Economia

Taxa Selic pode continuar em 15% até 2026, dizem analistas

© Marcello Casal JrAgência Brasil

Inflação desacelera, mas preços de energia e cenário global mantêm pressão sobre o Banco Central.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide nesta quarta-feira, dia 5, se mantém a Taxa Selic em 15% ao ano, o maior nível em quase duas décadas. Mesmo com a inflação desacelerando, os analistas do mercado financeiro apostam na manutenção dos juros.

A taxa básica está no maior patamar desde julho de 2006, quando chegou a 15,25% ao ano. Desde setembro de 2024, o Copom elevou os juros sete vezes seguidas, e nas últimas duas reuniões — em julho e setembro — manteve a taxa estável.

A decisão oficial será divulgada no início da noite desta quarta. A ata da última reunião já havia sinalizado que o Copom pretende segurar a Selic por um período prolongado, diante do cenário de incerteza global e de pressões internas nos preços de energia.

Apesar da desaceleração, o comportamento da inflação continua imprevisível.
A prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) registrou alta de apenas 0,18% em outubro e acumula 4,94% em 12 meses. O preço médio dos alimentos caiu pelo quinto mês consecutivo.

O boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, reduziu a projeção de inflação para 4,55% em 2025, ainda acima do teto da meta contínua, de 4,5%.

Esse sistema de meta contínua, implantado em 2025, mede a inflação mês a mês, em vez de olhar apenas o fechamento anual, permitindo ajustes mais rápidos na política monetária.

A Taxa Selic é a referência para todas as demais taxas da economia. Ela influencia o custo do crédito, o retorno dos investimentos e o nível de consumo.

Quando o Banco Central mantém juros altos, busca controlar a demanda e conter a inflação, já que empréstimos e financiamentos ficam mais caros.
Por outro lado, juros elevados freiam a economia e dificultam o acesso ao crédito, especialmente para famílias e empresas.

Segundo o Focus, a Selic deve permanecer em 15% até o fim de 2025 ou início de 2026. O debate agora é quando começará o ciclo de cortes.

O Copom destacou em sua ata que o cenário internacional, especialmente nos Estados Unidos, tem exercido “maior impacto” sobre os preços do que fatores estruturais internos.

No Brasil, os custos de energia continuam pressionando a inflação, mesmo com o ritmo mais lento da economia.

Esses elementos ajudam a explicar a cautela do Banco Central, que prefere manter a política monetária restritiva por mais tempo, mesmo diante do alívio recente nos índices de preços.

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