CONDENAÇÃO

Brasil e Mundo

Entenda a situação de Carla Zambelli após prisão na Itália

Decisão sobre extradição pedida pelo Brasil será da Justiça italiana
André Richter – Repórter da Agência Brasil
A prisão da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) não encerra automaticamente o caso da parlamentar no Brasil. Foragida há dois meses, ela foi presa em Roma, na Itália, nesta terça-feira, dia 29, onde tentava escapar do cumprimento de um mandado de prisão que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), emitiu.

Zambelli possui dupla cidadania e deixou o Brasil em busca de asilo político duas semanas após o STF condená-la a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrida em 2023. A deputada também terá que pagar R$ 2 milhões em danos coletivos.

De acordo com as investigações, Zambelli foi a autora intelectual da invasão ao sistema para emitir um mandado falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. Segundo as investigações, Walter Delgatti, que também foi condenado, executou o hackeamento e confirmou ter realizado o trabalho a mando da parlamentar.

Após a fuga para a Itália, o governo brasileiro solicitou a extradição da deputada para o Brasil. Contudo, a Justiça da Itália e o governo local tomarão a decisão final sobre a extradição. As próximas horas são decisivas para que as autoridades italianas definam se Zambelli permanecerá detida ou poderá aguardar o processo de extradição em liberdade.

Em geral, o processo de extradição é demorado porque passa por diversos trâmites nos quais são avaliados aspectos previstos na legislação italiana e nos acordos internacionais firmados entre as duas nações. Portanto, não há prazo para definição sobre a extradição. O ministro Alexandre de Moraes oficializou o pedido de extradição de Carla Zambelli em 11 de junho. Em seguida, o Itamaraty enviou o pedido ao governo italiano.

O documento contém a cópia da deliberação que condenou a parlamentar e os artigos do Código Penal que fundamentaram a decisão.

“A Sra. Carla Zambelli Salgado de Oliveira, de maneira livre, consciente e voluntária, comandou a invasão a sistemas institucionais utilizados pelo Poder Judiciário, mediante planejamento, arregimentação e comando de pessoa com aptidão técnica e meios necessários ao cumprimento de tal mister, com o fim de adulterar informações, sem autorização expressa ou tácita de quem de direito”, diz o texto. Moraes também indicou as garantias que o Brasil dará para Carla Zambelli se a Itália autorizar a extradição. O ministro comprometeu-se a não submeter Zambelli a prisão ou processo por fato anterior ao pedido de extradição; não impor pena perpétua; não agravar a pena por motivos políticos e não submeter a parlamentar a tortura ou a tratamentos desumanos ou degradantes.

Mandato e Defesa

Em junho, a Câmara dos Deputados autorizou a deputada a tirar 127 dias de licença não remunerada. Se a parlamentar não retomar o mandato após o fim da licença, ela poderá ser cassada por faltar às sessões. Zambelli também é alvo de processo de cassação na Casa. Além disso, a Câmara ainda não deliberou sobre a decretação da perda do mandato em função da condenação pelo Supremo.

Pelas redes sociais, o advogado Fábio Pagnozzi disse que Carla Zambelli se entregou às autoridades italianas para colaborar com as investigações. Segundo o defensor, a deputada tomou a iniciativa de se entregar à polícia: “Carla busca a não extradição e ser julgada com imparcialidade.”

Por outro lado, a Polícia Federal informou que a prisão da deputada resultou de um trabalho de cooperação entre a corporação, a polícia italiana e a Interpol. As declarações do deputado italiano Angelo Bonelli também rebatem a versão da defesa. Em sua conta no X, o parlamentar disse que denunciou à polícia italiana um endereço em Roma no qual Zambelli estava hospedada.

Pizzolato

Em 2015, outro episódio envolvendo condenações no STF e fuga para a Itália foi registrado. Naquele ano, o Brasil extraditou o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado na Ação Penal 470, o processo do mensalão. Pizzolato foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão pelo Supremo, mas antes da divulgação da pena, ele fugiu para a Itália com identidade falsa, mas acabou sendo preso em fevereiro de 2014.

 

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Esportes

Carlo Ancelotti é condenado por fraude fiscal na Espanha

Ancelotti, com 15 títulos, é o treinador mais vitorioso da história do Real Madrid • Divulgação/Instagram/@mrancelotti

Treinador italiano recebe pena de um ano de prisão por não declarar Direitos de Imagem de 2014

Carlo Ancelotti, atual técnico da Seleção Brasileira, foi condenado a um ano de prisão por fraude fiscal na Espanha. A decisão foi anunciada nesta quarta-feira, dia 9, por um tribunal de Madri.

A condenação de Ancelotti refere-se ao não pagamento de impostos sobre seus direitos de imagem no ano de 2014, período em que ele comandava o Real Madrid. O treinador italiano esteve à frente do clube espanhol em duas passagens: de 2013 a 2015 e, posteriormente, entre 2021 e 2025.

No entanto, Ancelotti foi absolvido de uma acusação semelhante relacionada ao ano de 2015. O tribunal justificou a absolvição pela falta de provas de que ele teria permanecido tempo suficiente na Espanha naquele ano para ser considerado devedor fiscal, visto que se mudou para Londres após ser demitido do Real Madrid.

Fonte: Reuters (Emma Pinedo)

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Alternativa

Léo Lins é condenado a mais de 8 anos de prisão por discursos preconceituosos

Humorista recebe pena em regime fechado e multa milionária após show “Perturbador” ser alvo de ação do Ministério Público Federal por piadas com teor discriminatório

O comediante Léo Lins foi condenado pela Justiça Federal a 8 anos e 3 meses de prisão, em regime inicialmente fechado, por proferir discursos preconceituosos contra diversos grupos minoritários em seu show de 2022. A decisão, que ainda cabe recurso, também impôs ao humorista o pagamento de uma multa equivalente a 1.170 salários mínimos da época da gravação e uma indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos.

Em nota, a defesa de Lins classificou a condenação como um “triste capítulo para a liberdade de expressão no Brasil” e já anunciou que vai recorrer. A ação que levou à condenação foi movida pelo Ministério Público Federal (MPF) após o show “Perturbador” atingir 3 milhões de visualizações no YouTube. Na apresentação, Léo Lins aborda temas como abuso sexual, zoofilia, racismo, pedofilia e gordofobia de forma irônica, além de fazer comentários sobre crimes e tragédias, como o incêndio da Boate Kiss.

A Justiça Federal considerou como agravante o fato de as declarações terem sido feitas em um contexto de descontração e diversão, e a pena foi aumentada devido à disponibilização do vídeo na internet e ao grande número de grupos sociais atingidos. Na decisão, a juíza federal Barbara de Lima Iseppi ressaltou que atividades artísticas de humor não são um “passe-livre” para o cometimento de crimes, e que a liberdade de expressão não justifica comentários odiosos, preconceituosos e discriminatórios.

“O exercício da liberdade de expressão não é absoluto nem ilimitado, devendo se dar em um campo de tolerância e expondo-se às restrições que emergem da própria lei”, afirmou a juíza, defendendo que a dignidade da pessoa humana e a igualdade jurídica devem prevalecer.

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