Terceiro Setor
César Braghetto das ACOVIDAS fala sobre o Dia do Imigrante e do Refugiado

Valinhos, uma cidade com forte DNA de acolhimento e diversidade, celebra um novo marco em sua história: a sanção da Lei Municipal 6.724/2025, que institui o Dia do Imigrante e do Refugiado em 25 de junho. Essa data, de profundo simbolismo, reforça o compromisso da cidade com a inclusão e o reconhecimento daqueles que, vindos de outras terras, contribuem para o mosaico cultural e social valinhense. Em entrevista exclusiva à Folha de Valinhos, César Braghetto, presidente da ACOVIDAS, que há seis anos transforma a vida de mais de 400 pessoas, fala que a organização foi a grande impulsionadora dessa lei e que será “um marco importante para nossa cidade”
FOLHA DE VALINHOS Sobre a Lei Municipal 6.724/2025: Presidente, Valinhos agora celebra oficialmente o Dia do Imigrante e do Refugiado em 25 de junho. Qual a importância dessa lei para a ACOVIDAS e para a comunidade de imigrantes e refugiados em Valinhos?
CESARBRAGHETTO Essa Lei foi uma solicitação e ACOVIDAS e será um marco importante para nossa cidade de Valinhos e mesmo que o dia 20 de junho já ser lembrado como o Dia Mundial dos Refugiados instituído pelas ONU e no Estado de SP é o dia 25 de Junho, em Valinhos foi decidido criar também e ampliar o tema para o dia 25 de junho o Dia do Imigrante e do Refugiado para homenagear nossa cidade com todos aqueles que fizeram e fazem parte da criação anterior e atual do município na era moderna na inclusão e acolhimento de todos os povos.
FV A lei tem como objetivos reconhecer a contribuição, promover a diversidade, fomentar a inclusão e conscientizar a população. Como a ACOVIDAS planeja se engajar ativamente nessas celebrações, e quais atividades a associação espera promover, ou ver promovidas, para atingir esses objetivos?
CESAR Sempre a ACOVIDAS ACOLHIMENTO SEM FRONTEIRAS promove e fomenta o tema de refugiados e acolhimento na cidade dentro de ações sociais ou participações na câmara municipal ou ainda em festividades locais e com essa Lei podemos evoluir em atender melhor os direitos dos refugiados no município e quebrar barreiras de preconceitos xenofóbicos e trazer a cultura e colunaria e trabalho local para nossa cidade nas parcerias com ACOVIDAS.
Nosso sonho será um dia ter em Valinhos a Festa da Nações nessa data para incluir todos os imigrantes e refugiados em mostrar sua arte, cultura e culinária para toda a cidade de Valinhos.
FV A ACOVIDAS já atua há seis anos, transformando a vida de mais de 400 pessoas. Com a nova lei, o senhor acredita que o apoio do Poder Público pode se intensificar? De que forma essa parceria pode impulsionar ainda mais o trabalho da ACOVIDAS?
CESAR Ainda com a nova lei e o reconhecimento da Casa Legislativa e do Governo Municipal, pretendemos com ACOVIDAS criar mais inteiração e comunicação direta da Associação ACOVIDAS com os entes públicos como o CRAS, Fundo Social, Creches, Escolas e até PAT, para agilizar ações de necessidades dos membros novos e integração social de acordo com as leis de Migração (13.445./2017) e do Refúgio (9.474/97) para garantir seus direitos, acessos e movimentação deles e seus entes na sociedade.
FV O drama dos refugiados neste século XXI é sentido em todo Planeta, sobretudo por conta de conflitos ou países com regimes autoritários e que obrigam parte de sua população a se deslocar pelo mundo. Ao longo desses anos de trabalho de acolhimento, como o senhor avalia a receptividade e o acolhimento da população valinhense em relação a essas pessoas.
CESAR Valinhos é uma cidade solidária, acredito por ser formada por imigrantes Italianos, japoneses entre outras nações e também internamente por pessoas de vários estados do Brasil como nordestinos e outros, com isso a população já é bem diversificada mas com os refugiados é de certa forma uma novidade mundial de nosso século e que chegou na cidade nos últimos anos sendo bem acolhida desde as crianças refugiadas nas escolas quanto os adultos nas moradias e trabalho com os brasileiros.
FV Um dos pilares do trabalho da ACOVIDAS é a empregabilidade, e o senhor já destacou que “o trabalho é fundamental para a autonomia e a dignidade das pessoas”. Com a crescente procura de cidades vizinhas por esse modelo, como a ACOVIDAS planeja expandir esse projeto e continuar sendo uma ponte entre imigrantes/refugiados e o mercado de trabalho?
CESAR A Associação ACOVIDAS conforme mencionado no site ACOVIDAS.ORG dentro de sua missão, visão e valores, trabalha com quatro pilares que denominado sistema APIS sendo Acolher, Proteger, Incluir e Superar e dentro de cada um temos programas de ajuda humanitária de acordo com as prioridades.
Nosso primeiro pilar de ACOLHIMENTO é quando chegam e necessitam de mais ajudas tanto de cesta de alimentos, capacitação da língua, documentação, encaminhamento para o primeiro emprego nas empresas parceiras de ACOVIDAS e outras necessidades com as crianças e saúde
FV O projeto ACOLETRAS, em parceria com a FEAV, oferece aulas de português para 50 alunos. Qual o impacto direto dessas aulas na vida dos acolhidos, e quais são os planos para expandir ou aprimorar esse programa?
CESAR Na FEAV nasceu um de nossos melhores projetos para a primeira necessidade deles que é aprendizado do idioma português. Com isso em 2024 iniciamos na FEAV com total apoios deles e utilização do espaço local o curso de Português para estrangeiros com o projeto ACOLETRAS. Depois mudamos para onde chamamos de Centro de ACOVIDAS que é no Centro Comunitário do Palmares onde concentram muitos refugiados. Ali capacitamos já mais de 200 refugiados e semanalmente fazemos nossas aulas e encontros de capacitação e distribuição de doações;
FV Em relação aos jovens, de que forma a ACOVIDAS garante o desenvolvimento integral desses jovens, e quais são os maiores desafios para integrá-los à realidade de Valinhos?
CESAR Temos grande preocupação com a proteção de crianças e jovens de ACOVIDAS e são muitos, em torno de mais de cento e 120 e procuramos fazer ações sociais com ajuda de outras ONGs e parcerias para o esporte e entretenimentos quando possível, mas especialmente reforçar e ajudar na educação básica, secundária e encaminhamento para o primeiro emprego com incentivo a programa de jovem aprendiz e outras capacitações que são oferecidas gratuitamente.
Um desafio é garantir trabalho e renda e moradia para seus pais e responsáveis para que possam assegurar o jovem no trabalho parcial, sem abandonar os estudos na sua formação acadêmica para um futuro melhor. Ainda precisamos de mais empresas na cidade que possam abrir oportunidades para contratar os jovens de ACOVIDAS
FV Apesar do trabalho essencial, o senhor menciona a falta de recursos financeiros e o desafio de a ACOVIDAS não ser uma entidade legalizada. Como essa condição afeta a busca por apoio e o desenvolvimento de novos projetos, e quais são os planos para superar essa barreira?
CESAR A Associação ACOVIDAS acolhimento sem fronteiras ajuda humanitária de Valinhos ainda é um projeto social, porém reconhecido pela Câmara Municipal com importância para a cidade e com isso ajudaram ACOVIDAS a iniciar seu processo de registro para ONG legalmente como OSC e o escritório VEIGA está dando todo apoio legal para esse objetivo que esperamos ter até final de 2025. Mas realmente é um desafio sem recursos próprios manter um projeto para atender muitas pessoas com suas vulnerabilidades e necessidades especiais extremas em alguns casos. Temos muitos condomínios amigos de ACOVIDAS que fazem doações de roupas, sapatos e moveis usados que ajudam eles atender algumas emergências mas ainda precisamos mais porque o poder publico ajuda dentro da lei e muitas vezes eles têm necessidades emergenciais de alimentos e saúde que não podem esperar e nesse ponto entra ACOVIDAS como uma mão amiga que cuida até o poder publico poder atender em seu tempo que muitas vezes não são o que eles precisam.
FV A ACOVIDAS atende diversas nacionalidades – cubanos, venezuelanos, haitianos, africanos. Existem desafios específicos ou abordagens diferentes para cada um desses grupos, considerando suas culturas e necessidades?
CESAR ACOVIDAS nasceu atendendo demandas dos primeiros refugiados em 2018 sendo os haitianos, africanos, venezuelanos, cubanos e até marroquinos que chegaram por último. Realmente entender as diferentes culturas ajuda em atender melhor suas expectativas de como incluir especialmente que tipo de trabalho podem exercer melhor. Muitos são altamente capacitados como médicos, advogados, engenheiros e professores, mas que infelizmente ocupam funções fora de sua capacitação ou por falta de lei que reconheça ou por falta de oportunidade devido a língua ou vontade de acolher e ajudar profissionalmente.
FV A Associação tem se destacado também na integração cultural, citando exemplos como o cantor Guipson Pierre e os artistas cubanos Yoel e Lira Rodriguez. Qual a importância da arte e da cultura nesse processo de acolhimento e como isso contribui para a valorização da diversidade em Valinhos?
CESAR Sim, ACOVIDAS tem dois princípios: Não assistencialista e sem ideologia para que eles possam chegar e ter respeitado seu direito de pensar ideologicamente, de crença, cultura e ainda fomenta que sejam conhecidas sua arte e talento na cidade. Com isso Valinhos já pode conhecer o trabalho dos pintores cubanos Yonel e Lira nas praças e muros da cidade e também o cantor haitiano Guipson Pierre nos bares e eventos musicais desde sua trajetória que ajudamos ele quando participou do The Voice Brasil em 2018.
FV Para finalizar, qual a mensagem principal que o senhor gostaria de deixar para os moradores de Valinhos sobre a importância de acolher e apoiar imigrantes e refugiados, especialmente agora com a instituição do Dia do Imigrante e do Refugiado?
CESAR Gostaria primeiramente de agradecer a Valinhos pelo acolhimento dos refugiados na cidade e que nosso compromisso é receber quem chega por meio de amigos e familiares até que possamos conseguir moradias e trabalho e capacitação profissional. Não incentivamos chegadas sem aviso prévio e não ajudamos os que pedem dinheiro na rua que não são de ACOVIDAS e que geralmente saem de Campinas e ficam durante o dia e voltam e não querem um trabalho formal então saem fora da missão nossa de acolher para superar.
Ajuda de voluntários para o projeto, ofertas de vagas de trabalho e receber doações é muito importante para dar continuidade nas necessidades básicas e emergenciais e todos que querem ajudar e obter mais informações do contato pode entrar no site ACOVIDAS.ORG porque podemos dizer que em se tratando de ajuda humanitária NOSSO PAÍS É O MUNDO E NOSSO IRMÃO É O PROXIMO.


