Saúde
Dia Mundial da Saúde Mental expõe crise entre médicos brasileiros

Burnout, depressão e estresse crônico atingem níveis alarmantes entre profissionais da saúde. Pesquisa revela que 45% dos médicos brasileiros já enfrentaram transtornos mentais, índice sobe para 55% no Sudeste
No dia em que é comemorado o Dia Mundial da Saúde Mental (10 de Outubro), uma nova pesquisa acende um alerta sobre a saúde emocional de quem está na linha de frente dos cuidados. Um estudo realizado pela Afya Research & Innovation Center aponta que 45% dos médicos brasileiros apresentam ou já receberam diagnóstico de algum transtorno de saúde mental.
A situação é ainda mais crítica na região Sudeste, onde o índice chega a 55% dos profissionais. Entre as principais condições temos a síndrome de burnout, caracterizada pelo esgotamento físico e mental relacionado ao trabalho, atingindo patamares críticos. Nos últimos 12 meses, cerca de 50% dos médicos em todo o Brasil relataram sintomas da síndrome. O Sudeste segue com um cenário igualmente alarmante, registrando que metade dos médicos da região foi acometida pelo burnout no mesmo período.
A psicóloga da Afya Contagem, Dra. Amanda Alves Ramos Piacente, destaca que o exercício da medicina é uma experiência emocionalmente intensa, que exige preparo técnico, equilíbrio emocional e um elevado senso ético. E que por sua própria natureza, coloca o profissional em contato direto com a dor, o sofrimento, as incertezas e decisões difíceis, sempre sob a responsabilidade de zelar pela vida de outras pessoas.
“Com o tempo, essa pressão se soma a outros fatores: jornadas extensas, plantões longos, múltiplos vínculos, pressão por resultados e um ambiente de trabalho que ainda pode ser bastante competitivo e hierarquizado. Tudo isso contribui para uma sobrecarga física e emocional significativa”.
A especialista ainda ressalta que o burnout é um tipo de esgotamento emocional que se instala aos poucos e que ele não surge de um dia para o outro. É o resultado de uma exposição constante a altos níveis de estresse, sem tempo ou espaço para recuperação.
“É fundamental entender que o burnout não é uma falha individual. Ele é uma resposta humana a um contexto de sobrecarga e de falta de suporte. Por isso, o enfrentamento precisa acontecer em dois níveis: o pessoal, com estratégias de autocuidado, autoconhecimento e equilíbrio e o institucional, garantindo que existam pausas, apoio entre colegas, espaços de escuta e reconhecimento”.
Estresse, depressão e baixa adesão à prevenção
A vulnerabilidade emocional é reforçada pelo quadro de depressão. O surgimento recente da doença entre médicos na região alcança 19% dos casos, um número próximo à média nacional de 20%. Além disso, o estresse é uma realidade para quase 52% dos médicos.
Dra Amanda Piacente, reforça que a sobrecarga contínua impacta diretamente o equilíbrio emocional do médico e isso acontece tanto no plano físico quanto psicológico. “Quando o corpo é submetido a longas horas de trabalho, com pouco descanso, múltiplas demandas e ausência de pausas, ele entra num estado de alerta contínuo. Isso afeta o sono, a alimentação, o humor e até o raciocínio clínico”.
A pesquisa da Afya Research & Innovation Center também evidencia um descompasso entre a necessidade de autocuidado e a prática regular de atividades saudáveis. No Sudeste, apenas 38% dos profissionais declararam praticar atividade física regular, um fator crucial para a saúde mental e prevenção de condições como o estresse e o burnout.
“O autocuidado, na verdade, é o que sustenta a prática médica ao longo da vida. Não precisa ser algo grandioso, são pequenos gestos que fazem diferença: uma pausa entre os atendimentos, uma refeição feita com calma, algumas horas de sono reparador, uma caminhada curta. São atitudes simples, mas que ajudam o corpo e a mente a se reorganizar”, conclui a psicóloga.
Sobre a Afya
A Afya, maior hub de educação e tecnologia para a prática médica no Brasil, reúne 38 Instituições de Ensino Superior em todas as regiões do país, 33 delas com cursos de medicina e 25 unidades promovendo pós-graduação e educação continuada em áreas médicas e de saúde. São 3.653 vagas de medicina autorizadas pelo Ministério da Educação (MEC), com mais de 23 mil alunos formados nos últimos 25 anos. Pioneira em práticas digitais para aprendizagem contínua e suporte ao exercício da medicina, 1 a cada 3 médicos e estudantes de medicina no país utiliza ao menos uma solução digital do portfólio, como Afya Whitebook, Afya iClinic e Afya Papers. Primeira empresa de educação médica a abrir capital na Nasdaq em 2019, a Afya recebeu prêmios do jornal Valor Econômico, incluindo “Valor Inovação” (2023) como a mais inovadora do Brasil, e “Valor 1000” (2021, 2023 e 2024) como a melhor empresa de educação. Virgílio Gibbon, CEO da Afya, foi reconhecido como o melhor CEO na área de Educação pelo prêmio “Executivo de Valor” (2023). Em 2024, a empresa passou a integrar o programa “Liderança com ImPacto”, do pacto Global da ONU no Brasil, como porta-voz da ODS 3 – Saúde e Bem-Estar. Mais informações em http://www.afya.com.br e ir.afya.com.br.


