir uma trajetória ascendente até meados de abril – uma curva similar à do ano de 2022. “O ciclo 23-24 foi muito atípico, com uma explosão de casos antes do início do ano, ainda em novembro de 2023. Muito em função do fenômeno El Niño, que trouxe mais chuvas e temperaturas mais altas que favoreceram a proliferação do mosquito”, explica Brito.

Até último dia 23 de janeiro, foram registrados 101.485 casos prováveis de dengue e 15 mortes, sendo que outros 116 óbitos estão em investigação, segundo o Ministério da Saúde. Os números estão abaixo do registrado no ano passado: nesse mesmo período, já havia quase 200 mil casos. No entanto, os dados de 2025 estão superiores aos de 2023, que não chegaram a 50 mil nos primeiros 22 dias do ano.

Por isso, é importante intensificar medidas de prevenção, como uso de repelente e combate aos criadouros de mosquito. A vacina está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) apenas para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, em localidades prioritárias selecionadas a partir do cenário epidemiológico do país.

Embora seja desenvolvido para combater os quatro tipos, o imunizante tem uma resposta maior contra os tipos 1 (quase 70%) e 2 (quase 95% de eficácia). Para o tipo 3, a resposta é moderada, com cerca de 49% de eficácia. Em relação ao 4 ainda não há dados suficientes para avaliar.

Sintomas da dengue

A infecção pela dengue pode ser assintomática, mas nos casos em que há sintomas a primeira manifestação costuma ser febre alta (acima de 38°C), de início súbito, que dura de dois a sete dias.

Outros sintomas comuns são:

  • Dor no corpo e articulações;
  • Dor atrás dos olhos;
  • Mal-estar;
  • Falta de apetite;
  • Dor de cabeça;
  • Manchas vermelhas no corpo.

A fase crítica começa com o declínio da febre, entre o terceiro e o sétimo dia após o início dos sintomas. É nesse período que podem ocorrer os sinais de alarme: dor abdominal intensa e contínua, náusea, vômitos persistentes, sangramento das mucosas, além de hipotensão, letargia, entre outros.

Não há tratamento específico para a dengue. Deve-se fazer reposição de líquidos e repouso e nunca se automedicar. Em caso de algum sinal de alarme, procure atendimento médico com urgência.

No início de janeiro, o Ministério da Saúde instalou o Centro de Operações de Emergências em Saúde (COE) para ampliar o monitoramento das arboviroses no Brasil, incluindo a dengue, com o objetivo de fortalecer a capacidade de resposta do país.

Fonte: Agência Einstein

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Brasil e Mundo

Sociedade médica alerta para baixa procura da vacina contra a dengue

Início da vacinação contra dengue no Distrito Federal, na UBS1 do Cruzeiro.  Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Apenas metade das doses distribuídas foi aplicada

Bruno de Freitas Moura – Repórter da Agência Brasil

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) emitiu um alerta nesta sexta-feira, dia 24, sobre a baixa procura por vacina contra a dengue. O imunizante está disponível para um grupo restrito de pessoas em 1,9 mil cidades nas quais a doença é mais frequente. Apenas metade das doses distribuídas pelo Ministério da Saúde para estados e municípios foi aplicada.

De acordo com a pasta, de 2024 a 20 de janeiro de 2025, foram distribuídas 6.370.966 doses. A Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) indica que 3.205.625 foram aplicadas até o momento.

Em 2024, o país teve registro recorde de dengue: 6.629.595 casos prováveis e 6.103 mortes. Estão ainda em investigação 761 óbitos. Os dados fazem parte do painel de monitoramento do Ministério da Saúde e traz informações até 28 de dezembro de 2024. Em 2025, são 101.485 casos prováveis e 15 mortes confirmadas.

A vacina

A vacina contra a dengue, Qdenga, produzida pelo laboratório japonês Takeda Pharma e aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), começou a ser distribuída no país em fevereiro de 2024.

Por causa da capacidade limitada do fabricante, a quantidade de doses adquiridas pelo governo brasileiro precisou ser restrita ao público-alvo de crianças de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue, depois de pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi liberada pela Anvisa.

A Qdenga é aplicada em duas doses com intervalo de 90 dias.

A presidente da SBIm, Mônica Levi, destaca que o Brasil foi o primeiro país a oferecer a vacina contra a dengue na rede pública. No entanto, lamenta o que classifica como “baixa procura”. Ela ressalta que a Qdenga é um imunizante seguro e eficaz.

“Qualquer vacina para ser aprovada e licenciada no país passa por uma série de critérios de aprovação, e essa vacina Qdenga, do laboratório Takeda, foi aprovada no Brasil, na Europa, na Argentina, em vários da Ásia, em vários países do mundo”, afirmou à Agência Brasil.

Ela reforça o benefício de completar o ciclo de duas aplicações. “A segunda dose é responsável, principalmente, pela proteção de mais longa duração, de pelo menos mais quatro anos e meio”, explica.

Mônica Levi orienta que quem perdeu o prazo de 90 dias pode tomar a dose adicional normalmente. A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, convocou crianças e adolescentes para receberem a dose adicional.

“Se houver atraso do esquema, a primeira dose continua válida, jamais [deve] recomeçar. Dose dada é dose computada no nosso sistema imunológico, e o resultado final não tem nenhum prejuízo em um alargamento do intervalo entre as doses. Mas a gente sempre recomenda, dentro do possível, fazer as doses no esquema recomendado”, completa.

O Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, anunciou no último dia 22 o início da produção dos imunizantes contra a dengue. A vacina se chamará Butantan-DV. Mas ainda é preciso aprovação da Anvisa. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, não acredita que o país terá vacinação em massa em 2025.

Prevenção e monitoramento

O alerta da sociedade médica acompanha ações recentes de prevenção e monitoramento do Ministério da Saúde e chega em um momento de preocupação crescente por causa da detecção do sorotipo 3 (DENV-3) do vírus da dengue. Esse tipo não circula de forma predominante no país desde 2008, e grande parte da população está suscetível ao DENV-3.

Entenda o que são sorotipos da dengue e por que o tipo 3 preocupa

Procurado pela Agência Brasil, o Ministério da Saúde explicou que a lista dos 1.921 municípios que receberam a Qdenga foi elaborada justamente com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), ou seja, de acordo com estados e municípios.

“As vacinas são destinadas a regiões de saúde com municípios de grande porte, com alta transmissão nos últimos dez anos e população residente igual ou maior a 100 mil habitantes, levando também em conta altas taxas nos últimos meses”, apontou a pasta. Veja a lista de municípios aqui

O ministério afirma que a baixa disponibilidade para aquisição do imunizante faz com que a vacinação não seja a principal estratégia do governo contra a dengue. Por isso, é mantida ênfase na prevenção.

O órgão destaca que lançou o Plano de Ação para Redução da Dengue e Outras Arboviroses (doenças transmitidas por insetos, como mosquitos), em parceria com estados, municípios e organizações.

A iniciativa prevê a intensificação do controle vetorial do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da doença, com tecnologias como o método Wolbachia, Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs) em áreas de difícil acesso e a Técnica do Inseto Estéril por Irradiação (TIE-Irradiado) em aldeias indígenas, além da borrifação residual em imóveis públicos com grande circulação de pessoas.

O ministério lembra ainda que instalou, no último dia 9, o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para ampliar o monitoramento de arboviroses.

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Brasil e Mundo

Governo de SP lança Plano de Contingência da dengue, chikungunya e Zika

Aedes aegypti dengue mosquito. Saúde identificou prevalência do sorotipo 3

Planejamento foi atualizado para o biênio 2025/2026 e apresenta nova metodologia para acompanhamento dos casos

O Governo de São Paulo apresentou, nesta quarta-feira, dia 15, o Plano de Contingência das Arboviroses Urbanas 2025/2026, com as principais estratégias, ações e recomendações de combate à dengue, chikungunya e Zika. Com uma nova metodologia para acompanhamento dos casos e de resposta no atendimento aos pacientes, o plano foi apresentado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) na Sala de Situação sobre o tema.

O plano foi detalhado pela área de Vigilância Epidemiológica, que apontou, ainda, a prevalência do sorotipo 3 circulando desde o fim do ano passado, identificado pelas 71 unidades sentinelas que monitoram a circulação do vírus da dengue, do tipo 1 ao 4, em todo o território paulista.

Com a presença de representantes da Defesa Civil, OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) e Cosems (Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo), o secretário de Estado da Saúde, Eleuses Paiva, destacou que, desde o ano passado, o governo estadual mantém ações contínuas para apoiar os municípios no combate às arboviroses.

Plano de contingência foi lançado nesta quarta-feira. Foto: Divulgação/Governo de São Paulo

“Estamos pautando iniciativas efetivas e continuaremos esse diálogo em todo o território paulista, com os nossos Departamentos Regionais de Saúde (DRS), reforçando o papel da vigilância e controle, além de ampliar a rede assistencial. Nosso objetivo é reduzir a incidência e mortalidade causada pelas doenças e coordenar a resposta estadual de forma integrada entre todos os níveis de atenção à saúde”, afirmou Eleuses Paiva.

Segundo a diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da SES, Tatiana Lang, o plano considera cenários de mobilização e alerta regional, conforme o número de casos suspeitos e confirmados em períodos de quatro semanas consecutivas. “A classificação dos cenários considera a média histórica de casos dos últimos dez anos nas regiões. Temos um painel em tempo real mostrando todos os números, gerando mapas por semanas epidemiológicas e tudo isso dá mais transparência de como o Governo do Estado tem lidado com o combate às arboviroses”, explica.

Para o representante da OPAS, Rodrigo Said, as atualizações do Plano de Contingência de Arboviroses representam uma novidade, promovendo o envolvimento intersetorial e de todas as regiões na prevenção, controle e vigilância. “Isso reduz o impacto desse desafio que teremos pela frente”, afirmou.

O Plano de Contingência das Arboviroses Urbanas: Dengue, Chikungunya e Zika 2025/2026 pode ser acessado pelo site dengue.saude.sp.gov.br.

“São novos cenários, inclusive, com novas metodologias de avaliação, trabalhando com os grupos de vigilância epidemiológica e os departamentos regionais de saúde”, esclareceu Regiane de Paula, coordenadora em Saúde, da Coordenadoria de Controle de Doenças.

Transparência

A plataforma desenvolvida pela Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD) da SES apresenta novos painéis para ampliar a transparência na consulta dos casos por dengue e chikungunya no Estado, por meio do dengue.saude.sp.gov.br.

Os dados estão disponíveis para todos os usuários e são atualizados em tempo real, mostrando números detalhados das doenças, inclusive por região e por sorotipo da dengue.

Tire suas dúvidas!

O Governo de SP lançou, no ano passado, o portal “Dengue 100 Dúvidas” com as cem perguntas mais frequentes sobre dengue, chikungunya e Zika nos buscadores da internet. A ferramenta desmistifica as fake news que circulam nas redes sociais e orienta a população sobre as doenças. O acesso está disponível no link: www.dengue100duvidas.sp.gov.br.

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Brasil e Mundo

Capital paulista recebe novo lote de vacinas contra dengue

Vacina contra a dengue Qdenga que chegará ao Brasil é fabricada pela farmacêutica Takeda em Singen, na Alemanha. Foto: Takeda/Divulgação

Aplicações da primeira dose serão retomadas neste sábado

Bruno Bocchini – Repórter da Agência Brasil

A prefeitura de São Paulo informou, nesta sexta-feira, dia 1º, que o município recebeu do Ministério da Saúde 170.753 doses da vacina contra a dengue, a Qdenga, e que irá retomar a aplicação da primeira dose do imunizante neste sábado, dia 2, em jovens de 10 a 14 anos. A segunda dose continua sendo aplicada normalmente na cidade.

Segundo a prefeitura, as pessoas interessadas em se imunizar devem comparecer a uma das unidades básicas de saúde (UBS) do município, no período das 7h às 19h, de segunda a sexta-feira, ou aos sábados, às unidades de Atendimento Médico Ambulatorial Integradas (AMAs/UBS), no mesmo horário, com documento de identificação com foto e um responsável legal.

A campanha de vacinação contra a dengue na capital paulista teve início no mês de abril e, desde então, foram vacinadas 186 mil crianças e adolescentes de 10 a 14 anos com a primeira dose.

Atualmente, 79.357 crianças e adolescentes que receberam a primeira dose estão elegíveis para receberem a segunda dose. Para verificar a disponibilidade do imunizante, basta acessar o portal De Olho na Fila.

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Valinhos

Mais de 1,3 mil doses de vacina contra a dengue já foram aplicadas em Valinhos 

Imunização é feita em todas as UBS’s para faixa etária de 10 a 14 anos

Valinhos somou esta semana, dois meses após o início da vacinação contra a dengue, 1.384 doses aplicadas. Iniciada no dia 11 de abril, a imunização ocorre nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) para a faixa etária da estratégia incorporada ao Programa Nacional de Imunização (PNI), que é de 10 a 14 anos.
A Secretaria da Saúde ainda utiliza do primeiro lote de vacinas retirado no Grupo de Vigilância Epidemiológica (GVE) Campinas, no dia 9 de abril, e tem disponível cerca de 450 doses.

A vacinação contra a dengue ocorre de segunda a sexta-feira, das 9h às 11h, e das 13 às 15h, em todas as UBSs, com exceções de quatro unidades. Na Vila Santana, que não tem intervalo para o almoço, a imunização é das 9 às 15h. Já nas unidades do Jardim São Marcos, Jardim Paraíso e Bom Retiro, a vacinação também não tem intervalo para o almoço, e ocorre das 9 às 18 horas.

Segundo a Secretaria da Saúde, para ser vacinado o adolescente precisa estar acompanhado dos pais ou responsáveis e precisa apresentar documentos – RG, CPF, Cartão Nacional do SUS, Carteirinha de Vacinação, comprovante de endereço no nome de um dos pais.

Após a aplicação da vacina os adolescentes imunizados ficarão em observação por 15 minutos se não tiver nenhum tipo de alergia e se forem alérgicos por 30 minutos.

CUIDADOS E REGRAS

A Diretora do Departamento de Vigilância em Saúde da Prefeitura de Valinhos, Cláudia Maria dos Santos, explicou que as equipes de enfermagem de todas as UBSs participaram de treinamento para atuar na imunização contra dengue. A vacinação contra a doença exige uma série de cuidados e regras antes da aplicação.

“Antes de ser vacinado o paciente é questionado se está com alguma doença febril aguda, e se sim, a imunização é adiada. Pessoas com doenças crônicas também serão questionadas sobre o tratamento que está sendo feito, por exemplo, se é com corticoide em doses muito altas ou quimioterapia. Nestes casos, não será permitida a imunização, pois a vacina contra dengue é de vírus atenuado, ou seja, enfraquecido e não é recomendada para quem passa por tratamentos com substâncias imunossupressoras, que interferem na imunidade”, detalhou a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde.

Outra condição para a imunização, de acordo com Cláudia, é de que as jovens com potencial para engravidar deverão evitar a gravidez por pelo menos 30 dias após receber a vacina. A vacina contra dengue também é contraindicada para jovens que estejam amamentando, assim como para portadores do vírus HIV, quando a função imunológica estiver comprometida.

2ª DOSE

Sobre as doses destinadas para a aplicação da segunda dose o envio será posteriormente, segundo a nota técnica enviada pelo Ministério da Saúde à Prefeitura Municipal, recomendando três meses para completar o esquema da vacinação considerando os registros da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS).

DECRETO

Desde 21 de março Valinhos está em estado de emergência para que possa adotar todas as medidas administrativas e assistenciais necessárias à contenção do aumento do número de casos de arboviroses no município, que está com 5.217 casos confirmados, além de quatro óbitos confirmados por dengue e 10 em investigação.

MAIS AÇÕES

A Secretaria está com várias ações para conter o avanço da dengue. Entre elas:
* Atendimento no Centro de Atendimento e Diagnóstico da Dengue, que funciona desde o dia 10 de abril, na Santa Casa, assim como na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e Unidade de Pronto Atendimento Infantil (Upinha).
* Trabalho casa a casa com vistoria e orientações para prevenção da dengue;
• Vistoria periódica em pontos estratégicos (borracharias, ferros velhos, etc) e imóveis especiais (bancos, escolas, etc);
• Coleta e identificação de larvas;
• Busca ativa e controle de criadouros, aplicação de larvicida e orientação técnica para eliminação de criadouros do vetor;
• Atendimento a solicitações de munícipes, pelo sistema 156, e-Ouve, 1Doc;
• Nebulização com inseticida em áreas com transmissão desencadeada, de acordo com dados epidemiológicos e seguindo critérios técnicos;
• Palestras preventivas e educativas nas escolas, empresas, comércios e eventos;
• Participação em eventos para divulgação e educação ambiental;
• Capacitação e atualização da equipe de trabalho quanto a doença e o vetor;
• Investimento nos meios de comunicação (mídias sociais, jornais, rádios, carro de som, faixas, etc.) com orientações à população;
• Mutirão de trabalho em imóveis fechados aos sábados e horários estendidos;
• Utilização de Drone, para ajudar na vistoria em imóveis de difícil acesso

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Saúde

Saiba como diferenciar os sintomas de dengue e de leptospirose 

Após cheias como as do Rio Grande do Sul, as duas doenças podem coexistir e infectar simultaneamente a população; orientação é procurar atendimento médico para o diagnóstico correto 

 

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

Há pouco mais de um mês o Rio Grande do Sul sofre as consequências das enchentes e das inundações decorrentes das fortes chuvas que atingiram o estado no final de abril. Além dos problemas com a destruição das cidades e da infraestrutura, de ter milhares de desabrigados e centenas de mortos, os gaúchos ainda precisam lidar com o avanço de doenças que se espalham mais facilmente diante de cenários como esse, especialmente a leptospirose e a dengue. Ambas apresentam sintomas muito semelhantes, o que pode dificultar o diagnóstico correto. Como diferenciá-las?

A leptospirose é causada pela bactéria do gênero Leptospira e a transmissão acontece pelo contato com a urina de ratos contaminados. No caso de enchentes, o simples contato da pele e de mucosas com a água suja e a lama pode ser o suficiente para causar a infecção. Os primeiros sintomas são febre alta (acima de 38oC), que começa de maneira súbita, associada a calafrios, dores de cabeça e musculares (principalmente na região da panturrilha), falta de apetite, náusea e vômito e olhos vermelhos. É considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma doença negligenciada e subnotificada: a estimativa é de que, a cada ano, 500 mil novos casos ocorram em todo o mundo, com uma mortalidade que pode variar de 10 a 70% em casos graves.

“A leptospirose é uma doença de notificação compulsória em todo o território nacional. Ela deve ser feita já na suspeita tanto em casos de surtos quanto de um único caso, e o quanto antes, para que as ações de vigilância epidemiológica sejam iniciadas. Essas ações têm como objetivo controlar o foco para evitar que mais pessoas desenvolvam a doença. Em situações de catástrofes como a do Rio Grande do Sul, todo o sistema de saúde está em alerta para os casos suspeitos”, explica Emy Akiyama Gouveia, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

Já a dengue é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Os sintomas surgem depois de três a cinco dias e começam com febre alta repentina (entre 38º e 40oC), acompanhada de dores de cabeça, nas articulações e atrás dos olhos, prostração, falta de apetite e náusea. A piora do quadro acontece se a pessoa apresentar ainda manchas vermelhas pelo corpo e sangramento das mucosas (sinal de que há a diminuição das plaquetas). O mosquito se adaptou ao ambiente urbano e se reproduz facilmente, inclusive em água parada com matéria orgânica – como é o caso na Região Sul atualmente.

Um detalhe importante, destaca a infectologista do Einstein, é que o período de incubação da leptospirose pode ser longo (chegando a 30 dias, apesar de a média ser de sete a 14 dias) e a contaminação também pode ocorrer de forma direta, pela ingestão de alimentos que entraram em contato com a urina contaminada.

“Por isso, podem existir situações em que o indivíduo não entrou em contato direto com a água da enchente, mas acaba desenvolvendo a infecção. Nas situações de catástrofes que envolvem inundações, a segurança dos alimentos é crítica, pois a contaminação pode ocorrer pelas condições inadequadas de armazenamento pela proliferação de roedores no local”, alerta Gouveia.

Diagnóstico correto é essencial 

Como as duas doenças apresentam sinais muito semelhantes que podem ser confundidos, é importante procurar o atendimento médico e realizar o teste para confirmar o diagnóstico. “Há um ponto crítico: no momento epidemiológico que o Rio Grande do Sul enfrenta, as duas infecções podem coexistir no paciente. Por isso é tão importante que as pessoas procurem o atendimento médico diante de qualquer sintoma sugestivo, para poder descartar os quadros de gravidade”, orienta a médica.

O diagnóstico da leptospirose é feito com a coleta de amostra de sangue para a avaliação da presença de anticorpos. Também é possível realizar a pesquisa direta da bactéria, cultura ou exame de biologia molecular com a pesquisa da presença do DNA. De acordo com Gouveia, outros exames inespecíficos auxiliam na avaliação da gravidade, como exames de sangue para a avaliação da coagulação, do rim e do fígado e o eletrocardiograma, entre outros, que podem ser indicados de acordo com a condição clínica do paciente.

Já para a confirmação de dengue, é levado em conta o quadro clínico do paciente e, em alguns casos, são realizados exames laboratoriais, como hemograma, pesquisa de anticorpos produzidos contra o vírus, pesquisa de antígenos e exames bioquímicos.

A leptospirose pode resultar em quadros assintomáticos, leves (que só requerem o tratamento ambulatorial) ou graves, com o comprometimento do fígado (pele amarelada), dos rins, com quadros de insuficiência renal (eventualmente com a necessidade de hemodiálise), dos pulmões e do sistema nervoso. “No caso da leptospirose, quanto antes o tratamento antibiótico for iniciado, melhor. Em casos mais leves, o paciente pode receber a medicação em casa, por via oral. Nos casos graves, é preciso usar antibióticos endovenosos”, orienta Gouveia.

Pesquisadores do Instituto Butantan, em São Paulo, estão trabalhando para desenvolver um novo método de diagnóstico da leptospirose, superior ao teste padrão usado atualmente, e que será capaz de detectar a doença ainda na fase inicial. Em estudo publicado recentemente na revista Tropical Medicine and Infectious Disease, a estratégia conseguiu detectar a doença em mais de 70% dos pacientes que tinham obtido resultados falso negativos nos primeiros dias de sintomas. De acordo com o Butantan, o novo diagnóstico mostrou 99% de especificidade e não apresentou uma reação cruzada com outras doenças infecciosas, como dengue, malária, HIV e doença de Chagas.

Já nos casos de dengue, muitos serão assintomáticos ou leves. Não há um antiviral específico para combater o vírus e o tratamento consiste basicamente em hidratação, repouso e uso de medicamentos para o controle da febre e da dor. O paciente pode usar o paracetamol ou a dipirona (quando não houver a contraindicação de uso).

Raio X das doenças no Brasil 

Em 2023, o país registrou 3.338 casos confirmados de leptospirose, com 281 mortes, segundo o Ministério da Saúde. Neste ano, considerando apenas os quatro primeiros meses    foram confirmados 743 casos da doença e 72 mortes – números contabilizados até 14 de abril, ou seja, sem considerar os casos no Rio Grande do Sul. A dengue também é um problema nacional: o governo federal já somou mais de 5 milhões de casos e mais de 3 mil mortes pela doença.

A Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul informou o registro de 3.030 casos de leptospirose até o último dia 3 de junho. Desses, 206 deram positivo para a doença. Oito mortes foram confirmadas e 12 esperam os resultados de exames comprobatórios. O estado também notificou 231.497 casos de dengue, sendo 146.772 confirmados e 27.037 ainda em investigação. Ao todo, 205 pessoas morreram da doença.

Após um evento climático catastrófico como o que atingiu o Rio Grande do Sul, a população pode se deparar com desequilíbrios ambientais que favorecem a disseminação de doenças infectocontagiosas e, por isso, é preciso estar atento às medidas de prevenção. “Nos casos de dengue, os focos de água parada que surgirão com a baixa progressiva das águas resultarão num momento de atenção para o possível aumento de casos, apesar de as baixas temperaturas desfavorecerem o ciclo do mosquito. Lembrando que os ovos contaminados do mosquito podem permanecer por longos períodos no ambiente, havendo a eclosão quando surgirem as condições favoráveis”, explica a infectologista do Einstein.

Para a prevenção da leptospirose, a especialista destaca a importância do uso de materiais impermeáveis (como botas e luvas) ao entrar em contato com água da enchente, lama e ambientes que foram inundados. “Também é importante ficar atento à higiene de mãos e do ambiente, ingerir somente água potável, armazenar adequadamente os alimentos e manter o controle de roedores”, completa. Não há vacinas para humanos no Brasil.

Nos locais que foram invadidos por água de chuva, recomenda-se fazer a desinfecção do ambiente com hipoclorito de sódio a 2,5%, presente na água sanitária (um copo de água sanitária para um balde de 20 litros de água). Manter os alimentos guardados em recipientes bem fechados, manter a cozinha limpa, retirar as sobras de alimentos ou a ração de animais domésticos antes do anoitecer, manter o terreno limpo e evitar entulhos e acúmulo de objetos nos quintais são práticas que ajudam a evitar a presença de roedores.

Em nota técnica emitida no início do mês, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) não recomenda a quimioprofilaxia (o uso de antibióticos) como rotina, prevenção e medida de saúde pública para toda a população. O documento recomenda o uso profilático da medicação somente por pessoas com alto risco de contágio, como equipes de socorristas e voluntários com exposição prolongada à água de enchente. A nota ressalta que o uso dos antimicrobianos não é 100% eficaz, com a pessoa ainda podendo ser contaminada.

Fonte: Agência Einstein

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Opnião

Combater a Dengue: uma batalha que exige união

A Prefeitura de Valinhos anunciou esta semana que vai investir mais de R$ 500 mil no combate à dengue. A medida, louvável e necessária, é apenas um dos lados da batalha contra essa doença que assombra a cidade e toda a Região Metropolitana de Campinas (RMC).

É verdade que o poder público precisa investir em ações de controle do mosquito Aedes aegypti, como fumacê, armadilhas e campanhas educativas. No entanto, a guerra contra a dengue só será vencida com a participação de cada cidadão.

Cada quintal, cada casa, precisa ser varrido em busca de criadouros do mosquito. Vasos de plantas, pneus, calhas, caixas d’água e qualquer outro recipiente que possa armazenar água parada precisam ser limpos ou tampados.

A dengue é uma doença grave, que pode levar à morte. Os sintomas, como febre alta, dores musculares e articulares, podem ser incapacitantes e levar semanas para desaparecer. Além do sofrimento físico, a dengue causa impacto social e econômico, afastando as pessoas do trabalho e da escola.

Na RMC, os casos de dengue não param de crescer. Os números de casos já superam o que foi registrado no mesmo período do ano passado. É um alerta que precisa ser levado a sério por todos.

Neste momento, a união é fundamental. É preciso que cada um faça a sua parte e assuma a responsabilidade de eliminar os criadouros do mosquito Aedes aegypti. Juntos, poderemos vencer essa batalha e proteger a saúde de nossas famílias e da comunidade.

Não é demais repetir e frizar: “a dengue é uma doença grave e pode matar”.

“É preciso que cada um faça a sua parte e assuma a responsabilidade de eliminar os criadouros do mosquito”

O combate à Dengue em Valinhos deve ser uma responsabilidade compartilhada. A população precisa se conscientizar de seu papel crucial na luta contra essa doença.

O investimento da Prefeitura demonstra o compromisso com a saúde pública. No entanto, o combate à dengue exige uma ação conjunta entre governo e comunidade.

Cada cidadão precisa ser protagonista na luta contra a dengue. Eliminar os criadouros do mosquito Aedes aegypti é uma responsabilidade individual e intransferível.

É importante destacar que Valinhos é uma cidade de médio porte, onde não podemos permitir o controle da doença como está acontecendo em algumas cidades brasileiras, como o Rio de Janeiro.

A Secretaria de Saúde provavelmente tenha um mapeamento da cidade que aponte onde está havendo maior incidência de casos e desta forma deve, através de campanha e de comunicados orientar a população a tomar as providências cabíveis dentro do limite de cada propriedade.

Outra frente que precisa ser acionada são as imobiliárias que possuem contratos de locações e listas de imóveis para venda. É importante que os profissionais do mercados orientem seus clientes acerca do perigo. Por outro lado, lotes ou casas abandonadas também precisam receber a devida atenção das autoridades de saúde, e caso necessário acionar a justiça para que estes imóveis possam ser vistoriados.

Além disso, é preciso também a realização de ações de conscientização que podem e devem ser intensificadas, com campanhas educativas em escolas, empresas e espaços públicos.

A mobilização de líderes comunitários e agentes de saúde pode fortalecer a capilaridade das ações de combate à dengue.

O combate à dengue é uma responsabilidade compartilhada entre governo e comunidade. Através de ações conjuntas e conscientes, podemos vencer essa batalha e proteger a saúde de todos.

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Brasil e Mundo

Mudanças climáticas podem ampliar infestação de mosquito Aedes no Rio

© shammiknr/Pixaba

Calor excessivo pode aumentar exposição à doença

Por Vitor Abdala – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

As mudanças climáticas vão aumentar a frequência de dias mais quentes no Rio de Janeiro, nos próximos anos, e isso tem o potencial de ampliação da da população de mosquito Aedes aegypti e a transmissão da dengue no estado. A conclusão é de estudo realizado pelos pesquisadores Antonio Carlos Oscar Júnior, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e Francisco de Assis Mendonça, da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

A pesquisa, publicada em 2021 utiliza modelos de previsão climática para as próximas décadas e uma avaliação sobre o potencial impacto à eclosão de ovos do mosquito Aedes, transmissor da dengue, e ao ciclo de vida do inseto, para estimar a ocorrência da doença até 2070.

Segundo a pesquisa, um dos principais fatores para o aumento da proliferação do mosquito é a temperatura. No Rio de Janeiro, a previsão é de aumentos das temperaturas média e mínima nos próximos anos, o que favoreceria o ciclo de reprodução do Aedes.

A melhor forma de combater a dengue é impedir a reprodução do mosquito. Foto: Arte/EBC

Com isso, o período de inverno, quando historicamente há menos infecção pelo vírus da dengue, deverá passar a ter dias mais quentes, o que ampliará a janela de temperatura ótima para a infestação pelo mosquito Aedes e, consequentemente, o potencial para novos casos da doença nessa estação.

O aumento da temperatura no estado também poderá expandir a ocorrência do mosquito em locais do território fluminense onde hoje é limitada por causa do frio, como a região serrana, o sul fluminense e o noroeste do estado.

“Provavelmente, até 2070, vai ser ampliada a população do estado exposta à dengue. Eu não posso falar que vai ter um aumento no número de infecções ou um aumento no número de mortes. O que posso dizer é que são desenvolvidas condições ambientais adequadas para um aumento da população do mosquito. Como aumenta o vetor, tem uma maior difusão do vírus e uma maior exposição da população ao vírus”, afirmou.

A publicação do estudo, em 2021, não encerrou a pesquisa, que continua coletando dados climáticos e sua relação com a ocorrência do Aedes aegypti. O professor Oscar Júnior coordena uma rede de estações que fazem monitoramento meteorológico e possuem ovitrampas (armadilhas para mosquitos).

A rede de monitoramento hoje funciona em cerca de dez estações no Grande Rio e nas regiões sul, serrana e dos Lagos. A meta é expandi-la para outras regiões do estado. Além de contribuir para o entendimento entre a relação do mosquito com o clima, o sistema poderá ser usado para alertar autoridades sanitárias sobre riscos de infestação de Aedes aegypti, através de relatórios periódicos.

“Através dessa rede de monitoramento, a gente quer criar um sistema de alerta para que a gente possa diuturnamente, semanalmente avaliar o risco de desenvolvimento do Aedes aegypti e, portanto, de infecção”, explica Oscar Júnior. “A gente acredita que esse sistema de alerta vai ser um produto útil e prático pra fornecer informações semanalmente para que sejam tomadas decisões e possam atuar em relação ao risco de um aumento do número de casos de dengue”.

A ideia é começar a emitir relatórios semanais, a partir dos dados coletados na rede de monitoramento, já no próximo semestre.

Segundo Oscar Júnior, independentemente da imunização da população contra a dengue, que deve começar neste mês em algumas cidades brasileiras, o monitoramento do mosquito continua sendo importante, não só por causa da dengue, mas também devido a outras arboviroses transmitidas pelo Aedes, como a zika, a chikungunya e a febre amarela.

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Saúde

Saiba quais remédios são contraindicados em caso de suspeita de dengue

© Marcello Casal JrAgência Brasil

Tratamento inclui analgésico, antitérmico e medicamento contra vômito

Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) alertou, nesta quarta-feira, dia 7, para os remédios contraindicados em caso de suspeita da doença. Segundo o Ministério da Saúde, do início deste ano até a última segunda-feira (5), a doença provocou 36 mortes no país.

Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da SBI, Alberto Chebabo, citou o ácido acetilsalicílico, ou AAS, conhecido popularmente como aspirina, entre os não recomendáveis, por se tratar de medicação que age sobre plaquetas. “Como já tem uma queda de plaquetas na dengue, a gente não recomenda o uso de AAS”, disse o médico. Corticoides ambém são contraindicados na fase inicial da dengue.

Segundo Chebabo, como a dengue é uma doença viral, para a qual não existe antiviral, os sintomas é são tratados. O tratamento básico inclui analgésico, antitérmico e, eventualmente, medicação para vômito. Os principais sintomas relacionados são febre, vômito, dor de cabeça, dor no corpo e aparecimento de lesões avermelhadas na pele.

O infectologista advertiu que, se tiver qualquer um dos sintomas, a pessoa não deve se medicar sozinha, e sim ir a um posto médico para ser examinada. “A recomendação é procurar o médico logo no início, para ser avaliada, fazer exames clínicos, hemograma, para ver inclusive a gravidade [do quadro], receber orientação sobre os sinais de alarme, para que a pessoa possa voltar caso tais sinais apareçam na evolução da doença”.

Os casos devem ser encaminhados às unidades de pronto atendimento (UPAs) e às clínicas de família.

Sintomas graves

Entre os sinais de alarme, Chebabo destacou vômito incoercível, que não para, não melhora e prejudica a hidratação; dor abdominal de forte intensidade; tonteira; desidratação; cansaço; sonolência e alteração de comportamento, além de sinais de sangramento. “Qualquer sangramento ativo também deve levar à busca de atendimento médico”, alertou. No entanto, a maior preocupação dever ser com a hidratação e com sinais e sintomas de que a pessoa está evoluindo para uma forma grave da doença.

Quanto ao carnaval, o infectologista disse os festejos não agravam o problema da dengue, porque não se muda a forma de transmissão, que é o mosquito Aedes aegypti. “Talvez impacte mais a covid do que a dengue, mas é mais uma questão, porque, no carnaval, há doenças associadas, que acabam aumentando a demanda dos serviços de saúde. Esta é uma preocupação”.

Entre os problemas relacionados ao carnaval, Chebabo destacou traumas, doenças respiratórias e desidratação, que podem sobrecarregar ainda mais o sistema de saúde

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Brasil e Mundo

Casos prováveis de dengue se aproximam de 400 mil no país em 2024

Ministério da Saúde confirma 54 mortes neste início de ano

Por Pedro Rafael Vilela – Repórter da Agência Brasil – Brasília

O Brasil já registra, apenas neste ano, um total de 392.724 casos prováveis de dengue, de acordo com números divulgados pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (7). O ministério também confirmou 54 mortes pela doença no país. Outros 273 óbitos estão sendo investigados para saber se são decorrentes da dengue.

De acordo com o Painel de Monitoramento do ministério, a população feminina representa 54,9% dos casos, enquanto pessoas do sexo masculino somam 45,1%. Mais de 143,2 mil dos casos prováveis estão concentrados na população entre 30 e 49 anos de idade.

A explosão de casos de dengue em diversas regiões do país fez com que ao menos quatro estados – Acre, Minas Gerais e Goiás –, além do Distrito Federal, decretassem situação de emergência em saúde pública. O município do Rio de Janeiro também está em situação de emergência.

Estima-se que o Brasil pode contabilizar mais de 4,1 milhões de casos em 2024.

Com 135.716 casos prováveis, Minas Gerais é o estado com mais diagnósticos da arbovirose. Em seguida, aparecem São Paulo (61.873), Distrito Federal (48.657), Paraná (44.200) e Rio de Janeiro (28.327). Na análise do coeficiente de incidência por 100 mil habitantes, a capital federal lidera com 1.727,2 casos por 100 mil habitantes. Em seguida estão Minas Gerais (660,8) e o Acre (539,1).

A grave situação vivida pelo DF deve fazer antecipar o início da vacinação para esta sexta-feira (9), informou o governo local. A capital federal vai receber um total de 194 mil doses da vacina.

Em todo o país, as doses estão sendo distribuídas para 521 municípios selecionados pelo Ministério da Saúde para iniciar a vacinação na rede pública. As cidades compõem um total de 37 regiões de saúde que, segundo a pasta, são consideradas endêmicas para a doença. Serão vacinadas crianças e adolescentes de 10 a 14 anos de idade, faixa etária que concentra maior número de hospitalizações por dengue, atrás apenas dos idosos.

Em pronunciamento à nação na noite dessa terça-feira (6), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, fez um apelo para que a população adote cuidados para evitar a proliferação de criadouros do mosquito transmissor da dengue dentro de casa. Segundo a ministra, 75% dos focos estão localizados nas residências.

arte dengue
Arte/Agência Brasil

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