Economia

Cade aprova fusão entre Petz e Cobasi com restrições

© Rovena Rosa/Agência Brasil
Nova rede terá de vender 26 lojas no estado de São Paulo
Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil

A fusão entre Petz e Cobasi, duas das maiores redes do varejo pet do Brasil, foi aprovada pelo Cade com condicionantes. A decisão, anunciada nesta quarta-feira, dia 10, autoriza a união das empresas, mas exige a venda de 26 lojas no estado de São Paulo — a maioria na capital.

A medida busca evitar concentração excessiva justamente no mercado mais sensível do país. Com a operação, nasce a maior rede de produtos e serviços para animais de estimação do Brasil e uma das maiores da América Latina.

Segundo as companhias, as unidades a serem vendidas representam 3,3% do faturamento dos últimos 12 meses. Somadas, Petz e Cobasi possuem hoje 515 lojas: 264 da Petz e 251 da Cobasi.

O relator do caso, conselheiro José Levi Mello do Amaral, afirmou que a exigência de desinvestimento reforça a competição no mercado paulista.

O acordo também inclui “remédios comportamentais”, como limites a cláusulas de exclusividade entre fornecedores e varejistas. O Cade, porém, não detalhou esse ponto publicamente.

A conselheira Camila Cabral Pires Alves divergiu parcialmente. Ela questionou os critérios de seleção das lojas que serão vendidas e alertou que alguns mercados podem continuar concentrados mesmo após os ajustes.

A Petlove, principal rival, se posicionou formalmente contra a fusão. A empresa argumentou que o novo grupo seria “30 vezes maior que o terceiro colocado” do setor e poderia prejudicar a concorrência.

Para a Petlove, vender até 28 lojas não seria suficiente para equilibrar o mercado. O Cade discordou, afirmando que o conjunto de medidas — venda de lojas + regras comportamentais — atende às exigências de competição saudável.

Petz e Cobasi defenderam no processo que a análise deve considerar também o ambiente digital, já que consumidores comparam preços em lojas físicas e online.

Com a fusão, a empresa resultante terá receita anual próxima de R$ 7 bilhões. O setor pet movimenta cerca de R$ 80 bilhões por ano no país, segundo dados apresentados ao Cade.

A nova companhia deve concentrar aproximadamente 40% desse mercado. As sinergias — economia gerada ao unir operações — podem chegar a R$ 330 milhões.

Pelo acordo societário, os acionistas da Cobasi ficarão com 47,4% da empresa combinada. Já os da Petz terão 52,6% e receberão R$ 400 milhões, sendo R$ 130 milhões em dividendos.

Como a fusão evoluiu desde o início

O processo já havia sido aprovado sem restrições pela Superintendência-Geral do Cade em junho. Porém, após recurso da Petlove, o caso voltou ao tribunal administrativo.

Um estudo interno da autarquia alertou que, sem remédios, a fusão poderia elevar preços em até 15% em mercados onde Petz e Cobasi são líderes.

Durante o julgamento, o conselheiro Carlos Jacques Vieira Gomes cobrou regras claras caso mais de um comprador se interesse pelas lojas listadas para venda.

Quem são Petz e Cobasi?

Petz

  • Fundada em 2002

  • 7 mil funcionários

  • 264 lojas em 23 estados + DF

  • Receita líquida de R$ 3,3 bilhões em 2024

  • Opera 112 clínicas e 15 hospitais veterinários

  • Marcas: Seres, Adote Petz, Cansei de Ser Gato, Cão Cidadão, Zee.Dog, entre outras

Cobasi

  • Criada em 1985

  • 7 mil funcionários

  • 251 lojas em 94 cidades

  • Faturamento de R$ 3,2 bilhões

  • Marcas: Cobasi, Mundo Pet e Pet Anjo

Cade promete monitoramento constante

O Cade informou que acompanhará de perto o impacto da fusão sobre preços, diversidade de produtos e entrada de novos concorrentes. O órgão também fiscalizará o cumprimento rigoroso de todas as condições impostas.

Com a aprovação, a nova empresa deve operar mais de 480 lojas em quase 20 estados, além de plataformas digitais e redes de serviços veterinários — consolidando a maior estrutura do varejo pet no Brasil.

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