ALIMENTAÇÃO

Saúde

Pesquisa mostra presença de álcool em pães de forma

© Marcelo Camargo/Agência Brasil


Levantamento foi feito pela Proteste

 

Por Bruno Bocchini – Repórter da Agência Brasil – São Paulo

Pesquisa da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), divulgada nesta quinta-feira (11), mostra que há presença de álcool em produtos de diversas marcas populares de pães de forma.

De acordo com o levantamento, se os pães fossem bebidas, os produtos de cinco marcas seriam considerados alcoólicos, ou seja, com teor de álcool superior a 0,5%: Visconti (teor alcoólico de 3,37%), Bauducco (1,17%), Wickbold 5 Zeros (0,89%), Wickbold Sem Glúten (0,66%), Wick Leve (0,52%), e Panco (0,51%).

Algumas marcas de pães também poderiam não passar no teste do bafômetro, dependendo da quantidade ingerida pelo consumidor. Considerando os índices do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), a quantidade segura de álcool no organismo (circulando no sangue) seria abaixo de 3,3 gramas (g) de álcool. De acordo com a pesquisa, duas fatias do pão de forma da marca Visconti teriam o equivalente a 1,69 g de álcool; da Bauducco, a 0,59 g; e da Wickbold 5 Zeros, a 0,45 g.

“Para grávidas e lactantes, a ingestão recorrente de álcool, mesmo que em baixas doses, pode afetar o aprendizado e ocasionar problemas de memória. A síndrome alcoólica fetal (SAF), ocasionada pela ingestão de álcool, é caracterizada por anormalidades no neurodesenvolvimento do sistema nervoso central, retardo de crescimento e problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade”, diz o texto da pesquisa.

O estudo mostra ainda que, caso os pães fossem medicamentos fitoterápicos, seria necessário haver advertências nas embalagens de oito marcas brasileiras. De acordo com as diretrizes pediátricas europeias, o valor limítrofe de advertência para a presença de álcool em medicamentos fitoterápicos é de 6 miligrama por quilo (mg/kg) de peso corporal para crianças. Considerando uma criança de 12,5 kg, a taxa limite seria de 75 mg.

Essa quantidade é superada, em uma única fatia de pão, nas marcas Visconti (843 mg de etanol), Bauducco (293 mg), Wickbold 5 Zeros (233 mg), Wickbold Sem Glúten (165 mg), Wickbold Leve (130 mg), Panco (128 mg), Seven Boys (125 mg), Wickbold (88 mg).

De acordo com o levantamento, a contaminação dos pães com o álcool pode ocorrer no momento de a indústria acrescentar conservantes nos produtos. “O álcool usado para diluição do conservante [colocado após o pão passar pelo forno] deve ser evaporado até o consumo em si do pão, mas se houver um abuso na quantidade do antimofo ou em sua diluição, isso pode não ocorrer e ocasionar em um pão com um teor de etanol muito elevado”, diz o texto da pesquisa.

Em nota, a Pandurata Alimentos, responsável pela fabricação dos produtos Bauducco e Visconti, disse que que adota rigorosos padrões de segurança alimentar em todo seu processo produtivo e na cadeia de fornecimento. “A empresa possui a certificação BRCGS (British Retail Consortium Global Standard), reconhecida como referência global em boas práticas na indústria alimentícia, e segue toda a legislação e regulamentações vigentes.”

A Agência Brasil tenta contato com os demais fabricantes citados na pesquisa e está aberta para incluir seu posicionamento no texto.

Matéria alterada às 18h34 para corrigir informação no terceiro parágrafo. No caso da Wickbold 5 Zeros, a quantidade de álcool em duas fatias de pão é 0,45 g, e não 4,45 g, como informado anteriormente.

Texto novamente alterado às 18h49, para acréscimo do posicionamento da Pandurata Alimentos, responsável pela fabricação dos produtos Bauducco e Visconti.

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Saúde

USP: dieta à base de verduras e legumes pode ser benéfica para a saúde cognitiva

Especialista comenta modelo de dieta que tem como fundamento o bem-estar não só do individuo, mas do meio ambiente inteiro

 

Estudo da Faculdade de Medicina da USP revela que a adesão à dieta da saúde planetária pode desacelerar o declínio cognitivo. O artigo publicado na revista científica Nature Aging aponta uma associação entre a adesão e a renda dos participantes.

A professora Claudia Kimie Suemoto, da disciplina de Geriatria do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP, coordenadora do estudo, explica que a dieta planetária é pensada não só para a saúde do indivíduo, como de costume, mas para a saúde do planeta também.

“Ela traz uma ideia muito interessante, né? A gente sabe que dieta saudável é rica em frutas, vegetais e alimentos integrais. A dieta planetária traz mais um elemento: além de ser boa para cada um de nós é boa para o planeta. Por exemplo, a carne, se consumida em excesso, faz mal para o planeta. A criação exploratória do gado leva a vários impactos ambientais. Então a dieta planetária traz alimentos que são bons para o planeta. O nosso estudo apresenta a novidade que é a evidência em relação à melhora da cognição causada por essa dieta, e por isso que esse nosso estudo é atual”, relata.

A especialista explica que a alimentação vem se mostrando um fator decisivo para o envelhecimento saudável. “A gente está tentando entender o que fazer para envelhecer sem demência, um dos fatores que cada vez mais ganham notoriedade é a dieta. Como se alimentar para envelhecer bem do ponto de vista cognitivo? Um prato de almoço da dieta planetária teria metade de verduras e legumes, principalmente verduras escuras, uma porção pequena de proteína, de preferência que não envolva cultivos em larga escala, talvez, por exemplo, um peixe e alimentos integrais como feijão, fazer com que a proteína venha de outras fontes vegetais. Então a dieta brasileira, se a gente consumir carne com moderação, é uma dieta saudável para o planeta. A gente já tinha evidência de que alguns alimentos fariam bem para o indivíduo.”

Nível salarial

Segundo Claudia Suemoto, a adesão ao modelo de dieta está ligada ao nível de renda do indivíduo. “A gente sempre falava nas aulas para os alunos de medicina que, para prevenir doenças cognitivas, as pessoas deviam comer castanha, salmão, abusar  do azeite de oliva, que são evidências que a gente tinha previamente da dieta mediterrânea fazendo bem para a cognição. No entanto, esses alimentos são todos muito caros. Como aplicar essa dieta em pacientes mais pobres? A taxa de adesão a essa dieta é basicamente só em pacientes ricos. Nesse sentido, é preciso políticas públicas que permitam esse acesso.”

Além de indicar o que comer para um bom desenvolvimento cognitivo, o estudo aponta o que não comer. Os industrializados são apontados como alimentos prejudiciais. “Eu acho que educar a população é uma parte da solução do problema. A gente tem que gerar cada vez mais evidências sobre isso, mas é importante realmente mudar o ambiente e permitir o acesso socioeconômico. A gente tem um trabalho nosso mostrando que o consumo de ultraprocessados acelera o declínio cognitivo. Isso foi em 2022. Então, cada vez mais a gente tem montado esse cenário do que não faz bem para o cérebro do ponto de vista da cognição e cada vez mais a gente entende. Portanto, temos que montar uma dieta baseada em evidências científicas”, finaliza.

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Saúde

HSPE: veja como manter a alimentação saudável de crianças e adolescentes nas férias

Especialistas do Hospital do Servidor orientam sobre cuidados com hidratação e alimentação equilibrada durante as férias escolares

 

Definir horários e organizar o preparo de alimentos ajuda a manter a alimentação saudável de crianças e adolescentes durante as férias de julho. O ideal é manter o intervalo entre as refeições igual ao do período escolar e evitar o espaçamento entre elas, pois dificulta o consumo excessivo de comida e de produtos ultraprocessados, como bolachas e salgadinhos. Também auxilia na boa alimentação deixar frutas lavadas e lanches saudáveis prontos para o consumo.

No período de férias, os compromissos com hora marcada são substituídos por sessões de diversão e descanso. Com isso, também mudam os horários de acordar, dormir e, principalmente, comer. Porém, para manter a alimentação saudável, é essencial realizar as refeições com o mesmo intervalo de rotina. O ideal é se alimentar a cada três horas.

Alimentação saudável aumenta a disposição para praticar esportes e brincadeiras. Também está associada, a longo prazo, à diminuição das chances do desenvolvimento de obesidade infantil e outras comorbidades, como diabetes, hipertensão e índices elevados de colesterol e triglicerídeos no sangue. De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade de 2024, até 2035, 50% das crianças de 5 a 19 anos terão o Índice de Massa Corporal (IMC) elevado, ou seja, estarão acima do peso.

O nutricionista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) Uerá do Couto explica que a alimentação saudável é um hábito construído. “O consumo de alimentos ricos em proteínas, vitaminas e minerais também é essencial para um desenvolvimento físico e mental adequado”, acrescenta.

Atenção à hidratação. Crianças costumam perder líquidos com mais facilidade do que os adultos e se esquecem de ingeri-los. O calcula da quantidade ideal é feito a partir da multiplicação: 35 ml de água versus o peso da criança.

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Saúde

Governo divulga lista de cafés torrados impróprios para consumo

Fiscalização encontrou impurezas ou elementos estranhos no produto

 

Por Paula Laboissière – Repórter da Agência Brasil – Brasília

O Ministério da Agricultura e Pecuária divulgou nesta segunda-feira (1º) uma lista com 14 marcas de café torrado que foram consideradas impróprias para consumo humano após a constatação de impurezas ou de elementos estranhos acima dos limites permitidos pela legislação.

Em nota, a pasta informou que os produtos que integram a lista devem ser recolhidos pelas empresas responsáveis. “A ação está respaldada pelo artigo 29-A do Decreto 6.268/2007, que prevê a aplicação do recolhimento em casos de risco à saúde pública, adulteração, fraude ou falsificação de produtos”, destacou.

No comunicado, o ministério detalhou ainda que o alerta faz parte de desdobramentos da Operação Valoriza, que contou com ações de fiscalização realizadas em todo o país entre os dias 18 e 28 de março, quando foram coletadas 168 amostras de café torrado.

“Aos consumidores que caso tenham adquiridos esses produtos, o ministério orienta que deixem de consumi-los, podendo solicitar sua substituição nos moldes determinados pelo Código de Defesa do Consumidor”.

Para quem encontrar alguma das marcas citadas na lista sendo comercializadas, a pasta pede para ser comunicada imediatamente por meio do canal oficial Fala.BR. É preciso informar o nome do estabelecimento e o endereço onde foi adquirido o produto.

Os parâmetros de qualidade definidos para o café torrado podem ser acessados na Portaria 570 de 2022;

 

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Saúde

Proteína: 7 perguntas e respostas para garantir um consumo adequado

Diante da maior oferta de produtos enriquecidos com o nutriente, veja quais são os riscos de exceder na quantidade ingerida diariamente

Por Regina Célia Pereira, da Agência Einstein

Passeie pelos corredores de um supermercado e certamente verá uma grande variedade de alimentos com alto teor de proteína. Do iogurte ao suco, passando por biscoitos, pães, salgadinhos de ervilhas e afins, há diversas opções disponíveis para aqueles que buscam praticidade aliada à promessa de um bom aporte proteico.

Na última década, o mercado brasileiro vem observando uma oferta cada vez maior de produtos enriquecidos com esse nutriente. Em 2019, alimentos com “alto teor de proteínas” representaram quase 5% de todos os lançamentos de bebidas e alimentos no país, segundo a ferramenta GNPD da Mintel, agência global de inteligência de mercado. A tendência segue em alta: somente neste ano, ainda de acordo com a Mintel, dentre os lançamentos “proteicos”, 35% foram na categoria de bebidas nutricionais, 26% de snacks/aperitivos e 8% de laticínios.

Além dos frequentadores de academia, há também opções que podem servir como alternativas para quem enfrenta dificuldade no consumo das fontes convencionais de proteína: carnes, ovos, laticínios e leguminosas. Mas é preciso um olhar minucioso ao rótulo, já que a maioria dos produtos é classificada como ultraprocessados. Prefira aqueles com lista de ingredientes enxuta e preste atenção às quantidades de açúcar, gordura, sódio e aditivos.

Outra recomendação é tomar cuidado com o tamanho das porções. Embora a proteína seja essencial para nosso organismo, exageros estão por trás de malefícios. Inclusive, um estudo publicado em fevereiro na revista Nature Metabolism desvendou um dos mecanismos envolvidos no risco cardiovascular.

Após pesquisas com humanos, estudiosos da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, fizeram experimentos com animais de laboratório. “O excesso [de proteína] leva ao aumento de aminoácidos na corrente sanguínea e pode interferir com a atividade dos macrófagos”, explica o cardiologista Babak Razani, professor na Universidade de Pittsburgh e líder da investigação.

No cenário identificado na pesquisa, essas células do sistema imunológico passam a atuar de maneira diferenciada, favorecendo inflamações nos vasos e contribuindo para a formação da placa de aterosclerose. Segundo Razani, a leucina, uma partícula proteica presente em carnes, castanhas e soja, por exemplo, parece ser a principal envolvida no processo.

Para o pesquisador dos EUA, embora sejam necessárias mais pesquisas, o trabalho chama a atenção para os riscos atrelados ao exagero. “Como cardiologista, sugiro que as pessoas adotem cardápios equilibrados, baseados na Dieta Mediterrânea”, indica Babak Razani.

A seguir, especialistas respondem a algumas das principais dúvidas sobre o consumo de proteína:

  1. Qual a função da proteína?

Do grupo dos macronutrientes (composto também por gorduras e carboidratos), a proteína tem papel fundamental na constituição dos órgãos e de todos os tecidos do corpo humano. Ela também age na produção de anticorpos e hormônios, além de contribuir para a integridade de unhas, cabelo e pele.

Esse nutriente participa ainda da construção e reparação muscular; e atua como fonte de energia e na manutenção e regulação do metabolismo. Sem contar que prolonga a sensação de saciedade, ajudando a controlar o apetite.

  1. Como saber a quantidade de proteína necessária por dia?

A sugestão de consumo muda conforme sua idade, perfil e atividades cotidianas. “Um adulto saudável deve consumir 0,8 grama de proteína por quilograma de peso corporal”, orienta nutricionista Giuliana Modenezi, do Espaço Einstein Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein. Assim, uma pessoa de 80 quilos, por exemplo, precisa de 64 g do nutriente por dia.

“A Sociedade Internacional de Nutrição Esportiva (ISSN) recomenda de 1,4 a 2 g de proteína/kg/dia aos indivíduos que se exercitam diariamente, com variações a depender da modalidade e da intensidade do exercício”, comenta Modenezi.

As indicações para gestantes, bebês, crianças e adolescentes também são distintas e seguem diretrizes específicas. No caso de idosos, preconiza-se entre 1 e 1,5 g de proteína/kg/dia, quantidade que deve ser ajustada individualmente. “A proteína é essencial para prevenir ou tratar a sarcopenia, que é a perda de massa e da função musculoesquelética”, comenta a nutricionista.

  1. Quando é preciso suplementar?

“Em situações em que a ingestão proteica, por meio da alimentação, não atende às necessidades”, responde Modenezi. Atletas e praticantes de atividades físicas intensas costumam precisar de suplementação por conta da alta demanda na recuperação muscular.

Segundo a especialista, indivíduos com dietas restritivas, caso de veganos, intolerantes e alérgicos, assim como os idosos, também podem precisar suplementar. “A eficiência da síntese proteica diminui com a idade”, explica a nutricionista.

Outros grupos que podem demandar doses extras de proteína são gestantes, lactantes e pacientes em recuperação cirúrgica. Mas vale ressaltar que a determinação do tipo e a dosagem devem ser feitas junto a um nutricionista especializado.

Entre os suplementos proteicos mais populares estão a albumina, extraída da clara de ovo, a caseína e o whey protein, dupla oriunda do leite. “O whey protein é conhecido por sua rápida digestão e alta qualidade”, destaca Modenezi, que ressalta que há ainda opções de origem vegetal.

  1. Quais os riscos de consumir muita proteína?

Além do já mencionado risco cardiovascular — que também está relacionado à presença de gordura saturada nas fontes de proteína animal —, o exagero está por trás de males renais. “O excesso pode sobrecarregar os rins, já que eles são responsáveis por filtrar e excretar os resíduos metabólicos do organismo”, explica Modenezi.

Abusos no consumo de carnes também podem aumentar a excreção de cálcio na urina. “Esse mecanismo colabora para a formação de pedras nos rins, sobretudo em pessoas com predisposição”, avisa a nutricionista do Einstein.

  1. Quais são as principais fontes de proteína?

O destaque vai para carnes, aves, pescados, ovos e laticínios. “Há grandes fontes de origem vegetal também, especialmente as leguminosas”, observa a nutricionista Débora Donio, da Unidade de Check-Up do Hospital Israelita Albert Einstein. Ela se refere ao grupo que engloba feijões, ervilhas, lentilhas, grão-de-bico, soja e tremoço. Derivados como tofu e homus, por exemplo, também tendem a concentrar boas quantidades.

Outra turma que oferece o nutriente é a das oleaginosas, ou seja, castanhas, nozes, amêndoas, pistache e amendoim. “Já os cogumelos não oferecem quantidades interessantes, trata-se de um mito muito difundido por aí”, pontua Donio.

  1. Preciso comer carne para ter o aporte necessário?

“É possível adquirir proteína de alto valor biológico oriunda de vegetais”, garante Débora Donio. Para tanto, as leguminosas não podem ficar de fora do cardápio. Inclusive, rechear a dieta com esses grãos favorece a microbiota intestinal, num mecanismo que colabora para a absorção de diversos nutrientes.

Uma dica para aproveitar ao máximo é deixar o feijão de molho por cerca de 12 horas. “Mas é importante trocar a água antes de mandar para a panela”, avisa a nutricionista. A estratégia ajuda a diminuir o tempo de cozimento e reduz a quantidade dos chamados compostos antinutricionais, caso dos taninos.

  1. Existem combinações que melhoram a qualidade da proteína?

Sim, e um bom exemplo é a brasileiríssima mistura do arroz com feijão. “Nessa combinação, os aminoácidos que faltam em um aparecem no outro”, explica Donio. Aminoácidos são os pedacinhos de proteína que, juntos, se completam, desempenhando atividades de forma mais eficiente dentro do nosso organismo.

Embora a preferência nacional seja a do arroz branquinho com feijão-carioca, dá para variar os preparos. Que tal arroz 7 grãos com grão-de-bico? Ou arroz integral com salada de lentilha? Ou mesmo alternar entre os feijões preto, vermelho, fradinho… “Para garantir o aporte, a sugestão é optar por fontes variadas”, frisa Débora.

Outra recomendação é distribuir a ingestão proteica ao longo do dia. “O ideal é fracionar o consumo a fim de garantir seu melhor aproveitamento”, indica a nutricionista.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Cozinhar para comer melhor: pesquisas mostram os benefícios da comida caseira 

Dois novos estudos associam o preparo da comida com ganhos para a saúde; confira as estratégias para incluir as panelas na correria do cotidiano 

 

Por Regina Célia Pereira, da Agência Einstein

Não é preciso ser chef de cozinha. Basta um punhado de empenho com pitadas de interesse para incluir a culinária no dia a dia e encher o cardápio de nutrientes e outras substâncias protetoras. Dois estudos, recém-publicados, chegam para atestar os benefícios da comida caseira.

Um deles, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP), mostra que a dedicação ao preparar o jantar em família contribui para o maior equilíbrio no prato. “Quando os pais passam mais de duas horas no preparo, seus filhos tendem a comer mais vegetais e peixes”, comenta a nutricionista Carla Adriano Martins, uma das autoras do artigo e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Para chegar ao resultado, os pesquisadores coletaram, por meio de entrevistas telefônicas, informações sobre a alimentação de 595 famílias na cidade de São Paulo.

A outra pesquisa, uma revisão publicada no periódico Nutrition, encontrou resultados similares. Para seu mestrado, na Universidade de Valência, na Espanha, a nutricionista Juliana Watanabe esmiuçou dezenas de estudos na literatura científica, e uma das conclusões é que o hábito de cozinhar em casa favorece a adesão aos padrões alimentares considerados mais saudáveis, caso da Dieta Mediterrânea e da Dash, uma dieta criada nos Estados Unidos para combater a hipertensão arterial. “É preciso estimular as habilidades culinárias, sobretudo entre as populações mais jovens”, diz Watanabe.

Quando se cozinha em casa, geralmente são utilizados ingredientes naturais para compor as preparações. Assim, ocorre o incremento de vitaminas, fibras e sais minerais, além de proteínas, gorduras e carboidratos de qualidade. Mas, segundo Watanabe, esse é um hábito em declínio. “Atualmente é cada vez mais raro perpetuar as receitas de geração em geração”, lamenta.

“Pela escassez de tempo, hoje se vê um alto consumo de produtos ultraprocessados, que, além de práticos, costumam carregar o excesso de gordura, açúcar e sódio”, observa a nutricionista Fabiana Rasteiro, do Hospital Israelita Albert Einstein. Diversos trabalhos mostram que o exagero desse trio aumenta o risco de doenças crônicas, caso da obesidade, das doenças cardiovasculares e do diabetes.

A pressa do dia a dia aparece como um dos principais motivos por trás do pouco empenho entre as panelas. “Lembramos que toda a família deve participar, já que essa não é uma tarefa exclusiva da mulher”, observa a nutricionista Carla Martins, da UFRJ.

Para não sobrecarregar ninguém, cada integrante pode ficar responsável por uma das etapas do processo. “Desde a definição do cardápio até fazer a comida, passando pela ida às compras, a arrumação da mesa e a limpeza da louça”, sugere Rasteiro, nutricionista do Einstein.

 

Planejamento para comer bem

As especialistas ouvidas pela Agência Einstein são unânimes em dizer que o segredo para uma boa alimentação é o planejamento.

“Inclusive, existe um movimento conhecido como batch cooking, que é preparar todas as refeições da semana em um só dia”, conta a pesquisadora Juliana Watanabe. Além de cozinhar e congelar, o processo engloba lavar, secar e guardar verduras, legumes e frutas, de preferência envolvidos em papel toalha, para manter a consistência.

Alguns alimentos industrializados, como os enlatados, podem facilitar a vida. “Mas é fundamental checar a lista de ingredientes e a composição nutricional nos rótulos”, orienta Watanabe. Inclusive, com o uso das novas tecnologias, é possível encontrar produtos livres de sódio. Pescados como a sardinha e o atum também ajudam a driblar a correria. “Mas eles não devem ser protagonistas sempre. O ideal é usá-los vez ou outra”, sugere.

A nutricionista do Einstein conta que é fã de ervas desidratadas para temperar os pratos. Já a professora da UFRJ destaca o uso de boas ferramentas. “A panela de pressão é um belo exemplo, pois ajuda a economizar tempo e gás”, diz. “Só vale redobrar os cuidados com a limpeza e se atentar à manutenção”, avisa. Assim se garante o feijão de todos os dias.

Uma dica de Fabiana Rasteiro é começar com receitas mais simples e ir se aprimorando ao longo do tempo. “Depois de ganhar segurança, dá para se aventurar em pratos mais elaborados”, propõe.

 “Outra recomendação é incluir aulas para desenvolver as habilidades culinárias nos currículos escolares”, sugere Juliana Watanabe, que está envolvida em projetos desse tipo. Segundo ela, quanto mais cedo se botar a mão na massa, melhor. A criançada (e a família) ganha em sabor e saúde!

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Saúde

Saiba como um prato colorido pode fazer bem para os ossos 

Novo estudo sugere que um grupo de substâncias conhecido como carotenoides, que tinge alimentos como cenoura e tomate, seria protetor do esqueleto; confira outros alimentos que ajudam a reduzir o risco de osteoporose 

 

Por Regina Célia Pereira, da Agência Einstein

Betacaroteno, licopeno, astaxantina, zeaxantina e criptoxantina são nomes complicadinhos dos integrantes de uma grande família de pigmentos naturais batizada de carotenoides. O grupo – já celebrado pela ação antioxidante e contra tumores – é destaque em uma revisão de estudos, publicada em março no que aponta a sua atuação em prol da saúde óssea.

Os cientistas da Universidade de Ciências da Vida, de Poznań, na Polônia, se debruçaram em diversas pesquisas e concluíram que os carotenos ajudam a reduzir o risco de osteoporose. Segundo os estudiosos, há evidências de que esses compostos participam do delicado processo de mineralização dos ossos. E cada um age à sua maneira. O licopeno, que dá a cor vermelha a tomate, melancia, pitanga e goiaba, está envolvido na remodelação da ossatura, ou seja, favorece a reconstrução e a integridade do tecido ósseo. A mesma atuação se dá com a astaxantina, a substância por trás dos tons do salmão e do camarão.

Já o betacaroteno, que pinta cenoura, manga, abóbora e acerola, é relacionado com a redução do risco de fraturas. O artigo destaca ainda a criptoxantina e a zeanxantina como aliadas do esqueleto. Somam-se evidências de que elas previnam a perda de massa óssea. Trata-se de uma dupla que colore frutas como a nectarina e o pêssego, além de hortaliças como a couve e o espinafre.

“Vale destacar que os resultados com licopeno, astaxantina, luteína e zeaxantina foram observados em estudos in vitro e com modelos animais”, frisa a nutricionista Serena del Favero, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Não podemos extrapolar tais achados e afirmar que se repetiriam no ser humano.”

Já o betacaroteno e a criptoxantina aparecem em ensaios clínicos, ou seja, em pesquisas com pessoas. Ainda assim, mais estudos são necessários para entender seus efeitos na saúde óssea. “Embora existam vários indícios, os pesquisadores enfatizam a necessidade de mais trabalhos para desvendar todos os mecanismos de ação, desfazer contradições e só depois alcançar um consenso”, completa Del Favero.

De todo modo, ao que parece, os carotenoides chegam para reforçar o time de nutrientes que blindam os ossos. Conheça os principais.

Força óssea 

Nesse esquadrão, o primeiro a ser destacado é o cálcio, o alicerce de toda a estrutura óssea.“É fundamental assegurar o consumo adequado desse micronutriente em todas as fases da vida, com maior atenção ao período da infância e da adolescência”, recomenda a nutricionista do Einstein. Quanto mais zelo na juventude, menor o risco de a osteoporose dar as caras com o avançar da idade.

As melhores fontes são os lácteos. Isso porque, além de concentrarem uma grande quantidade do nutriente, eles garantem seu melhor aproveitamento pelo organismo.  Mesmo que muitos vegetais ofereçam o mineral, caso do espinafre, da soja, da couve e do agrião, nem sempre sua absorção é eficiente.“Hoje os veganos contam com muitas opções de bebidas vegetais e outros produtos fortificados com cálcio, mas vale observar os rótulos atentamente e escolher opções mais equilibradas”, sugere a nutricionista.

Ainda que seja o ator principal, o cálcio necessita do empurrão dos coadjuvantes para brilhar. Um grande parceiro, diz a especialista do Einstein, é o fósforo, que forma uma dupla com ele na mineralização óssea, num processo que acontece sem interrupções no organismo. Eles não podem faltar no dia a dia e podem ser consumidos no feijão e em peixes.

Destacam-se ainda outros integrantes do grupo dos sais minerais, caso do magnésio, do zinco e do cobre, que também constituem a ossatura. Eles podem ser encontrados nos pescados, nas castanhas, em sementes e nos cereais, como a aveia e o arroz integral.

Já na turma das vitaminas, a D tem um papel crucial na absorção do cálcio: é como se ela abrisse as portas das células, auxiliando a entrada do mineral e impactando a massa óssea. Sua melhor fonte é a luz solar – recomenda-se a exposição a ela por 15 minutos, pela manhã. Há também opções de suplementos, mas que devem ser consumidos somente com a prescrição e a orientação profissional.

A vitamina K tampouco poderia ficar de fora. “Ela ajuda a manter o cálcio dentro do osso, colaborando para seu fortalecimento”, explica Serena del Favero. Está presente na couve-flor, nos brócolis, na rúcula, no abacate e no morango.

Por fim, além de caprichar no cardápio com um prato colorido, a indicação é se movimentar e encaixar a atividade física de sua preferência no cotidiano. O esqueleto agradece.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Dieta Mediterrânea é uma grande aliada para afastar a hipertensão  

Uma pesquisa mostra que a boa alimentação auxilia na proteção cardiovascular; confira como adaptar esse cardápio, de ingredientes facilmente disponíveis no Brasil 

 

Por Regina Célia Pereira, da Agência Einstein

Manter um cardápio diversificado, com hortaliças, frutas, grãos integrais, oleaginosas (castanhas, nozes e afins), pescados, lácteos magros e, é claro, azeite de oliva, traz vários benefícios para a saúde. Esses são alimentos típicos da chamada Dieta Mediterrânea, tradicional em países como Grécia, Espanha e Itália, e cujos benefícios para o coração são bastante estudados. E isso inclui minimizar o risco da hipertensão arterial.

Pelo menos é o que aponta um estudo recém-publicado no periódico científico European Journal of Clinical Nutrition. “Observamos que, quanto maior a adesão a esse padrão alimentar, maior a proteção das artérias”, diz a nutricionista Evangelia Damigou, da Universidade Harokopio, em Atenas, Grécia, e uma das autoras do trabalho. Para chegar aos resultados, foram observados os hábitos alimentares de 1.415 adultos gregos no período de 20 anos. “São informações vindas de um estudo prospectivo, que acompanha continuamente um grupo com mais de 4 mil participantes”, comenta a nutricionista Mariana Staut Zukeran, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Segundo Damigou, por trás do benefício dessa dieta está uma mistura de substâncias provenientes dos alimentos, com destaque para minerais como potássio e magnésio, além de compostos conhecidos como polifenóis, que são antioxidantes e anti-inflamatórios. “Juntos eles podem melhorar a função endotelial, ou seja, é como se agissem a favor da elasticidade dos vasos e demais fatores capazes de regular a pressão”, explica a pesquisadora.

Declarada como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a Dieta Mediterrânea coleciona evidências científicas de suas benfeitorias à saúde e pode ser mais acessível do que parece.

Como incorporar a Dieta Mediterrânea no Brasil? 

Embora exista espaço para opções de origem animal, caso de lácteos, ovos, peixes e frutos do mar, o cardápio prioriza vegetais e, há muito tempo, ressalta a importância dos cuidados com o planeta. “A Dieta Mediterrânea valoriza a produção local e a sazonalidade dos alimentos”, diz a nutricionista Amália Almeida Bastos, pesquisadora de padrões alimentares, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Por isso, explica ela, faz todo o sentido seguir o modelo no Brasil utilizando ingredientes acessíveis e que são facilmente encontrados por aqui.

Só do grupo de frutas, por exemplo, é possível encontrar diferentes cores e sabores – desde as mais consumidas, como manga, mamão e uva, até a acerola e todas as frutas cítricas, além das nativas jabuticaba, caju, pitanga, goiaba e açaí. “Mas atenção para o consumo do fruto verdadeiro, e não para derivados ultraprocessados, carregados de açúcar e aditivos”, orienta a nutricionista Débora Donio, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Segundo os especialistas ouvidos pela Agência Einstein, o abacate é um excelente fornecedor de gorduras boas, as mesmas encontradas no azeite, mas vale estar atento para o seu uso em receitas açucaradas. Com o preço elevado do azeite de oliva em todo o território nacional, o que limita seu consumo pelas famílias, a pesquisadora da USP orienta a usar substitutos. “No dia a dia, na cozinha, dá para usar óleos de canola, girassol e mesmo o de soja”, sugere Amália Bastos.

Quanto às hortaliças, uma dica é consumir as cultivadas por pequenos produtores e as plantas alimentícias não convencionais, as Pancs, caso de taioba e ora-pro-nóbis. A dica é apostar na diversidade e não cair na monotonia.

Já entre os lácteos, um bom exemplo é o queijo minas frescal, segundo a nutricionista Débora Donio, do Einstein. As gôndolas exibem ainda uma grande variedade de iogurtes. E, de novo, é fundamental comparar os rótulos e botar no carrinho somente as opções mais saudáveis. “Devemos educar nosso paladar, que tem preferência por opções muito doces”, orienta.

A recomendação casa com outro ensinamento dos mediterrâneos: evitar excessos, seja de ingredientes, seja no tamanho das porções. “Lembrando que a Dieta Mediterrânea vai muito além do cardápio. Ela engloba atividade física ao ar livre, lazer, descanso, controle do estresse e convívio social, entre outros aspectos”, enumera a pesquisadora da USP.

O que tem tudo a ver com a prevenção à pressão alta. “O efeito na hipertensão é, muito provavelmente, a combinação de componentes alimentares e do estilo de vida”, pontua a nutricionista Evangelia Damigou, que cita seu conterrâneo, o filósofo Aristóteles: “O todo é maior que a soma das partes”.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Fazer as refeições mais cedo reduz o risco de problemas cardiovasculares 

Estudo mostra que quem come depois das 21h tem probabilidade 28% maior de desenvolver males cardiovasculares do que quem se alimenta antes das 20h

 

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

Há muito tempo, sabe-se que ter uma alimentação saudável é fundamental para saúde como um todo. Mas, nos últimos anos, a ciência demonstrou que o horário em que as refeições são realizadas parece impactar de modo significativo a saúde, especialmente a cardiovascular. Agora, um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisa de Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente da França e publicado na Nature corrobora essas evidências e aponta que fazer as refeições mais cedo ao longo do dia reduz o risco de desenvolver doenças cardiovasculares.

Segundo a pesquisa, quem se alimenta pela primeira vez às 9 horas tem 6% mais risco de desenvolver uma doença cardiovascular do que quem faz o desjejumàs 8h. No caso da última refeição do dia, o aumento do risco é de 28% para quem comer depois das 21h, comparando com aqueles que comem antes das 20h. Os autores dizem que cada hora adicional de atraso no café da manhã foi associada a. Ou seja: se alimentar mais cedo ao longo do dia tende a ser o mais recomendável para a saúde.

De acordo com a nutricionista Serena del Favero, do Hospital Israelita Albert Einstein, geralmente qualquer ingestão calórica é considerada parte do padrão alimentar do indivíduo em estudos desse tipo. Isso inclui não apenas refeições completas, mas também lanches menores e o ato de beliscar durante o dia. Portanto, mesmo pequenos lanches podem influenciar o relógio biológico e impactar os resultados relacionados à saúde. “Esse estudo é extremamente relevante porque aborda um tema muitas vezes negligenciado da dieta, que são os horários em que as refeições são realizadas e sua sincronização com os ritmos circadianos (a área da nutrição conhecida como crononutrição), que são essenciais na regulação de várias funções corporais, incluindo o metabolismo cardiovascular”, diz del Favero.

Para chegar aos resultados, os pesquisadores analisaram dados de mais de 100 mil pessoas, com a idade média de 42 anos. Com base nos registros alimentares dos voluntários, eles investigaram se havia alguma associação entre os horários de ingestão de comida, o tempo que ficavam em jejum e o desenvolvimento das doenças cardiovasculares. Em cerca de sete anos de acompanhamento, ocorreram 2.036 incidentes cardiovasculares: 988 casos de doenças cerebrovasculares (253 registros de Acidente Vascular Cerebral [AVC] e 765 de ataque isquêmico transitório) e 1.071 casos de doenças coronarianas (162 registros de infarto do miocárdio, 428 de angioplastia, 89 de síndrome coronariana aguda e 428 de angina de peito).

“Os resultados do estudo são bastante reveladores e têm implicações importantes para a vida das pessoas, especialmente considerando os hábitos alimentares modernos. O fato de que o atraso de apenas uma hora na primeira refeição pode aumentar em 6% o risco de desenvolver doenças cardiovasculares mostra como até pequenas mudanças nos horários de alimentação impactam de modo significativo a saúde”, comenta a nutricionista.

Os autores ainda constataram que a duração do jejum noturno também está associada a uma redução do risco de doenças cardiovasculares. Ou seja: quem adota um intervalo maior entre a última refeição de um dia e a primeira refeição no dia seguinte tende a ter menos doenças cardiovasculares. Apesar disso, é preciso ter cuidado ao definir o período do jejum. Segundo a especialista do Einstein, o tempo máximo “recomendado” de jejum entre um dia e outro para evitar riscos à saúde depende de vários fatores, entre eles, o estado de saúde geral do indivíduo e a adequação nutricional durante os períodos de alimentação.

Cuidados com o jejum intermitente 

A nutricionista ressalta que o jejum intermitente tem se tornado uma prática dietética popular, com muitos adeptos optando por atrasar e até mesmo pular o café da manhã. “Esse método é frequentemente escolhido como uma forma de controlar a ingestão calórica e melhorar a saúde metabólica. Mas condições preexistentes, como diabetes, doenças cardiovasculares e transtornos alimentares, devem ser levadas em consideração para garantir a segurança e a eficácia dessa prática”, orienta.

“Além disso, pular o café da manhã pode levar à maior ingestão de alimentos mais tarde, muitas vezes em padrões menos estruturados e possivelmente mais calóricos. Esses padrões de alimentação podem contribuir para o ganho de peso e a obesidade, que são fatores de risco conhecidos de doenças cardiovasculares”, frisa del Favero.

O estudo notou que alguns grupos de pessoas tendem a fazer a primeira e a última refeições mais tarde: no geral, foram participantes mais jovens, estudantes ou desempregados, solteiros, sem histórico familiar de doenças cardiovasculares, fumantes e os que contam com rendimentos mensais mais baixos. Além disso, aqueles que faziam refeições mais tarde apresentaram um maior consumo de álcool, com mais episódios de ingestão excessiva. Eles também relataram dormir mais tarde e eram mais propensos a ter uma maior variabilidade nos horários das refeições ao longo da semana.

“O fato de os participantes mais jovens e solteiros tenderem a comer mais tarde não é particularmente surpreendente. Os jovens adultos, em especial estudantes e solteiros, podem ter horários de vida mais flexíveis e menos estruturados, o que leva a horários de refeição mais irregulares e tardios. A associação entre comer tarde e ter um maior consumo de álcool pode refletir um estilo de vida mais social e noturno”, comenta a especialista do Einstein.

A importância da crononutrição 

As doenças cardiovasculares são a principal causa de mortalidade no mundo. De acordo com a pesquisa, a dieta é um importante fator de risco e contribui anualmente para 7,94 milhões de mortes relacionadas a essas condições. Os autores dizem que o estilo de vida moderno e o aumento das práticas de jejum que promovem a omissão de refeições têm levado a comportamentos nutricionais inadequados, como comer tarde da noite e pular o café da manhã.

Por isso, cada vez mais os profissionais da saúde alertam sobre a importância da crononutrição. “Esse é um campo da nutrição que explora como o horário das refeições interage com o relógio biológico do corpo (o ritmo circadiano) para afetar a saúde e o metabolismo. Baseia-se na ideia de que não apenas o que você come, mas quando você come, tem impactos significativos na saúde, no bem-estar e na prevenção de doenças”, explica a nutricionista.

O corpo humano opera em ciclos naturais de 24 horas, que regulam processos fisiológicos como sono, metabolismo, secreção de hormônios e muitas outras funções celulares, e a crononutrição enfatiza a alimentação alinhada a esses ritmos para otimizar a saúde.

“Manter uma rotina, se alimentando nos horários corretos e limitando a ingestão de alimentos a certas horas do dia, pode ajudar a melhorar a saúde metabólica e reduzir o risco de doenças crônicas, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e obesidade. Na prática, isso vem sendo trabalhado em consultório, conscientizando os pacientes sobre a importância de se manter uma rotina saudável”, finaliza Serena del Favero.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Ingerir os carboidratos por último na hora da refeição ajuda a combater o pré-diabetes 

 Pesquisadores dos EUA mostram que organizar a ordem do consumo dos alimentos é uma boa estratégia para ajudar a equilibrar os níveis de glicose no sangue   

 

Por Thais Szegö, da Agência Einstein

Um estudo feito nos Estados Unidos mostra que, na hora da refeição, é importante organizar a ordem do consumo dos macronutrientes, responsáveis em fornecer energia ao organismo, como carboidratos, proteínas e gorduras. Segundo os pesquisadores, essa é uma boa estratégia para ajudar a equilibrar os níveis de glicose no sangue. Uma forma de começar as refeições é comer primeiro as proteínas e/ou os vegetais, pois assim gera-se um pico de glicose menor do que quem começa a comer primeiro os carboidratos.

De acordo com estimativa da Sociedade Brasileira de Diabetes, mais de 35 milhões de brasileiros convivem com o pré-diabetes, o estágio que precede a doença em si. Além disso, essa é a única etapa em que é possível reverter o quadro, evitando que ele evolua para diabetes, o que acontece com aproximadamente 25% dessas pessoas no período de três a cinco anos. As recomendações para tratar o problema são focadas nas mudanças de hábitos, com a prática de atividades físicas e a redução do consumo de alimentos ricos em sal, gorduras, açúcar e carboidratos, em especial os que levam farinha branca, optando sempre pelos integrais.

Agora o estudo feito por pesquisadores da Universidade de Columbia, da Weill Cornell Graduate School of Medical Sciences e da Universidade Rockefeller, todas em Nova York, EUA, mostra que ordenar corretamente o consumo dos alimentos também surte efeito na saúde. No trabalho, os voluntários foram divididos em três grupos: os que comeram primeiro os carboidratos e partiram para as proteínas e os vegetais, os que iniciavam pelas proteínas e vegetais e no final comeram os carboidratos e um terceiro grupo, que primeiro ingeriu os vegetais, seguidos pelas proteínas e pelos carboidratos.

O próximo passo foi analisar, várias vezes em um período de até três horas após o consumo, as taxas de glicose e insulina no sangue dos participantes. O experimento foi repetido durante três dias alternados e em todos eles os voluntários estavam em jejum de 12 horas. Os participantes, com pré-diabetes e taxas de glicemia em jejum similares durante o período das análises, foram escolhidos para fazer parte de cada um dos grupos em cada rodada de maneira aleatória.

Os resultados apontaram que os que começaram a se alimentar pelas proteínas ou pelos vegetais tiveram seu pico de glicose entre 30 e 40% menor, em comparação com os que ingeriram primeiro os carboidratos. Além disso, o grupo que iniciou pelos vegetais foi o que menos precisou do uso de insulina para metabolizar a glicose obtida através da comida. Os pesquisadores acreditam que isso se deu porque a gordura das proteínas e as fibras dos vegetais retardaram a velocidade da absorção da glicose dos alimentos.

“A digestão começa pela boca, mas o único nutriente que tem esse processo iniciado nessa parte do corpo é o carboidrato, que depois passa para o estômago e, em seguida, para o intestino, o que faz com que ele esteja disponível para a absorção mais rápido do que as proteínas e gorduras, que começam a ser digeridas quando estão no trato gastrointestinal”, explica Valéria Machado, nutricionista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

“Se a pessoa ingere uma fonte de proteína ou gordura antes, o carboidrato que chega logo em seguida não terá o caminho livre para ser absorvido prontamente, retardando sua entrada no sangue”, acrescenta a nutricionista Anna Gomes, educadora em diabetes pela Sociedade Brasileira de Diabetes e International Diabetes Federation. Ela explica ainda que as fibras solúveis provenientes dos vegetais são capazes de formar um gel no trato gastrointestinal que também deixa a absorção dos carboidratos mais lenta.

Esse efeito é muito importante no caso dos pré-diabéticos, já que eles têm dificuldade para processar a glicose. “Isso acontece porque o seu organismo pode não ser capaz de produzir a quantidade de insulina suficiente ou essa insulina pode não ser tão eficiente”, diz Adriana Martins Fernandes, endocrinologista do Programa de Diabetes do Hospital Israelita Albert Einstein.

“A insulina é o hormônio que permite a entrada do açúcar nas células, onde ele será usado como uma fonte de energia. Nesse cenário, a glicose não é adequadamente metabolizada, resultando em picos glicêmicos no sangue”, complementa a endocrinologista. Se não for combatido adequadamente, em longo prazo esse quadro tende a desencadear o diabetes, além de problemas como Acidente Vascular Cerebral (AVC), doenças cardiovasculares, males renais, retinopatia (a enfermidade que afeta os pequenos vasos da retina) e neuropatia (quadro que compromete os nervos, prejudicando a comunicação entre o cérebro e os membros).   

Fonte: Agência Einstein

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