Alternativa
70 ANOS: A trajetória de Valinhos rumo à autonomia
Ao celebrar 70 anos de emancipação, Valinhos reafirma sua identidade e o orgulho de ser um município que construiu sua própria história. Uma viagem no tempo para conhecer a trajetória de Valinhos desde o movimento emancipacionista até se tornar um dos municípios mais prósperos da Brasil
No dia 1º de janeiro de 2025, Valinhos completa 70 anos de sua emancipação político-administrativa de Campinas. Foi nesse dia que, oficialmente, o município foi instalado, com a posse do primeiro prefeito eleito, Jerônymo Alves Corrêa, e dos vereadores da 1ª Legislatura. Essa conquista, fruto de anos de luta e dedicação de seus moradores, transformou um pequeno distrito em uma próspera cidade.
O despertar de um sonh
Antes de 1º de janeiro de 1955, algumas lideranças valinhenses já haviam percebido o progresso que o distrito estava tendo e sua pujança econômica. Naquela época, Valinhos contava com três grandes indústrias: Gessy Lever, hoje Unilever; a Fábrica de Papel e Papelão Ribeiro Gerin S/A (antiga Rigesa); e o Cartonificio Valinhos, além das inúmeras cerâmicas ao longo do Ribeirão Pinheiro e de uma prodigiosa agricultura, com relevância para o figo roxo. Todos esses aspectos contribuíram para o desejo da criação do município.
Foi assim que esse grupo resolveu mudar o curso da história e criou o Movimento Emancipacionista, que organizou a primeira reunião para discutir a possibilidade de criar um novo município. Essa reunião aconteceu no dia 16 de maio de 1952, na sede da União dos Moços Católicos, localizada na Rua Cândido Ferreira, 166 (o prédio existe até hoje, e nele funciona a Casa dos Colchões).
Dessa reunião participaram 87 pessoas, e a mesa principal dos trabalhos teve a presença de Alfredo Zacarias, Cônego Bruno Nardini, Mário Vieira Braga, José Spadaccia e Horácio Amaral. Após várias deliberações, foi eleita a comissão oficial do Movimento Emancipacionista, assim constituída: presidente – Dr. Fernando Leite Ferraz; vice-presidente – Dr. Omar de Amorim; 1º secretário – José Spadaccia; 2º secretário – Amélio Borin; 1º tesoureiro – Mário Vieira Braga; 2º tesoureiro – Carlos Manarini; consultores – Dr. Silvio Antoniazzi, Horácio Amaral e Dr. Altino Gouveia; e presidente de honra, o Cônego Bruno Nardini. Ficou ainda definido que todos os presentes seriam conselheiros.
A partir desse momento, um intenso movimento em prol da autonomia tomou conta da cidade. Após diversas reuniões e mobilizações, no dia 13 de abril de 1953, o Movimento entregou o memorando eleitoral ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Vitor Maida, oportunidade em que o presidente de honra do Movimento, Monsenhor Bruno Nardini, usou da palavra ressaltando a necessidade de Valinhos tornar-se município. Já no dia 29 de julho, o Diário Oficial do Estado publicava o parecer favorável do deputado Almeida Barbosa.
Quando toda a população sentia que o velho sonho estava prestes a ser realizado, surgiu como um “balde de água fria” a notícia publicada no jornal “A Defesa”, de 2 de agosto, de que Valinhos não mais conseguiria a emancipação, uma vez que o plebiscito só poderia ser realizado com a aprovação da Câmara Municipal de Campinas por maioria de dois terços. Após muitas controvérsias, com juristas dando opiniões diversas, foram baixadas pelo Tribunal de Justiça as instruções e a data de 29 de novembro de 1953 para a realização do plebiscito.
Numa demonstração de unidade e desejo de progresso, a maioria esmagadora dos votantes se mostrou a favor da criação do município de Valinhos. Compareceram 875 eleitores e 866 votaram a favor da emancipação, 8 foram contrários e 1 em branco. Com o resultado, no dia 30 de dezembro de 1953, era promulgada a Lei nº 2456, criando o município de Valinhos.
A primeira eleição e a instalação do município
Com o resultado do plebiscito em mãos, o caminho para a emancipação estava aberto. Em 3 de outubro de 1954, foram realizadas as primeiras eleições municipais, e Jerônymo Alves Corrêa foi eleito o primeiro prefeito de Valinhos, com 1.832 votos contra 1.708 do seu adversário, José Spadaccia. Ao todo, votaram 3.435 eleitores.
A posse ocorreu no dia 1º de janeiro de 1955, dando início a uma nova era para a cidade.
A primeira Câmara Municipal de Valinhos foi composta por: Oswaldo Conte (primeiro presidente), Alberto Rovere, Albino Bonon, Altino Gouveia, Amélio Borin, Antonio de Oliveira, Antonio Palácio Neto, Germano Brandini, Guilherme Mamprim, José Pedro Said, João Antunes dos Santos, Maurício Aristides Milanese e Walter Obmer Woelzke.
A Capitã da Polícia Militar Lucimara Godoy
foi a primeira mulher eleita prefeita de Valinhos
e governou a cidade de 2020 a 2024
O crescimento e desenvolvimento de Valinhos
Com a emancipação, Valinhos iniciou um período de intenso crescimento e desenvolvimento. A cidade, que em 1952 tinha apenas 10.601 habitantes, transformou-se em um importante centro industrial e comercial, com uma população que hoje ultrapassa os 130 mil habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 7,9 bilhões.
A localização estratégica, a infraestrutura e a qualidade de vida fizeram de Valinhos um polo atrativo para empresas e investimentos. A cidade se destaca em diversos setores, como indústria, comércio e serviços, e possui um alto índice de desenvolvimento humano.