Economia

EUA liberam mais 10,9% das exportações brasileiras da tarifa de 40%

A nova lista de exceções anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou mais 10,9% das exportações brasileiras da tarifa extra de 40%.
O volume liberado equivale a US$ 4,395 bilhões em 2024.

Com isso, 55,4% da pauta exportadora do Brasil para os EUA está agora isenta da sobretaxa — o equivalente a US$ 22,381 bilhões dos US$ 40,369 bilhões embarcados neste ano.

Os dados foram calculados pelo Estadão/Broadcast, cruzando informações do Comexstat com a lista de exceções publicada pelo governo americano. Pequenas diferenças podem ocorrer porque os códigos tarifários americanos (HTSUS) são mais detalhados que os do sistema SH6.

O item de maior impacto na nova lista é o café não torrado e não descafeinado, terceiro produto mais exportado pelo Brasil aos EUA.
Em 2024, as vendas somaram US$ 1,896 bilhão, cerca de 5% do total embarcado.

Outro destaque são as carnes bovinas desossadas e congeladas, com US$ 885,026 milhões exportados no ano passado — aproximadamente 2% da pauta.
Também entraram na lista:

  • preparações e conservas de bovinos – US$ 393,554 milhões (1%);

  • outros sucos de laranja não fermentados – US$ 222,089 milhões (0,5%);

  • óleo essencial de laranja – US$ 202,596 milhões (0,5%).

Segundo especialistas, são exatamente os produtos com maior peso no consumo dos americanos. Manter tarifas elevadas poderia gerar pressão inflacionária nos EUA.

Para o economista-chefe da Leme Consultores, José Ronaldo Souza Júnior, as isenções correspondem a 48,08% da pauta brasileira — porcentagem diferente dos 55,4% calculados pelo levantamento inicial.
Assim, 51,92% dos itens ainda continuariam tarifados.

Ele explica que os novos cortes miraram produtos com alto impacto econômico e político. Café e carne, por exemplo, são vendidos em grande escala e têm forte demanda nos EUA.

Enquanto o agronegócio já vinha buscando novos mercados diante das tarifas, a indústria brasileira enfrenta maiores barreiras.
Segundo analistas, a dificuldade do Brasil em integrar cadeias globais de produção limita alternativas fora dos EUA, um destino relevante para produtos manufaturados.

O diretor da BMJ Consultores, José Pimenta, calcula que a nova lista inclui 347 exceções, abrangendo produtos agropecuários, químicos e peças aeronáuticas.
No total, foram “desgravados” US$ 4,1 bilhões em NCMs — 68% desse valor concentrados em café e carne.

Segundo Pimenta:

  • 30% dos produtos brasileiros estão hoje isentos de qualquer tarifa;

  • dos outros 70%, parte paga 50%, parte paga 40%, parte enfrenta alíquotas recíprocas de 10%, e parte entra na Seção 232, ligada à segurança nacional dos EUA.

Assim, 65% a 70% das exportações brasileiras ainda sofrem alguma tarifa adicional imposta durante o governo Trump.

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