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Três cães morrem em Pet Shop de Americana

Luna, Fofão e Cristal morreram sob cuidados de pet shop em Americana (SP) — Foto: Arquivo pessoal
Três cachorros de uma mesma família morreram sob os cuidados de um pet shop em Americana (SP) no último dia 11 de setembro. De acordo com o boletim de ocorrência, a provável causa da morte foi hipertermia (aumento excessivo da temperatura corporal).
O caso, que chocou a família, foi registrado como ato de abuso a animais no 1º Distrito Policial de Americana.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que o filho da tutora dos animais relatou à delegacia o que aconteceu. Segundo ele, a proprietária do pet shop Agropet São Domingos alegou que precisou fazer outra entrega e deixou os animais no carro por cerca de uma hora e meia. Os três cachorros — Cristal (8 anos), Luna (10 anos), ambos da raça shih tzu, e Fofão (11 anos), um lhasa apso — pertenciam a uma senhora de 71 anos.
A Versão da Família e as Investigações
O advogado da família, Rafael Possodon, diz que os tutores estão em choque. Eles foram informados da morte dos animais após questionarem a proprietária do pet shop pelo WhatsApp. A dona do estabelecimento teria levado os corpos dos animais até a casa da família, que por sua vez, solicitou que os cães fossem levados para uma clínica veterinária de confiança.
A veterinária Patrícia Comelato recebeu os corpos e não encontrou sinais de maus-tratos ou violência. Ela confirmou a provável causa da morte como hipertermia, reforçando que o calor intenso pode ser fatal. Além disso, a veterinária acredita que a proprietária do pet shop não tinha noção da gravidade do calor para cães de focinho curto.
Segundo o advogado, a família aguarda a investigação da polícia, que apura se houve abuso de animais. A pena para esse tipo de crime varia de 2 a 5 anos de prisão, com multa e proibição de guarda de animais. A Lei 9.605/98, que trata de maus-tratos animais, aumenta a pena se a morte do animal for resultado da ação.
Do ponto de vista civil, a família solicitará uma indenização por má prestação de serviços. Com base em casos anteriores, o valor pode variar de R$ 10 a R$ 30 mil. O advogado acredita que a indenização tem um caráter educativo para evitar que outros pet shops repitam o mesmo erro.
A ativista Roberta Dias, da entidade “Cadeia para Maus Tratos”, presta apoio psicológico e jurídico à família. Ela reforça a importância de fazer justiça para que outros pet shops entendam a responsabilidade de trabalhar com vidas. Tanto o advogado quanto a ativista questionam a versão da proprietária, pois a casa da família fica a apenas três quarteirões do pet shop. Eles suspeitam que a dona esqueceu os animais no carro, possivelmente no sol.
O Que Diz a Defesa?
O g1 tentou entrar em contato com a defesa do pet shop, mas não obteve resposta até o momento da publicação desta reportagem.
Hipertermia em Cães: Como Evitar
A médica veterinária Sibila Weidman explicou ao g1 os riscos da hipertermia, especialmente para raças de focinho curto, e como os tutores podem evitar essa condição.
A hipertermia pode causar uma série de complicações sérias, como:
- Vasodilatação
- Desidratação
- Insuficiência renal
- Edema cerebral
- Convulsões
- Choque térmico
A veterinária alerta que, embora a idade não seja um fator determinante, a dificuldade respiratória dos cães braquicefálicos (focinho curto) aumenta o risco de morte. Em muitos casos, mesmo que o animal seja socorrido, a reversão do quadro é difícil.
As situações mais comuns que levam à hipertermia são:
- Secadores de banho e tosa
- Cães deixados em sacadas sem acesso à sombra
- Cães amarrados em quintais sob o sol
- Transportes de longos trajetos em veículos quentes
Dicas para tutores:
- Garanta que seu pet tenha acesso a sol e sombra.
- Pesquise sobre pet shops e verifique o local do banho, secagem e espera.
- Conheça as condições do transporte oferecido pelo estabelecimento.
Dicas para estabelecimentos:
- Mantenha os espaços climatizados, usando ventiladores ou ar-condicionado.
- Nunca deixe um animal sozinho em uma máquina de secar. A supervisão é crucial.
Fonte: g1 Campinas


