Economia
Apple revela maior reforma de software da história

Participantes assistem ao discurso principal durante a Conferência Mundial de Desenvolvedores da Apple no campus Apple Park em Cupertino, Califórnia, em 9 de junho (Bloomberg)
A gigante da tecnologia aposta em um visual unificado e mais produtividade para seus dispositivos, enquanto investidores aguardam inovações em Inteligência Artificial em meio a desafios e possíveis aumentos de preço
A Apple, gigante da tecnologia conhecida por revolucionar a maneira como interagimos com a tecnologia, surpreendeu o mundo nesta semana ao apresentar a mais ambiciosa reformulação de software de sua história. O palco foi a Conferência Mundial Anual de Desenvolvedores (WWDC), onde a empresa revelou o “Liquid Glass”, uma nova interface que promete unificar a experiência em iPhones, iPads, Macs, Apple Watch, Apple TV e até mesmo no headset Vision Pro.
A nova abordagem, que utiliza menus transparentes e um visual “vítreo”, busca tornar os dispositivos da Apple mais coesos e intuitivos. As atualizações, agora renomeadas para iOS 26, watchOS 26 e visionOS 26, indicando o ano de lançamento em vez de um número de versão, prometem uma experiência mais fluida e produtiva para os usuários. Uma das novidades mais aguardadas é a reforma do software do iPad, que o aproximará do funcionamento de um Mac, atendendo a um antigo pedido dos consumidores.
Foco em Produtividade
Apesar da grandiosidade da reformulação visual e de usabilidade, o evento deixou investidores e entusiastas de inteligência artificial com um certo “gostinho de quero mais”. Enquanto concorrentes como Alphabet e OpenAI avançam a passos largos em IA, a Apple optou por um caminho mais cauteloso com sua plataforma, a Apple Intelligence.
O principal anúncio em IA foi a confirmação de que os modelos base da Apple Intelligence serão abertos para desenvolvedores, permitindo que criadores de aplicativos integrem a tecnologia em seus próprios softwares. Além disso, a empresa apresentou recursos como tradução ao vivo de chamadas e a divertida capacidade de criar “Genmojis”, misturando dois emojis existentes em uma nova imagem.
Craig Federighi, chefe de software da Apple, explicou que a abertura do modelo básico de IA para desenvolvedores terceirizados é um passo importante. Contudo, desde a apresentação da plataforma Apple Intelligence na WWDC do ano passado, a velocidade de lançamento de novos recursos tem sido mais lenta, e a tecnologia da empresa tem ficado atrás de seus pares do Vale do Silício. A expectativa é que mais inovações em IA sejam reveladas em 2026.
Olho no Futuro
Apesar das novidades, o mercado financeiro reagiu com pouco entusiasmo. As ações da Apple caíram 1,2% após o evento, e a empresa já perdeu 20% de seu valor neste ano, cedendo o posto de negócio mais valioso do mundo.
Mesmo com as expectativas não totalmente atendidas no campo da IA, a WWDC trouxe atualizações importantes para os fãs da marca:
- iPad: Ganha multitarefa similar à de um computador, gerenciador de documentos PDF e outras ferramentas para otimizar o trabalho de escritório.
- iPhone: O aplicativo Telefone foi reformulado, integrando correios de voz, chamadas recentes e contatos favoritos em uma única visualização.
- Vision Pro: O headset agora permitirá fixar widgets digitais (como relógio ou cotações de ações) em uma parede e funcionará com controles PlayStation VR da Sony, além de apresentar avatares virtuais Persona mais realistas para videoconferências.
- Apple Watch: Um novo aplicativo de Treino incluirá um recurso “Buddy” com IA para ajudar na manutenção da forma.
- macOS 26 Tahoe: O software para Macs terá uma barra de menu transparente com controles mais personalizáveis e poderá usar o aplicativo Telefone do iPhone.
Além disso, a Apple preencheu algumas lacunas em sua linha de IA ao firmar parceria com a OpenAI, criadora do ChatGPT, que trará novas capacidades de criação de imagens. A empresa também destacou recursos de mapeamento que aprendem com as rotinas dos usuários e um novo aplicativo dedicado a jogos.
As versões beta do novo software já estão disponíveis para desenvolvedores e, em julho, entrarão em fase de beta público. O lançamento para todos os consumidores está previsto para o outono norte-americano. A expectativa é que essas atualizações incentivem os usuários a manterem ou atualizarem seus dispositivos, mesmo diante da possibilidade de aumento nos preços – uma medida que a Apple tem considerado devido, em parte, às tarifas da administração Trump, que levaram a empresa a transferir a produção de iPhones para os EUA na Índia.
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