Fanzine
“Dividir o que você aprendeu é algo mágico”

Ser professor é um dom, é ensinar além de só passar conteúdo, é nunca estar satisfeito com o que já sabe, e também é aprender com os próprios alunos. E o que seria de nós sem os professores? Nada. Seja qual professor for: de idade escolar, de esporte, de música, de dança… Sem eles, não nos seriam dadas oportunidades.
E a Folha de Valinhos, em especial para o Dia do Professor, que é comemorado hoje, 15, conversou com dois profissionais de diferentes áreas, mas ambos apaixonados por seus trabalhos.
Mariana Amélia Brunello Moretto, 36, leciona Biologia desde 2008 para alunos do ensino médio. A professora começou como substituta, em 2010 passou em um Concurso Público e em 2012 foi efetivada para professora estadual. “Passei por várias escolas, pois não podemos escolher, onde chama a gente corre. Depois concentrei minhas aulas na Adoniran Barbosa”, comenta ela.
Ricardo D’Azevedo Leite, 32, trabalha como profissional de Educação Física desde 2004. “Comecei com estágio pela faculdade”, diz. Hoje, ele atua em quatro lugares. “Trabalho com Educação Física escolar no Colégio Inovati em Valinhos, e no colégio João e Maria em Vinhedo. E trabalho com treinamento de futebol no Colégio Visconde de Porto Seguro e no Country Club Valinhos”, completa.
Mesmo sendo matérias diferentes, o reconhecimento pelo trabalho é o mesmo. “Ao professor é cobrado nunca ter dúvidas! Nunca errar! Somo taxados de mal preparados toda vez que o foco é a Educação. Tudo é culpa do professor. Se o aluno foi mal: professor não soube explicar! Se o aluno evadiu: professor não soube cativa-lo!”, comenta Mariana, que ainda completa dizendo que para os professores são dadas responsabilidades que estão fora do alcance. “Queremos muito adquirir mais conhecimento, nos atualizar, mas com uma jornada de trabalho de até três períodos como fazer isso acontecer?”, desabafa.
Para Leite, a situação é a mesma. “Infelizmente em nosso país o reconhecimento do professor não é muito grande, principalmente no que se diz respeito ao financeiro, o que força o professor a ter vários empregos. O que fica é o reconhecimento pessoal que cada um conquista”, diz.
Inclusive, quando decidiu ser professor, Leite recebeu diversos comentários negativos. “Críticas sempre existem, pois infelizmente o profissional de Educação Física não é visto com bons olhos por algumas pessoas que não conhecem muito bem nossa profissão, mas minha família me apoiou e me incentivou e isso foi o que importou para mim na época”, explica o professor.
Com Mariana, não foi diferente. “Até hoje me criticam! Teve quem perguntou se eu estava escolhendo essa profissão por gostar de passar fome! Outros que eu não teria a paciência necessária! Pois acreditem, ainda não morri de fome e a paciência veio com o tempo. Faz parte da grande aprendizagem do viver!”, relembra.
E dentro de sala de aula, Mariana é uma prova de que os tempos realmente mudaram, e os alunos estão com uma postura diferente. “Embora lecione a pouco tempo, já deu pra perceber a mudança dos tipos de alunos nesses últimos anos. Já passei por situações bem constrangedoras, como por exemplo, ser chamada por nomes de baixo calão, ter objetos arremessados em minha direção e me mandaram guardar objetos em lugares inusitados! Mas foi tudo no calor do momento. Depois os responsáveis pelo ato vieram se desculpar e tudo terminou bem”, conta ela.
E o salário, esse assunto assusta. “O salário do professor é assustadoramente defasado em relação aos outros profissionais! Mas o que mais me incomoda na verdade são as pessoas que por desconhecimento ainda acreditam que reclamamos de barriga cheia! Os nossos finais de semana são tomados por preparação de aulas e correção de atividade e sem remuneração”, conta a professora.
Leite comenta que primeiramente é preciso amar o que faz. “Ao contrário do que pensam, professor trabalha muito. No meu ver, a maior dificuldade é ter que emendar jornadas de trabalho, é muito comum encontrar professores que trabalham de manhã, a tarde e a noite, sem contar fins de semana”, comenta Leite.
Mas não vale a pena somente falar dos problemas, uma vez que os prazeres superam, por muitas vezes, as dificuldades. “Não importa de que maneira, mas fazer a diferença, por menor que seja, na vida de alguém é extremamente gratificante… É muito bom ver a carinha de satisfação de um aluno quando ele percebe que aquilo que foi dado em sala serviu para a vida dele”, conta a professora.
Leite acrescenta que o maior prazer é poder contribuir para formação dos alunos “Seja qual for a faixa etária que eles estejam, eles sempre guardam algo que ensinamos”, finaliza.
RAIO-X MARIANA
Nome: Mariana Amélia Brunello Moretto
Idade: 36 anos
Formação: Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em 2005.
RAIO-X RICARDO
Nascimento: São Paulo
Nome: Ricardo D´Azevedo Leite
Idade: 32 anos
Formação: Educação Física pela PUC- Campinas em 2005.


