RMC

Denúncias de trabalho infantil disparam na RMC

Um grito de alerta ressoa em 89 cidades, incluindo Valinhos: o Ministério Público do Trabalho revela que o número de crianças e adolescentes explorados cresceu assustadoramente, superando a média estadual. É urgente proteger nossos jovens e investir em um futuro com dignidade e educação

Os dados mais recentes do Ministério Público do Trabalho (MPT-15) acendem um sinal de alerta na região de Campinas, que abrange 89 cidades, incluindo Valinhos e Piracicaba. De janeiro a maio de 2025, foram registradas 68 denúncias de trabalho infantil, um salto preocupante de 70% em comparação com as 40 notificações do mesmo período no ano anterior. Esse índice está bem acima da média de 30% verificada no interior e litoral norte de São Paulo, o que mostra que a situação aqui é ainda mais grave.

Para se ter uma ideia, em toda a área de atuação do MPT-15, que cobre 599 municípios paulistas, as denúncias somaram 220 neste ano, contra 169 nos primeiros cinco meses de 2024.

Números:

Veja o panorama das denúncias na região de Campinas:

  • 2023: 95 Notícias de Fato (39 de janeiro a maio)
  • 2024: 127 Notícias de Fato (40 de janeiro a maio)
  • 2025: 68 Notícias de Fato (de janeiro a maio)

A divulgação desses números, que coincide com o Dia Mundial e Nacional de Combate ao Trabalho Infantil, celebrado na próxima quinta-feira, 12 de junho, visa conscientizar a população sobre essa dura realidade.

Uma Cultura de Permissividade que Prejudica

Para Ronaldo Lira, vice-procurador-chefe do MPT em Campinas, o aumento alarmante das denúncias reflete uma cultura nacional que, infelizmente, é permissiva com o trabalho infantil. “O trabalho infantil não é formação de caráter, não é escola de vida e muito menos solução para a pobreza. Ele é, na verdade, uma violação de direitos, que rouba da criança o tempo de estudar, de brincar, de se desenvolver plenamente”, enfatiza o procurador.

Ele ressalta que o trabalho precoce não apenas perpetua o ciclo da pobreza, mas também impede o progresso escolar e expõe crianças e adolescentes a riscos graves à saúde e à integridade física e psicológica. “Não há benefício que justifique sacrificar uma infância”, completa Lira.

Aprendizagem: O Caminho para um Futuro Digno

Em contrapartida à exploração, o MPT destaca a importância da aprendizagem profissional como uma ferramenta legal e eficaz no combate ao trabalho infantil. Essa modalidade não só gera renda e profissionaliza jovens, mas também oferece proteção e garante a continuidade dos estudos.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) determina que empresas reservem uma cota de 5% a 15% para a contratação de jovens aprendizes (de 14 a 24 anos). No entanto, o MPT lamenta que muitas empresas ainda descumpram essa legislação fundamental.

“A aprendizagem protege o jovem da informalidade, da exploração e da evasão escolar. Ao contrário do trabalho infantil, que mutila sonhos, a aprendizagem capacita, inclui e transforma”, afirma Ronaldo Lira. Ele finaliza com um apelo: “É uma obrigação legal das empresas, mas também uma oportunidade estratégica de formar profissionais comprometidos e qualificados. É hora de trocar a exploração pela formação”.

Fonte dos Dados G1 Campinas e Região

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