ALERTA

Saúde

Casos graves de gripe em idosos aumentam alerta para prevenção e recuperação

A gripe, atualmente, representa uma das maiores ameaças à saúde dos idosos no Brasil. O boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado em maio, revelou que o vírus influenza superou o coronavírus. Ele tornou-se a principal causa de morte por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre pessoas com 60 anos ou mais. Consequentemente, isso reforça o alerta para a importância da vacinação e das medidas preventivas no outono e inverno.

Cobertura Vacinal e Riscos

A médica infectologista Silvia Fonseca, docente do IDOMED, afirmou que a percepção de uma gripe leve compromete as campanhas de imunização. “O vírus influenza pode evoluir rapidamente para quadros de insuficiência respiratória, infecções pulmonares e internações prolongadas”, explicou a professora de Medicina. Principalmente, isso afeta idosos e pacientes com doenças crônicas. “A vacinação anual é a forma mais eficaz de reduzir esse risco”, completou Fonseca.

Apesar da oferta gratuita da vacina pelo SUS, a cobertura vacinal entre idosos permanece abaixo da meta de 90%. O Ministério da Saúde recomenda essa meta. Em estados do Sudeste e Sul, que concentram a maioria dos registros recentes de SRAG, o índice ainda está distante do ideal.

A médica também destacou a necessidade de atualizar a caderneta vacinal. A vacina da gripe exige reaplicação todos os anos. Sua composição muda anualmente, conforme a circulação das cepas no hemisfério sul. Portanto, a imunização atualizada garante a eficácia da proteção.

Sintomas e Medidas Preventivas

“Não é raro em idosos a presença de febre sem outros sintomas”, apontou a coordenadora do curso de enfermagem na Newton Paiva Wyden, Taorientando. Contudo, a temperatura geralmente não atinge níveis muito altos. “É importante estar atento ao risco de complicações, especialmente em indivíduos com doença crônica”, alertou Taorientando. Em idosos, a pneumonia é a principal complicação. Ela causa um grande número de internações hospitalares no país.

Taorientando sugere medidas gerais de prevenção:

  • Lave as mãos com água e sabão ou use álcool em gel, principalmente antes de comer.
  • Use lenço descartável para higiene nasal.
  • Cubra nariz e boca ao espirrar ou tossir.
  • Evite tocar mucosas de olhos, nariz e boca.
  • Não compartilhe objetos de uso pessoal.
  • Mantenha os ambientes bem ventilados.
  • Evite contato próximo com pessoas que apresentam sintomas de gripe.
  • Evite sair de casa em período de transmissão.
  • Evite aglomerações e ambientes fechados.
  • Adote hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e ingestão de líquidos.

Fisioterapia Respiratória e Recuperação

Felizmente, a recuperação de idosos pode ser trabalhada. A Coordenadora do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Unimetrocamp Wyden, Alice Lisboa, revelou a importância da fisioterapia respiratória.

“A Influenza compromete a função pulmonar. Ela causa aumento na produção de secreções e inflamação das vias respiratórias”, explicou Lisboa. “A fisioterapia respiratória busca restaurar e otimizar a função pulmonar com técnicas como higiene brônquica, reexpansão pulmonar e exercícios respiratórios.”

Além disso, a fisioterapia respiratória previne complicações secundárias. Por exemplo, ela evita pneumonia, sinusites e insuficiência respiratória. Para idosos, a prática é fundamental por diversos fatores.

“Os idosos têm redução na elasticidade pulmonar e na eficiência dos mecanismos de defesa”, detalhou Alice Lisboa. Eles apresentam perda de massa muscular, consequentemente, enfraquecem os músculos respiratórios e da tosse. Ademais, possuem comorbidades como doenças cardiovasculares, hipertensão e diabetes. “Tudo isso dificulta a recuperação e a resposta imunológica”, concluiu Lisboa.

Por isso, idosos e responsáveis precisam se atentar a certas atitudes:

  • Hidratação: Ingestão de líquidos favorece a fluidificação de secreções e melhora a eliminação de muco.
  • Exercícios respiratórios: Técnicas de fortalecimento pulmonar e expansão torácica mantêm a capacidade respiratória adequada.
  • Evitar locais com aglomeração: Locais fechados e com grande circulação aumentam a exposição ao vírus.
  • Vacinação: Imunização contra a gripe reduz o risco de infecção e complicações.

O investimento em cuidadores ou acompanhamento familiar não deve ser ignorado. A Coordenadora da Unimetrocamp Wyden afirmou que a gripe pode trazer muitos obstáculos ao cotidiano dos idosos. “A influenza pode causar sintomas severos, como fadiga extrema e desidratação. Eles impactam a capacidade do idoso de realizar atividades básicas”, disse ela.

Quando Procurar um Fisioterapeuta?

Você deve procurar um fisioterapeuta em casos de:

  • Acúmulo de secreções: Se o paciente apresenta secreções densas que dificultam a respiração.
  • Piora dos sintomas: Se a febre persiste por vários dias e há sinais de complicação respiratória.
  • Histórico de doenças respiratórias: Pacientes com DPOC, asma ou doenças pulmonares prévias devem buscar fisioterapia.
  • Dificuldade para respirar: Sensação de falta de ar intensa ou redução na capacidade pulmonar indica necessidade de intervenção profissional.

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RMC

Região de Campinas está em estado de alerta para incêndios

Crédito Carlos Bassan

A informação foi divulgada pela Defesa Civil do Estado de São Paulo. A baixa umidade do ar agrava os riscos e exige medidas de proteção à saúde

A região de Campinas se encontra, atualmente, no mapa de risco de alerta para incêndios, segundo a Defesa Civil do Estado de São Paulo. O risco é alto principalmente nesta  quinta-feira, 17 de julho, e sexta-feira, 18 de julho.

Nestes dois dias, a temperatura elevada, baixa umidade do ar e prevalência do sol favorecem a ocorrência de queimadas em todas as regiões paulistas.

De acordo com a Defesa Civil, quase todo o estado de São Paulo vai ficar em estado de atenção para incêndios. No período, a umidade relativa do ar (URA) chegará a níveis preocupantes e até menores que 30%.

Nesta quarta-feira, dia 16, a URA em Campinas foi de 29,2%. Quando isso acontece, é importante evitar exercícios físicos ao ar livre entre 11h e 15h; consumir água à vontade; umidificar o ambiente com vaporizadores, toalhas molhadas, recipientes com água e molhar jardins;. E sempre que possível, é importante se proteger do sol.

População precisa colaborar

“Estamos em alerta para o risco de incêndios na região de Campinas e em todo o estado. Caso vejam um incêndio, os moradores precisam avisar o Corpo de Bombeiros pelo 193”, enfatiza o coordenador regional e diretor da Defesa Civil de Campinas, Sidnei Furtado.

Ele destaca, ainda, que a Defesa Civil e os demais órgãos da Prefeitura estão fazendo a sua parte, “mas é importante que a população contribua não fazendo queimadas que, além de serem destrutivas para o ambiente, também são prejudiciais para a saúde”.

Campinas realiza diversas ações de prevenção às queimadas, no âmbito da Operação Estiagem. O objetivo é fortalecer as ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação diante dos riscos associados ao período de seca. As ações da Operação são definidas por um comitê intersetorial formado por membros de diversos órgãos municipais e demais entidades ligadas ao tema.

Novos reservatórios

Para reforçar o combate aos incêndios, em abril, foi instalado um reservatório de água com capacidade de 100 mil litros no Pico das Cabras. Além disso, diversas regiões da cidade passarão a contar com reservatórios de água para apoiar o Corpo de Bombeiros, em um trabalho integrado entre a Secretaria de Educação, Defesa Civil, Sanasa e Corpo de Bombeiros.

Os equipamentos estão instalados em escolas da rede municipal de educação. Ainda não estão em uso porque as unidades receberam novas caixas d’água. A Sanasa está realizando vistorias para verificar o que precisa ser feito para disponibilizar os equipamentos aos bombeiros.

Multas

Em Campinas, é proibido por lei usar fogo para limpar terrenos e, se for constatada a queimada no terreno, o proprietário pode ser multado. A multa para queimadas em terrenos é de 200 UFICs (Unidades Fiscais de Campinas), o equivalente a R$ R$ 976,10.

A lei 16024/20 proíbe o uso do fogo para limpeza e preparo do solo em Campinas, inclusive para o preparo do plantio ou colheita, exceto a queima controlada e o cultivo da cana-de-açúcar. A multa é de 5.000 UFICs por hectare ou fração, cerca de R$ 24,4 mil.

Também está proibida a queima de lixo, mato ou qualquer outro material orgânico ou inorgânico na zona urbana de Campinas. Nesse caso, a penalidade varia de 200 a 1000 UFICs, entre R$ 976,10 e 4.880,50.

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Brasil e Mundo

Estados Unidos emitem alerta de segurança mundial

Norte-americanos devem tenham cautela após início de conflito
Daniella Almeida – Repórter da Agência Brasil
O Departamento de Estado dos Estados Unidos emitiu alerta de segurança mundial aconselhando cidadãos norte-americanos no exterior a terem mais cautela. 

O alerta é motivado pelo conflito entre Israel e o Irã, que resultou em interrupções nas viagens e no fechamento temporário do espaço aéreo em todo o Oriente Médio. Além de estar no site do Departamento de Estado, o alerta pode ser lido nos sites das embaixadas dos EUA em todo o mundo.

“Há potencial para manifestações contra cidadãos e interesses americanos no exterior. O Departamento de Estado recomenda que cidadãos norte-americanos em todo o mundo tenham mais cautela”, diz o alerta de segurança mundial.

O comunicado oficial do governo dos EUA não faz referência aos ataques aéreos dos Estados Unidos a três instalações nucleares do país persa: Fordow, Natanz e Esfahan, no último sábado (21).

Aviso de Viagem

O texto recomenda ainda a leitura atenta do Aviso de Viagem.

Entre outras informações, o documento traz:

·         a lista de sites de embaixadas, consulados, missões diplomáticas e escritórios dos EUA que prestam serviços consulares;

·         dicas para a escolha de acomodações seguras e acessíveis para se hospedar na próxima viagem e para estadia;

·         orientações de saúde no exterior sobre como obter ajuda para uma emergência médica, verificação da cobertura do seguro de saúde e sobre a necessidade de levar medicamentos prescritos;

O texto ainda explica o que Departamento de Estado pode e não pode fazer durante uma crise em outro país para garantir a segurança dos cidadãos norte-americanos no exterior.

Relembre

A ofensiva contra o Irã foi iniciada por Israel com bombardeiros a instalações militares, no último dia 13, por discordar do programa nuclear iraniano.

Na noite do último sábado (21), o conflito assumiu novas proporções e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou os bombardeios.

Nesta segunda-feira (23), a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) das Nações Unidas realiza reunião de emergência após ataque dos EUA ao Irã, convocada nesse domingo (22).

Durante a terceira reunião do Conselho de Segurança da ONU após o início do conflito Israel-Irã – convocada com urgência nesse domingo – o secretário-geral da entidade, António Guterres, disse que o bombardeio às instalações nucleares iranianas por parte dos Estados Unidos é uma mudança perigosa em uma região que já está em crise. 

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Saúde

Valinhos tem mais duas mortes por dengue

Vítimas são uma mulher de 92 anos e um homem de 85 anos

A Secretaria de Saúde de Valinhos confirmou a morte de mais duas pessoas por dengue. As vítimas são uma mulher de 92 anos, moradora do bairro Reforma Agrária, que faleceu em 18 de abril, e um homem de 85 anos, morador do Parque Santana, que veio a óbito no dia 27 de abril.

Os laudos do Instituto Adolfo Lutz foram recebidos pela Secretaria de Saúde no dia 2 de junho. A Secretaria só comunica as mortes publicamente após avisar os familiares sobre a causa do óbito. Com estes casos, Valinhos chega a três mortes provocadas por dengue em 2025. A primeira morte do ano foi de um morador da Vila Papelão de 91 anos no dia 9 de abril. Os três casos foram contraídos no município.

Do início de janeiro ao dia 3 de junho, Valinhos confirmou 1.430 casos de dengue, o que representa uma redução de 72% em relação ao mesmo período de 2024 quando foram registradas 5.266 confirmações. A redução expressiva no número de casos de dengue em relação ao ano passado foi resultado de um esforço conjunto entre as ações realizadas pela Prefeitura (Operação Limpa Valinhos, nebulizações, vistorias casa a casa com controle larvário) e da população que colaborou com as medidas preventivas de combate ao mosquito.

Em relação à mortalidade, 18 perderam a vida infectadas pelo mosquito Aedes aegypti em 2024, sendo oito em abril, oito em maio, um em junho e um em agosto.

Mesmo nesta época do ano com pouca incidência de chuvas e um clima mais seco, a população deve manter os cuidados com a eliminação de recipientes que possam acumular água, possíveis criadouros do mosquito da dengue. Crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos podem se proteger tomando a vacina contra a dengue que está disponível em todas as unidades básicas de saúde de Valinhos.

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Saúde

Uso indiscriminado da tirzepatida para emagrecer preocupa

Combinando duas ações hormonais, medicamento mostra resultados superiores a outros análogos do GLP-1; médicos alertam para efeitos adversos e risco de banalização do uso

 

Por Marília Marasciulo, da Agência Einstein

Após meses de expectativa, a tirzepatida começou a ser comercializada no país em maio, com o nome comercial Mounjaro. Fabricado pela farmacêutica estadunidense Eli Lilly, o fármaco é apontado como o mais potente no arsenal contra a obesidade e o diabetes tipo 2. Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2023 para o tratamento de diabetes, o remédio só agora chegou efetivamente às farmácias, em meio a uma demanda aquecida e a um debate crescente sobre quem vai, de fato, se beneficiar da nova promessa da medicina metabólica.

O entusiasmo não vem do nada. Ele representa a nova geração dos chamados análogos do hormônio GLP-1, classe de medicamentos originalmente criada para tratar o diabetes tipo 2 que vem revolucionando a forma como a medicina aborda a obesidade. Ao combinar a ação do GLP-1 com a do GIP — outro hormônio intestinal envolvido na regulação do apetite e da glicemia —, a tirzepatida atua em mais frentes do metabolismo e, segundo estudos, leva a perdas de peso superiores a 20% em adultos com obesidade.

É mais do que o já expressivo resultado obtido com a semaglutida, princípio ativo do Ozempic e do Wegovy, cuja média fica entre 13% e 15%. “A gente acredita realmente que esses medicamentos vão ser o futuro do tratamento da obesidade, do diabetes e de várias outras doenças”, afirma o endocrinologista Paulo Rosenbaum, especialista em obesidade do Hospital Israelita Albert Einstein. “Há esperança de que isso possa mudar a vida de muita gente e que, com o tempo, eles possam ficar mais acessíveis e beneficiar uma população maior.”

Mas, se os efeitos impressionam, os custos — financeiros, sociais e biológicos — ainda estão em aberto. Enquanto isso, pacientes, médicos e autoridades tentam equilibrar o potencial terapêutico com os riscos conhecidos e os limites da prescrição responsável, numa corrida em que o peso perdido pode não ser o único impacto a ser medido.

Como funcionam os análogos de GLP-1

Os medicamentos que hoje lideram a revolução no tratamento da obesidade e do diabetes nasceram da descoberta do papel dos hormônios intestinais no controle do apetite e da glicemia. Um dos principais é o GLP-1 (glucagon-like peptide-1), produzido em resposta à ingestão de alimentos. Ele estimula a secreção de insulina, inibe o glucagon (hormônio produzido pelo pâncreas que tem a função de aumentar os níveis de glicose no sangue) e retarda o esvaziamento gástrico, prolongando a saciedade.

O primeiro análogo sintético do GLP-1, a exenatida, chegou ao mercado no início dos anos 2000. Desde então, as moléculas evoluíram em potência e praticidade. A liraglutida, de uso diário, oferecia resultados mais consistentes; depois vieram os compostos de aplicação semanal, como a dulaglutida e a semaglutida — essa última já indicada também para perda de peso. “A gente viu uma evolução em termos de facilidade posológica e na perda de peso causada por medicações”, relata a endocrinologista Maria Edna de Melo, médica assistente do Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).

A eficácia ganhou projeção mundial após a publicação do estudo STEP 1, no New England Journal of Medicine, em 2021. O ensaio mostrou que adultos com obesidade perderam, em média, 14,9% do peso corporal com semaglutida semanal — mais que o dobro dos resultados de intervenções anteriores.

Mas o impacto clínico vai além da balança. Segundo Melo, a perda de peso funciona como um ponto de inflexão, porque costuma desencadear o controle de outras condições. “Alguns estudos mostram que a semaglutida tem relação com a redução do risco cardiovascular”, afirma. A partir de março de 2024, essa indicação passou a constar na bula da semaglutida injetável de 2,4 mg (Wegovy), aprovada pela Food and Drug Administration (FDA), agência que regula e aprova medicamentos, vacinas e alimentos nos EUA, para reduzir eventos cardiovasculares em pessoas com obesidade e histórico de doença cardíaca — mesmo sem diagnóstico de diabetes.

Outros órgãos e sistemas também parecem se beneficiar do uso contínuo dessas medicações. Em estudos clínicos e observacionais, foram notadas melhorias em casos de apneia do sono, esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado) e até osteoartrite (doença crônica que causa o desgaste da cartilagem das articulações).

Há ainda pesquisas em andamento sobre os efeitos na saúde mental. Um estudo publicado em abril no JAMA Neurology associou o uso de agonistas do receptor de GLP-1 a uma redução significativa no risco de demência e comprometimento cognitivo, em comparação com outros tratamentos para diabetes tipo 2. Os efeitos neuroprotetores estão sendo testados também em quadros de Parkinson, dependência química e depressão resistente.

Prevenção oncológica

Um dos estudos mais recentes, apresentado no Encontro Anual de 2025 da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, na sigla em inglês), acompanhou mais de 170 mil adultos com obesidade e diabetes nos Estados Unidos. Os dados mostram que o uso dos análogos esteve associado a um risco 7% menor de desenvolver cânceres ligados à obesidade — entre eles, os de cólon, fígado, estômago, mama e endométrio — em comparação com pacientes tratados com inibidores de DPP-4, outra classe de antidiabéticos.

Embora sem comprovação de causalidade, os autores consideraram os achados “reconfortantes” e apontam que essas moléculas podem, no futuro, ter papel também na prevenção oncológica.

“A medicina tem recebido essas descobertas com entusiasmo, mas também com cautela”, pontua o endocrinologista Carlos André Minanni, do Einstein. “É importante lembrar que todo novo uso precisa ser bem estudado para garantir segurança e eficácia. O lado positivo é que estamos entrando em uma nova fase de tratamentos mais integrados, que cuidam do corpo como um todo — e esses medicamentos fazem parte dessa revolução.”

Efeitos colaterais

Apesar dos avanços com os medicamentos à base de GLP-1, ainda existem algumas lacunas importantes que a ciência está buscando esclarecer. A maior parte dos pacientes tolera bem os análogos de GLP-1, mas os medicamentos não estão isentos de riscos.

A bula aponta efeitos gastrointestinais como náusea, diarreia, vômito e constipação — relatados por até 18% dos usuários de tirzepatida e 24% dos que usam semaglutida. “Esses sintomas geralmente aparecem no início do tratamento e tendem a melhorar com o tempo, mas em algumas pessoas podem ser mais intensos. Por isso, o acompanhamento médico é fundamental para ajustar a dose e avaliar a tolerância”, explica Minanni.

Os efeitos no longo prazo também são desconhecidos. “Ainda não temos dados suficientes sobre o que acontece com o corpo após muitos anos de uso contínuo. Queremos entender melhor se os benefícios continuam se mantendo e se há riscos que só aparecem com o tempo”, diz. A segurança em populações específicas, como gestantes, crianças e idosos muito frágeis, é outra preocupação. “Isso limita nossa capacidade de recomendar o tratamento com segurança nesses casos”, completa Carlos Minanni.

Outro risco observado em estudos iniciais com semaglutida é a piora de casos já existentes de retinopatia diabética, especialmente em pacientes com diabetes. “O remédio melhora a glicemia muito rápido, e isso pode descompensar o quadro. Por isso é tão importante fazer o escalonamento da dose de forma gradual”, explica a endocrinologista do HC-USP.

Também preocupa a perda de massa muscular. Estudos indicam que entre 20% e 40% do peso perdido com GLP-1 pode vir de tecido magro, especialmente em indivíduos que não associam o tratamento à ingestão adequada de proteína e a exercícios de resistência. “Pacientes que perdem muito peso podem perder massa magra e até desenvolver osteoporose. Em idosos e pessoas frágeis, é essencial combinar o uso com musculação”, orienta Rosenbaum. Em pacientes com obesidade e diabetes, esses medicamentos podem elevar o risco de pancreatite, inflamação do pâncreas que causa dor abdominal intensa e pode comprometer a digestão.

O maior alerta, no entanto, pode estar fora da bula: o uso sem indicação formal por pessoas que buscam emagrecer por estética, sem obesidade ou comorbidades. “As pessoas confundem o tratamento da obesidade com perder dois quilos. Isso estigmatiza o tratamento e atrapalha quem realmente precisa. Vira um problema mais social do que médico”, afirma Melo.

Em abril, a Anvisa anunciou que passaria a exigir retenção de receita para fármacos à base de semaglutida e tirzepatida, e estabeleceu um prazo de 90 dias para a validade da prescrição, numa tentativa de coibir a automedicação e o aumento indevido de dose — fator que eleva o risco de reações adversas. A medida deve entrar em vigor no dia 23 de junho. “Quando o paciente compra sozinho, às vezes já aplica uma dose que só deveria ser usada daqui a três meses. E isso aumenta o risco de efeitos colaterais mais fortes”, alerta a médica da USP.

Regulação, SUS e acesso

Apesar das exigências da Anvisa para controlar o uso indevido dos medicamentos, o principal obstáculo continua sendo o preço. Dependendo da dosagem, uma caixa de Mounjaro pode custar até R$ 4058,86, de acordo com a lista de preço máximo ao consumidor da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Já Ozempic e Wegovy não saem por menos de R$ 1065,75. Isso mantém o tratamento fora do alcance da maior parte dos brasileiros.

“Quando falamos desses medicamentos, falamos só de gente rica para gente rica. Ainda mais pensando no uso crônico, afinal, 70% da população vive com dois salários mínimos. Então é um assunto bem elitista”, opina Maria Edna de Melo. “Isso cria desigualdades no tratamento da obesidade e do diabetes, que são problemas de saúde pública”, concorda Minanni.

Enquanto o remédio chega ao varejo, o debate sobre sua inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS) segue travado. Em maio de 2024, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) analisou dois pedidos: um da Novo Nordisk, fabricante do Ozempic, para incorporação da semaglutida a pacientes com obesidade e risco cardiovascular; e outro da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), com apoio da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), pedindo a inclusão da liraglutida.

Ambos foram negados. Segundo a avaliação técnica, divulgada em consulta pública, o principal entrave foi o impacto orçamentário. Mesmo com propostas que limitavam o uso a casos graves, a estimativa de custo supera R$ 10 bilhões por ano.

Melo, que participou diretamente do processo relacionado à liraglutida, critica os critérios da análise. “A solicitação era para pacientes em situação extrema. Mas retiraram a doença cardiovascular do cálculo e fizeram a conta com base apenas em obesidade e diabetes, o que inflaciona o número de possíveis usuários”, aponta. Na prática, a decisão manteve o tratamento da obesidade fora do SUS, mesmo nos casos graves e com risco elevado de complicações.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Consumo de álcool na gravidez pode causar transtorno fetal

Estudo mostra que consumo pode levar a deficiências físicas e mentais
Flávia Albuquerque – Repórter da Agência Brasil
Estudo feito por pesquisadores do Laboratório de Bioinformática e Neurogenética (LaBiN) do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) confirmou que o consumo de etanol (EtOH), componente ativo das bebidas alcoólicas, durante a gravidez pode comprometer o neurodesenvolvimento fetal. Isso pode provocar o Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal (TEAF), que inclui deficiências físicas, mentais e comportamentais e é normalmente confundido com o autismo, especialmente em crianças pequenas.

Segundo os resultados, o EtOH altera a organização da estrutura responsável por compactar o DNA (cromatina) e prejudica o desenvolvimento da formação de redes neurais funcionais durante o desenvolvimento cerebral. A exposição ao álcool afeta negativamente tanto a formação quanto a atividade dessas redes.

“Estudos anteriores já demonstraram que o consumo de álcool durante a gravidez pode levar a distúrbios conhecidos como Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal, que incluem deficiências físicas, mentais e comportamentais, que inclusive se confundem com o autismo, especialmente em crianças pequenas. Nos Estados Unidos, estima-se que 1 em cada 20 nascimentos seja afetado pelo TEAF, mas não há dados concretos sobre a incidência no Brasil”, explicou o pesquisador e coordenador do LabiN, Roberto Hirochi Herai.

De acordo com levantamento do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), entre os anos de 2010 e 2023 houve aumento de 10,5% para 15,2% no percentual de mulheres que consomem bebidas alcoólicas excessivamente. Entre os homens, a taxa permaneceu estável, de 27% para 27,3%. Na população em geral, o aumento foi de 18,1% para 20,8%. “No caso de mulheres grávidas, os riscos associados ao álcool são ainda maiores, pois ainda não há dados que indiquem se há uma quantidade segura do consumo de álcool durante uma gestação”, afirmam os pesquisadores.

Para um dos autores do estudo, Bruno Guerra, os efeitos moleculares do consumo de álcool durante a gestação no desenvolvimento do córtex cerebral fetal humano ainda são pouco conhecidos.

“Compreender a base das alterações moleculares, incluindo os problemas que são causados nas células cerebrais, ajudará no desenvolvimento de futuras terapias de tratamento para as TEAF e a esclarecer as alterações relacionadas aos processos neurobiológicos. Isso permitirá a geração de mais dados que possam auxiliar na criação de políticas de saúde pública relacionadas ao consumo de álcool por grávidas”, destacou.

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Saúde

Conheça 4 alterações nas unhas que podem indicar problemas de saúde

Mudanças na superfície, na cor, na espessura e na textura podem sugerir falta de vitaminas, mas também outras doenças sistêmicas, infecções e até câncer

 

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

Talvez você não saiba, mas as unhas são uma extensão da pele, assim como o cabelo. Elas desempenham papel essencial na proteção das falanges (último ossinho dos dedos) e na funcionalidade das mãos e dos pés. Pode não parecer, mas ajudam a pegar e manipular pequenos objetos, além de melhorar o tato. Além disso, ainda exercem uma função estética.

“As unhas servem como uma camada de defesa para as pontas dos dedos, que são áreas muito sensíveis e ricas em terminações nervosas. Além disso, nos auxiliam em tarefas diárias, como segurar objetos, coçar e até mesmo proporcionar mais firmeza ao toque”, explica o dermatologista Andrey Malvestiti, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Mas sua importância vai além da funcionalidade e da estética. O estado das unhas pode refletir a saúde geral do organismo. Alterações na superfície, cor, espessura e textura, por exemplo, podem indicar falta de vitaminas ou doenças sistêmicas, como infecções e até mesmo câncer.

Por isso é fundamental ficar atento a qualquer mudança na aparência das unhas. Confira alguns dos aspectos que devem ser observados:

  1. Alterações de superfície

Essa é a queixa mais comum nos consultórios dos dermatologistas, geralmente descrita de forma vaga como unhas fracas, quebradiças, rugosas ou descamando. “As alterações estéticas são o que normalmente levam o paciente para o consultório. Dificilmente elas causam dor ou algum outro sintoma. Na maioria das vezes, o paciente procura um médico quando percebe que as unhas estão feias”, relata Malvestiti.

Segundo o médico, várias causas podem levar a essas alterações, entre elas, o próprio envelhecimento. “Assim como a pele envelhece e desenvolve rugas ao longo dos anos, as unhas também, e podem ficar mais fracas e rugosas. Isso faz parte do processo natural do envelhecimento”, diz.

No entanto, inúmeras outras condições podem afetar a superfície das unhas, como a doença arterial periférica (varizes e problemas vasculares), distúrbios endócrinos (alterações de tireoide ou diabetes descompensado), anemia por deficiência de ferro, doenças dermatológicas (psoríase e dermatites alérgicas) e até mesmo a gestação pode influenciar, por causa do desvio de nutrientes para o bebê.

“As unhas podem apresentar alterações sem que isso signifique um problema de saúde, mas também podem mostrar algo mais sério, que merece diagnóstico e tratamento adequados”, alerta o médico.

Fatores ocupacionais também precisam ser levados em consideração quando alguém se queixa de alterações nas unhas. Durante a avaliação clínica, é preciso entender mais sobre a rotina do paciente, com o que essa pessoa trabalha, se tem muito contato com água ou com produtos químicos, por exemplo.

Atletas, como corredores ou jogadores de tênis, têm mais risco de alterações nas unhas dos pés por causa do atrito do calçado e maior possibilidade de sofrer traumas físicos. Pessoas que costumam tirar a cutícula na manicure também são mais propensas a ter o problema. “A cutícula existe para proteger a lâmina da unha. Ao ir à manicure e remover a cutícula toda semana, pode-se causar pequenos traumas na matriz da unha e gerar uma lâmina defeituosa”, adverte Malvestiti.

Alguns medicamentos também podem causar essas alterações, como os retinoides e quimioterápicos. “Quando o paciente chega ao consultório com essa queixa, em geral, ele alega ser falta de vitamina. Pode até ser essa a origem do problema, mas não podemos nos limitar a isso. Existem diversas outras causas com maior gravidade e relevância. Por isso é tão importante investigar bem a queixa. Muitas vezes, o tratamento não envolve nenhum remédio, apenas adequações na rotina e nos hábitos de vida”, afirma Malvestiti.

  1. Mudanças de cor

Manchas brancas podem ser uma característica natural da pessoa ou resultar do uso excessivo de esmaltes sem intervalo para a recuperação das unhas, o que pode levar à desidratação da lâmina ungueal. “Unhas precisam de hidratação. O uso contínuo de esmaltes pode ressecá-las, resultando no aparecimento de manchinhas brancas”, diz Malvestiti, que recomenda períodos de pausa entre as esmaltações.

Manchas avermelhadas e roxas também podem ser o famoso “sangue pisado”, que pode ocorrer por pequenos traumas que geram focos de hemorragia abaixo da lâmina ungueal, sem maiores repercussões.

Já manchas de coloração marrom, cinza ou preta podem ser um sinal de câncer de pele, como o melanoma subungueal. Embora a maioria das alterações escuras sejam benignas, é essencial procurar um dermatologista ao notar qualquer mudança de cor. “Pode ser apenas uma pinta na unha, ou mesmo uma pigmentação comum de peles mais escuras. Mas é importante procurar o dermatologista para uma análise mais detalhada, que diferencie uma lesão benigna de um câncer de pele”, orienta.

Além do melanoma, diversos outros tumores podem afetar as unhas, como carcinomas, fibromas e granulomas – mas, nesses casos, sem provocar mudanças na coloração. “Um ponto importante é que as alterações causadas por tumores geralmente afetam apenas uma unha, enquanto problemas sistêmicos costumam atingir várias ao mesmo tempo”, pontua o dermatologista. O tratamento geralmente envolve remoção cirúrgica da lesão, podendo ser necessário acompanhamento oncológico.

  1. Descolamento

O descolamento das unhas pode ter diversas causas, incluindo traumas, infecções fúngicas, alergias a produtos químicos ou doenças sistêmicas. Segundo Malvestiti, a principal origem desse problema é a micose (onicomicose), que se aproveita de pequenos descolamentos (por esportes, por exemplo) para se instalar. O descolamento costuma começar na borda livre da unha e, se não tratado, pode se espalhar e atingir toda a lâmina ungueal.

  1. Espessamento

As unhas ficam mais grossas, endurecidas e com acúmulo de material (como uma massinha) por baixo. Uma das principais causas também é a micose, que inicialmente provoca o descolamento e, com o tempo, leva ao espessamento e acúmulo de queratina abaixo da unha.

O tratamento inclui diminuir a espessura da unha por meio de lixamento, para permitir que os medicamentos antifúngicos penetrem na região. “Muitas vezes, os pacientes demoram anos para procurar o dermatologista. Quanto mais o tempo passa, mais alteradas ficam as unhas e mais difícil se torna o tratamento.”

Danos por infecções

Além dessas quatro alterações, as unhas também podem ser acometidas por infecções causadas por bactérias ou vírus. Elas podem provocar mudanças de cor, espessamento, descolamento e dor.

As infecções fúngicas são as mais comuns, ao passo que as bacterianas (como a paroníquia) podem causar vermelhidão, inchaço e até formação de pus ao redor da unha. Já as infecções causadas pelo HPV (papilomavírus humano) podem resultar no aparecimento de verrugas ao redor das unhas. O tratamento varia conforme a causa, sendo essencial buscar orientação médica ao notar qualquer alteração.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

SOS AVC Valinhos alerta para o perigo do AVC silencioso

Projeto conscientiza sobre sintomas sutis e importância da prevenção, visando reduzir riscos de complicações graves

O Projeto SOS AVC Valinhos, uma iniciativa do empresário Paulo Sérgio Paschoal, atua na cidade com o objetivo de conscientizar e apoiar a população sobre o Acidente Vascular Cerebral (AVC). O projeto funciona no Casarão FEAV e segue firme em com foco em sua missão de levar informação e prevenção dos fatores de risco para a doença.

A coordenadora do projeto, Ana Cláudia Scavitti, ressalta a importância de conhecer o AVC silencioso, também chamado de microangiopatia. Trata-se de uma condição causada por pequenas lesões cerebrais decorrentes de problemas na circulação sanguínea. Essas lesões são consideradas “silenciosas” porque, em muitos casos, não apresentam sintomas evidentes, ao contrário do AVC tradicional.

“Os sinais do AVC silencioso podem incluir, entre outros,os seguintes  sintomas,lapsos de memória, leve dificuldade de mobilidade, alterações na linguagem e outros sintomas que, muitas vezes, são atribuídos ao envelhecimento. O diagnóstico da microangiopatia é feito por meio de exames de imagem, como ressonância magnética ou tomografia computadorizada. Identificá-la precocemente é essencial, pois o acúmulo dessas lesões ao longo do tempo pode levar à demência ou aumentar o risco de um AVC mais grave”, alerta Ana Cláudia.

O Projeto SOS AVC Valinhos enfatiza a importância da prevenção, com hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, qualidade do sono, controle do estresse,atividade física e acompanhamento regular da saúde. Essas medidas são fundamentais para reduzir o risco do AVC.

Para mais informações, acesse www.sosavcvalinhos.com.br ou entre em contato pelo telefone e WhatsApp: (19) 99606-7975. O grupo também está aberto para voluntários de diversas áreas que desejam contribuir com o projeto.

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Saúde

Saúde bucal: entenda importância e cuidados com cremes dentais

© Marcelo Camargo/Agência Brasil
Anvisa alerta sobre reações adversas a determinados produtos
Paula Laboissière – Repórter da Agência Brasil
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, na última quinta-feira, dia 27, uma resolução que suspendia todos os lotes do Creme Dental Colgate Total Clean Mint. Segundo a Anvisa, a medida era preventiva e temporária, com o intuito de proteger a saúde da população.

A suspensão teria duração de 90 dias, período no qual a Anvisa conduziria investigações sobre reações adversas notificadas e relacionadas ao produto. No mesmo dia da publicação da resolução, entretanto, a agência suspendeu a interdição do creme dental, após apresentação de recurso pela empresa.

Ainda assim, a Anvisa emitiu um alerta sobre a possibilidade de ocorrência de reações indesejáveis diante do uso de cremes dentais que contenham fluoreto de estanho na formulação. Este é o primeiro alerta de segurança emitido no Brasil sobre reações adversas associadas ao uso de cremes dentais contendo fluoreto estanoso.

Cremes dentais

De acordo com o Conselho Federal de Odontologia (CFO), a escovação com creme dental fluoretado é uma estratégia comprovadamente eficaz, segura e apontada como a principal razão para o declínio das lesões de cárie observado no Brasil e no mundo desde a década de 1970.

O Ministério da Saúde destaca que a pasta de dente com fluoreto é importante para diminuir a prevalência de cárie dentária. Todas as pessoas, segundo a pasta, apresentam, em algum grau, perdas de minerais ou desmineralização dos dentes devido aos ácidos liberados pelas bactérias na presença de alimentos açucarados.

“Entretanto, o indivíduo que não escova os dentes com pasta de dente fluoretada e não tem uma alimentação adequada, ingerindo com frequência alimentos e bebidas açucaradas e produtos ultraprocessados (que contêm excesso de sal, gordura e açúcar), apresenta muito mais probabilidade de desenvolver cárie dentária.”

“Por isso, é importante que se utilize pasta fluoretada pelo menos duas vezes ao dia durante a limpeza da boca. É possível também usar água fluoretada e creme dental fluoretado, pois não há incompatibilidade entre eles”, completou o ministério.

Dosagem correta

No momento da escovação, a orientação do ministério é que seja usado creme dental fluoretado com no mínimo 1 mil partes por milhão (ppm) de flúor. Para checar a dosagem, basta observar no verso da embalagem a concentração do flúor.

“O mais importante é a frequência diária de uso da pasta e não a quantidade de pasta colocada na escova”, destacou o ministério.

Anvisa

Já a Anvisa refere-se aos cremes dentais como produtos de higiene oral de venda livre que, quando usados corretamente, ajudam a manter os dentes limpos e saudáveis. Segundo a agência, os que são formulados com fluoreto estanoso têm reconhecidas propriedades antimicrobianas e anticárie.

“No entanto, estudos científicos têm descrito reações adversas a cremes dentais contendo fluoreto estanoso, incluindo dor, ulceração, vermelhidão, sensação de queimação, bolhas na boca, entre outros sintomas”, destacou. No Brasil, dados oficiais de cosmetovigilância da Anvisa, somados a relatos em mídias sociais, plataformas de reclamações de consumidores e reportagens da imprensa, evidenciam um padrão crescente de reações adversas a esses cremes dentais.”

O alerta, segundo a agência, tem como objetivo informar profissionais de saúde e consumidores sobre riscos potenciais desse tipo de produto, além de destacar a importância de relatar as reações adversas à Anvisa e fornecer orientações para um uso mais seguro e consciente.

Recomendações

A Anvisa pede que profissionais de saúde monitorem sinais de alterações bucais, orientem seus pacientes sobre possíveis reações adversas advindas de cremes dentais e recomendem alternativas para indivíduos sensíveis.

“Consumidores devem estar atentos a sinais de irritação, interromper o uso do produto e procurar um dentista ou médico em caso de desconforto persistente”, destacou a agência.

A Anvisa acrescenta que os fabricantes têm que fornecer na rotulagem informações claras sobre possíveis reações adversas e instruções de uso adequadas, além de orientar sobre possíveis grupos de consumidores sensíveis.

Em caso de dúvida, a recomendação é buscar órgãos locais de vigilância sanitária ou entrar em contato diretamente com a Anvisa pela internet, acessando o formulário eletrônico do Fale Conosco, ou pelo  telefone 0800 642 9782.

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Saúde

Ozempic manipulado: médicos alertam para riscos de remédio alternativo

© Tânia Rêgo/Agência Brasil
Estes medicamentos exigem processos rigorosos de fabricação
Paula Laboissière – Repórter da Agência Brasil
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) divulgaram nota nesta quarta-feira, dia 5, na qual alertam a população sobre “graves riscos” associados ao uso de medicamentos injetáveis de origem alternativa ou manipulados para tratar obesidade e diabetes.

Os medicamentos em questão, de acordo com as entidades, são análogos do GLP-1 e GIP, incluindo a semaglutida (Ozempic e Wegovy, da farmacêutica Novo Nordisk) e a tirzepatida (Mounjaro e Zepbound, do laboratório Eli Lilly), aprovados por agências reguladoras como a brasileira Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a norte-americana Food and Drug Administration (FDA, na sigla em inglês).

“Medicamentos biológicos, como a semaglutida e a tirzepatida, exigem processos rigorosos de fabricação para assegurar que o organismo utilize e metabolize a substância de forma eficaz e segura. Essas moléculas são administradas por injeções subcutâneas, o que demanda padrões rigorosos de esterilidade e estabilidade térmica”, destacou a nota.

O uso de versões alternativas ou manipuladas, segundo as entidades, figura como “prática crescente, preocupante e perigosa” e carece de bases científicas e regulatórias que garantam eficácia, segurança, pureza e estabilidade do produto, “expondo os usuários a sérios riscos à saúde, pois não passam pelos testes de bioequivalência necessários, tornando impossível prever seus efeitos no corpo humano”.

“Relatos da FDA documentam problemas graves de administração em versões alternativas ou manipuladas, com doses superiores ou inferiores às recomendadas, contaminações e substituição por outros compostos”, alerta a nota. “A semaglutida e a tirzepatida alternativas ou manipuladas são frequentemente divulgadas como opções mais acessíveis e igualmente eficazes, o que é uma falsa promessa.”

Ainda de acordo com as entidades, a comercialização direta dessas medicações alternativas ou manipuladas por profissionais de saúde em consultórios configura prática contrária ao Código de Ética Médica, “ferindo a confiança da relação médico-paciente”. “Versões vendidas em sites, redes sociais ou por WhatsApp também aumentam o risco de adulteração, contaminação e ineficácia por desestabilização térmica”.

Dentre as recomendações que constam na nota está:

  1. que profissionais de saúde não prescrevam semaglutida ou tirzepatida alternativas ou manipuladas. “Apenas utilizem medicamentos aprovados por agências reguladoras, com fabricação industrial certificada e vendidos em farmácias”;
  2. que pacientes rejeitem tratamentos que incluam versões alternativas ou manipuladas dessas moléculas – incluindo vendas diretas em sites, aplicativos ou em consultórios – e busquem alternativas aprovadas pela Anvisa;
  3. que órgãos reguladores e fiscalizadores, em especial a Anvisa e os conselhos de medicina, intensifiquem ações de fiscalização sobre todas as empresas e pessoas envolvidas na prática.

Por fim, as entidades reforçam a importância de seguir recomendações baseadas na ciência e na ética, priorizando a segurança e o bem-estar da população. “E reiteram o compromisso social de melhorar o acesso a medicações seguras e eficazes para tratar a obesidade e o diabetes mellitus, assim como reivindicam políticas públicas de inclusão e abordagem ampla de prevenção e tratamento dessas condições”.

Falsificações

Em janeiro de 2024, a Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a fazer um alerta para a escassez de medicamentos como um problema global, sobretudo em países de baixa e média renda. Segundo a entidade, desde setembro de 2021, o número de insumos em falta em dois ou mais países cresceu 101%.

“Essa escassez de medicamentos é uma força motriz reconhecida para remédios falsificados ou de qualidade inferior e acarreta o risco de muitos procurarem obter medicamentos através de meios não oficiais, como a internet”, destacou a OMS, em nota.

O comunicado cita especificamente a escassez global, registrada em 2023, de produtos indicados para o tratamento do diabetes tipo 2 e utilizados também para a perda de peso, como o semaglutida. A substância é o princípio ativo do Ozempic, caneta de aplicação na pele para controle do apetite.

Anvisa

Em outubro, a Anvisa recebeu um comunicado da farmacêutica Novo Nordisk, responsável pela produção do Ozempic, sobre indícios de que canetas de insulina foram readesivadas e reaproveitadas com rótulos do medicamento. A suspeita era que os adesivos tenham sido retirados indevidamente de canetas originais de um lote da medicação e utilizados em embalagens de insulina vendidas.

A orientação da Anvisa é que a população e os profissionais de saúde fiquem atentos às características da embalagem do Ozempic e adquiram somente produtos dentro da caixa, em farmácias regularizadas junto à vigilância sanitária, sempre com a emissão de nota fiscal.

A agência recomenda ainda que não sejam adquiridos produtos de sites e canais que comercializam medicamentos usando nomes de marcas ou aplicativos de vendas, além de perfis em redes sociais que oferecem os produtos.

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