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Milei vence eleições legislativas com vitória histórica na Argentina

Com esse resultado, Milei ganha força política para avançar nas reformas liberais que propõe desde o início do mandato, como a redução de gastos públicos e a abertura de mercados
O presidente Javier Milei conquistou uma vitória histórica nas eleições legislativas deste domingo, dia 26. Seu partido, A Liberdade Avança (LLA), obteve quase 41% dos votos, superando em nove pontos percentuais a coalizão peronista ligada à ex-presidente Cristina Kirchner.
A LLA venceu inclusive na província de Buenos Aires, reduto tradicional da oposição, onde Milei havia perdido as eleições provinciais no mês anterior. O resultado surpreendeu analistas, que previam apenas um empate técnico.
“Hoje começa a construção de uma grande Argentina”, declarou Milei a uma multidão em Buenos Aires.
Com esse resultado, Milei ganha força política para avançar nas reformas liberais que propõe desde o início do mandato, como a redução de gastos públicos e a abertura de mercados. O presidente também passa a ter números suficientes no Congresso para vetar projetos da oposição e sustentar sua política de disciplina fiscal.
Apesar do triunfo, o cenário não é isento de desafios. A participação de 68% do eleitorado, a mais baixa desde 1983, indica que parte da população ainda mantém reservas em relação ao governo.
Economistas preveem que o peso argentino se fortalecerá no curto prazo, mas alertam para possíveis pressões futuras, já que Milei ainda precisa negociar com o Congresso para aprovar reformas profundas em impostos, previdência e mercado de trabalho.
A vitória também reflete o apoio econômico dos Estados Unidos nas semanas anteriores à eleição. O governo Trump liberou uma linha de US$ 20 bilhões e comprou cerca de US$ 1,5 bilhão em pesos para conter a volatilidade cambial.
Com o resultado eleitoral, os mercados reagiram positivamente: ações argentinas negociadas no exterior subiram e os títulos públicos valorizaram. Analistas avaliam que o desempenho fortalece a credibilidade internacional de Milei e melhora suas chances de reeleição em 2027.
Desafios ainda à frente
Apesar da euforia, Milei enfrenta uma tarefa complexa: acumular reservas internacionais para quitar cerca de US$ 18 bilhões em dívidas até 2026. A compra de dólares, porém, tende a pressionar novamente o peso argentino.
Economistas também consideram que a moeda segue supervalorizada frente aos fundamentos da economia. Para muitos, o momento seria ideal para permitir a flutuação total do câmbio e normalizar a política monetária, reduzindo riscos de inflação e ampliando as reservas.
Outro ponto crucial será a formação de coalizões no Congresso. Com metade da Câmara e um terço do Senado renovados, Milei ainda não possui maioria. A vitória, no entanto, pode facilitar acordos políticos antes considerados improváveis.


