Opnião
“Alea jacta est”
Quando estamos em vias de tomar uma decisão importante e arriscada, costumamos dizer que “a sorte está lançada”. A frase tem suas origens nos jogos de dados comuns na Roma antiga, mas entrou para a história pela boca do grande general romano Júlio César (100 a.C. a 44 a.C.).
Despois de compor o Primeiro Triunvirato, ao lado de Pompeu e Crasso, César tornou-se pró-cônsul na Gália e, diante da crescente influência de Pompeu sobre Roma, resolveu levar suas tropas para a capital. Às margens do Rio Rubicão, que separava as terras gaulesas do território de Roma, em poder de Pompeu, Júlio César parou. Atravessar o rio exigia uma autorização do Senado. O general foi até a margem e disse: “A sorte está lançada” ou “Alea jacta est”, em latim. Era uma declaração de guerra.
Parece que, de dez dias para cá, as campanhas dos candidatos a prefeito de Valinhos resolveram dizer o mesmo: “Alea jacta est”. A cidade fervilhou em denúncias, panfletos, edições especiais de jornais aliados a um e outro candidato, intimações, suspensões de propaganda partidária, “flagrantes” de crime eleitoral, instauração de processos de cassação, denúncias de improbidade e tudo o mais. Um verdadeiro bumba-meu-boi de encher os olhos. Não de orgulho, mas de lágrimas.
Triste ver que uma campanha eleitoral que havia começado respeitosa e propositiva tenha chegado ao fim de modo tão lastimável. Doloroso ver que não se faz questão de manter um nível adequado de diálogo com o eleitor na base de um projeto de governo, de um olhar em perspectiva, de um desejo de progresso e bem-estar social para a comunidade. Lamentável ver que ainda há gente na política valinhense disposta a jogar rasteiro e trabalhar com infantilidades em busca do voto – que deveria ser fruto de uma decisão livre, consciente e madura do eleitor.
Neste domingo estamos todos os eleitores que moramos e votamos aqui em Valinhos convidados pela democracia a participar ativamente do processo que vai escolher prefeito e vereadores. Um rito que dura menos de um minuto diante da urna eletrônica, mas que define os rumos da coletividade pelos próximos quatro anos. Para o Legislativo, são mais de 280 opções para 17 vagas na Câmara Municipal.
Já para assumir o Palácio da Independência, temos diante de nós três possibilidades: referendar por mais um período o mandato que ora está em vigor – tendo de pesar erros e acertos da gestão; conduzir ao Executivo o vereador mais votado na última eleição – com suas notórias virtudes e inconsistências políticas; ou colocar na direção da cidade uma plataforma ainda não testada pela comunidade, que tem à sua frente um urbanista com certo traquejo no serviço público – mas cuja trajetória partidária também tem arestas importantes a serem consideradas.
Não bastassem as biografias e os propósitos, é necessário colocar na balança também quem está afiançando as candidaturas. Quem são as figuras que orbitam em torno dos cabeças de chapa. Quem está comprometido com quem nesse processo eleitoral, e a que custos.
Favorito? Não ouso apontar. Vai ser “na unha”, como dizem no popular.
“Alea jacta est”.