CIÊNCIA E TECNOLOGIA

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Obras do Orion avançam em Campinas e prometem inovação científica

As fundações do novo complexo laboratorial, que terá instalações inéditas na América Latina, iniciam a fase estrutural do projeto

O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), localizado no Polo II de Alta Tecnologia em Campinas, alcança uma nova fase em um de seus projetos mais ambiciosos. Nesta quinta-feira, dia 21, o Orion, um complexo laboratorial para pesquisas em patógenos, inicia a fase de fundação e instalação de pilares.

Principalmente, o Orion terá instalações de máxima contenção biológica (NB4) inéditas na América Latina. Além disso, será o primeiro do mundo a conectar esse tipo de laboratório a uma fonte de luz síncrotron, o Sirius, o que garantirá pesquisas de ponta no país.

Conforme o diretor adjunto de infraestrutura do CNPEM, Sérgio Marques, a etapa de fundações é crucial para preparar o solo e garantir a estabilidade da edificação. Anteriormente, as obras passaram por um período de escavações e terraplanagem, que removeu cerca de 40 mil m³ de solo.

A previsão é que as fundações sejam finalizadas até o final deste ano. A partir de 2026, a montagem da estrutura e do sistema de cobertura terá início, marcando a construção da parte visível do prédio. O diretor-geral do CNPEM, Antonio José Roque da Silva, destaca que essa etapa é o resultado de um intenso planejamento.

“Chegar a esta etapa é fruto de um trabalho intenso de planejamento, que envolveu a compatibilização de soluções entre diferentes núcleos e áreas do conhecimento”, afirma.

O que é o Projeto Orion?

O Projeto Orion é mais do que um complexo de laboratórios. Ele reunirá técnicas analíticas avançadas e competências de bioimagens que serão abertas à comunidade científica e a órgãos públicos. Com o intuito de aprofundar o conhecimento sobre patógenos e doenças, o projeto tem o potencial de apoiar a soberania nacional em crises sanitárias. Por isso, ele é um instrumento que pode beneficiar áreas como saúde, ciência, defesa e meio ambiente.

O projeto é de responsabilidade do CNPEM, uma organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e faz parte do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal. Similarmente, a iniciativa integra a Nova Indústria Brasil (NIB), uma política industrial do governo que busca fortalecer o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS).

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Brasil e Mundo

Na França, USP e Fapesp apresentam a inovação das startups de São Paulo em feira de tecnologia

O estande da USP e da Fapesp tinha 100 metros quadrados – Foto: Adriana Cruz

Esta foi a primeira vez que as duas instituições participaram do evento, que recebeu mais de 180 mil visitantes de 171 nacionalidades diferentes, com a participação de 14 mil startups

Agência SP
A USP e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) concluiram, com sucesso, a missão internacional do ecossistema de inovação e de startups na Feira VivaTech, um dos mais importantes eventos de tecnologia da Europa, que foi realizada no período de 11 a 14 de junho, na cidade de Paris.

Esta foi a primeira vez que as duas instituições participaram do evento, que recebeu, nos quatro dias de realização, mais de 180 mil visitantes de 171 nacionalidades diferentes, com a participação de 14 mil startups. No dia da abertura, o presidente da França, Emamnuel Macron, visitou a feira e, em sua palestra, enfatizou a importância da inteligência artificial para a Europa.

Em um estande de 100 metros quadrados, professores, pesquisadores e os representantes de 19 startups da USP e da Fapesp tiveram a oportunidade de apresentar aos visitantes tecnologias disruptivas nas áreas de saúde, agricultura, sustentabilidade, clima, energia, meio ambiente, mobilidade e inteligência artificial, além de conexões estratégicas, aumentar a visibilidade internacional de suas pesquisas e produtos e atrair novos investidores.

No primeiro dia da feira, dia 11, foram realizadas duas sessões especiais. A primeira teve como tema Estratégias do Estado de São Paulo para um Hub Global de Tecnologia e contou com a participação do secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, Vahan Agopyan; do reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior; e do diretor executivo da Fapesp, Carlos Américo Pacheco.

“A visibilidade internacional é muito importante para a pesquisa feita no Estado de São Paulo. Temos produzido muita ciência de qualidade que, infelizmente, não recebe o destaque e o reconhecimento devidos. Hoje, a ciência é globalizada e a internacionalização permite que nossos pesquisadores tenham referências novas e diferentes, o que é importante para o aumento da qualidade das nossas atividades. Esse processo faz com que nossos pesquisadores, alunos e inventores sejam mais competitivos e não tenham receio de competir internacionalmente”, disse Agopyan.

O diretor-presidente da Fapesp, Carlos Américo Pacheco, destacou a importância do apoio da Fundação e da USP ao oferecer a pesquisadores e startups paulistas a oportunidade de participar da VivaTech, ampliando conexões estratégicas, aumentando a visibilidade internacional de suas inovações e atraindo investidores.

Pacheco falou, também, sobre a relevância da pesquisa desenvolvida no Estado de São Paulo. “Se São Paulo fosse um país, seria aquele com a maior produção científica entre todos os países da América Latina. Além disso, temos mais de 10 mil empresas de inovação no Estado”, afirmou.

O reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, ressaltou a importância de ter um estande próprio na VivaTech, com a demonstração de inovações em desenvolvimento e já produzidas pela Universidade, além de exemplos de pesquisa de ponta em várias áreas.

“A USP sempre fez inovação, mas, nos últimos anos, temos acentuado essas atividades. Queremos estar cada vez mais próximos da população, seja por meio de políticas públicas, seja na produção de soluções para as cidades e em diversos outros pontos. Para que isso ocorra, precisamos divulgar as nossas atividades, as nossas startups e os nossos spin-offs. A participação na VivaTech tem o objetivo de mostrar nossas inovações, estabelecer contatos e parcerias, além de nos aproximar dos grandes financiadores”, destacou.

Em seguida, professores da Universidade, que coordenam centros de pesquisa da USP, apresentaram a sessão Ciência e Inovação para um Futuro Sustentável, na qual foram abordadas questões relacionadas ao clima, com Paulo Artaxo, do Instituto de Física (IF); à inteligência artificial, com Fábio Cozman, da Escola Politécnica (Poli); à transição energética, com Julio Meneghini, da Poli; a combustíveis sustentáveis, com Carlos Labate, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq); a sistemas eletrônicos, com Marcelo Zuffo, da Poli; e à óptica e ciências da saúde, com Vanderlei Bagnato, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC).

Em entrevista ao Jornal da USP, Bagnato ressaltou a importância de “apresentar aquilo que o conhecimento tem nos permitido transformar em tecnologia disponível para sociedade e, para USP como um todo, é importante se expor a um elenco mundial de interessados no nosso desenvolvimento, no que geramos de conhecimento científico e de propostas de tecnologia. O que levamos para a VivaTech é nosso projeto de biofotônica, que é o uso de tecnologias envolvendo luz para o controle das infecções resistentes a antibiótico”.

Para o coordenador do Centro de Inovação da USP (InovaUSP), Marcelo Zuffo, a participação da USP nesse tipo de evento “é fundamental para visibilidade das pesquisas realizadas em São Paulo. A VivaTech é um evento que faz parte de um circuito mundial de eventos que ocorrem nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia e a maior vitrine de tecnologia de ponta vinculado à sociedade. Ter a USP mostrando seus projetos em transição energética, preservação ambiental, clima, tratamento de câncer, impressão 3D de tecidos, xenotransplantes, mostra que as pesquisas realizadas na Universidade com suas startups não deixa nada a desejar aos principais polos do mundo. Estamos com um estande muito cheio e eu espero que esse tipo de participação da USP em eventos com essa visibilidade internacional se mantenha”.

Conexões estratégicas

O terceiro dia da feira, 13 de junho, foi de premiação na VivaTech. Nove startups da USP e da Fapesp participaram do pitch competitivo De São Paulo para o mundo: empreendimentos de inovação científica para impacto global.

Na competição, as startups fizeram apresentações de dois minutos sobre a ideia do negócio para uma banca julgadora, composta pelo reitor da USP; pelo diretor-presidente da Fapesp; pelo secretário Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação de São Paulo; e pelas representantes da VivaTech, Myriam Rouverand e Olivia Hervy.

Foram concedidos prêmios às startups mais bem avaliadas em três categorias. A startup IOZ Biotech, representada por Carolini Kaid, venceu na categoria São Paulo Women in Tech Award, por ter liderança feminina e atuação relevante de mulheres, promovendo a equidade de gênero e a diversidade na inovação. A startup Tissue Labs, representada por Camila Moniz, foi a vencedora na categoria Global Impact Award pelo reconhecimento como startup com maior potencial de impacto internacional, com soluções com escala global e capacidade de atrair parcerias estrangeiras. Na categoria Brazil’s Competitive Edge Award, voltada para a empresa que melhor representa as vantagens competitivas do Brasil, a vencedora foi a startup Carbonic, representada por Maitê Gothe.

“Foi uma experiência ótima a gente poder compartilhar essa tecnologia brasileira com as pessoas daqui. Muitos investidores, muitos clientes interessados e muitos estudantes também. Recebemos o prêmio de Global Awards, porque temos uma boa escalabilidade no território internacional, com um potencial grande. Para nós, foi muito importante estar na feira divulgando, mostrando e ensinando também um pouco sobre essa nova vertente. Tivemos muitos estudantes interessados. Muita gente até querendo trabalhar na empresa, porque é um propósito muito bonito”, assegurou a representante da startup Tissue Labs, Camila Moniz.

Segundo o professor da Escola Politécnica (Poli), Emílio Nelli Silva, “este foi um evento diferente dos outros eventos que eu costumo participar, que são eventos acadêmicos, onde nós apresentamos resultados científicos para cientistas. Na VivaTech, a dinâmica é diferente: divulgamos as startups e as tecnologias que desenvolvemos na USP para um público mais leigo, de investidores, pessoas interessadas em saber a relevância e importância do que nós fazemos”. O docente da Poli, que é vice-diretor do RCGI, também estava representando a startup Treetronics, que desenvolveu um serviço inédito de consultoria em poda de árvores baseado em escaneamento digital e modelagem computacional e participou do pitch.

Transformando ciência em inovação

O dia 14 de junho, último dia da feira, foi aberto ao público em geral e um dos espaços mais procurados pelos visitantes no estande foi a experiência multissensorial, que simula a floresta amazônica, com estímulos visuais, sonoros e olfativos.

A iniciativa é do laboratório Digital Lab, ligado ao Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI, na sigla em inglês) da USP, e conta com a parceria da empresa brasileira de cosméticos e perfumes Natura, que desenvolveu o som para promoção do bem-estar e a fragrância utilizada na experiência.

O projeto surgiu no Instituto de Física (IF) da USP, sob a coordenação do professor do IF e diretor de Difusão do Conhecimento do RCGI, Caetano Miranda, e resultou na criação da startup Multiscale Solutions, que trabalha com soluções computacionais para simulação e otimização de materiais em nível atômico e molecular, que também participou da feira.

O estande também recebeu a visita do vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth, que estava acompanhado por quatro prefeitos de cidades do interior do Estado: Roberto Cacciari, de Urupês; Odair de Moura e Silva, de Barretos; Junior Filippo, de Guaratinguetá; e Anderson Ferreira, de São José dos Campos.

“Tive a oportunidade de assistir ao pitch dos nossos cientistas, transformando ciência em inovação e a gente tem oportunidades não só de negócios, mas de desenvolvimento, de geração de emprego, de renda para o nosso Estado e, consequentemente, para o nosso país. Isso nos deixa muito otimistas com o futuro do nosso Estado e com aquilo que o nosso Estado pode continuar representando. Afinal, o que a gente viu aqui foram empresas, algumas já no estágio mais avançado e outras no estágio inicial, criando suas soluções”, ponderou o vice-governador.

A participação institucional da USP e da Fapesp na VivaTech, desde a concepção do estande até a curadoria de tecnologias e a programação de atividades, foi organizada pelo RCGI. “A participação foi excepcional. Uma série de startups estiveram aqui, apresentaram muito bem o trabalho que estão fazendo e isso teve um impacto muito grande para a Universidade, para o Estado de São Paulo e para o Brasil”, avaliou o diretor do RCGI, Júlio Meneghini.

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Brasil e Mundo

Novo índice classifica estados do Brasil mais avançados em ciência e tecnologia

Em foco, ciência e tecnologia aplicadas ao dia-a-dia – Agência CNI

Indicador foi criado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial, ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. São Paulo e Santa Catarina lideram ranking

Agência Gov | via Inpi

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) lançou nesta segunda-feira, dia 5, no Rio de Janeiro, a primeira edição do Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento (IBID). O índice constitui um mapa completo e atual da inovação no País, revelando o desempenho dos ecossistemas locais de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) sob diferentes perspectivas.

Além de fornecer métricas detalhadas sobre o desempenho da inovação nas cinco Grandes Regiões e 27 Unidades da Federação, o IBID identifica líderes nacionais e regionais em inovação, classificando os estados e regiões com base em critérios que incluem os resultados do processo inovativo e os fatores que o influenciam.

Nesse sentido, o objetivo do IBID é identificar potencialidades e desafios para a inovação sob uma ótica regional, contribuindo para orientar políticas públicas e estratégias corporativas nessa área.

“Com o Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento, o INPI entrega ao país uma referência de medida da inovação com alcance regional. Trata-se de um instrumento fundamental para formulação e monitoramento de políticas públicas” afirma o presidente do Instituto, Júlio César Moreira.

Entenda o Índice

O IBID foi desenvolvido com base na metodologia do Índice Global de Inovação (IGI), da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI). Publicado desde 2007, o IGI é o indicador global de referência no tema, classificando 132 países a partir de suas potencialidades e gargalos. Na edição mais recente, em 2023, o Brasil ocupou a 49ª posição no ranking mundial e a primeira posição no ranking regional (América Latina e Caribe), subindo cinco colocações em relação ao ano anterior.

Medido por um número que varia de 0 a 1, o IBID é um índice sintético que agrega 74 indicadores estatísticos coletados junto a fontes oficiais e/ou disponíveis publicamente, os quais são distribuídos em sete pilares (instituições, capital humano, infraestrutura, economia, negócios, conhecimento e tecnologia e economia criativa). Esses pilares subdividem-se em 21 dimensões, como crédito, investimentos, educação, ambiente regulatório, sustentabilidade, criação de conhecimento, ativos intangíveis, entre outros.

“A inovação passou a ser considerada de modo mais geral e horizontal em sua natureza: não está mais restrita aos laboratórios e artigos científicos. O IBID trabalha com esta definição ampliada do processo inovativo”, explica o economista-chefe do Inpi, Rodrigo Ventura.

Dessa maneira, o IBID permite identificar – dentro de cada um de seus pilares de inovação e dimensões associadas – quais são as potencialidades e desafios de cada estado e região do Brasil, bem como os diferentes fatores que influenciaram a sua classificação nos diversos rankings para cada tema analisado.

Confira os resultados

De acordo com os dados da primeira edição do IBID, referente a 2024, as cinco economias mais inovadoras do Brasil são as seguintes: São Paulo (0,891), Santa Catarina (0,415), Paraná (0,406), Rio de Janeiro (0,402) e Rio Grande do Sul (0,401). A média nacional é de 0,291. Veja o ranking:

Tabela IBID
Tabela IBID

Considerando as regiões do País, os líderes são os seguintes: São Paulo (Sudeste), Santa Catarina (Sul), Distrito Federal (Centro-Oeste), Rio Grande do Norte (Nordeste) e Tocantins (Norte), praticamente empatado com o Amazonas. Confira o cenário dos estados por faixa do IBID:

Mapa IBID
Mapa IBID

Adicionalmente, o IBID também apresenta outras evidências relevantes do cenário da inovação no Brasil:

– As economias do Nordeste apresentam desempenho em inovação acima do esperado em relação ao seu nível de renda;

– Os estados do Sul são mais eficientes na conversão de seus insumos em produtos de inovação;

– Os cinco primeiros no ranking apresentam um desempenho sólido na maioria dos sete pilares; e

– O desempenho nacional médio não fornece um retrato completo da inovação no País em face dos diferentes desafios e potencialidades regionais.

Ainda em 2024, o INPI irá consolidar os dados em relação aos anos anteriores, construindo uma série histórica.

Clique aqui para acessar os dados completos do IBID 2024 .

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