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Brasil e Mundo

Brasil e Índia pedem vagas permanentes em conselho de segurança da ONU

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em cerimônia oficial no Palácio da Alvorada. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Lula recebeu primeiro-ministro Narendra Modi em Brasília

Pedro Rafael Vilela – Repórter da Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta terça-feira (8), em Brasília, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. O encontro ocorreu no Palácio da Alvorada, marcando a visita de Estado do líder do país mais populoso do planeta com 1,4 bilhão de habitantes. Modi veio à capital federal após participar, nos últimos dias, da cúpula do Brics, no Rio de Janeiro.

Em declaração à imprensa após a reunião bilateral, Lula defendeu um protagonismo maior de Brasil e Índia na governança global e voltou a pedir que os dois países passem a ser membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

“O que é mais importante é que Brasil e Índia têm um potencial extraordinário e, por isso, reivindicamos o direito de participar no Conselho de Segurança da ONU. Não é mais possível a gente ver a ONU enfraquecida, não sendo levada em consideração. E os membros fixos [permanentes] do Conselho, que deveriam primar pela paz, são os que mais estimulam a guerra”, disse Lula.

Na mesma linha, Modi comentou a aproximação dos dois países como fator de maior estabilidade no cenário internacional.

“Essa parceria entre Índia e Brasil é um pilar importante de estabilidade e equilíbrio. Nós acreditamos que todas essas disputas devem ser resolvidas por meio do diálogo e da democracia. Nossas visões nessa luta com o terrorismo estão aliadas, tolerância zero”, observou.

Lula pontuou que o fortalecimento de iniciativas conjuntas em áreas estratégicas é um passo importante na relação bilateral. “Dois países superlativos como a Índia e o Brasil não podem permanecer distantes. A solidez das nossas democracias, a diversidade das nossas culturas e a pujança das nossas economias nos atraem”, disse.

Comércio bilateral

O presidente também defendeu a ampliação do Acordo Mercosul-Índia para reduzir barreiras comerciais e destacou o potencial do intercâmbio entre as duas economias. “Hoje, apenas 14% das exportações brasileiras para a Índia estão cobertas pelo acordo. Temos muito a avançar”, disse Lula, que citou a necessidade de aprofundar contatos entre as duas nações nos setores de turismo, negócios e o intercâmbio cultural.

A Índia é atualmente o décimo maior parceiro comercial do Brasil. Em 2024, o comércio bilateral totalizou US$ 12 bilhões. As exportações brasileiras chegaram a US$ 5,26 bilhões, com destaque para açúcar, petróleo bruto, óleos e aviões. As importações somam US$ 6,8 bilhões, fazendo da Índia a sexta maior origem de importações para o Brasil.

Sobre isso, Narendra Modi afirmou ser possível ampliar o fluxo comercial para um patamar bem superior. “Estabelecemos a meta de utilizar vários milhões de dólares nos próximos cinco anos. E estimamos chegar a US$ 20 bilhões de dólares na nossa cooperação comercial. Juntos, vamos trabalhar na expansão do acordo comercial de referência da Índia e do Mercosul”, reforçou.

Acordos

Entre os atos firmados pelos dois líderes, estão um acordo de cooperação no combate ao terrorismo e ao crime organizado transnacional; um memorando de entendimento na área de energia renovável, com foco em transmissão de energia; e o memorando para compartilhamento de soluções digitais em larga escala, voltadas à transformação digital.

Na agenda ambiental, Lula enfatizou o protagonismo dos dois países.

“Chegaremos à COP 30 como líderes da transição energética justa. Mostraremos que é possível aliar redução nas emissões de gases de efeito estufa e crescimento econômico e inclusão social”, disse.

Lula lembrou que a Índia é o mercado de bioenergia que mais cresce no mundo e tem como meta ampliar para 20% a mistura de etanol na gasolina e para 5% a proporção de biodiesel no óleo diesel.

O presidente brasileiro citou ainda que, em agosto, Brasil e a ONU realizarão em Nova Délhi, capital da Índia, a segunda rodada do Balanço Ético Global, para mobilizar a sociedade civil de todo o mundo em preparação à COP30.

A candidatura da Índia para sediar a COP 33 também “fortalece o protagonismo dos países emergentes no enfrentamento à mudança do clima”, salientou Lula.

Críticas a Trump

No final de sua declaração à imprensa, Lula voltou a criticar a reação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre ameaças de tarifas contra os países do Brics.

“Nós não aceitamos nenhuma reclamação contra a reunião do Brics. Não concordamos quando, ontem, o presidente dos Estados Unidos insinuou que vai taxar os países que negociarem com o Brics”.

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Brasil e Mundo

Governo defende fortalecimento do Brics com “ambição renovada”

© Lula Marques/Agência Brasil
Em fórum parlamentar, Alckmin diz que ampliação do Brics exige coesão
Lucas Pordeus León – Repórter da Agência Brasil
Durante a abertura do 11º Fórum Parlamentar do Brics, em Brasília, o governo federal defendeu o fortalecimento institucional da organização multilateral. Além disso, manifestou a expectativa de que a cúpula do bloco, previsto para os dias 6 e 7 de julho, seja um ponto de “inflexão e ambição renovada” da coalizão de 11 países-membros e nove parceiros.

O presidente da República em exercício, o vice-presidente Geraldo Alckmin, defendeu no plenário do Senado, diante de representantes de parlamentos de 15 países do Brics, que a ampliação do grupo exige seu fortalecimento institucional.

“A ampliação do grupo exige mais coesão e efetividade. Os desafios que enfrentamos, da saúde global à transição verde, do avanço tecnológico à segurança internacional, são complexos e interconectados. Nenhum país pode enfrentá-los sozinho. Por isso, o papel dos nossos parlamentos é decisivo”, destacou.

presidência do Brasil no Brics neste ano de 2025 ocorre em meio à expansão do bloco e ao início do novo mandato de Donald Trump, nos Estados Unidos (EUA), que tem rejeitado o multilateralismo em favor de construir soluções unilaterais ou bilaterais

 

Brasília (DF), 04/06/2025 - 1ª Sessão de trabalho do 11º Fórum Parlamentar do BRICS no Congresso Nacional. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre; o presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin; e o presidente da Câmara, Hugo Motta, no 11º Fórum Parlamentar do Brics – Foto: Lula Marques/Agência Brasil

 

Para o vice-presidente, o Brics é diverso em cultura, história e modelos de desenvolvimento. “Isso é uma riqueza e não um obstáculo. É fundamental lembrar que o verdadeiro progresso nasce da nossa capacidade de construir sobre o que nos une e não do que nos separa”, acrescentou Alckmin.

Representando o Ministério das Relações Exteriores, a secretária-geral do Itamaraty, a embaixadora Maria Laura da Rocha, destacou o empenho do governo à frente da presidência do Brics em 2025, lembrando que, até o final de maio, foram realizadas 160 reuniões oficiais.

“Esse volume expressivo de atividades demonstra o grau de comprometimento do Brasil com uma presidência que seja substantiva, representativa e propositiva. Estamos agora a apenas quatro semanas da Cúpula de Líderes, que ocorrerá no Rio de Janeiro entre os dias 6 e 7 de julho. E seguimos trabalhando com dedicação e diligência para garantir que essa cúpula represente um momento de inflexão e ambição renovada”, completou a embaixadora.

Entre as propostas do Brics, está a reforma das organizações internacionais para maior peso dos países da África, Ásia e América Latina e o fortalecimento do multilateralismo nas relações internacionais com nova ordem global. Ao contrário do bilateralismo ou unilateralismo, o multilateralismo busca construir soluções em conjunto com os países para os problemas comuns do planeta.

Além disso, o Brics defende o aumento do comércio entre os países do Sul Global com uso de moedas locais e acordos para desenvolvimento econômico compartilhado e sustentável.

Brics

Inicialmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o grupo incluiu, no ano passado, como membros permanente, o Irã, a Arábia Saudita, o Egito, a Etiópia e os Emirados Árabes Unidos.

Neste ano, foi a vez de a Indonésia ser incluída como membro permanente. Além disso, em 2025, foi inaugurada a modalidade de membros parceiros, com a inclusão de nove países: Belarus, Bolívia, Cuba, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.

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Brasil e Mundo

Brics deve promover nova ordem mundial, defende chanceler brasileiro

© Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Começou hoje em Brasília a primeira reunião do bloco este ano
Lucas Pordeus León – Repórter da Agência Brasil
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, abriu nesta terça-feira, dia 25, a primeira reunião de 2025 das lideranças diplomáticas do Brics, em Brasília, destacando que, em um mundo convulsionado por crises e tensões geopolíticas, o bloco de potências emergentes deve promover nova ordem mundial.

“Neste cenário em evolução, o Brics tem um papel crucial a desempenhar na promoção de uma ordem mundial mais justa, inclusiva e sustentável. Um mundo multipolar não é apenas uma realidade emergente. É um objetivo compartilhado”, defendeu o chanceler brasileiro. 

Mauro Vieira destacou que o bloco incorpora as aspirações do Sul Global, e defendeu as pautas históricas da organização, como a promoção de mecanismos financeiros alternativos; a reforma das instituições multilaterais de governança global e a expansão do uso de moedas locais.

A primeira reunião dos Sherpas do Brics, diplomatas que lideram as delegações de cada país nas negociações, segue até esta quarta-feira, dia 26.

 

Brasília (DF) 25/02/2025 O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o sherpa do Brasil no BRICS, embaixador Mauricio Carvalho Lyrio, participam da primeira reunião de sherpas do BRICS sob a presidência brasileira Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, preside a primeira reunião do Brics em 2025 sob a presidência brasileira – Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

 

Mauro Vieira avaliou que os princípios do multilateralismo – que é a cooperação de vários países para atingir um objetivo comum – estão sendo testados pela nova conjuntura internacional e que instituições de longa data, como o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), lutam para se adaptar às mudanças recentes na política e economia global.

“As necessidades humanitárias estão crescendo, mas a resposta internacional continua fragmentada e, às vezes, insuficiente. Se quisermos enfrentar esses desafios, precisamos defender uma reforma abrangente da arquitetura de segurança global”, afirmou Mauro Vieira.

O chanceler lembrou que hoje o Brics representa quase metade da população global, tem 39% do Produto Interno Bruto (soma dos bens e serviços produzidos, PIB) do planeta e é responsável por 50% da produção de energia no mundo.

“Este grupo do Sul Global e nosso papel na formação no futuro nunca foram tão significativos. A recente expansão do Brics de cinco para 11 membros foi um grande desenvolvimento”, completou

 

Inteligência artificial

A agenda do Brics este ano, sob a presidência brasileira, tem promovido a necessidade de se construir uma governança global da inteligência artificial (IA), que evite que a ferramenta seja usada para ampliar as desigualdades no mundo.

“[A IA] não pode ser ditada por um punhado de atores enquanto o resto do mundo é forçado a se adaptar a regras que eles não tiveram papel na formação. Devemos defender uma abordagem multilateral, que garanta que o desenvolvimento da inteligência artificial seja ético, transparente e alinhado com o interesse coletivo da humanidade”, defendeu Mauro Vieira.

 

Comércio e clima

Outra prioridade citada pelo ministro Mauro Vieira, na presidência brasileira do bloco, é o fortalecimento do comércio entre seus membros para “aumentar os fluxos comerciais, explorando medidas de facilitação do comércio e estimulando instrumentos de pagamento em moedas locais”.

O chanceler brasileiro criticou a falta de financiamento para a adaptação e mitigação das mudanças climáticas nos países do Sul Global. “A justiça climática deve estar no centro das discussões internacionais, garantindo que as nações em desenvolvimento tenham a autonomia e os recursos necessários para fazer a transição para economias de baixo carbono sem sacrificar suas metas de desenvolvimento”, ponderou.

 

Presidência brasileira

Brasil assumiu a presidência do Brics neste ano em meio à expansão do bloco, que passou a ter a Indonésia como membro permanente, além de outros nove membros parceiros.

O governo brasileiro elencou seis prioridades para as discussões do grupo:

  • Cooperação Global em Saúde
  • Comércio, Investimento e Finanças
  • Combate às Mudanças Climáticas
  • Governança de Inteligência Artificial
  • Reforma do Sistema Multilateral de Paz e Segurança
  • Desenvolvimento Institucional do Brics.

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Brasil e Mundo

Cúpula de chefes de Estado do Brics será em julho no Rio de Janeiro

Bandeiras de países-membros do BRICS. Foto: BRICS/Divulgação

Encontro foi marcado para os dias 6 e 7 do mês

Ana Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil

O Rio de Janeiro foi oficialmente confirmado como sede da Cúpula dos Líderes do Brics em 2025. O encontro será nos dias 6 e 7 de julho. O anúncio foi feito após reunião do prefeito Eduardo Paes, com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e representantes do governo federal, neste sábado (15), no Palácio da Cidade, em Botafogo.

Em 1º de janeiro deste ano, o Brasil assumiu a presidência rotativa do Brics, grupo de cooperação internacional formado por países em desenvolvimento, composto atualmente por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Irã.

Para a prefeitura, a escolha do Rio de Janeiro como sede da cúpula reforça a cidade como um importante centro estratégico para eventos internacionais. Chefes de Estado, ministros e representantes de governos locais, além de membros da sociedade civil dos países-membros do Brics, estarão reunidos na cúpula. O evento ocorre apenas um ano após a cidade sediar a Cúpula do G20, consolidando ainda mais o Rio como um polo de diplomacia internacional.

A Cúpula dos Líderes do Brics contribuirá para o fortalecimento das relações internacionais, promovendo intercâmbios culturais, comerciais e turísticos entre o Brasil, os países do Brics e o resto do mundo, segundo o Executivo municipal.

Em suas redes sociais, o prefeito Eduardo Paes publicou vídeo ao lado do chanceler Mauro Viera comentando a escolha. “A gente se sente muito orgulhoso de representar todos os brasileiros com as belezas da nossa cidade, com seus desafios, ninguém é ingênuo, inocente aqui. Mas é uma cidade muito especial, que a gente tem muito orgulho. Rio mais uma vez capital do mundo, com G20 no ano passado, agora Brics e quem sabe eu não consigo a assinatura do decreto presidencial de Rio capital honorária do Brasil”, disse.

“Receberemos os chefes de Estado dos 20 países que integram o Brics nas categorias de membros plenos e parceiros em que vamos tomar decisões importantes para o desenvolvimento desses países, para a cooperação e para a melhoria das condições de vida dos habitantes desses países. Mais uma vez o Rio de Janeiro será palco de uma importantíssima reunião internacional”, acrescentou o chanceler Mauro Vieira.

A prefeitura do Rio criou o Comitê Rio Brics, que será responsável pela elaboração do “Calendário Brics Rio”, reunindo as iniciativas e atividades até o final de 2025. O comitê também participará de fóruns e comissões organizados por diversas esferas do governo e da sociedade civil, nacionais e internacionais, abordando questões do grupo.

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Economia

Brics têm mais de 40% da população e 37% do PIB mundiais

Criado na década de 2000, grupo busca reforma da governança global

A soma dos nove países que já integram formalmente o Brics, além da Arábia Saudita, concentram mais de 40% da população global, com tendência de crescimento acima da média do planeta na próxima década. Além disso, respondem por 37% da economia mundial, segundo o critério Produto Interno Bruto (PIB) por poder de compra, de acordo com o Fórum Econômico Mundial.

Criado em 2009, o Brics originalmente reunia, além do Brasil, China, Índia e Rússia. A África do Sul foi o quinto país a ingressar, em 2011, e, no ano passado, mais cinco países aderiram ao bloco: Irã, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Arábia Saudita. Ainda em processo de confirmação, a Arábia Saudita tem participado das reuniões do grupo, segundo o Itamaraty.

Tamanho do Brics

Os nove países que já integram oficialmente o Brics, além da Arábia Saudita, atualmente concentram mais de 40% da população global, com tendência de crescimento acima da média do planeta na próxima década. Além disso, respondem por 37% da economia mundial, segundo o critério Produto Interno Bruto (PIB) por poder de compra, de acordo com o Fórum Econômico Mundial.

Esses países detêm 26% do comércio mundial, de acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC). E, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), o grupo concentra 44% das reservas de petróleo e 53% das reservas de gás natural do planeta. Não apenas isso, hoje produzem 43% do óleo e 35% do gás do mundo.

Setenta e dois por cento das reservas mundiais de terras raras estão nesses dez territórios, assim como 70% da produção global de carvão mineral. Rússia e Brasil detêm as maiores reservas de água doce do planeta.

Em termos militares, o grupo possui pelo menos três potências nucleares (Rússia, China e Índia).

“O Brics de fato tem o peso econômico e militar acentuado, que cada vez mais vem demandando um peso político que seja à altura dos recursos que detêm”, afirma a diretora do Brics Policy Center e professora do Instituto de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Marta Fernández.

O termo Bric, um acrônimo para os membros originais, foi criado pelo economista Jim O’Neill, em 2001, para se referir ao grupo de países que apontavam como promissores mercados emergentes no início do milênio. Em entrevistas posteriores, O’Neill disse que nunca pensou no Brics como um grupo político.

Em 2006, no entanto, os quatro membros originais se reuniriam pela primeira vez às margens da Assembleia Geral das Nações Unidas. A crise financeira mundial de 2008 daria um motivo para que o grupo decidisse se reunir anualmente para buscar uma alteração do sistema de governança global.

Brasília (DF) 26/12/2024 Brics têm mais de 40% da população e 37% do PIB mundial. Fonte Itamaraty.
Arte/EBC

Influência mundial 

“Na sua origem, ficou muito claro que era uma organização informal, mas que tinha uma agenda reformista da ordem internacional. O Brics surge no contexto de uma crise dos países do Ocidente, com a crise financeira de 2008. Desde a primeira cúpula, está nas declarações a demanda por reforma da ONU, do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial”, explica o professor do Núcleo de Estudos dos Países Brics da Universidade Federal Fluminense (UFF), Evandro Carvalho.

Nesse contexto de crise econômica, surgido em um modelo econômico e político liderado pelos países ocidentais (Estados Unidos e União Europeia), os Brics passam a demandar mais influência nos destinos do mundo.

“Esses países entendiam que eles tinham peso subdimensionado na governança internacional seja na presença nas organizações internacionais, seja na definição dos rumos para a economia internacional”, ressalta o diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), Pedro Dallari.

Na esteira das críticas à gestão dos grandes bancos internacionais, os Brics criaram, em 2014, sua própria instituição financeira, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), que apoia projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países em desenvolvimento. “Ao criar uma organização internacional, o Brics mostrou sua capacidade de realização numa frente importantíssima”, diz Carvalho.

Além disso, como uma forma de reduzir a dependência em relação ao dólar, a moeda dos Estados Unidos, nas negociações comerciais internacionais, o Brics defende o uso de moedas locais no comércio entre seus integrantes.

“O Brics está, de alguma forma, gerando preocupações nos Estados Unidos, em relação à manutenção do dólar como moeda de referência, hegemônica. Não que o Brics tenha qualquer pretensão de substituir o dólar. A ideia é que o Brics quer ter o direito de comercializar em diferentes moedas. Isso tem a ver com a construção de um mundo multipolar, onde há vários centros de poder”, explica Marta.

Limitações

Segundo Dallari, fora da discussão da reforma da governança global, há pouca convergência entre os países do grupo, uma vez que têm interesses comerciais e valores ideológicos muito diferentes.

Comissão Nacional da Verdade (CNV) realiza diligência no Hospital Central do Exército (HCE), local da morte de Raul Amaro Nin Ferreira. Na foto,  Pedro Dallari, presidente da CNV (Tomaz Silva/Agência Brasil)
Diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, Pedro Dallari. Foto -Tomaz Silva/Agência Brasil

“O Brics é um foro de concertação de posições. O Brics cumpre muito mais no sentido de um arranjo para um interesse geopolítico e de fortalecimento do multilateralismo do que propriamente pelos resultados efetivos que venha a ter como um bloco ‘econômico’”.

Além disso, Dallari diz que também há divergências em relação a grandes temas globais, como as guerras no Oriente Médio e na Ucrânia, o aquecimento global ou mesmo na contenção de pandemias, como a de covid-19.

“De maneira nenhuma, o Brics pode ser visto como um bloco capaz de atuar de maneira coesa nos grandes temas do nosso tempo, até porque, em muitos desses temas, esses países se contrapõem, são antagonistas”, destaca o professor da USP. “Fora esse desejo mais abstrato de reforma do multilateralismo, eu vejo muito pouca efetividade hoje na ação do Brics”.

Evandro Carvalho acrescenta que, no comércio internacional, por exemplo, alguns são inclusive competidores em algumas áreas. Ele destaca também que mesmo sendo apenas um grupo informal, o Brics carece de uma estrutura institucional mínima, como uma secretaria executiva, que pudesse dar mais transparência e concentrasse as iniciativas do grupo.

“Se você quer procurar informações sobre uma iniciativa qualquer do Brics, não há sequer um website que concentre isso. Você só vai encontrar nos sites das cúpulas do ano passado, do ano anterior. Não tem um website do Brics que contenha informações, e-mails, como acessar as informações, a quem a gente recorre se quisermos alguma informação para uma pesquisa, para uma entrevista”.

Apesar das limitações do grupo informal, Marta Fernández acredita que o Brics tenha uma força “material, em termos recursos, de população, de minerais críticos, de produção de petróleo, mas cada vez mais também tem uma força muito simbólica, porque, de alguma forma, vem representando uma alternativa à forma de organizar o mundo, de organizar governança global, muito a partir da ideia do sul global”.

“O Brics se tornou quase como um porta-voz ou a maior voz para o sul global, dentro dessa função de reorganização da ordem global”, complementa Carvalho.

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Brasil e Mundo

Mudanças climáticas e IA serão pautas do Brasil à frente do Brics

Ralf Vetterle/Pixabay

País buscará entendimento com outros países do grupo, diz embaixador

Vitor Abdala – Repórter da Agência Brasil

O Brasil assume a presidência do Brics em 1º de janeiro do ano que vem e receberá, pela quarta vez, a reunião de cúpula do grupo. Para o governo brasileiro, essa será uma oportunidade de buscar entendimento, entre as dez nações que compõem o grupo, na direção da construção de um mundo melhor e mais sustentável.

Em entrevista à Agência Brasil, o embaixador Eduardo Saboia, sherpa (ou seja, o negociador-chefe) do Brics em 2025, afirma que o grupo, pelo tamanho de sua população (mais de 40% do total global) e de sua economia (37% do PIB mundial por poder de compra), tem uma grande importância no cenário global.

“Se você quer construir um mundo melhor, um mundo sustentável, o Brics tem que ser parte dessa construção. E é importante que haja um entendimento entre esses países, porque esse entendimento ajuda você a alcançar um entendimento mais amplo [com outros países]”, disse Saboia.

Além de temas que já vêm sendo discutidos no Brics, como a possibilidade do uso de moedas locais no comércio entre os países e a reforma da governança global, o Brasil aproveitará sua posição à frente do grupo, para buscar entendimento em temas como as mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável com redução da pobreza e uma governança sobre a inteligência artificial.

A questão do clima é de especial interesse porque o Brasil sediará também neste ano, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30), em Belém.

“Como a gente pode aproveitar a presidência do Brics para construir um entendimento que possa ajudar para o êxito da COP-30? Os países que são membros do Brics têm um papel central na questão da energia, que é a principal fonte de emissões de gases do efeito estufa”, afirma.

Já a governança da Inteligência Artificial (IA) é um tema relevante uma vez que, segundo o embaixador, essa é uma tecnologia “disruptiva”. “Não existe uma governança da inteligência artificial, mas essa é uma discussão que está ocorrendo. Quem sabe no Brics, durante a presidência brasileira, a gente possa avançar na ideia de ter uma visão desses países sobre como deve ser a governança da inteligência artificial”.

De acordo com Saboia, o Brics é uma força de construção e também estabilizadora. “É estabilizadora porque se você tem esses países, que são muito diferentes e com sistemas políticos diferentes, cada um com seus desafios, se entendendo e eles se reúnem todo ano, isso é bom para todo mundo, porque dali saem soluções para a população”.

Ampliação

A primeira reunião de cúpula ocorreu em 2009, apenas com Brasil, Rússia, Índia e China (o Bric original). Em 2011, a África do Sul aderiu, transformando a sigla em Brics.

Em 2023, na cúpula de Johannesburgo, na África do Sul, o Brics convidou Argentina, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes, para se juntarem ao grupo a partir de janeiro de 2024. A Argentina decidiu não aderir, enquanto os demais participaram da cúpula deste ano, em Kazan, na Rússia.

O embaixador Saboia explica que a expansão dos Brics é resultado do êxito do grupo. “O Brics hoje desperta grande interesse e é importante que ele seja representativo dos países do sul global, dos países emergentes”.

Segundo ele, a ampliação do grupo tem apoio do Brasil e dialoga com a posição do país em relação à reforma da governança global. “Se a gente defende a reforma e a ampliação do Conselho de Segurança [da ONU], faz sentido que a gente tenha uma ampliação do Brics. Agora essa plataforma [o Brics], tem uma pauta, tem um acerto, então os países que entraram, abraçaram essas conquistas. Uma das prioridades é fazer com que essa incorporação se dê da maneira mais suave e efetiva possível”.

Na cúpula de Kazan, o Brics também anunciou uma nova modalidade de membros (os países associados) e definiu-se que 13 nações seriam convidadas: Cuba, Bolívia, Turquia, Nigéria, Indonésia, Argélia, Belarus, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã e Uganda.

Saboia afirma que o anúncio em relação à adesão dos países parceiros será feito nas próximas semanas. “Uma das prioridades da nossa presidência é fazer com que esses países se sintam acolhidos na família do Brics. É importante que haja um trabalho para que eles se envolvam. Eles participarão das reuniões de ministros de Relações Exteriores e também há previsão que eles participem da cúpula [de 2025]”.

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Brasil e Mundo

Brics vai convidar Cuba, Bolívia, Turquia, Nigéria e mais nove países

O presidente russo, Vladimir Putin, e os participantes da reunião no formato BRICS Plus posam para foto durante a cúpula do BRICS em Kazan, Rússia, 24 de outubro de 2024. Maxim Shemetov/Pool/Proibida reprodução

Convidados participarão do bloco como membros associados

Lucas Pordeus León – Repórter da Agência Brasil

O Brics vai convidar 13 países para participarem da organização na modalidade de membros associados: Cuba, Bolívia, Turquia, Nigéria, Indonésia, Argélia, Belarus, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã e Uganda. O bloco tem atualmente como membros plenos Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além dos recém-incorporados Irã, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Egito.

Os nomes dos países convidados ainda não foram anunciados oficialmente, mas a Agência Brasil confirmou com pessoas envolvidas nas negociações. Ao ser questionado nesta quinta-feira (24), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que é preciso ainda confirmar se esses governos mantêm o interesse em aderir ao bloco.

“Enviaremos um convite e uma proposta aos futuros países parceiros para participarem do nosso trabalho nessa qualidade [de parceiros associados] e, ao recebermos uma resposta positiva, anunciaremos quem está na lista. Seria simplesmente inapropriado fazer isto agora, antes de recebermos uma resposta, embora todos esses países praticamente tenham feito solicitações uma vez ou outra”, disse Putin, em entrevista coletiva.

A 16ª cúpula do Brics, que terminou nesta quinta-feira (24), em Kazan, na Rússia, teve entre seus principais temas critérios para definir quais países podem ser convidados para ingressar no bloco na nova modalidade de membros associado. Ao todo, mais de 30 nações manifestaram interesse em participar do Brics.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, disse que houve consenso em relação aos critérios e princípios para os membros associados, mas informou que a divulgação oficial dos nomes ainda depende da consulta que a Rússia fará aos países que atenderam aos critérios definidos.

“Foi discutido e foi aprovado, e houve consenso sobre os princípios e critérios que guiarão essa ampliação. Quanto à lista de países, será decidido daqui para a frente, e a presidência russa fará consultas depois de chegar a uma lista de países, que não sei como será, nem quais países serão. Depois vai consultar os dez membros atuais e anunciar quais são esses países”, disse em coletiva de imprensa na quarta-feira (24).

A diplomacia brasileira tem insistido que, entre os critérios, é preciso que seja respeitado o equilíbrio geográfico, com a América Latina tendo uma representação semelhante à dos países de outros continentes.

Os membros plenos são Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além dos recém-incorporados Irã, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Egito. A Arábia Saudita, que também foi convidada para ser membro pleno, ainda não aceitou o convite oficialmente, mas tem participado das reuniões.

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Brasil e Mundo

Brics contorna barreiras dos EUA em disputa tecnológica com China

Bandeiras de países-membros do BRICS. Foto: BRICS/Divulgação

Cúpula começa nesta terça-feira, em Kazan, na Rússia

Lucas Pordeus León – Repórter da Agência Brasil

Um dos papéis do Brics é contornar as dificuldades impostas pelos Estados Unidos e seus aliados ao avanço comercial e tecnológica da China. Países que sofrem bloqueios econômicos de potências ocidentais – como Irã e Rússia – também precisam do bloco para contornar a asfixia financeira das sanções. Enquanto isso, Brasil deve se equilibrar entre os dois principais blocos geopolíticos em disputa para colher benefícios comerciais e tecnológicos.

Avaliação é de especialistas em relações internacionais consultados pela Agência Brasil sobre a 16ª Cúpula do Brics em Kazan, que será realizada na Rússia, entre os dias 22 e 24 de outubro. O encontro deve reunir 24 chefes de Estado, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Brasília (DF) 18/10/2024 - O professor de direito do comércio internacional da Universidade de São Paulo (USP), José Augusto Fontoura Costa. Foto: José Augusto Fontoura Costa/Arquivo Pessoal
O professor de direito do comércio internacional da Universidade de São Paulo (USP), José Augusto Fontoura Costa. Foto – José Augusto Fontoura Costa/Arquivo Pessoa

Segundo o professor de direito do comércio internacional da Universidade de São Paulo (USP), José Augusto Fontoura Costa, a China vem sofrendo com sanções econômicas estadunidenses e europeias que tentam barrar o avanço tecnológico da potência asiática.

As medidas incluem proibições de investimentos chineses nos EUA, da exportação de tecnologia avançada para a China, além da campanha para excluir empresas chineses na expansão da internet 5G, de alta velocidade.

“Os Estados Unidos estão em clara guerra comercial com a China para tentar conter o desenvolvimento chinês. Por isso, a China tenta construir um espaço para sua atuação econômica, e isto é uma das coisas que interessa ao Brasil e interessa virtualmente a todos os demais participantes do Brics”, explicou.

O especialista em política internacional destacou que o principal campo de embate entre China e EUA é nos setores de tecnologia de ponta, como chips, foguetes, biotecnologia, medicamentos e química avançada.

“É nesse campo que vai se definir quando e quem vai ser o novo ator hegemônico no mundo, se vai continuar sendo EUA, se a China vai passar ou se vai chegar em um equilíbrio”, comentou.

Formado até então por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brics recebeu cinco novos membros neste ano: Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Egito. Além disso, existe a expectativa de novos parceiros serem anunciados.

Imperialismo

A coordenadora do grupo de pesquisa sobre Brics da PUC do Rio de Janeiro, a professora Maria Elena Rodríguez, explicou que é de interesse das potências ocidentais manter o controle sobre as principais tecnologias de ponta.

“Isso ocorre por causa do interesse econômico. Se eu controlo uma tecnologia que ninguém mais tem, todos vão depender de mim, não só economicamente, mas também em termos de necessidades. É uma forma de manter os outros países na dependência. É o que a gente chama de imperialismo e de hegemonia e, quando se trata de tecnologia, há um pouco de colonialismo”, explicou.

A especialista em relações internacionais acredita o Brics deve desenvolver um papel para fortalecer a cooperação tecnológica entre os estados-membros.

Brasília (DF) 18/10/2024 - A coordenadora do grupo de pesquisa sobre Brics da PUC do Rio de Janeiro, a professora de relações internacionais, Maria Elena Rodríguez Foto: Maria Elena Rodríguez/Arquivo Pessoal
A coordenadora do grupo de pesquisa sobre Brics da PUC do Rio de Janeiro, a professora de relações internacionais, Maria Elena Rodríguez Foto – Maria Elena Rodríguez/Arquivo Pessoal

“Seguramente os bancos ocidentais, como o Banco Mundial, não têm tanto interesse que os países desenvolvam efetivamente muita tecnologia, mas penso que esse é um papel do Banco dos Brics, que tem ajudada os países a alcançarem níveis de desenvolvimento importantes”, completou Maria Elena.

Para o professor José Augusto, o Brics deve estruturar sistemas de financiamento e de mercados que permitam aos países desenvolverem tecnologias de ponta.

“Pesquisa e desenvolvimento tecnológicos precisam de muito investimento, de uma economia forte e também de mercados para o que você produz e para insumos que o país consome. E existe um razoável alcance de integração econômica entre os Brics. Sem isso, a China não teria condições sozinha de chegar na vanguarda tecnológica. Então, o Brics é fundamental”, concluiu.

Estima-se que o Brics concentre cerca de 36% do Produto Interno Bruto (PIB) global, superando o G7, grupo das maiores economias do planeta com Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha, que concentra cerca de 30% do PIB mundial. Além disso, o Brics concentra cerca de 42% da população mundial.

Brasil

Na avaliação dos especialistas, o Brasil deve buscar seu espaço no bloco sem, com isso, perder espaço no grupo geopolítico liderado pelos EUA. O professor da USP José Augusto ressaltou que o Brasil deve aproveitar sua relação com a China para avançar em termos tecnológicos. Para o especialista, o país tem tecnologia de ponta em áreas de pesquisa agropecuária, tecnologia aeronáutica, de petróleo e gás, além de construção civil e de hidrelétricas.

“O Brasil não é um vazio tecnológico, temos potencial, mas perdemos muito tempo sem investir adequadamente em desenvolvimento de ciência e tecnologia. Importante mencionar que nosso desenvolvimento tecnológico sempre foi impulsionado pelo Estado por meio de Petrobras, Embrapa e Embraer que, apesar de privada, recebe investimento público”, explicou.

Para a professora da PUC Rio, Maria Elena Rodríguez, o Brasil vem tentando construir uma agenda voltada à tecnologia por meio do projeto de neo-industrialização do governo federal.

“O Brasil está propondo que a China seja um aliado contundente, por exemplo, em tecnologias verdes que vão ajudar o Brasil nesse processo de reindustrialização. Acho que o país está se colocando bastante forte em seus processos de cooperação e fortalecimento dos países do Sul Global”, acrescentou.

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