Opnião

Conheça exames que podem auxiliar no cuidado da saúde mental

O mês de janeiro é marcado por diversas campanhas de conscientização e uma delas é o Janeiro Branco, movimento que visa promover a importância do cuidado e do diagnóstico da saúde mental. As doenças mentais podem ser causadas por diversos fatores, como genética, estresse, abuso de substâncias e traumas, e acabam afetando indivíduos e suas rotinas e relações.

Hoje, tem-se mais recursos para diagnosticar e tratar os transtornos da mente, e entende-se que a contribuição da medicina laboratorial para a saúde mental é fundamental, embora frequentemente subestimada. Esta área da medicina evoluiu significativamente, influenciando todas as fases do cuidado ao paciente, desde a triagem populacional até o tratamento, por meio da realização de exames. Especificamente na saúde mental, a análise de substâncias do sistema nervoso em amostras de sangue e líquido cefalorraquidiano é vital para avaliar o grau de dano orgânico e seu impacto psicológico.

Importantes condições como demências, depressão e transtornos de humor requerem medicamentos que podem gerar efeitos colaterais diversos. A monitorização dos níveis séricos dessas medicações é crucial para ajustar as dosagens, minimizando riscos de hipo ou hiperdosagem. Além disso, avanços recentes na medicina revelaram uma correlação entre fatores genéticos individuais e a resposta a determinadas medicações, orientando os clínicos na seleção de fármacos para otimizar os resultados com o mínimo de efeitos adversos. Este avanço representa uma abordagem técnica e precisa no tratamento.

Sendo assim, é importante conhecermos os exames que podem auxiliar na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças mentais. Diversos testes são capazes de medir indicadores bioquímicos relacionados à saúde mental, como cortisol, testosterona e vitamina D.

O cortisol é um hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais e está relacionado ao estresse. Em quantidades normais, desempenha um papel importante na regulação do humor e na resposta ao estresse. No entanto, níveis elevados de cortisol podem indicar distúrbios como a síndrome de Cushing, depressão e ansiedade. O exame de cortisol salivar ou sanguíneo pode fornecer informações cruciais para o diagnóstico e tratamento de doenças mentais.

A testosterona é um hormônio sexual masculino, mas também está presente no organismo feminino em doses menores. Baixos níveis de testosterona podem estar associados a sintomas como depressão, fadiga, dificuldade de concentração e até perda de libido. O exame de dosagem hormonal de testosterona é importante para identificar possíveis desequilíbrios hormonais que podem afetar a saúde mental.

Outro exame importante para a saúde mental é o de dosagem de vitamina D. A vitamina D desempenha um papel crucial no funcionamento adequado do sistema nervoso e baixos níveis podem estar associados a problemas como a depressão. A deficiência de vitamina D é comum em regiões com menos exposição à luz solar e pode ser diagnosticada por meio de um simples exame de sangue.

Além desses exames, há outros que também podem auxiliar no cuidado da saúde mental. Exames genéticos, por exemplo, podem identificar variantes genéticas relacionadas a condições como a esquizofrenia, transtornos de humor e déficit de atenção e hiperatividade. Já a análise de neurotransmissores, como a serotonina, dopamina e noradrenalina, pode fornecer indícios importantes sobre desequilíbrios químicos relacionados a transtornos psiquiátricos.

É importante ressaltar que esses exames não são diagnósticos definitivos, mas podem fornecer informações valiosas que auxiliam os profissionais de saúde no diagnóstico e tratamento de doenças mentais. Além disso, eles devem ser solicitados e interpretados por profissionais de saúde especializados, como médicos e psicólogos.

O Janeiro Branco é uma oportunidade de conscientizar a população sobre a importância do cuidado com a saúde mental. Conhecer os exames disponíveis e suas aplicações no contexto da saúde é um passo importante para a prevenção e o tratamento adequado de doenças psiquiátricas.

Por Dr. Gabriel F. Marchiori, patologista clínico pediátrico do laboratório DMS Burnier

COMPARTILHE NAS REDES