Alternativa

Capoeira: dança, luta e um grito de liberdade

O som do berimbau ecoa liberdade. Há mais de 400 anos é a sensação que os praticantes sentem quando entram numa roda de capoeira, onde tem dança, ritmo, luta e igualdade. Em meio ao jogo que mescla ginga e golpes de ataque, a arte marcial trazida pelos escravos no século XVII representa um grito pelo fim do preconceito. No passado, a arte marcial chegou a ser proibida no país, até depois do fim da escravidão, em 1888.

Com o tempo, a modalidade ganhou mais espaço, se popularizou. E não é à toa que hoje é conhecida em qualquer canto do mundo.  Em 3 de agosto é comemorado o dia do capoeirista. E o mestre Geremias Paranhos que foi o primeiro a trazer essa luta de raiz tão brasileira para Valinhos, não poderia deixar de falar da representatividade desse esporte.

A história de mestre Paranhos na capoeira começou cedo. Aos 20 anos, ele já estava formado e podia dar aulas da luta. E foi justamente ele quem trouxe a capoeira para Valinhos. Já são 40 anos ensinando pessoas de todas as idades o quanto a luta pode transformar a vida é essência das pessoas. “Eu vim pra Valinhos em 1980. No início foi meio difícil, porque eu era o pioneiro, ainda não existia essa atividade aqui. Então eu contei com a colaboração de muitas pessoas. Em 1985, eu consegui abrir uma academia na Campos Salles. Depois, fui contratado para um projeto de inclusão social e dei aula em vários centros comunitários da cidade e assim a capoeira foi se propagando aos poucos até os dias de hoje”, disse.

Entre as pessoas da cidade que colaboraram com a disseminação da prática da capoeira em Valinhos, Paranhos destaca os jornalistas Fernando D’Ávila e Roseli Bernardo, que atuavam na Folha de Valinhos na época, além do locutor Adelino Coutinho. “A divulgação era muito importante naquele momento para mostrar para a cidade o que era a capoeira. Lembro também que participamos de muitos eventos como a Festa do Figo, Festa do Folclore. Estávamos sempre presentes. Em um momento conseguimos lotar o Cine Saturno para a graduação dos alunos, foi muito especial. A capoeira era uma atração nova em Valinhos e o público se maravilhava.  Afinal, ela tem uma questão lúdica e um ritmo que atraem pessoas de todas as idades”.

Segundo mestre Paranhos, mais do que um esporte, a capoeira é expressão cultural. “Fisicamente é uma bela modalidade esportiva, mas socialmente é muito mais do que isso. A capoeira atrai pela inclusão social que promove, pelo lado lúdico. A prática faz com que as pessoas sintam o sabor e a energia que a arte da capoeira traz. Além do poder que o esporte tem de agregar valores como amizade e respeito ao próximo”, afirma.

No Dia do Capoeirista, mestre Paranhos também faz questão de deixar uma mensagem de agradecimento para os contramestres que, de acordo com ele, colaboraram para a disseminação da capoeira em Valinhos. “Eles começaram comigo e hoje estão dando seguimento a esse trabalho tão bonito que é a capoeira na cultura. Agradeço então os contramestres Cícero, Délio, Paulinho, Pingo, Marquinho, Batoré, entre outros que não estão mais na ativa, mas na sua época também colaboraram para dar prosseguimento a capoeira”.

Por todo o país, diversas leis municipais e estaduais instituem um dia em comemoração à arte da capoeira. Mas, a primeira dessas homenagens se deu em 1985, pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, instituindo na data de hoje, 3 de agosto, o Dia do Capoeirista, sendo esta a ocasião adotada por muitos como a oficial.

Para Paranhos, uma data que merece ser lembrada. “A capoeira contagia as pessoas em qualquer ambiente. Traz autoconfiança, alegria e igualdade”, concluiu.

 

 

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