Economia

Florestas do Brasil geram R$ 44,3 bilhões em 2024

© Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Setor florestal cresce 16,7% em um ano, impulsionado por silvicultura e extrativismo, aponta IBGE
Bruno de Freitas Moura – Repórter da Agência Brasil

As florestas do Brasil, tanto as plantadas quanto as nativas, geraram uma produção econômica de R$ 44,3 bilhões em 2024. Esse valor representa um crescimento significativo de 16,7% em relação ao ano anterior. Além disso, quando comparado com 2019, o aumento chega a 140%, mostrando que a produção mais que duplicou em cinco anos.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 25 de setembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como parte da pesquisa Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura. O levantamento atribui o aumento do valor de produção à combinação de um volume maior de extração e preços de venda mais altos.

Silvicultura versus Extrativismo

O estudo do IBGE revela que a silvicultura, a produção retirada de áreas de florestas plantadas, foi responsável por 84,1% do total, ou seja, R$ 37,2 bilhões. Em contraste, o extrativismo vegetal, que utiliza áreas de florestas naturais, contribuiu com 15,9%, totalizando R$ 7 bilhões. A silvicultura supera a produção extrativa desde 1998, consolidando sua importância econômica.

O gerente de Agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Barreto Guedes, explica que nem toda extração vegetal é ilegal. “Muito do extrativismo são extrações autorizadas”, afirma Guedes, reforçando a distinção entre a produção legal e a atividade criminosa.

Distribuição Regional e Destaques

A pesquisa identificou que 4.921 dos 5.570 municípios brasileiros registraram alguma forma de produção florestal. Regionalmente, as regiões Sul e Sudeste concentram a maior parte dessa produção, respondendo por 65,7% do total. O Sudeste lidera com 34,7%, seguido pelo Sul com 31%. O Centro-Oeste contribui com 13,5%, o Norte com 11,1% e o Nordeste com 9,7%.

Entre os estados, Minas Gerais se destaca com uma produção de R$ 8,5 bilhões, o que representa 22,8% do total do país. O Paraná vem em segundo lugar, com R$ 6,3 bilhões (17%). Já no âmbito municipal, a cidade paranaense de General Carneiro lidera o ranking com R$ 674,4 milhões, graças à produção de florestas plantadas.

A Força da Indústria da Madeira

A produção econômica da silvicultura é quase inteiramente baseada em atividade madeireira, representando 98,3% do total. Dentro desse segmento, a madeira em tora para papel e celulose tem a maior participação (40,1%), seguida pela madeira em tora para outras finalidades (24,5%), carvão vegetal (21,4%) e lenha (12,2%).

A produção de madeira para papel e celulose atingiu um volume recorde de 122,1 milhões de metros cúbicos (m³) em 2024. Graças a esses números, o Brasil se consolidou como campeão mundial em exportação de celulose, superando o Canadá em 2022. Em 2024, o país exportou 19,7 milhões de toneladas, gerando US$ 10,6 bilhões. Os principais destinos foram China, Estados Unidos, Itália e Países Baixos.

O sucesso do Brasil nesse mercado se deve às suas condições climáticas e de solo favoráveis para o rápido crescimento de florestas, aliadas a investimentos em práticas sustentáveis. Inclusive, a celulose é um dos mais de 700 produtos brasileiros que foram isentos da tarifa de até 50% imposta pelos Estados Unidos em agosto de 2025.

O Poder do Eucalipto

A área de florestas plantadas para silvicultura no Brasil totaliza 9,9 milhões de hectares, o que é comparável ao tamanho do estado de Pernambuco. Desses, 77,6% são dedicados ao cultivo do eucalipto, que supera de longe o pinus (18,6%) e outras espécies.

A preferência por essa espécie se explica por suas características únicas, como aponta o analista do IBGE, Carlos Alfredo Guedes. “O eucalipto tem muita diversidade de uso e um crescimento muito rápido, em torno de sete a oito anos”, explica. Isso o torna uma opção mais competitiva do que o pinus, que leva de dez a doze anos para ser colhido.

Extrativismo e Produtos da Floresta

No extrativismo vegetal, a atividade madeireira também é a mais importante, gerando R$ 4,6 bilhões do total. No entanto, o segundo grupo de destaque são os produtos alimentícios, com uma produção de R$ 2 bilhões. Metade desse valor (50,9%) vem do açaí, que tem sua extração concentrada na região Norte. O Pará é o maior produtor, com 168,5 mil toneladas em 2024, e o município paraense de Limoeiro do Ajuru é o maior produtor do país.

Outros produtos importantes incluem a erva-mate (26%), com a maior parte da extração concentrada na região Sul. O Paraná lidera a produção com 85,8% do total, e a cidade de São Mateus do Sul se destaca como a maior produtora nacional.

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