ABERTURA OFICIAL

Brasil e Mundo

Confira a íntegra do discurso de Lula na abertura da COP30

© Bruno Peres/Agência Brasil
A conferência é realizada pela primeira vez na Amazônia
Agência Brasil
Nesta segunda-feira, dia 10, foi aberta a programação da 30ª Conferência das Partes (COP30) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), em Belém. Realizada pela primeira vez na Amazônia – bioma com a maior biodiversidade do planeta e um regulador do clima global -, a COP30 tem o enorme desafio de recolocar o tema das mudanças climáticas no centro das prioridades internacionais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi uma das autoridades a discursar na abertura do evento e, como líder do país anfitrião, defendeu que a a mudança do clima já não é uma ameaça do futuro, mas “uma tragédia do presente” e cobrou uma ação coordenada dos países.
Confira a íntegra do discurso:

Há mais de 30 anos, na Cúpula da Terra, os líderes do mundo se reuniram no Rio de Janeiro para debater o desenvolvimento e a proteção do meio ambiente. 

Naquele momento, o multilateralismo vivia seu ápice.

O mundo adentrava a chamada década das conferências, da qual emergiram as grandes bússolas que guiaram a humanidade ao longo dessas três décadas. 

Entre elas estão o conceito de desenvolvimento sustentável e o princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas, legados vivos da Rio 92.

Hoje, a Convenção do Clima retorna à sua terra natal.

Ela faz o caminho de volta para recuperar o entusiasmo e o engajamento que embalaram seu nascimento.

Pelas próximas duas semanas, Belém será a capital do mundo.

Negociadores, governadores, prefeitos, parlamentares, cientistas e organizações da sociedade civil farão parte desse grande esforço coletivo em prol do planeta.

Trazer a COP para o coração da Amazônia foi uma tarefa árdua, mas necessária.

A Amazônia não é uma entidade abstrata. 

Quem só vê a floresta de cima desconhece o que se passa à sua sombra.

O bioma mais diverso da Terra é a casa de quase cinquenta milhões de pessoas, incluindo quatrocentos povos indígenas, dispersa por nove países em desenvolvimento que ainda enfrentam imensos desafios sociais e econômicos.

Desafios que o Brasil luta para superar com a mesma determinação com que contornou as adversidades logísticas inerentes à organização de uma conferência deste porte.

Quando vocês deixarem Belém, o povo da cidade permanecerá com os investimentos em infraestrutura que foram feitos para recebê-los.

E o mundo poderá, enfim, dizer que conhece a realidade da Amazônia.

Nos dias que antecederam esta Conferência, chefes de Estado e de Governo, ministros de Estado, representantes de organizações internacionais e da sociedade civil se reuniram na Cúpula de Belém pelo Clima.

Lançamos o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre, um mecanismo inovador que angariou, num só dia, 5,5 bilhões de dólares em anúncios de investimento.  

Adotamos compromissos coletivos sobre:

» O manejo integrado do fogo

» O direito à posse da terra por povos indígenas e tradicionais

» A quadruplicação da produção de combustíveis sustentáveis

» A criação de uma coalizão sobre mercados de carbono

» O alinhamento da ação climática ao combate à fome e à pobreza

» E a luta contra o racismo ambiental. 

A Cúpula de Belém foi o ponto de chegada de um caminho que o Brasil convidou a comunidade internacional a percorrer ao longo de suas presidências do G20 e do BRICS.

A síntese dos elementos que recolhemos nessa trajetória está contida no Chamado à Ação que lançamos após a Cúpula a título de contribuição aos debates na COP e além dela. 

A mudança do clima já não é uma ameaça do futuro.

É uma tragédia do presente.

O furacão Melissa que fustigou o Caribe e o tornado que atingiu o Estado do Paraná, no Sul do Brasil, deixaram vítimas fatais e um rastro de destruição.

Das secas e incêndios na África e na Europa às enchentes na América do Sul e no Sudeste Asiático, o aumento da temperatura global espalha dor e sofrimento, especialmente entre as populações mais vulneráveis.

A COP30 será a COP da verdade.

Na era da desinformação, os obscurantistas rejeitam não só as evidências da ciência, mas também os progressos do multilateralismo.

Eles controlam algoritmos, semeiam o ódio e espalham o medo. 

Atacam as instituições, a ciência e as universidades.

É momento de impor uma nova derrota aos negacionistas.

Sem o Acordo de Paris, o mundo estaria fadado a um aquecimento catastrófico de quase cinco graus até o fim do século.

Estamos andando na direção certa, mas na velocidade errada.

No ritmo atual, ainda avançamos rumo a um aumento superior a um grau e meio na temperatura global.

Romper essa barreira é um risco que não podemos correr.

Queridos amigos e queridas amigas, 

Nosso Chamado à Ação está dividido em três partes.

Na primeira parte, faço um apelo para que os países cumpram seus compromissos.

Isso significa:

» Formular e implementar as Contribuições Nacionalmente Determinadas ambiciosas

» Assegurar financiamento, transferência de tecnologia e capacitação aos países em desenvolvimento

» E dar a devida atenção à adaptação aos efeitos da mudança do clima

Na segunda parte, conclamo os líderes mundiais a acelerar a ação climática.

Precisamos de mapas do caminho para que a humanidade, de forma justa e planejada, supere a dependência dos combustíveis fósseis, pare e reverta o desmatamento e mobilize recursos para esses fins.

Avançar requer uma governança global mais robusta, capaz de assegurar que palavras se traduzam em ações.

A proposta de criação de um Conselho do Clima, vinculado à Assembleia Geral da ONU, é uma forma de dar a esse desafio a estatura política que ele merece. 

Na terceira parte, convoco a comunidade internacional a colocar as pessoas no centro da agenda climática. 

O aquecimento global pode empurrar milhões de pessoas para a fome e a pobreza, fazendo retroceder décadas de avanços.

O impacto desproporcional da mudança do clima sobre mulheres, afrodescendentes, migrantes e grupos vulneráveis deve ser levado em conta nas políticas de adaptação.

É fundamental reconhecer o papel dos territórios indígenas e de comunidades tradicionais nos esforços de mitigação.

No Brasil, mais de 13% do território são áreas demarcadas para os povos indígenas. Talvez ainda seja pouco. 

Uma transição justa precisa contribuir para reduzir as assimetrias entre o Norte e o Sul Global, forjadas sobre séculos de emissões.

A emergência climática é uma crise de desigualdade.

Ela expõe e exacerba o que já é inaceitável.

Ela aprofunda a lógica perversa que define quem é digno de viver e quem deve morrer.

Mudar pela escolha nos dá a chance de um futuro que não é ditado pela tragédia.

O desalento não pode extinguir as esperanças da juventude.

Devemos a nossos filhos e netos a oportunidade de viver em uma Terra onde seja possível sonhar.

O xamã ianomâmi Davi Kopenawa diz que o pensamento na cidade é obscuro e esfumaçado, obstruído pelo ronco dos carros e pelo ruído das máquinas.

Espero que a serenidade da floresta inspire em todos nós a clareza de pensamento necessária para ver o que precisa ser feito. 

Uma boa COP30.

Muito obrigado. 

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Terceiro Setor

Grupo Rosa e Amor abre o Outubro Rosa com emoção e conscientização

Estiveram presentes o prefeito Franklin Duarte, o vice-prefeito Luiz Mayr Neto, o presidente da Câmara Municipal, vereador Israel Scupenaro, o vereador Alexandre Japa, além de representantes de diversas instituições da cidade

O Grupo Rosa e Amor promoveu no último sábado, dia 4, a abertura oficial do Outubro Rosa, campanha internacional de conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. O evento reuniu autoridades municipais, profissionais da saúde, voluntários e convidados que lotaram as dependências da entidade, presidida pela Dra. Márcia Camargo Franzese.

Estiveram presentes o prefeito Franklin Duarte, o vice-prefeito Luiz Mayr Neto, o presidente da Câmara Municipal, vereador Israel Scupenaro, o vereador Alexandre Japa, além de representantes de diversas instituições da cidade.

A cerimônia marcou também os 25 anos de atuação do Grupo Rosa e Amor, que há um quarto de século oferece acolhimento e cuidado a pessoas em tratamento contra o câncer. O momento foi repleto de emoção, fé e solidariedade, reforçando a importância da união em prol da conscientização e da prevenção ao câncer de mama.
Um dos pontos altos da abertura foi o encontro ecumênico, com a participação do Padre Tadeu, da Paróquia Santa Edwirges (Campinas), da Pastora Christiane, da Comunidade Cristã Videira, e de Tiago Capelato, da Casa de Caridade Irmã Vera Cruz.

Durante os pronunciamentos, o vereador Israel Scupenaro destacou a relevância do trabalho desenvolvido pela entidade e o papel da espiritualidade como força essencial para enfrentar desafios. O vice-prefeito Luiz Mayr Neto enfatizou o impacto positivo da instituição na cidade: “A cada ano, aumentam os casos de câncer de mama. Nós, do poder público, só temos a agradecer e apoiar o trabalho que o Rosa e Amor realiza.”

O prefeito Franklin Duarte ressaltou o valor da fé e o orgulho de Valinhos em abrigar uma entidade como o Rosa e Amor:

“O Rosa e Amor representa a luta e a esperança. Somos gratos por essa instituição existir em nossa cidade e transformar vidas com tanto amor.”

A presidente Dra. Márcia Franzese apresentou a equipe e os diretores, e chamou ao palco as crianças do projeto Sementes do Futuro, filhos e netos de pessoas em tratamento ou órfãos do câncer. As 27 crianças emocionaram o público com uma bela apresentação, simbolizando que educação e solidariedade caminham juntas desde cedo.

Em seguida, uma roda de conversa reuniu especialistas que compartilharam informações valiosas sobre saúde e prevenção: Dra. Suzana Ramalho, médica oncologista e mestre em câncer de mama e ginecológico; Dr. Higor Mantovani, oncologista e geneticista, e Dra. Daiane Meneguzzo, cirurgiã-dentista e especialista em laserterapia oncológica.

O público participou ativamente com perguntas e depoimentos, tornando o encontro ainda mais enriquecedor.

O encerramento ficou marcado por um momento de profunda emoção, conduzido pela Dra. Márcia, que reuniu todos em um grande abraço coletivo, simbolizando a união, a esperança e o amor que movem a causa do Outubro Rosa.

 

Prefeito Franklin Duarte ladeado pela Dra Márcia C. Franzese e a voluntária Mara Ceccherini

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