Valinhos

Em entrevista à Folha de Valinhos pré-candifato do PT à prefeito de Valinhos fala sobre seus planos

Com duas décadas de experiência em gestão pública e proximidade com a alta cúpula do PT no governo federal, Léo Pinho se lançou pré-candidato a prefeito de Valinhos em uma coligação de esquerda e centro-esquerda que inclui o PCdoB, o PV, o PSOL e a Rede. Léo afirma que, se eleito, sua missão será recuperar a identidade de Valinhos, estampada em sua bandeira, com o fortalecimento da agricultura e retomada do investimento industrial. O gestor público falou à Folha de Valinhos sobre como pretende atrair investimentos para a cidade e criticou o novo Plano Diretor aprovado pela Capitã Lucimara.

FOLHA DE VALINHOS Por que você é candidato?

LÉO PINHO PT decidiu junto a duas federações (Brasil da Esperança e PSOL em Rede) apresentar um projeto sério para Valinhos. Um projeto para a cidade que supere o modelo de gestão da direita que temos hoje, que prioriza apenas alguns grupos econômicos e deixa o povo de lado. Nosso objetivo é retomar a participação social em Valinhos e fortalecer a identidade que temos na bandeira da nossa cidade: a agricultura e a indústria. Meu objetivo é retomar esses dois símbolos de nossa cidade e frear o processo de especulação imobiliária que prejudica e exclui a maior parte da população.

FV E por que você se considera qualificado para ser Prefeito de Valinhos?

LÉO PINHO Valinhos tem uma história curiosa de pessoas que se candidatam a prefeito sem nenhuma experiência em gestão pública. Este, definitivamente, não é o meu caso. Eu tenho um extenso currículo de coordenação executiva em órgãos e secretarias públicas, já fiz parte de secretarias das prefeituras de São Paulo, Campinas e fiz parte do governo de transição nas áreas de Assistência Social, Direitos Humanos, Desenvolvimento Econômico, do Trabalho e Desenvolvimento Rural. Recentemente, fui Diretor de Promoção dos Direitos da População de Rua, dentro do Ministério de Direitos Humanos do governo Lula. Essa é uma resposta a ADPF do Supremo Tribunal Federal, que não existia no Brasil, e que reuniu 11 ministérios e um orçamento de R$ 1 bilhão. Todas essas vivências em gestão pública me conferem a experiência necessária para fazer uma boa gestão para Valinhos. Uma gestão inovadora para colocar Valinhos de volta na vanguarda da Região Metropolitana de Campinas, com desenvolvimento social e oportunidades econômicas.

FV Quais seriam as vantagens para Valinhos de ter na prefeitura um governo tão ligado à administração do presidente Lula?

LÉO PINHO São muitos benefícios. O principal, será a facilidade de parcerias com o governo federal. Além disso, vamos ter mais facilidade de articular a relação do Estado com a União. Um exemplo concreto que eu posso dar desse tipo de parceria é o trem intercidades. A obra só será viável graças ao BNDES, do governo federal, que emprestou a maior parte dos recursos, e ao Governo de SP, responsável pelo projeto e edital. Então Valinhos, com uma administração próxima à presidência, consegue fortalecer um pacto federativo entre Estado e União para obras e investimento em benefício do nosso povo.

FV Qual, na sua opinião, é o impacto de sucessivos governos de direita para a população de Valinhos?

LÉO PINHO O principal ônus é a descaracterização de sua identidade. Valinhos se constituiu como cidade por sua viabilidade econômica e social. Para isso, foram necessários anos de desenvolvimento sustentável, com uma indústria de qualidade e uma forte agricultura. Foram esses dois elementos que formaram Valinhos, isso está expresso na nossa bandeira. O que os governos de direita, principalmente o da Capitã Lucimara, fizeram? Abriram de forma desordenada a expansão urbana. A Lucimara coroou essa forma injusta de governar com a aprovação de um plano diretor que só favorece a especulação imobiliária. Quem ganha com isso são poucos. E, principalmente, a especulação imobiliária enfraquece o potencial da agricultura e da indústria no município. Nosso projeto é retomar os princípios da bandeira valinhense: fortalecer a agricultura e a indústria, com parcerias com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério da Agricultura e o Ministério da Indústria e do Comércio.

FV Como você acha que o último governo tratou a infraestrutura de Valinhos? Faltam obras estruturantes na cidade?

LÉO PINHO O governo da Lucimara, como outros governos de direita no município, apresentaram poucas obras de infraestrutura. E, quando fazem algo, é no último ano de mandato. Esse é um padrão: deixar o período eleitoral se aproximar para apresentar um único projeto de infraestrutura para ser a marca do governo, para ser uma vitrine. Da capitã, é o asfaltamento da cidade: feito com atraso, de forma desordenada e apenas na região central. Os bairros que mais precisam vão continuar sem asfalto de qualidade e sem infraestrutura urbana. Está bem claro que isso não faz parte de um projeto sério e de longo prazo de desenvolvimento de infraestrutura urbana para a cidade. Não houve um planejamento urbano e social, a cidade de Valinhos ficou três anos abandonada. Nós vamos fazer diferente e planejar de forma participativa, junto às comunidades, obras de infraestrutura que de fato causem um impacto positivo na vida das famílias.

FV Na sua opinião, quais obras estruturantes Valinhos precisa?

LÉO PINHO Além do asfalto de qualidade em toda a cidade, nós precisamos viabilizar a infraestrutura para a nossa agricultura. Nós precisamos incentivar e atrair ações de agroindustrialização e instrumentos de certificação da produção para aumentar a exportação. Além disso, precisamos de investimentos para ampliar e qualificar a nossa área industrial. Um dos programas que quero trazer para Valinhos, do Ministério da Agricultura, é o Inova Agro.

Além disso, precisamos citar que a única UPA da cidade foi construída com recursos do governo federal do PT, além da Farmácia Popular e do Centro Odontológico. O novo PAC, do governo federal, vai trazer duas novas Unidades Básicas de Saúde para a cidade, além de uma nova creche. Ter um prefeito com uma boa interlocução com a União só vai trazer ainda mais investimentos para a cidade, que ficou anos sem o suporte devido dos governos federais de direita.

FV Você acha que hoje a população de Valinhos tem participação efetiva no poder municipal?

LÉO PINHO Infelizmente, a atual administração não dá oportunidade e muito menos incentiva a participação popular. Não há instrumentos de participação social. Um dos exemplos é a forma como foi aprovado o novo Plano Diretor, com baixa participação dos conselhos e com limitações a participação social. Eu já fui duas vezes presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos e isso me dá condições de criar um sistema municipal de participação social. Inclusive, o Secretário Nacional de Participação Social é da nossa região, o Renato Simões. Isso será muito importante para a implantação desse sistema, fortalecendo conselhos, o orçamento participativo e estruturando as audiências.

FV Valinhos tem uma população de rua que cresce vertiginosamente. Como você irá cuidar dessa questão social?

LÉO PINHO O PT é campeão no desenvolvimento de políticas sociais. Fomos os criadores do Bolsa Família, que beneficiou e continua beneficiando milhares de pessoas em Valinhos. Mas, infelizmente, temos o crescimento da população de rua. Eu já trabalhei com população de rua e posso garantir que podemos integrar políticas públicas e dar uma resposta que não seja apenas assistencial, mas que promova a autonomia dessas pessoas. Primeiro, com moradia digna e depois com trabalho. Isso pode ocorrer por meio de cooperativas de reciclagem e outros mecanismos. Valinhos precisa de uma inclusão social que seja combinada com a inclusão produtiva.

 

 

 

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