ATIVIDADE FÍSICA

Saúde

Saiba os benefícios do alongamento e como praticar do jeito certo

Prática acessível a qualquer idade, o alongamento melhora flexibilidade, postura e circulação, mas ainda gera dúvidas sobre forma correta e quando incluir na rotina

Por Thais Szegö, da Agência Einstein

O alongamento faz parte do vocabulário de quem frequenta academias e estúdios de pilates, mas também pode — e deve — ser incorporado ao dia a dia de pessoas que não têm rotina de treinos. Trata-se de uma prática simples e acessível que pode ser aprendida em aulas específicas, em modalidades como ioga, ou mesmo em orientações rápidas de profissionais da saúde.

Embora pareça apenas “esticar o corpo”, o alongamento tem impacto direto na flexibilidade, na postura, na circulação e até na prevenção de dores musculares. Os exercícios, que podem ser feitos de forma estática ou dinâmica, duram em média de 15 a 30 segundos por grupo muscular, e podem ser adaptados conforme a idade, a condição física e o objetivo de cada pessoa.

Ainda assim, permanecem muitas dúvidas: é melhor alongar antes ou depois do treino? Quem não se exercita também precisa se alongar? E qual a diferença prática entre o alongamento estático e o dinâmico? Para esclarecer essas e outras questões, especialistas ouvidos pela Agência Einstein explicam os reais benefícios da prática e os cuidados para incorporá-la de forma segura e eficaz à rotina.

1 – Quais são os benefícios do alongamento?

Um dos principais focos desse tipo de exercício é a melhora da flexibilidade, ou seja, a capacidade de realizar movimentos com grandes amplitudes. Isso está diretamente ligado à autonomia funcional, inclusive na velhice, ao bem-estar e à saúde das articulações. Mas, os ganhos que ele oferece vão além: ainda melhora a circulação, o relaxamento, a percepção corporal, diminui rigidez muscular e a previne dores.

“Também podemos citar a contribuição para a postura e para a realização de movimentos mais eficientes no dia a dia e nos treinos”, acrescenta o médico do esporte e fisiatra Fabrício Buzatto, do Hospital Universitário da Universidade Federal do Espírito Santo.

Vale ressaltar que não é uma prática obrigatória para todos. “Mas, ela tem um impacto positivo, especialmente quando bem planejada”, complementa o profissional de educação física Everton Crivoi do Carmo, responsável pela preparação física no Espaço Einstein Esporte e Reabilitação, do Einstein Hospital Israelita.

2 – Devem ser feitos antes ou depois do treino de força? Ou o ideal é uma aula separada?

Segundo o especialista do Espaço Einstein, a ciência já tem uma boa resposta para essa questão. “Antes do treino de força, os alongamentos estáticos de longa duração e intensos não são recomendados. Se forem usados, devem ser curtos e dinâmicos, funcionando como uma estratégia de aquecimento e preparo da musculatura”, explica.

Após o treino os movimentos não reduzem a dor muscular tardia, a famosa dor do dia seguinte, nem evitam lesões, mas podem proporcionar relaxamento e estimular a circulação. Já as aulas exclusivas de alongamento ou modalidades que trabalham esse aspecto, como ioga ou pilates, são boas opções para quem tem pouca flexibilidade ou sente muita rigidez.

3 – O que é alongamento dinâmico? Quando ele é indicado?

Diferente do alongamento estático, em que o corpo permanece em uma posição fixa para esticar determinado músculo — geralmente indicado para momentos fora do treino —, o alongamento dinâmico envolve movimentos controlados e repetitivos. Esse tipo de prática aumenta o fluxo sanguíneo, eleva a temperatura e a oxigenação muscular, além de melhorar a mobilidade, preparando o corpo para a atividade física e reduzindo o risco de lesões.

4 – Mesmo quem não faz atividades físicas constante pode se beneficiar com o alongamento?

Sim. Mesmo quem não tem o hábito de se exercitar pode perceber ganhos na qualidade de vida, como melhora na circulação, maior facilidade para realizar movimentos do dia a dia — abaixar-se ou alcançar objetos no alto, por exemplo — e aumento de força em pessoas sedentárias. A prática ainda proporciona benefícios para quem passa muito tempo sentado ou em pé, pois ajuda a reduzir tensões musculares e previne dores lombares e cervicais”, diz Buzatto.

5 – É normal o alongamento provocar dores intensas?

Não. Durante o alongamento, é comum sentir apenas uma leve tensão nos músculos, nunca dor intensa ou desconforto exagerado. Sentir dor é um sinal de que o corpo pode estar sendo forçado além dos limites, o que pode causar lesões. É importante respeitar o próprio ritmo e a amplitude de movimento de cada pessoa. Além disso, o alongamento não substitui o fortalecimento muscular: os dois se complementam, já que um músculo saudável precisa ser, ao mesmo tempo, forte e flexível. Incorporar exercícios de força ajuda a proteger articulações, melhorar a postura e potencializar os benefícios do alongamento.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Musculação em alta: confira os treinos que mais cresceram em buscas no Google no último ano

Créditos: iStock/ Gilaxia

Levantamento da agência Conversion entre junho de 2024 e junho de 2025 revela  que treinos focados em pernas e pescoço registraram alta nas pesquisas

A procura por determinados exercícios de musculação apresentou aumento significativo entre junho de 2024 e junho de 2025, segundo levantamento da agência de SEO Conversion.

Considerando as buscas no Google no período, os termos “treino perna completo”, “treino búlgaro” e “treino de pescoço” cresceram 47,73%, 30% e 22,22%, respectivamente.

Treino de perna completo

O treino de perna completo pode ser desafiador, mas seus benefícios vão além da tonificação. Isso porque trabalhar esta região promove força, resistência e estabilidade – essenciais para o equilíbrio do corpo.

As pernas abrigam alguns dos maiores músculos do organismo, como quadríceps, isquiotibiais, glúteos e panturrilhas, que desempenham papel fundamental no sistema circulatório, auxiliando no retorno do sangue ao coração.

Além disso, trabalhar estes músculos aumenta o gasto energético basal (ajuda no controle do peso), melhora a força e a resistência, protege as articulações e reduz dores lombares.

Entre os exercícios que compõem o treino de perna completo, estão agachamento, leg press, stiff, flexora, extensora, adução e abdução de quadril.

Treino búlgaro

Também conhecido como agachamento búlgaro, integra os exercícios para membros inferiores e trabalha principalmente quadríceps e glúteos.

Realizado com uma das pernas apoiada em um banco ou cadeira e a outra no chão, promove fortalecimento muscular, definição, flexibilidade das articulações e maior equilíbrio corporal. Por ser menos exigente para a lombar, reduz o risco de sobrecarga na região.

Para isso, pode ser feito com o peso do próprio corpo ou utilizando halteres, e variações de postura permitem focar em diferentes músculos.

Treino de pescoço

Embora seja menos comum nas rotinas de musculação, o treino de pescoço é essencial para manter a estabilidade cervical, melhorar a postura e prevenir dores decorrentes do uso prolongado de dispositivos eletrônicos. Em esportes de contato, como judô e futebol americano, o fortalecimento ajuda a evitar lesões causadas por impactos repetidos.

Além disso, o trabalho da musculatura cervical reduz tensões e auxilia no alinhamento postural, beneficiando o corpo como um todo. Assim, exercícios isométricos, nos quais a testa, as laterais e a nuca são pressionadas contra a resistência das mãos, fortalecem a região.

Outra opção é a extensão axial ativa, em que o indivíduo encosta as costas na parede, leva o queixo em direção ao peito e estica para cima, mantendo o movimento controlado. Para recrutar ainda mais fibras musculares, é importante fazer enrolamentos, sempre com a cabeça levemente suspensa para ampliar a amplitude.

A importância da suplementação nos treinos

Além de uma rotina de exercícios estruturada, os atletas e praticantes da musculação também utilizam a suplementação nutricional, uma vez que esta otimiza resultados, melhora a recuperação e mantém a saúde geral.

Entre os mais comuns, está o whey protein, rico em proteínas de alto valor biológico. Desse modo, contribui para recuperação muscular, ganho de massa magra e aumento da saciedade.

Outro suplemento bastante utilizado é a creatina monohidratada, um composto formado por aminoácidos presentes nos músculos e no cérebro. Ela fornece energia rápida para atividades de alta intensidade, melhora a força e favorece o ganho de massa muscular, além de ajudar na recuperação pós-treino.

Além disso, a glutamina é outro aminoácido importante, conhecido por fortalecer o sistema imunológico, melhorar a saúde intestinal e auxiliar na recuperação muscular. Ela também pode servir como fonte de energia alternativa e ajudar na redução da fadiga.

Antes de iniciar o uso de qualquer destes itens, a orientação de um nutricionista especializado é fundamental para adequar a dosagem e evitar riscos. Lembrando que a suplementação deve ser vista como complemento a uma dieta equilibrada e a um treino adequado, e não como substituta de hábitos saudáveis.

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Saúde

Sedentarismo faz crianças e adolescentes perderem força muscular

Pesquisadores brasileiros analisaram artigos publicados entre 1978 e 2024 e constataram declínio no nível de atividade física nas últimas décadas

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

Uma revisão de estudos realizada por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), junto a cientistas da Austrália e da França, traz à tona um fenômeno preocupante: a dinapenia infantil, nome dado à perda de força e potência muscular entre crianças e adolescentes.

“A revisão se baseou em uma série de estudos publicados entre 1978 e 2024 e revelou que há um severo declínio no nível de atividade física e força muscular nas últimas décadas entre crianças e adolescentes”, diz à Agência Einstein o profissional de educação física Cássio Víctora Ruas, PhD em Ciências do Esporte e do Exercício e autor do estudo. Os resultados foram publicados no periódico Conexões, da Faculdade de Educação Física da Unicamp.

Tradicionalmente associada ao envelhecimento, a dinapenia infantil tem surgido cada vez mais cedo, impulsionada pelo estilo de vida sedentário e uso excessivo de telas, intensificado principalmente após o isolamento social provocado pela pandemia de Covid-19.

Em geral, as crianças têm ficado mais tempo em casa ou em ambientes internos, deixando de brincar ao ar livre. “O reflexo disso tem sido o surgimento de problemas de saúde que até então aconteciam principalmente na população idosa, como obesidade sarcopênica, osteopenia, distúrbios cardiometabólicos e, principalmente, dinapenia, que é a redução dos níveis de força muscular não causada por doenças neuromusculares”, explica Ruas.

Segundo o pesquisador da Unicamp, estudos têm demonstrado que, hoje em dia, os pequenos apresentam níveis significativamente menores de força e potência muscular em testes de saltos, suspensão na barra, resistência abdominal e extensão de joelhos. Para saber se esse pode ser o caso do seu filho, preste atenção a alguns sinais. “Se a criança passa a maior parte do tempo sentada, em frente a telas, evita brincar ou tem dificuldade em tarefas motoras simples, pode ser um indicativo”, diz. “Nessas situações, a orientação de médicos e o acompanhamento por profissionais de educação física são fundamentais.”

Para o educador físico Everton Crivoi, doutor em ciências do esporte e responsável pela preparação física no Espaço Einstein de Esporte e Reabilitação, do Einstein Hospital Israelita, a dinapenia infantil é preocupante não apenas por sua crescente prevalência, mas pela dificuldade em diagnosticá-la. “O conceito ainda carece de critérios diagnósticos clínicos padronizados, o que pode dificultar a quantificação precisa do fenômeno”, observa.

A força muscular é essencial não só para a prática esportiva, mas também para o desenvolvimento motor e a prevenção de doenças crônicas. “Crianças com níveis adequados de força muscular tendem a apresentar menor índice de massa corporal, maior densidade mineral óssea e menor risco de doenças cardiovasculares e metabólicas ao longo da vida”, comenta Cássio Ruas.

Sem medo

Daí porque seria interessante rever a ideia de que o treinamento de força é “coisa de adulto”. “Evidências científicas vêm demonstrando os efeitos positivos do treino de força para crianças, principalmente quando feito de maneira lúdica”, afirma o autor da pesquisa. Entre os benefícios desses exercícios estão prevenção de lesões e ganhos metabólicos, como incrementos no perfil lipídico e na sensibilidade à insulina. “A prática melhora a composição corporal, o controle motor, a postura, a autoestima e ainda fortalece habilidades básicas como correr, saltar, empurrar e puxar”, acrescenta Crivoi.

O treinamento de força para o público infantil não se resume à musculação tradicional. “Existem várias formas de aplicar esse tipo de treino, como o uso do peso corporal, pesos livres adaptados ou até métodos lúdicos, como o Fundamental Integrative Training (FIT), no qual as crianças podem fazer movimentos de animais utilizando seu peso corporal para realizar contrações musculares e aumentar a força de forma divertida”, ilustra Ruas.

Esses exercícios podem (e devem) ser adaptados a qualquer nível de aptidão, inclusive para crianças mais sedentárias ou com sobrepeso, que às vezes não se sentem confortáveis em esportes competitivos. Mas a supervisão de um profissional de educação física é essencial. “Exercícios devem ser realizados em ambiente seguro, com instrução adequada e atenção à progressão de carga e ao estágio de desenvolvimento da criança,” reforça o pesquisador.

O olhar de um pediatra também é importante. “São eles que identificam muitas vezes comportamentos sedentários e podem encaminhar para programas de exercício apropriados a serem orientados por profissionais de educação física”, observa Ruas.

E não se preocupe: com acompanhamento adequado, esses exercícios não vão prejudicar o crescimento do seu filho. “Nenhum estudo sério mostra prejuízo ao crescimento quando o treino é bem orientado”, assegura o profissional do Einstein. Outro equívoco é pensar que crianças não se beneficiam porque não têm hormônios como a testosterona. “Embora o ganho de massa muscular seja limitado antes da puberdade, os ganhos de força neural são significativos”, afirma Crivoi. Com orientação, os benefícios certamente são maiores do que os riscos associados ao sedentarismo.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Exercício físico prolonga a sobrevida de pacientes com câncer colorretal

Em ensaio clínico apresentado na ASCO 2025, pacientes que se mantiveram ativos após tratamento oncológico apresentaram uma redução relativa de 37% no risco de morte

Fernanda Bassette, da Agência Einstein

A atividade física oferece uma série de benefícios para pessoas com câncer, durante e após o tratamento. Do ponto de vista clínico, cada vez mais trabalhos demonstram que a prática de exercícios pode reduzir o risco de recorrência da doença. Agora, um amplo estudo apresentado durante a ASCO 2025, a reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, realizada em Chicago, nos EUA, entre os dias 29 de maio e 2 de junho, reforça essa recomendação.

Publicado no último dia 1º de junho no New England Journal of Medicine, o trabalho traz evidências robustas de que um programa estruturado de exercícios físicos pode melhorar significativamente a sobrevida e a qualidade de vida de pacientes com câncer colorretal e foi considerado um marco na oncologia comportamental.

O estudo CHALLENGE (Colon Health and Lifelong Exercise Change) foi conduzido ao longo de 15 anos em 55 centros médicos, principalmente no Canadá e na Austrália. Durante esse período, os pesquisadores acompanharam 889 pacientes com câncer colorretal que haviam feito a cirurgia para ressecção do tumor e concluído a quimioterapia adjuvante — procedimento padrão no tratamento.

Eles foram divididos aleatoriamente em dois grupos: um recebeu apenas material educativo sobre saúde e bem-estar, enquanto o outro grupo participou de um programa estruturado de exercícios físicos por três anos, com acompanhamento profissional e sessões supervisionadas.

Os resultados são notáveis: após um acompanhamento de quase oito anos, a sobrevida livre de doença em cinco anos foi de 80,3% na turma que praticou exercícios, contra 73,9% no grupo controle. A sobrevida global em oito anos também foi significativamente maior entre os que se exercitaram – 90,3% em comparação a 83,2% do controle. Isso representa uma redução relativa de 37% no risco de morte ou de 6% em termos absolutos, reforçando o impacto clínico dessa intervenção não farmacológica.

“Essa é uma diferença bastante significativa. É um resultado muito próximo do que alcançamos com a quimioterapia”, destaca o oncologista clínico Diogo Bugano, do Hospital Israelita Albert Einstein, que acompanhou a apresentação do trabalho presencialmente na ASCO. “Importante dizer que o exercício não substitui o tratamento e todos os pacientes do estudo fizeram a quimioterapia, além da atividade física. E o estudo mostra que a atividade física foi tão importante quanto fazer a quimioterapia.”

O impacto dos exercícios

O programa de exercícios físicos foi cuidadosamente desenhado para promover a prática segura e eficaz de atividades físicas entre sobreviventes do câncer. Nos primeiros seis meses, os pacientes participaram de 12 sessões presenciais de apoio comportamental e 12 sessões de exercícios supervisionados, com a meta de alcançar ao menos 10 MET-horas de atividade física moderada a vigorosa por semana, o equivalente a, por exemplo, 150 minutos de caminhada rápida.

Nos dois anos e meio seguintes, a intervenção foi mantida com sessões mensais e suporte remoto. A adesão ao programa foi considerada alta, principalmente nos primeiros 12 meses, e diminuiu gradualmente ao longo dos anos — o que, ainda assim, não impediu os efeitos positivos na sobrevida com qualidade.

Além dos benefícios na sobrevida, os pacientes ativos apresentaram melhorias consistentes na aptidão física, como maior consumo máximo de oxigênio e maior distância percorrida em testes de caminhada. A função física autorrelatada também melhorou de maneira significativa, apontando ganhos na qualidade de vida.

Curiosamente, o peso corporal e a circunferência abdominal dos participantes não apresentaram grandes mudanças, o que sugere que os benefícios do exercício estão mais ligados a mecanismos metabólicos, inflamatórios e imunológicos do que à perda de peso em si.

Para Bugano, esses achados têm grande relevância para a prática médica, pois evidenciam que a atividade física estruturada deve ser considerada parte do tratamento do câncer. “Quando termina a quimioterapia, muitos pacientes perguntam o que mais podem fazer para evitar que a doença volte. Agora, temos uma evidência sólida de que o exercício físico tem um papel essencial nesse cuidado”, observa o oncologista.

De acordo com o especialista, o exercício deve receber a mesma atenção que a quimioterapia, e o profissional de educação física passa a ter um papel tão relevante quanto o do próprio oncologista no cuidado com o paciente.

Mas não é preciso ter pressa nem se cobrar demais: no estudo, os participantes começaram a se exercitar em média três meses após o fim da quimioterapia, e mantiveram a prática por pelo menos dois anos. “Os resultados não são imediatos, então não há motivo para culpa. O importante é começar, sempre é tempo. Esse é um compromisso de longo prazo com a própria saúde”, frisa Bugano.

Dieta também interfere

Esses achados ganham ainda mais relevância quando analisados junto a dados apresentados no mesmo congresso sobre o papel da dieta na sobrevida de pacientes com câncer colorretal.

Um estudo liderado por especialistas do Dana-Farber Cancer Institute, nos Estados Unidos, analisou a dieta autorrelatada de 1.625 pacientes e mostrou que aqueles que mantinham uma alimentação baseada em produtos considerados inflamatórios (carne vermelha, carne de porco, ultraprocessados e alguns tipos de peixes) tinham um risco 87% maior de morte em comparação com os que seguiam dietas menos inflamatórias (baseada em vegetais, carnes brancas e oleaginosas).

“O estudo analisou especificamente pacientes com câncer de intestino e, embora não tenha comprovado uma redução nas recidivas da doença, mostrou que uma dieta saudável está associada a uma menor mortalidade, tanto por câncer quanto por outras causas”, explica Diogo Bugano.

Isso indica que, se o câncer voltar, os desfechos tendem a ser piores em pacientes com uma alimentação inflamatória. O oncologista também enfatiza que se trata de um estudo observacional, ou seja, mostra uma associação importante, mas não estabelece uma relação de causa e efeito direta.

Cada vez mais frequente em adultos jovens, o câncer colorretal deve acometer quase 46 mil pessoas no triênio de 2023 a 2025 no Brasil, segundo as estimativas mais recentes do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Sem considerar os tumores de pele não melanoma, ele ocupa a terceira posição entre os tipos de câncer mais frequentes no país.

A combinação de dieta saudável e atividade física regular pode, portanto, ser uma abordagem sinérgica para melhorar o prognóstico de pacientes com a doença. Inclusive, médicos devem considerar a “prescrição” de um estilo de vida saudável como parte do tratamento oncológico. Afinal, não basta tratar o câncer, é preciso cuidar do paciente de forma integral, com orientação sobre comportamento, nutrição e movimento.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Caminhar mais de 7 mil passos por dia afasta a depressão, conclui estudo

Pesquisa mostra associação entre maior quantidade de passos e menos sintomas; atividade física reduz o hormônio do estresse e ajuda a melhora o humor

 

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

Já se sabe que a atividade física melhora sintomas de depressão, mas há evidências de que quanto mais a pessoa caminhar, melhor. Acima de 7 mil passos por dia, por exemplo, o risco de sofrer com a doença é 31% menor, segundo uma revisão de estudos publicada recentemente no periódico Jama.

Os resultados mostram que há uma forte correlação entre maior quantidade diária de passos e menos sintomas depressivos, assim como menor prevalência do risco de depressão. Os maiores benefícios foram observados em quem dá mais de 7 mil passos diários; acima dessa marca, para cada mil passos adicionais, o risco cai 9%. Por outro lado, caminhar menos do que 5 mil passos diários foi associado a benefícios menores.

“A associação entre atividade física e menos sintomas depressivos é bem estabelecida na literatura médica, apontando, geralmente, que é necessário mais do que uma leve caminhada”, diz o psiquiatra Elton Kanomata, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Este estudo tem como novidade apontar a associação com a quantidade de passos em vez do tipo de atividade física.”

Para chegar ao resultado, pesquisadores da Universidade de Castilla-La Mancha, na Espanha, e de outras instituições, avaliaram 33 estudos observacionais, totalizando mais de 96 mil adultos com idades entre 18 e 91 anos.

Entre os mecanismos por trás desses benefícios, os especialistas apontam mudanças fisiológicas e psicológicas. A atividade física aumenta os níveis de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, conhecidos por melhorar o humor, e reduz os índices de cortisol, o hormônio do estresse. “Além disso, a prática regular de exercícios pode melhorar a qualidade do sono, e dormir bem ajuda a restaurar o equilíbrio emocional e a capacidade de lidar com o estresse”, explica Kanomata.

Exercitar-se regularmente ainda pode aumentar a autoestima ao proporcionar uma sensação de conquista e bem-estar e promover a interação social, que é um fator protetor contra a depressão.

“A abordagem de passos diários tem o potencial de melhorar a comunicação, a adesão, o feedback, a prescrição e o automonitoramento em relação aos níveis de atividade física. Portanto, estabelecer metas para o número de etapas diárias pode ser uma estratégia de saúde pública promissora e inclusiva para prevenir a depressão”, observa o especialista.

Mas é possível começar aos poucos: segundo os autores, sair do sedentarismo já é um passo importante para evitar a depressão. Mesmo pequenas quantidades podem ser relevantes, principalmente para aqueles com limitações no dia a dia.

Vale lembrar que outras atividades, como as aeróbicas, de força e as práticas mente-corpo, como tai chi chuan ou ioga, também são associadas com menos sintomas depressivos.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Estudo da Unicamp revela que exercícios evitam que dor muscular aguda se torne crônica

Estudo descreve um dos mecanismos pelos quais o exercício físico consegue prevenir a dor muscular. Foto: Divulgação

 

Atividade física faz com que células imunes envolvidas no processo inflamatório adquiram um perfil anti-inflamatório; achado abre caminho para novas abordagens terapêuticas

Agência SP

Estudo conduzido na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) investigou o processo de cronificação da dor muscular – ou seja, quando ela passa de aguda para crônica – e identificou um dos mecanismos pelos quais a prática de exercício físico previne essa transição, protegendo o organismo da inflamação e da dor persistente. Os resultados foram divulgados na revista PLOS ONE.

O objetivo do trabalho foi detalhar a participação dos macrófagos nesse processo. Isso porque dados da literatura científica já indicavam que essas células de defesa têm papel-chave tanto no início da fase aguda da dor muscular inflamatória quanto na transição para a dor crônica.

Por meio de experimentos com camundongos, os pesquisadores descobriram que um receptor presente na membrana das células de defesa (denominado P2X4) é um dos responsáveis por desencadear a cronicidade da dor inflamatória muscular. Outra descoberta importante é que, por meio do exercício físico, é possível ativar uma via de sinalização comum ao P2X4, tornando o macrófago anti-inflamatório e, assim, prevenindo a cronificação da dor muscular.

“Observamos, em camundongos, que a ativação da via de sinalização do P2X4 no macrófago é prevenida pelo exercício físico, evitando o processo de transição da dor aguda para a crônica. Dessa forma, conseguimos descrever um dos mecanismos pelos quais o exercício físico consegue prevenir a dor muscular”, conta Maria Cláudia Gonçalves de Oliveira, coordenadora do Laboratório de Estudos em Dor e Inflamação (Labedi) e autora do artigo.

Segundo Oliveira, os achados abrem caminho para o desenvolvimento de fármacos ou de novos protocolos de combate à dor muscular.

“Países como Estados Unidos e Canadá vivem uma epidemia de consumo de opioides e há um esforço para reduzir o uso desses medicamentos no tratamento da dor crônica. Dessa forma, ao compreender como o exercício físico atua para prevenir a cronificação, é possível identificar alternativas para novos medicamentos que atuem em sinergia com o exercício físico, de forma mais específica e segura para a dor muscular”, afirma a pesquisadora.

Experimentos

No trabalho, camundongos realizaram exercício de natação periodizado de intensidade progressiva, cinco dias por semana, durante quatro semanas.

Após esse período, os pesquisadores simularam nos animais uma lesão muscular inflamatória, que resulta em dor intensa. “Como a inflamação gerada pelo estímulo não foi tratada, o esperado era que gerasse uma série de alterações no tecido muscular, resultando no aumento da predisposição à cronificação. No entanto, isso não foi observado nos animais que praticaram exercício físico previamente ao estímulo inflamatório”, conta Oliveira.

Por meio de análises farmacológicas e biomoleculares, os pesquisadores identificaram que o exercício inibiu uma via de sinalização comum aos receptores P2X4 em macrófagos, graças à ativação de receptores denominados PPAR-Gama, já associados à prevenção da dor muscular pelo exercício físico em estudos anteriores.

“Sugerimos que a ativação de sinalização do P2X4 [mediada por uma proteína conhecida como p38 MAPK] gera ativação de macrófagos e aumento de citocinas inflamatórias. E observamos que o exercício, por meio do PPAR-Gama, modula a ativação da p38 MAPK. No entanto, ainda não sabemos se esse processo ocorre por inibição direta dos receptores P2X4, por controle da fosforilação da p38 [processo bioquímico que adiciona grupos fosfato à proteína, regulando a sua função] ou por aumento do perfil anti-inflamatório dos macrófagos”, afirma.

A pesquisadora destaca ainda que as vias parecem convergir na regulação da hiperalgesia muscular inflamatória, fornecendo uma estrutura para entender a base molecular e celular da progressão da dor muscular em condições inflamatórias. “A fase aguda da inflamação, caracterizada pela fosforilação de p38 MAPK e polarização de macrófagos para um fenótipo pró-inflamatório, representa um período crítico para intervenção. Portanto, explorar o período ideal para intervenção com antagonistas de P2X4 [moléculas que inibem a função receptor] ou agonistas de PPAR-Gama [moléculas que ativam o receptor] pode otimizar a eficácia terapêutica”, afirmam os autores.

A investigação contou com apoio da Fapesp por meio de dois projetos (21/02921-2 e 18/13599-1).

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Saúde

Aumentar em 30 minutos os treinos de cardio impacta a composição corporal

Estudo mostra como cada meia hora de atividade aeróbica afeta medidas como peso e nível de gordura — mas a intensidade deve ser de moderada a vigorosa

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

Já se sabe que praticar exercícios ajuda a perder peso. Para obter mudanças na composição corporal, a recomendação mínima é de 150 minutos semanais de exercício aeróbico moderado. Mas um novo estudo mostra que quanto mais, melhor: cada meia hora a mais dessas modalidades, somando 300 minutos na semana, acelera esses resultados.

A conclusão é de uma metanálise publicada em dezembro de 2024 no periódico Jama. A pesquisa investigou a associação entre diversas intensidades e durações de exercícios com medidas de gordura corporal. Para isso, foram revisados 116 ensaios clínicos feitos em diversos países da América, Ásia, Europa, Austrália e África, envolvendo 6.880 adultos.

Todos os trabalhos acompanharam grupos de pacientes que fizeram exercícios supervisionados (como caminhada ou corrida) por, no mínimo, oito semanas, além de um grupo controle que manteve suas atividades usuais.

Ao final da análise, os autores viram que cada incremento de 30 minutos por semana de exercício aeróbico impacta a composição corporal: a cada meia hora de cardio, houve uma redução média de 0,52 kg de peso corporal, 0,56 cm de cintura e 0,37% de gordura corporal no período avaliado.

“A principal novidade desse estudo foi estabelecer uma relação dose-resposta entre a quantidade de exercício aeróbico e a redução de medidas como peso corporal, circunferência da cintura e percentual de gordura”, analisa o profissional de educação física Brendo Faria Martins, especialista em fisiologia do exercício do Espaço Einstein de Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein.

No entanto, os maiores efeitos são observados com exercícios de moderada a alta intensidade. A atividade aeróbica leve pode trazer benefícios, mas não foi associada a reduções significativas na composição corporal, segundo a pesquisa.

“[O estudo] fornece uma orientação clara para pessoas que buscam perder peso e mostra que mesmo pequenas quantidades de exercício podem ter efeitos benéficos. Ele também reforça a recomendação de que, para atingir mudanças clinicamente significativas na composição corporal, é necessário acumular pelo menos 150 minutos de exercício aeróbico de intensidade moderada por semana”, ressalta Martins.

A combinação com musculação traz benefícios adicionais. “Enquanto os exercícios aeróbicos são eficientes na redução do peso corporal e da gordura, o treinamento de força ajuda a preservar ou aumentar a massa muscular, evitando a perda de músculos com a gordura. A musculação também evita a redução do metabolismo basal, ajudando o organismo a gastar mais calorias mesmo em repouso. Por isso, combinar a musculação com exercícios aeróbicos pode gerar melhores resultados a longo prazo”, orienta o especialista.

Vale lembrar que a perda de peso depende de um balanço energético negativo, ou seja, é preciso consumir menos calorias do que se gasta. “Sem ajustes na alimentação, o impacto da atividade física pode ser limitado”, pondera Martins.

Como saber a intensidade de uma atividade?

Aprenda a identificar o nível do seu treino:

Atividade física leve: corresponde a 40-55% da frequência cardíaca máxima — cálculo que depende da idade e do condicionamento físico da pessoa e deve ser feito por um especialista. Exemplos: caminhada em ritmo lento, alongamento ou ioga leve, atividades do dia a dia como tarefas domésticas.

Atividade física moderada: vai de 55 a 70% da frequência cardíaca máxima. Exemplos: caminhada rápida e andar de bicicleta em velocidade moderada.

Atividade física vigorosa: atinge de 70 a 90% da frequência cardíaca máxima. Exemplos: corrida e aulas de HIIT (exercício intervalado de alta intensidade).

Além disso, uma forma prática e acessível de definir a intensidade do exercício aeróbico é pelo talk test (teste de fala, em português), técnica que se baseia na capacidade de falar durante o treino.

Os exercícios leves permitem conversar confortavelmente; em atividades moderadas, ainda é possível falar, mas com certo esforço; já em exercícios vigorosos, a fala torna-se difícil, sendo possível pronunciar poucas palavras entre as respirações.

“Esse método simples pode auxiliar praticantes de diferentes níveis a ajustar a intensidade de seus treinos sem a necessidade de monitoramento da frequência cardíaca”, ensina Martins.

Fonte: Agência Einstein

 

 

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Saúde

Menos de meia hora de atividade física ajuda a melhorar a cognição

Revisão de estudos nos EUA mostra que alguns minutos de exercícios já são capazes de melhorar a memória, a atenção e a capacidade de planejar e executar tarefas

Por Thais Szegö, da Agência Einstein 

Há muitos anos, cientistas vêm encontrando evidências de que a prática frequente de atividades físicas proporciona benefícios ao funcionamento cerebral. E há indícios de que não é preciso se esforçar muito para obter essas vantagens. Publicado na revista Communications Psychology, um estudo recente aponta que malhar apenas durante alguns minutos é o suficiente para beneficiar diversas áreas cerebrais.

Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Santa Barbara, nos Estados Unidos, analisaram 113 trabalhos científicos publicados entre 1995 e 2023 que envolveram 4.390 pessoas, com idades de 18 a 45 anos. Eles concluíram que uma sessão pontual de exercícios já aprimorou diversas funções cognitivas, em especial a memória, a atenção, o processamento de informações e a função executiva, que está ligada ao planejamento e a execução e manutenção de tarefas.

Também ficou evidente que as atividades vigorosas têm os maiores efeitos no cérebro — o treinamento intervalado de alta intensidade, conhecido como HIIT, apresentou os resultados mais consistentes. Além disso, a repercussão foi maior após o treino, em comparação aos testes feitos durante os exercícios. Os resultados foram mais significativos após sessões de menos de 30 minutos do que após as que ultrapassaram meia hora.

Esses achados são ainda mais importantes levando em conta que os participantes eram adultos.

“A maioria dos trabalhos dessa natureza é focada em idosos e crianças e, nesse caso, temos dados interessantes sobre uma população pouco estudada, mas que merece atenção”, avalia o educador físico Caio Novaes, do Espaço Einstein – Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein. Adultos são os mais afetados por fatores como estresse, ansiedade e diminuição do sono, gerados por múltiplas tarefas envolvendo trabalho, estudo e filhos, o que pode gerar prejuízos cognitivos.

De acordo com os pesquisadores dos EUA, uma única sessão de exercícios desencadeia uma cascata de reações químicas similar à que acontece quando a pessoa treina com frequência. Isso inclui um aumento na síntese dos neurotransmissores dopamina (proporciona prazer), acetilcolina (regula a memória, o aprendizado e o sono) e ácido gama-aminobutírico, conhecido como GABA, que tem efeito relaxante. Os fatores neurotróficos — substâncias que atuam na sobrevivência, na manutenção e no desenvolvimento de células do sistema nervoso — também são estimulados.

“As atividades físicas também elevam o IGF-1 [fator de crescimento que desempenha papel fundamental no desenvolvimento celular] e, graças a tudo isso, melhoram a plasticidade sináptica, ou seja, a capacidade do sistema nervoso de se adaptar a estímulos, permitindo o aprendizado e a formação da memória, em vários locais do cérebro”, explica o neurologista Ricardo Mário Arida, chefe da disciplina de Neurofisiologia e Fisiologia do Exercício do Departamento de Fisiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

Estudos em animais têm mostrado também que os exercícios aumentam a neurogênese, a formação de novos neurônios no hipocampo, região do cérebro envolvida na aprendizagem e na memória.

 

Melhores resultados a longo prazo

Apesar de a pesquisa realizada na Califórnia ter demonstrado que é possível notar melhoras cognitivas com sessões isoladas e curtas de exercícios, os especialistas ouvidos pela Agência Einstein afirmam que os efeitos da atividade regular são mais eficazes.

“Realmente, a prática realizada por períodos prolongados promove mais adaptações funcionais e estruturais no cérebro, o que chamamos de plasticidade cerebral, mais duradouras do que os exercícios pontuais”, afirma Arida. De acordo com o neurologista, já foi demonstrado que atividades que envolvem estratégia, contato social, estímulos sensoriais e ativação mais intensa do sistema respiratório, como danças, esportes coletivos e lutas, promovem melhor neuroplasticidade.

Em relação às modalidades que têm resultados mais intensos ao bem-estar mental, os aeróbios se destacam na literatura científica. “Modalidades como corrida e ciclismo têm demonstrado ser os melhores aliados da cognição e ainda aliviam o estresse e a ansiedade, entre outros benefícios, contribuindo ainda mais para a parte psicológica do praticante”, ressalta Novaes. Segundo ele, é importante combinar essas práticas com exercícios de força para evitar lesões.

 

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Idosos que praticam tênis são tão ágeis quanto os jovens, revela estudo

Pesquisa brasileira mostra que o esporte melhora também a postura e o tônus muscular de pessoas com mais de 65 anos, ajudando inclusive contra quedas

 

Por Thais Szegö, da Agência Einstein

Idosos que praticam tênis conseguem reagir a estímulos com a mesma rapidez de jovens sedentários. Os benefícios da prática, segundo um estudo do Laboratório de Motricidade Humana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), mostra que o esporte também melhora a postura e o tônus muscular.

Para chegar aos resultados, os pesquisadores compararam um grupo de voluntários com idade média de 23 anos que não praticavam atividade física regular por mais de um ano com pessoas com mais de 65 anos que jogavam tênis há mais de dois anos, três vezes por semana, por pelo menos uma hora.

Todos foram submetidos a leves impulsos controlados por meio de uma cinta posicionada no quadril que fazia com que a pessoa perdesse o equilíbrio. Com a ajuda de uma plataforma de força e eletrodos, os pesquisadores mediam quantos milésimos de segundo os músculos demoravam para reagir, quanto seu corpo se deslocava e com qual velocidade.

Com esses dados, foi possível determinar se o indivíduo recuperava o equilíbrio por uma ação reflexa, ou seja, que não é consciente em um primeiro momento e na qual o sistema nervoso gera um padrão chamado resposta postural automática, ou voluntária, que demora mais para acontecer, pois primeiro ele precisa perceber que algo está errado e, então, pensar no que fazer.

A análise deixou evidente que os idosos praticantes de tênis apresentaram o mesmo tempo de resposta que os jovens, o que significa que todos reagiram às perturbações de equilíbrio com menos de 200 milissegundos, caracterizando uma reação automática.

“Não comparamos os idosos praticantes com os não praticantes, pois seria claro que os praticantes seriam melhores, mas os comparamos com jovens sedentários para analisar se os tenistas manteriam sua resposta postural automática da juventude, e a resposta foi positiva”, diz Eduardo Mendonça Scheeren, professor do programa de Pós-Graduação em Tecnologia em Saúde da PUCPR e coordenador do estudo.

De acordo com Scheeren, isso acontece porque os voluntários adeptos do esporte treinam tantas vezes o desequilíbrio durante o exercício que acabam compensando o declínio fisiológico natural do passar dos anos com aumento do tônus muscular. “Quando comparamos a magnitude de contração muscular, observamos que os idosos contraíam seus músculos posturais com mais intensidade do que os jovens graças a uma adaptação desenvolvida por seu corpo para manter o equilíbrio, e é por isso que conseguiram reagir tão bem à instabilidade”, explica.

Além disso, o tênis faz com que o foco do praticante fique na bola, e não no equilíbrio, mantendo o sistema de resposta postural automática ativo o tempo todo. E isso é especialmente importante nessa fase da vida. “Com a demora da reação diante do corpo caindo com a aceleração da gravidade, mesmo se a pessoa conseguir dar um passo para recuperar o equilíbrio, o impacto já é bem alto, então falta força para manter a perna firme”, explica Scheeren.

Esse esporte ainda pode ser benéfico para os idosos por melhorar o controle postural e a estabilidade. “Essas habilidades são essenciais para a prevenção de quedas, já que [o tênis] envolve muitos movimentos laterais, para frente e para trás, e isso resulta em respostas posturais adaptadas que podem melhorar a estabilidade”, acrescenta o profissional de educação física Brendo Faria Martins, especialista em fisiologia do exercício do Espaço Einstein de Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Mas, para se obter de fato os benefícios do tênis, é importante manter uma prática regular, com ao menos duas sessões semanais. “E, como acontece em qualquer programa de exercícios para os idosos, é importante que ele seja adaptado às capacidades e condição de saúde individuais”, frisa Martins.

A recomendação é que as pessoas com problemas articulares, musculoesqueléticos ou cardiovasculares consultem um profissional de saúde antes de começar a jogar. “A modalidade pode gerar lesões nos cotovelos, ombros e quadril. E é importante que fique claro que a dor é sempre um indicativo de que algo não está bem e que é importante consultar um especialista”, acrescenta Scheeren. O acompanhamento de um profissional de educação física qualificado minimiza o risco de se machucar.

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Saúde

Pedalar ajuda a evitar e combater artrose nos joelhos, aponta estudo

Pesquisa nos EUA mostra que quem anda de bicicleta ao longo da vida tem menos dor e alterações articulares, que são típicas dessa doença degenerativa

Por Thais Szegö, Agência Einstein

Pedalar oferece diversos benefícios à saúde: fortalece o sistema cardiovascular, ajuda a regular a pressão arterial e a glicemia, entre outros. E a ciência vem descobrindo novas vantagens. Uma pesquisa publicada em setembro no periódico Medicine & Science in Sports & Exercise indica que a prática também diminui o risco de artrose nos joelhos e, em quem já tem a condição, alivia os sintomas e o avanço do quadro.

Um grupo de 2.607 participantes com idade média de 65 anos foi escolhido na base de dados do Osteoarthritis Initiative — um estudo de dez anos realizado em diversos centros médicos dos Estados Unidos —, levando em consideração o histórico de prática de atividade física, relato de dor nos joelhos e avaliação de radiografias dessas articulações.

Os voluntários responderam a um questionário sobre atividades físicas. Eles tinham que apontar qual modalidade haviam praticado em quatro fases diferentes: dos 12 aos 18 anos de idade; dos 19 aos 34; dos 35 aos 49; e acima de 50 anos. Além disso, todos fizeram radiografia dos joelhos e passaram por uma avaliação de dor, em que informaram se tinham sentido desconforto ou rigidez nos joelhos, ou ao redor deles, na maioria dos dias por pelo menos um mês.

Os resultados mostraram que aqueles que pedalaram durante a vida tinham uma probabilidade 17% menor de ter dor frequente nos joelhos e menos evidências radiográficas de deformidade provocada pela artrose. O benefício foi cumulativo e também vale para o exercício realizado na bicicleta ergométrica.

“[Pedalar] É um exercício de baixo impacto que garante um bom fortalecimento muscular das pernas, o que é importante para a proteção da articulação e para o controle dos sintomas [da artrose]”, explica o ortopedista Marcos Cortelazo, especialista em joelho e traumatologia esportiva, da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). Essa doença degenerativa e inflamatória provoca a destruição da cartilagem articular e leva a uma deformidade da articulação.

Ainda segundo Cortelazo, andar de bicicleta melhora a movimentação das pernas, o que engloba sua flexão, extensão e rotação. Também promove a circulação do líquido sinovial, que nutre a cartilagem articular.

A educadora física Larissa Fidelis da Silva, do Espaço Einstein de Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein, lembra também que o movimento circular realizado ao pedalar mantém a amplitude da mobilidade dos joelhos, prevenindo a rigidez articular e melhorando a funcionalidade geral da articulação. “E há ainda o benefício de a bicicleta ajudar na perda e manutenção do peso, o que é muito importante para a saúde das articulações, especialmente em pessoas com osteoartrite”, frisa Silva.

Prática deve ser regular

Mas a prática só trará benefícios se for feita de forma regular, com cargas e volume de treinos adequados para cada caso. “O ideal é praticar exercício de moderada intensidade, com tempo mínimo variando entre 20 e 30 minutos diários, a depender da idade e das alterações articulares, podendo ser recomendado em dias alternados”, orienta Cortelazo. Conforme a pessoa for evoluindo, o tempo e a intensidade da atividade podem aumentar, mas sempre com orientação de um profissional.

A educadora física do Einstein orienta que a bicicleta seja utilizada com os ajustes certos para garantir que, durante o exercício, a posição esteja confortável e não cause estresse adicional sobre as articulações.

Exercícios de força também ajudam

A musculação orientada por um profissional de educação física é outra modalidade essencial para reforçar a musculatura das pernas de quem sofre com artrose. Exercícios de alongamento e flexibilidade também são importantes, pois ajudam a manter a amplitude dos movimentos e a reduzir a rigidez nas articulações.

As modalidades de baixo impacto, como transport (aparelho elíptico), natação, pilates e caminhada, também devem fazer parte da planilha de treinos dessa turma, pois não sobrecarregam os joelhos, estimulam o aumento de massa muscular nas pernas e ajudam na manutenção do peso corporal.

Já as atividades com alto impacto, como a corrida e o crossfit, não são indicadas para quem tem artrose ou dores em geral nos joelhos, especialmente se a pessoa estiver acima do peso. “Qualquer tipo de atividade física é contraindicada para quem tem limitações articulares ou bloqueios mecânicos que impedem tal prática, a não ser com a orientação do médico”, alerta Cortelazo. “O mesmo vale para dor aguda e inflamação intensa, que podem ser sinais de uma exacerbação da osteoartrite ou de outras condições articulares que requerem tratamento”, complementa Silva.

Fonte: Agência Einstein

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