ATIVIDADE FÍSICA

Saúde

Quase metade dos praticantes de beach tennis já sofreu alguma lesão

Estudo brasileiro mostra que lesões nos membros inferiores são as mais comuns entre os adeptos da modalidade, praticada por cerca de 300 mil pessoas no país

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

Em meio a tantas modalidades esportivas, o beach tennis é uma das que têm ganhado cada vez mais adeptos pelo Brasil. E nem é preciso morar na praia para praticá-lo, já que o número de quadras com chão de areia que oferecem o esporte tem aumentado em diversas cidades.

Mas, ao decidir se exercitar, é preciso tomar cuidado: quase metade (48,8%) dos praticantes do esporte já sofreu alguma lesão ortopédica. A constatação é de um estudo realizado na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e publicado em julho na Revista Brasileira de Ortopedia.

Para chegar aos resultados, os pesquisadores aplicaram um questionário a 160 praticantes regulares de beach tennis, com média de idade de 40 anos, em duas cidades paulistas: São Paulo e São Caetano do Sul. No primeiro momento, foram coletados dados como idade, sexo, altura, peso, Índice de Massa Corporal (IMC) e lado dominante do atleta.

Na segunda etapa, os pesquisadores investigaram o tempo de prática (em meses, dias e horas por semana), a participação em competições, a categoria, a experiência com outros esportes e o uso de backhand com as duas mãos (nesse movimento, a pessoa golpeia a bola enquanto segura a raquete com as costas da mão dominante voltada para a rede).

Por último, coletaram informações relacionadas à presença de lesões e em qual segmento elas se apresentavam: coluna, membros superiores ou inferiores. Os resultados apontam que 30% das lesões se deram em membros inferiores (pés, joelhos e pernas), 11,3% na coluna e 25% nos membros superiores. A incidência foi maior entre os mais velhos.

O estudo constatou ainda que boa parte dos praticantes (44,4%) era iniciante e menos de 10% foram classificados na categoria profissional. Além disso, 46,3% praticavam o esporte havia cerca de um ano e quase um terço treinava de duas a quatro horas por semana. Muitos (56,9%) já praticavam esportes com raquete anteriormente, e 52,5% não faziam outras modalidades concomitantes.

O beach tennis é uma mistura de tênis tradicional, vôlei de praia e badminton. A Confederação Brasileira de Beach Tennis estima que haja cerca de 300 mil praticantes no país – com grande crescimento após a pandemia de Covid-19, quando o esporte se popularizou, já que era recomendado fazer atividades físicas ao ar livre.

“O beach tênis é um esporte que cresce muito no país e atendemos no consultório um número crescente de pacientes com dores relacionadas à prática”, relata o cirurgião Antônio Carlos da Costa, professor da Santa Casa de São Paulo e principal autor do estudo, além de praticante de beach tennis.

Segundo ele, ainda há poucos estudos sobre a modalidade na literatura científica. “Utilizamos conceitos muito bem estudados do tênis, do squash e de outros esportes de raquete, mas sabemos que há muita diferença entre eles, especialmente porque os esportes de quadra e de areia diferem na superfície. Por isso decidimos fazer esse estudo brasileiro”, conta.

Areia é um problema

O alto número de lesões, especialmente aquelas nos membros inferiores (joelhos e tornozelos), se deve ao fato de o beach tennis ser um esporte dinâmico. O atleta precisa se locomover rapidamente na areia fofa, exigindo muito esforço.

“Essas lesões são mais comuns em esportes de areia justamente pela instabilidade do terreno. A areia é muito instável, afunda, e como o atleta joga descalço, sem nenhum equipamento de proteção nos pés, os membros inferiores ficam mais vulneráveis a entorses e sobrecarga nos quadris”, alerta o ortopedista e cirurgião de mão Henrique Bufáiçal, do Serviço de Ortopedia do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia. No tênis de quadra, ao contrário, o atleta usa um calçado apropriado, joga numa superfície lisa e plana, o que possibilita outro tipo de aderência e performance.

Segundo Costa, lesões ocorrem em todos os esportes. “Atividade física é saúde, esporte é lesão”, crava o médico. Na visão dele, mesmo o beach tennis não sendo das modalidades mais perigosas, é cada vez mais comum ver pessoas que nunca haviam praticado esporte com raquete jogando muitas horas por dia, às vezes sete dias por semana – o que aumenta o risco de lesões e causa vícios de execução difíceis de ser corrigidos.

“Todo esporte tem uma técnica adequada, e praticando de acordo com a técnica, certamente o atleta terá menos lesões. Se a pessoa joga por conta própria ou aprende de forma errada, principalmente depois de uma certa idade, é muito mais difícil corrigir vícios adquiridos”, avalia o cirurgião e docente da Santa Casa.

Quantas horas é aconselhável jogar?

Não há um número máximo de horas recomendado para a prática de beach tennis. Segundo Costa, a sugestão é não ultrapassar duas horas por dia e descansar pelo menos dois dias por semana. Se não houver lesão, esse tempo pode ser aumentado aos poucos; na presença de lesão, o ideal é diminuir as horas de prática. “Também recomendamos alternar o beach tennis com outras atividades, como musculação, corrida, entre outras”, orienta o pesquisador.

Para quem vai começar a se aventurar na prática, a sugestão é adquirir uma boa raquete, adequada à estrutura física da pessoa, e procurar um professor qualificado que ensinará a técnica sem vícios. Também é importante respeitar os limites do corpo. “No primeiro sinal de que algo está errado, procure um médico especialista”, adverte Costa.

Para Bufáiçal, os resultados desse trabalho mostram de forma pioneira achados que poderão ajudar a nortear o tratamento e talvez até futuros preparos de protocolo de treinamento dos atletas, para que eles evitem essa quantidade de lesões. “O beach tennis é um esporte que agrega de criança a pessoas de idade. Temos uma população crescente de amadores, o que faz com que as lesões sejam mais comuns. Por isso é tão importante termos dados nacionais”, afirma.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Caminhos para aumentar a prática de atividades físicas pela população

Virada da Maturidade/Divulgação | Via EBC

Gastos com cuidados de saúde devido a inatividade física chegam a quase US$ 4 bilhões/ano no Brasil. O quadro exige políticas públicas para incentivar a prática de atividades físicas

A saúde da população está profundamente ligada a diversos fatores, como alimentação, moradia, saneamento básico, educação, e, claro, a prática de atividades físicasA Lei 8.080 de 1990, que organiza o Sistema Único de Saúde (SUS), destaca essa interdependência, reforçando que a saúde vai além de consultas médicas e hospitais, mas também depende das condições de vida da população.

Praticar atividade física regularmente traz inúmeros benefícios para a saúde física e mental, enquanto o sedentarismo está associado a diversos problemas de saúde, incluindo uma redução de até dois anos na expectativa de vida. Além disso, os gastos diretos com cuidados de saúde devido à inatividade física chegam a quase 4 bilhões de dólares anuais no Brasil, evidenciando a necessidade de políticas públicas eficazes para incentivar a prática de atividades físicas.

O Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas (Vigitel), em 2023, estabeleceu que, para uma pessoa ser considerada suficientemente ativa, ela precisa acumular, pelo menos, 150 minutos semanais de atividades físicas moderadas ou 75 minutos de atividades físicas vigorosas. Em 2014, uma pesquisa revelou que cerca de um terço da população brasileira não atinge as diretrizes de saúde pública para atividade física.

A maior parte das atividades físicas estava relacionada ao trabalho, um dado preocupante devido à tendência mundial de redução dessa atividade nos ambientes laborais. Além disso, a prática de atividades físicas no lazer mostra significativas desigualdades em termos de raça, classe e gênero. Pessoas com maior nível de escolaridade tendem a ser mais ativas: em 2020, aqueles com 12 anos ou mais de estudo mostraram índices mais elevados de atividade física.

Apesar dos desafios, dados mostram um aumento significativo na prática de atividades físicas no tempo livre no Brasil. Entre 2009 e 2020, a frequência de adultos praticando ao menos 150 minutos de atividade física moderada por semana subiu de 30,3% para 36,8%, com um destaque para o aumento entre as mulheres. As faixas etárias de 25 a 44 anos apresentaram os maiores crescimentos, saltando de 34,2% para 41,5%.

A falta de tempo e de dinheiro são os principais motivos citados pelas pessoas para não se exercitarem, seguidos pela ausência de locais próximos para a prática de exercícios, falta de companhia e condições climáticas extremas. Essas barreiras estão diretamente relacionadas a questões socioeconômicas que geram desigualdades importantes no acesso à atividade física, destacando a necessidade urgente de políticas públicas que promovam a prática de atividades físicas de forma inclusiva e equânime.

Embora as evidências sobre a efetividade das intervenções para aumentar a atividade física ainda sejam limitadas, algumas recomendações podem ser úteis:

• Para crianças, é importante melhorar o ambiente físico e social, com a participação ativa das famílias.
• Para adultos, recomenda-se a melhoria do ambiente de trabalho, como o uso de mesas ajustáveis, por exemplo.
• Para pessoas idosas, recomenda-se atividades acessíveis, motivacionais, seguras, que proporcionem independência e conexão social.
• Nas universidades, pausas ativas durante as aulas e métodos de aprendizado que envolvam movimento podem aumentar a atividade física, reduzir o sedentarismo, melhorar o bem-estar e diminuir a fadiga dos estudantes.
• Nos locais de trabalho, oferecer estações de trabalho que permitam trabalhar sentado e de pé, junto com lembretes para fazer pausas e variar a postura, pode ser eficaz. Utilizar esteiras para trabalhar andando também é uma opção.
• Intervenções digitais, como o uso de pedômetros e comunicação via celular (mensagens de texto ou chamadas), são úteis para reduzir o comportamento sedentário em pessoas com transtornos mentais graves. Monitores de atividade física e aplicativos de smartphone são eficazes para aumentar a atividade física, especialmente em pessoas com doenças cardiovasculares.

Fortalecer a liderança política do governo
• Estabelecer e reforçar a liderança em atividade física dentro e entre todos os departamentos governamentais relevantes e em todos os níveis.
• Aumentar a conscientização sobre as contribuições transversais da política de atividade física para o desenvolvimento nacional, em conformidade com o estabelecido nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

Integrar a atividade física às políticas relevantes
• Revisar e fortalecer políticas nacionais, regulamentos e padrões para incluir atividade física.
• Desenvolver e disseminar ferramentas práticas e treinamentos adaptados ao contexto local.

Fortalecer parcerias e envolver comunidades
• Criar mecanismos de coordenação nacional para fortalecer a colaboração entre governo e partes interessadas.
Envolver agentes não governamentais e comunidades para garantir a relevância e sustentabilidade das políticas, com foco em grupos menos ativos, incluindo pessoas com deficiência, idosos e jovens.

Reforçar os sistemas de dados, o monitoramento e a tradução do conhecimento
• Fortalecer sistemas de monitoramento e informação para acompanhar o progresso das políticas.
Investir em pesquisa e tradução de conhecimento através de parcerias.

Garantir financiamento sustentável e alinhar-se aos compromissos da política nacional
• 
Garantir financiamento sustentável, revisando alocações orçamentárias e explorando mecanismos de financiamento inovadores, especialmente em planos de recuperação da covid-19

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Saúde

Fazer atividade física só no fim de semana também pode trazer benefícios

Estudo da Unifesp mostra, no entanto, que vantagens foram observadas apenas em quem cumpre a recomendação semanal de 150 minutos de atividade moderada ou 75 de vigorosa

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

Praticar atividade física somente no fim de semana tem benefícios parecidos na redução da mortalidade a longo prazo do que se exercitar regularmente ao longo dos demais dias – mas desde que o volume semanal de atividade física seja semelhante.

Isso é o que revela uma pesquisa inédita da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que apontou não haver diferença significativa nas taxas de mortes entre esses dois grupos. Segundo os autores, o resultado desmistifica a ideia de que o exercício deve ser feito todos os dias para ser benéfico e pode incentivar pessoas a adotar hábitos saudáveis de acordo com suas possibilidades.

Já se sabe que a atividade física contribui para a redução do risco cardiovascular e mortalidade em geral, mas há poucos estudos sobre a relação entre a frequência semanal praticada e os desfechos a longo prazo.

Para suprir essa lacuna, os autores analisaram inquéritos sobre a saúde de mais de 350 mil adultos nos Estados Unidos entre 1997 e 2013, que foram cruzados com dados de mortalidade. Os participantes foram divididos em dois grupos conforme a rotina de exercícios: os ativos, considerando aqueles que cumpriam a recomendação de 150 minutos semanais de atividade moderada ou 75 minutos de vigorosa; e os inativos, que não atingiam esse volume.

Os ativos, por sua vez, foram subdivididos entre os chamados “guerreiros de fim de semana”, quando faziam atividade física somente em um ou dois dias, e os regularmente ativos, aqueles que se exercitavam cinco vezes ou mais por semana.

Ao fim do período avaliado, os resultados mostraram que não houve diferença significativa na mortalidade cardiovascular e por qualquer causa entre os dois grupos de ativos, considerando o mesmo volume semanal.

“Observamos que tanto faz se a atividade física é espalhada ou concentrada, o que importa mais é o volume total de atividade moderada ou vigorosa realizada na semana,” avalia Leandro Rezende, um dos autores do estudo, coordenador e orientador permanente do programa de pós-graduação em Saúde Coletiva da Escola Paulista de Medicina da Unifesp. “Para o mesmo volume de atividade física semanal, os dois grupos alcançam os mesmos benefícios, o que muda é a frequência da atividade, e isso pode ajudar as pessoas a aderirem à atividade física.”

Isso pode ser bom para quem não tem muito tempo para fazer exercícios. “Mas, para atingir o mínimo recomendado, o treino em poucos dias deve ser um pouco mais puxado”, orienta o profissional de educação física Everton Crivoi do Carmo, doutor em Ciências do Esporte e responsável pela preparação física no Espaço Einstein Esporte e Reabilitação. Para se ter uma ideia, isso equivaleria a duas caminhadas de pouco mais de uma hora em ritmo moderado, por exemplo.

Segundo Crivoi do Carmo, a vantagem de se exercitar mais vezes na semana é conseguir atingir as recomendações de forma mais tranquila ou superar a meta, o que seria até melhor. “Tentar fazer [exercícios] o maior número de dias possível e se manter ativo ao longo do dia ainda é a melhor opção”, recomenda. Mas vale o alerta: “Pessoas com doenças crônicas preexistentes podem precisar de maior controle do volume e intensidade do treino”, diz o especialista.

Fonte: Agência Einstein

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Valinhos

Projeto de atividade física para pessoas com alzheimer está com as inscrições abertas

Interessados podem escolher entre duas turmas

A Prefeitura de Valinhos, por meio da Secretaria de Esportes e Lazer, divulga as inscrições para um projeto-piloto gratuito de atividade física para pessoas com Alzheimer. As aulas já foram iniciadas mas ainda há vagas a serem preenchidas. Os interessados podem se inscrever através do seguinte formulário: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScH77gXF7hhVnOgoPYG134OO-oQK6ue_6QqKWXffTnF8oAXwQ/viewform.

São duas turmas: uma de segunda e quarta-feira das 10h às 11h, no Centro Comunitário do Jd. Paraíso, e outra de segunda e quinta-feira, das 16h às 17h, no Ginásio Municipal. O objetivo do projeto é promover a saúde e o bem-estar de pessoas com Alzheimer através da prática de atividade física, visando mais qualidade de vida, aptidão física funcional e a manutenção da independência motora nas atividades cotidianas.

As aulas consistem em exercícios físicos de baixo impacto como aeróbicos, fortalecimento muscular, atividades de equilíbrio, mobilidade articular, flexibilidade, consciência corporal, concentração, cognição, dupla tarefa e exercícios rítmicos.

Para participar é necessário ter diagnóstico de Alzheimer comprovado por atestado médico, não ter limitações que impossibilitem a participação nas aulas e ter disponibilidade de participar das aulas com ao menos 75% de frequência. Após a inscrição, a professora responsável entrará em contato com os alunos.

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Saúde

Treino intenso de musculação ajuda a preservar força em idosos

Em pesquisa dinamarquesa, programa de um ano de exercícios permitiu ganhos expressivos que compensaram perda muscular posterior; ideal é que atividades físicas sejam praticadas regularmente

 

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

Praticar treinos intensos de musculação na terceira idade pode trazer benefícios duradouros na força muscular, sugere uma pesquisa dinamarquesa da Universidade de Copenhague, publicada no BMJ Open Sport & Exercise Medicine. A perda de musculatura e de força nessa idade é um conhecido preditor de má saúde, interferindo diretamente no equilíbrio, na mobilidade e autonomia do idoso.

Com o envelhecimento, há um declínio da musculatura, e os autores queriam verificar se o treino de força, que envolve exercícios de resistência, como musculação e levantamento de peso, poderia ter efeitos a longo prazo para minimizar essa perda. Assim, recrutaram 451 idosos saudáveis para participar de um programa com duração de um ano.

Nesse período, eles foram divididos em três grupos. Uma turma treinou com supervisão em uma academia três vezes por semana, com uma carga considerada pesada, entre 70% e 80% do peso máximo. Eles faziam três séries de exercícios com seis a 12 repetições, incluindo atividades para membros inferiores e superiores, costas e movimentos de abdômen. Outros fizeram exercícios considerados moderados, com 50% a 60% da carga máxima, utilizando preferencialmente materiais como faixas elásticas. Os demais serviram de grupo controle e não seguiram nenhum treinamento especial.

Os voluntários foram avaliados em quatro momentos: ao começar, ao completar o programa de 12 meses e depois de dois e quatro anos. Na avaliação final, todos tinham perdido tanto massa magra quanto força – como é esperado após tanto tempo sem se exercitar. No entanto, aqueles que haviam feito o treinamento mais intenso apresentaram a mesma capacidade inicial.

“Isso ocorreu porque o treino aumentou a força de forma significativa. Então, mesmo com a queda, conseguiram manter o que tinham no início”, avalia o profissional de educação física Everton Crivoi do Carmo, doutor em Ciências do Esporte e responsável pela preparação física no Espaço Einstein Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein.

O resultado também pode ser explicado porque a força não está apenas associada à massa muscular. “Muitos dos ganhos de força podem estar relacionados a adaptações neuromusculares induzidas pelo treinamento, incluindo a velocidade de transmissão do impulso nervoso e melhores coordenações intra e intermuscular, sendo que esses ganhos podem ter efeitos mais duradouros”, explica Crivoi. Segundo o especialista, esses benefícios a longo prazo é o que tem sido popularmente chamado de “memória muscular”.

Mais força, menos quedas

Em idosos, a força é crucial não só para reduzir o risco de quedas, mas também para contribuir com o convívio social, fatores associados à longevidade. “O ganho de força vai representar melhora funcional e exposição do idoso a atividades mais dinâmicas e desafiadoras.”

Por outro lado, cada vez mais estudos mostram o papel essencial dos músculos em todo o metabolismo, inclusive na imunidade. Mesmo com o declínio natural que ocorre com a idade, é possível aumentar a massa magra, ainda que o processo possa ser mais lento comparado aos jovens.

No entanto, para garantir os benefícios, é preciso praticar exercícios regularmente. Enquanto o treino para desenvolver força está associado à intensidade, com cargas mais pesadas, para ganhar massa é preciso volume. Os resultados dependem do treinamento prévio: sedentários podem observar resultados com uma sessão semanal, mas pessoas mais habituadas devem se dedicar de duas a três vezes por semana. Vale lembrar que é essencial a orientação de um profissional de educação física.

Atividades como pilates, ioga e treinos funcionais com o próprio corpo também contribuem para ganho de força e até de massa muscular, ainda que não da mesma forma que ocorre quando há maior carga, como na musculação.

“Mas o idoso deve fazer o que gosta, que vai garantir maior tempo no programa e permanência, que é o que faz diferença no estilo de vida. Não adianta fazer musculação e treinar pesado se não gosta e a frequência for baixa”, orienta Crivoi do Carmo.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Exercícios isométricos, como prancha e agachamento, são melhores para reduzir a pressão arterial

Um novo estudo, envolvendo mais de 15 mil participantes, mostra que todos os exercícios são benéficos para a saúde, mas os isométricos tendem a ser mais rápidos e eficazes 

 

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

Quando se fala em definir estratégias de atividades físicas para a redução da pressão arterial, em geral a primeira alternativa que surge é fazer exercícios aeróbicos, como corrida e ciclismo. Mas um novo estudo, publicado no British Journal of Sports Medicine, sugere que vale a pena considerar outro tipo de atividade como uma ferramenta eficaz para prevenir e tratar a hipertensão: os exercícios isométricos, também chamados de estáticos.

“Os exercícios isométricos são caracterizados pela contração muscular sem que haja a realização de movimentos. Consiste em ficar estático, em uma posição específica, durante a execução do exercício. Eles podem ser desempenhados de uma forma sustentada ou intermitente, sendo a segunda uma forma mais dinâmica. Entre os exemplos, temos extensão de joelho, agachamento, agachamento na parede, elevação de quadril, prancha abdominal e hand grip (fortalecedor de mão e antebraço), entre outros”, explica Sayuri Inuzuka, cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia e pesquisadora da Unidade de Hipertensão Arterial da Universidade Federal de Goiânia (UFG).

Para chegar a essa conclusão, os autores fizeram uma revisão de 270 ensaios clínicos, realizados entre 1990 e 2023, envolvendo 15.827 participantes. Eles avaliaram o impacto da atividade física na pressão arterial em diferentes categorias de exercícios: HIIT (treinamento intervalado de alta intensidade), isométrico, aeróbico, treinamento de resistência dinâmica e uma combinação dos dois últimos.

Para fazer a análise, os autores definiram como pressão arterial saudável em repouso uma leitura abaixo de 130 mmHg por 85 mmHg (milímetros de mercúrio) e como pressão arterial elevada 140 por 90 mmHg, ou superior. Os primeiros números são a pressão arterial sistólica (medida durante a contração do coração, ou seja, a força exercida contra as paredes das artérias) e os números inferiores são a pressão diastólica (que é medida durante o relaxamento do coração, por isso é mais baixa).

À medida que as pessoas envelhecem, a pressão sistólica tende a aumentar e, por isso, ela é um importante preditor de risco para doenças cardiovasculares – e o seu controle é fundamental para prevenir ou retardar o desenvolvimento da hipertensão. Segundo a Diretriz Brasileira de Hipertensão, para chegar ao valor correto da pressão arterial, é preciso medi-la com a técnica correta em pelo menos duas ocasiões diferentes e na ausência de uso de medicamento anti-hipertensivo. Além disso, a diretriz recomenda validar as medidas por meio de uma avaliação fora do consultório pela Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) e Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA).

Os resultados da revisão de estudos apontaram que houve reduções na pressão arterial após o treinamento físico em todas as modalidades de exercícios, mas a diminuição foi maior após o treinamento físico isométrico. Os autores apontaram ainda que a realização de agachamentos na parede (exercício isométrico), por exemplo, foi mais eficaz para reduzir a pressão sistólica e a corrida (exercício aeróbico) foi mais benéfica para diminuir a pressão diastólica.

Segundo a cardiologista, os benefícios da prática de atividade física aeróbica sobre a redução da pressão arterial estão bem estabelecidos na literatura, mas pouco se sabe sobre o impacto dos exercícios isométricos. “O que a gente sabe é que as contrações isométricas geram a pressão intramuscular, limitam o fluxo sanguíneo no músculo em contração, gerando uma fadiga neuromuscular em função da redução do aporte de oxigênio. Isso aumenta o desequilíbrio metabólico, promovendo o ganho de força e a hipertrofia, e parece também melhorar a função endotelial”, afirma a médica ao explicar que ter a função endotelial adequada pode reduzir níveis pressóricos e, consequentemente, reduzir os eventos cardiovasculares.

Menos tempo de treino 

De acordo com a cardiologista, os resultados são importantes e podem ajudar a promover adequações nos treinos e até melhorar a adesão – os autores sugerem que os treinos isométricos seriam mais eficientes e, por isso, fazê-los demandaria dedicar menos tempo de treino em comparação com os exercícios aeróbicos.

“Por se tratar de uma metanálise de estudos com diferentes protocolos, as razões para explicar os achados ainda não são claras. Mas os resultados podem promover o apoio à redução na frequência de treinos, por exemplo, três vezes por semana, em oposição a uma frequência acima de cinco vezes semanais, melhorando a adesão e, consequentemente, um melhor atingimento de metas e a redução de eventos cardiovasculares”, diz a médica do Einstein, que ressalta que o melhor caminho seria realizar uma composição de diferentes exercícios. “Eu defendo que a pessoa faça aquele exercício que ela gosta de fazer, porque aí ela faria com frequência e não falharia.”

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a prática de 150 minutos semanais de exercícios de intensidade moderada. “O sedentarismo é um dos principais fatores de risco para a mortalidade global. Um estudo recente mostrou que crianças e adultos passam cerca de 55% do tempo acordados em sedentarismo, o que equivale a 7,7 horas do dia. A grande importância que vejo nesse estudo é a de que a prática de atividade física regular, independentemente do tipo de exercício, previne e controla a pressão arterial. O importante é sair do sedentarismo”, completou.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Exercícios físicos regulares diminuem o risco de câncer de próstata 

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que 71.730 novos casos da doença serão diagnosticados por ano no Brasil para o triênio 2023-2025 

 

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

Um estudo realizado com mais de 57 mil homens aponta que a prática regular de exercícios físicos aeróbicos pode reduzir o risco de desenvolvimento de câncer de próstata – o segundo tipo de câncer mais comum (atrás apenas do câncer de pele não melanoma) e também um dos mais letais em homens. Cerca de um em cada oito homens será diagnosticado com câncer de próstata durante a vida, de acordo com a American Cancer Society. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que 71.730 novos casos da doença serão diagnosticados por ano para o triênio 2023-2025. Por aqui, ele é a segunda causa de óbito por câncer em homens.

Para chegar aos resultados, os pesquisadores recolheram dados de 57.652 homens suecos que tinham participado de pelo menos dois testes de aptidão física para ver se aqueles que eram mais ativos tinham menos probabilidade de desenvolver o câncer. No período analisado, 1% deles desenvolveu a doença e 0,08% morreu tendo o câncer de próstata como causa primária de morte. Os pesquisadores concluíram que aqueles que melhoraram o condicionamento físico ao longo dos anos tinham menos risco de serem diagnosticados com a doença.

A idade é o principal fator de risco para o câncer de próstata, sendo mais incidente em homens com mais de 60 anos. Além disso, homens de raça negra e pessoas com histórico familiar desse tipo de câncer também têm risco aumentado para desenvolver o tumor.

Os pesquisadores ressaltam que dados americanos apontam que, se todos os adultos nos Estados Unidos cumprissem as diretrizes recomendadas de atividade física, os diagnósticos de câncer poderiam diminuir em cerca de 3% – cerca de 46 mil casos – todos os anos.

 

A importância do exercício 

Em 2019, uma revisão do American College of Sports Medicine apontou que a atividade física regular reduz significativamente o risco de câncer de bexiga, mama, cólon, endométrio, de esôfago, rim e estômago. A mesma análise também descobriu que ter o hábito regular de exercício físico estava ligado a melhores resultados do tratamento e ao prolongamento da esperança de vida dos que já viviam com câncer.

Agora, esse novo estudo endossa a importância do exercício físico na prevenção do câncer de próstata. Levar isso para a prática clínica exige uma abordagem completa e personalizada, integrando a atividade física como uma ferramenta essencial na prevenção, no tratamento e nos cuidados a longo prazo para pacientes com câncer.

“Os resultados desse estudo reforçam os impactos positivos dos exercícios na saúde global, para além dos benefícios cardiovasculares já conhecidos, fortalecendo a conscientização sobre a importância da atividade física em diversas áreas da saúde. A colaboração multidisciplinar entre profissionais de saúde também é fundamental para criar planos de exercícios individualizados, adaptados às necessidades de cada paciente”, disse Leonardo Borges, uro-oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein, que acrescenta ainda que é fundamental incorporar a discussão sobre a atividade física como uma parte integral das consultas clínicas, incentivando cada vez mais o engajamento contínuo do paciente.

De que forma o exercício físico ajudaria a prevenir o câncer de próstata? Segundo Borges, a relação entre o exercício físico e a prevenção do câncer está associada a várias hipóteses, incluindo o fortalecimento do sistema de defesa da pessoa – o que faria com que o organismo reagisse de forma mais eficaz contra as células cancerígenas.

“A prática regular de exercícios tem sido estudada por seus efeitos benéficos em vários aspectos. Uma das teorias que sustentam a conexão entre a atividade física e a menor incidência de câncer é a melhoria do sistema imunológico, que aumenta a atividade de células de defesa, como linfócitos e células natural killer (células que agem na defesa do organismo contra doenças, como cânceres). Isso poderia ajudar na detecção e eliminação de células cancerígenas”, explicou.

Borges acrescentou ainda que a atividade física regular também tem sido associada à redução da inflamação crônica no corpo – fator que pode contribuir para o desenvolvimento de várias doenças, incluindo o câncer. Além disso, os exercícios físicos são uma ferramenta importante para o controle do peso corporal e a obesidade está associada ao maior risco de vários tipos de câncer, entre eles, o de próstata.

Outro fator importante, de acordo com o médico do Einstein, é que a prática regular de exercícios também pode melhorar a saúde metabólica, incluindo a sensibilidade à insulina – isso pode ser especialmente relevante na prevenção de cânceres associados à resistência à insulina, como o câncer de cólon e o de mama. “É importante notar que esses mecanismos não atuam isoladamente e podem interagir de maneiras complexas. As pesquisas têm caminhado no sentido de explorar essas relações para fornecer uma compreensão mais abrangente de como o exercício influencia a prevenção do câncer”, alertou o urologista.

 

Quanto fazer de exercício?

As diretrizes de atividade física mais amplamente difundidas incluem fazer pelo menos 150 minutos de atividade aeróbica moderada por semana ou pelo menos 75 minutos de atividade aeróbica vigorosa por semana, ou uma combinação equivalente de atividade moderada e vigorosa. Exemplos de atividades aeróbicas incluem caminhada rápida, corrida, ciclismo, natação e dança, entre outras. As atividades de fortalecimento muscular envolvendo grandes grupos musculares devem ser feitas em dois ou mais dias por semana: musculação, levantamento de peso, ioga, pilates etc.

Borges lembra que essas são diretrizes gerais e ressalta que a quantidade ideal de exercício pode variar de pessoa para pessoa, dependendo de fatores como idade, saúde geral, condições médicas específicas e metas individuais. “Qualquer quantidade de atividade física é melhor do que nenhuma e pequenas melhorias na atividade podem levar a benefícios significativos para a saúde.”

 

Câncer curável 

Se descoberto em suas fases iniciais, o câncer de próstata tem mais chances de cura, já que a detecção precoce permite intervenções médicas antes que o câncer tenha se espalhado, aumentando as chances de sucesso no tratamento. O exame de rastreamento comum para o câncer de próstata envolve a dosagem do PSA no sangue (antígeno prostático específico) e o exame da próstata através do toque retal.

No entanto, segundo o uro-oncologista, mesmo com a disponibilidade de métodos simples de detecção precoce, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos para conseguir fazer esse diagnóstico precoce, entre eles a falta de sintomas nas fases iniciais, que pode levar à demora na busca por cuidados médicos e consequentemente ao diagnóstico tardio.

Segundo o médico, a falta de abertura para discutir a saúde sexual masculina e o estigma relacionado ao exame de toque retal podem contribuir para a hesitação em procurar exames de rastreamento. Há também fatores socioeconômicos, que podem afetar o acesso a cuidados médicos e, consequentemente, impedir o diagnóstico e tratamento em tempo oportuno.

O médico finaliza dizendo que hoje em dia não podemos falar de câncer de próstata apenas durante campanhas como a Novembro Azul, o mês dedicado à prevenção desse tipo de câncer. “Cada vez mais, precisamos incentivar ações e falar sobre a prevenção e mudanças de hábitos simples, que potencialmente protegem os pacientes”, finalizou.

Fonte: Agência Einstein

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