Opnião

Uma pólvora e uma faísca

A comissão especial de impeachment aprovou na segunda-feira, 11, por 38 votos a 27 a continuidade do processo que pode resultar no futuro no afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT). Ela seria o segundo presidente a ser destituído do cargo – Fernando Collor, em 1993 sofreu o processo de impeachment.
Dilma está sendo acusada por crimes de responsabilidade fiscal, principalmente por conta no atraso de repasses de verba para banco públicos com fins de serem usados em programas assistenciais. Os beneficiários não foram prejudicados porque as instituições financeiras arcaram com os custos, mas a dívida do governo cresceu.
A comissão de impeachment ainda aponta a Operação Lava Jato e a grave situação financeira e institucional da Petrobras. O país vive um momento de polvorosa discusssão que, no momento, reflete na incerteza do futuro da economia do país e os rumos políticos.
O cenário que se desenha atualmente sobre o debate do processo de impeachment é de uma guerra de poder entre oposição e situação que foi semeada nas eleições de 2014 e agora os frutos que estão sendo colhidos é de um discurso de ódio pelos dois lados.
As circunstâncias que envolvem uma série de esquemas de corrupção entre empreiteiras e governo federal, os desdobramentos da Operação Lava Jato e a interminável lista de políticos beneficiados na promíscua relação entre políticos e empreiteiros dão a grande oportunidade de o país se moralizar a começar um combate verdadeiro à corrupção.
No entanto, é importante separar o joio do trigo. Todos os personagens que estão envolvidos nesta história devem ser investigados com a mesma eficiência. Candidatos de eleições passadas, quem foi eleito, ex-presidentes e presidente. A seletividade nas investigações enfraquece o que pode ser a principal operação do Ministério Público para encriminar pessoas que tiram proveito do dinheiro público para benesses.
Para isso, é necessário que os investigadores sejam limpos. Aqui entram os elementos que compõem a comissão de impeachment. Segundo um levamento feito pelo  jornal Los Angeles Times no final de março, baseado em dados da ONG Brasil Transparência, aponta que 37 dos 65 deputados que formaram a comissão enfrentam acusações de corrupção ou outros “crimes graves”, conforme cita a publicação americana. De acordo com o jornal, “cinco membros da comissão são acusados de lavagem de dinheiro, outros 6 de conspiração e 19 são investigados por irregularidades nas contas; 33 são acusados ou de corrupção ou de improbidade administrativa; ao todo, 37 membros foram acusados, alguns deles de crimes múltiplos”. São dados muito sérios, levando ainda mais a crer que o debate gira sobre a destituição de um presidente. A comissão, no mínimo, deveria ser formada por deputados que não apresentem nenhuma acusação de delito – a maioria mais  grave do que as “pedaladas fiscais” as quais Dilma está sendo acusada.
A oposição precisa ter uma postura coerente nesta discussão e agregar argumentos que ajudem a tirar o Brasil deste caos político e econômico. Até agora, ela não contribuiu em nada no debate político. Está se vestindo como se fosse uma pólvora para incendiar ânimos e acalorar as discussão que saem das ruas nas manifestações e conversas do dia a dia e vão para o plenário com intenções obscuras.
O mapeamento de 2016 será de mais um ano “perdido” com a economia enfraquecida, saldo de desemprego no sinal amarelo e uma política sem um norte definido. Oposição e governo precisam definir qual é o ritmo que querem.

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